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DIREITO CIVIL

1 – DAS PESSOAS

DAS PESSOAS NATURAIS

- Personalidade e Capacidade

O CC adotou a Teoria Natalista para o início da personalidade, assim a pessoa natural adquire
personalidade civil (aptidão para adquirir direitos e contrair obrigações) a partir do nascimento com vida,
porém nem sempre ela é plenamente capaz para realizar todos os atos da vida civil (ex: casar, vender um
imóvel, etc.). Entretanto, cabe destacar que a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro >>
doação, direitos hereditários, entre outros.

> Capacidade de Direito (de gozo / personalidade civil / personalidade jurídica): ocorre com o
nascimento com vida e é comum a toda pessoa humana, só se perde com a morte = ILIMITADA!
> Capacidade de Fato: só algumas pessoas a têm e está relacionada com o exercício dos atos da
vida civil = LIMITADA
> Capacidade Civil (plena): capacidade de direito = capacidade de fato!

- Absolutamente Incapazes = Menores de 16 anos, apenas!!!!


- Relativamente Incapazes: (a) >16 e <18; (b) ébrios habituais e viciados em tóxico; (c) os que, por causa
transitória OU permanente, não puderem exprimir sua vontade; (d) pródigos.

FIM DA INCAPACIDADE:

- Maioridade: 18 anos completos;


- Cessação das causas de incapacidade;
- Emancipação >> (1) pela concessão dos pais (ou 1 deles na falta de outro), mediante instrumento
público, independente de homologação judicial, OU por sentença de juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver
16 anos completos; (2) pelo casamento; (3) pelo exercício de emprego público efetivo - qualquer idade; (4)
pela colação de grau em curso superior – qualquer idade; (5) pelo estabelecimento civil/com. OU existência
de relação de emprego que gere economia própria ao menor com 16 anos completos.

FIM DA CAPACIDADE:

- Morte REAL: pressupõe um corpo – morte cerebral;


- Morte CIVIL: a pessoa viva é tratada como morta >> regra não mais aplicada!
- Morte PRESUMIDA: pode ocorrer de forma direta (dispensando o procedimento de ausência >
risco de vida + extrema probabilidade de morte, encerradas as buscas OU qd desaparecido/prisioneiro, 2
anos depois do término da GUERRA) OU indireta (necessário procedimento de ausência). A sentença
DEVE fixar a data provável do falecimento.
- Direitos de Personalidade

Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e
irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

A doutrina divide os direitos subjetivos em:

- Direitos PESSOAIS: relação entre pessoas – contratos;


- Direitos REAIS: relação da pessoa com uma coisa – direito de propriedade, hipoteca, etc.
- Direitos de PERSONALIDADE: direitos inerentes ao próprio ser humano – honra, integridade
física, etc.

> Características:
- Intransmissibilidade;
- Irrenunciabilidade;
- Absolutismo;
- Vitaliciedade;
- Imprescritibilidade.
> Princípios da prevenção e da reparação integral - o artigo 12, CC, consagra o princípio da prevenção,
pois cabe a pessoa exigir que cesse ameaça ou lesão a direito da personalidade e reclamar perdas e danos,
inclusive poderá o cônjuge sobrevivente - até mesmo companheiro, conforme o Enunciado 275 da IV
Jornada de Direito Civil do CJF - ou parente até 4º grau fazê-lo, no caso de morte.
> Direito à Integridade Física
A vedação da disposição do próprio corpo ocorre no “dano” permanente - ou se contrair os bons
costumes, ou seja, no caso de importar diminuição da integridade física de forma não permanente ela é
plenamente possível.
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando
importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.

> Princípio do consenso afirmativo


Trata-se de um artigo muito relacionado à doação de órgãos >> Dever de gratuidade e possibilidade
de desistência em qualquer momento:
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo,
no todo ou em parte, para depois da morte.
§ único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.

> Disposição sobre o próprio corpo:


 Proibida: se importar diminuição permanente da integridade física, salvo exigência
médica.
 Válida: no caso de não importar diminuição permanente da integridade física OU se de
forma gratuita como objetivo científico, ou altruístico para depois da morte.

> Direito de Imagem:


A proteção a imagem não é um direito absoluto, cabendo exceções, tais como:
 - Se houver autorização;
- Pessoas famosas (ex: jogador de futebol);
 - Por questões de segurança (ex: procurado da justiça).

O professor Paulo H M Sousa aponta uma diferença sútil entre o artigo 12 (ameaça ou lesão) e o
artigo 20 (divulgação/exposição de palavra, escrita e imagem):

- Da Ausência

1ª Fase – Curadoria de Ausentes

- Declaração de Ausência >> desaparecido, sem notícias, sem procurador OU com procurador que não
pode / não quer / não tem poderes suficientes;
- Arrecadação dos Bens;
- Nomeação de Curador >> 1 – cônjuge/companheiro
2 – pais
3 – descendentes
4 – ad hoc (nomeado pelo juiz)
- Publicação de Editais >> conforme CPC.

2ª Fase – Sucessão Provisória


- Abertura da Sucessão Provisória: cônjuge, herdeiros, quem tiver direito sobre os bens do ausente, credor e,
subsidiariamente, o MP;
- PRAZO: Decorrido 1 ano da arrecadação dos bens do ausente, OU 3 anos, se ele deixou representante ou
curador;
- Sentença > Abertura da Sucessão Provisória > Efeitos = 180 dias após publicada pela imprensa, todavia
logo que transitar em julgado será aberto o testamento, se houver, e o inventário e a partilha de bens.
>>> Se em 30 dias ninguém requisitar a abertura de inventário, vira herança jacente – bens vagos.

>> A ausência passa a ser presumida, cessando a curatela dos bens e sendo realizada a partilha dos
bens aos herdeiros. Com exceção aos ascendentes, descendentes e cônjuge, os demais herdeiros deverão
prestar garantia para se imitirem na posse – mediante penhores ou hipotecas equivalentes ao quinhões;
>> Nessa fase os herdeiros ainda não são proprietários, mas somente posseiros, dessa forma eles não
poderão alienar os bens, salvo por ordem judicial;
>> Os descendentes, ascendentes ou cônjuge sucessores – herdeiros necessários – aproveitarão os
frutos e rendimentos dos bens (ex: aluguel) de forma integral, enquanto os demais sucessores apenas
metade, devendo prestar contas anualmente ao juiz;
>> Se o ausente aparecer, ou se lhe provar a existência, depois de estabelecida a posse provisória,
cessarão para logo as vantagens dos sucessores nela imitidos, ficando, todavia, obrigados a tomar as
medidas assecuratórias precisas, até a entrega dos bens a seu dono.

3ª Fase – Sucessão Definitiva

- Abertura da Sucessão Definitiva: após 10 anos, em regra, do trânsito em julgado da sentença de sucessão
provisória sem que o ausente apareça = morte PRESUMIDA!
- Como consequência os herdeiros passam a ter propriedade resolúvel dos bens. A propriedade é resolúvel
porque ainda há a possibilidade de o ausente aparecer:
 Ausente aparecer em até 10 anos da sucessão definitiva = Terá direito aos bens, mas no
estado que se encontrarem.
 Ausente aparecer após 10 anos da sucessão definitiva > Não terá mais direitos aos bens.

ATENÇÃO: Se após 10 anos da sucessão provisória nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os
bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou DF, se localizados nas respectivas circunscrições,
OU à União, qd em território federal.

>>>> EXCEÇÃO: qd vai direto da 1ª fase para a 3ª fase, da abertura de sucessão definitiva.
- Quando a pessoa contar com mais de 80 anos e estiver a mais de 5 anos sem notícias;

DAS PESSOAS JURÍDICAS

- Disposições Gerais

A PJ é uma entidade que a lei atribui personalidade jurídica, ficando sujeita a direitos e deveres
(obrigações) de forma similar à pessoa natural. Considera-se como pressuposto de existência da PJ a (1)
vontade humana criadora (affectio societatis); (2) a licitude de seus objetivos; e a (3) observância aos
requisitos legais.
Além disso, podemos citar como elementos essenciais a autonomia, visto que a PJ é autônoma em
relação aos seus sócios/donos, e o patrimônio próprio, pois o patrimônio da PJ é independente do
patrimônio dos sócios.
No Brasil adota-se a Teoria da Realidade Técnica, ao ser criada a PJ, há uma distinção entre as
pessoas naturais que compõe a PJ e a própria, porque ela é uma realidade técnica e não uma realidade fática.
Os sócios, associados, instituidores e administradores possuem autonomia patrimonial, instrumento lícito de
segregação de riscos (que são segmentados). Quando não há autonomia patrimonial, surge a dupla crise,
porém qd há autonomia patrimonial, há uma diferenciação entre PJ de direito privado e de direito público.
Existem algumas classificações da personalidade jurídica:
- Direito Público
>> Interno – Administração DIRETA – U, E, DF, T e M - e INDIRETA – Autarquias (inclusive
associações públicas) e demais entidades de caráter público criadas por lei, como as Fundações Públicas.
>> Externo – Estados estrangeiros e todas as pessoas regidas pelo DIP.

- Direito Privado >> (a) Associações; (b) Sociedades, cuja natureza é eminentemente lucrativa; (c)
Fundações – complexo de bens, são PJ sem qualquer PF em sua constituição; (d) Organizações
Religiosas – não podem ter fim econômico; (e) Partidos Políticos; (f) EIRELI (empresas individuais
de responsabilidade limitada) – não é sociedade, mas novo ente jurídico personificado; (g)
Sindicatos; (h) Cooperativas; (i) Empresas Públicas; (j) Soc. Economia Mista.

O registro das pessoas naturais tem natureza declaratória, ao contrário da PJ, cuja personificação se
dá por meio de um ato constitutivo, inscrito no respectivo registro, precedida, quando necessário, de
autorização / aprovação do Poder Executivo.
- Ação Desconstitutiva >> Prazo decadencial de 3 anos, contados da publicação da inscrição no registro.

O registro declarará:

I – a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;


II – o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III – o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
IV – se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V – se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI – as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.

- Autonomia Patrimonial

Art. 49-A, CC. A pessoa jurídica não se confunde com os seus sócios, associados, instituidores ou administradores.
Parágrafo único. A autonomia patrimonial das pessoas jurídicas é um instrumento lícito de alocação e segregação de riscos ,
estabelecido pela lei com a finalidade de estimular empreendimentos, para a geração de empregos, tributo, renda e inovação em
benefício de todos.

Modificação legislativa importante para evitar a chamada “criminalização da atividade empresarial”.

- Desconsideração da Personalidade Jurídica

É diferente da despersonificação, da desconstituição e da despersonalização, instituto que gera


anulação do registro e cujo prazo decadencial é de 3 anos.
Teoria MAIOR: Para a desconsideração da personalidade jurídica, o CC exige, no artigo 50, que
reste comprovado o desvio de finalidade ou confusão patrimonial >> desde que gere benefício direto ou
indireto aos sócios ou administradores – mediante pedido da parte ou intervenção do MP, proibido de
ofício.

- Desvio de Finalidade: utilização da PJ com o propósito de lesar credores OU para a prática de ilícitos de
qualquer natureza > não é desvio de finalidade a expansão ou mera alteração da finalidade;
- Confusão Patrimonial: ocorre com a ausência de separação de fato do patrimônio, demonstrados com (a)
cumprimento repetitivo pela sociedade de obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa; (b)
transferência de ativos ou de passivos sem efetivas contraprestações, exceto os de valor proporcionalmente
insignificante; e (c) outros atos de descumprimento da autonomia patrimonial.

>> Grupo Econômico: por si só não faz gerar desconsideração, é preciso observar os requisitos do artigo 50
do CC.
>> É possível a desconsideração inversa ou invertida, desde que demonstrado o desvio de finalidade ou
confusão patrimonial.
A desconsideração não pode ser genérica ou geral, mas sim para certas e determinadas obrigações.

Teoria MENOR: Existe, no CDC, art. 28, §5º, que exige apenas que a PJ seja um obstáculo ao
ressarcimento dos consumidores para a desconsideração da PJ, e no artigo 4º da Lei 9.605/98, referente aos
crimes ambientais, que dispõe que sempre que a personalidade for obstáculo ao ressarcimento dos prejuízos
poderá ser desconsiderada a PJ.

Responsabilidade e administração PJ Dir. Privado

- Por ato próprio: Responsabilidade direta (ex: os administradores estão apenas representando a PJ)
e subjetiva, conforme o artigo 47, CC.
- Por ato de terceiro: Responsabilidade indireta (ex: por seus funcionários – Art. 932, III) e
objetiva (independe de culpa).

DO DOMICÍLIO

- Princípios: (a) Necessidade;


(b) Fixidez;
(c) Unidade > Exceção: pluralidade de domicílios.

- Domicílio VOLUNTÁRIO: é o local onde a pessoa fixa sua residência com ânimo definitivo;
- Domicílio PROFISSIONAL: aquele relativo aos atos de profissão;
- Domicílio CONTRATUAL
- Domicílio LEGAL / NECESSÁRIO: fixado em lei
> Incapaz: domicílio do representante ou assistente;
> Servidor Público: lugar onde exerce permanentemente suas funções;
> Militares do Exército: domicílio onde servirem;
> Militares da Marinha e Aeronáutica: sede do seu comando;
> Marítimos: onde o navio está matriculado;
> Presos: local onde cumprem a sentença;
> Diplomatas: qd alegam extraterritorialidade, têm duplo domicílio necessário, DF ou o último
ponto do território nacional onde tiveram domicílio.

- Quanto às PJ:
a) U >> DF;
b) E e Territórios >> Respectivas capitais;
c) M >> Onde funcione a administração municipal;
d) Demais PJ >> lugar onde funcionam diretorias e administrações OU onde elegerem em estatuto /
atos constitutivos.

REGISTRO E AVERBAÇÃO

>> Serão registrados em registro público:


I - os nascimentos, casamentos e óbitos;
II - a emancipação por outorga dos pais ou por sentença do juiz;
III - a interdição por incapacidade absoluta ou relativa;
IV - a sentença declaratória de ausência e de morte presumida.

>> Far-se-á averbação em registro público:


I - das sentenças que decretarem a nulidade ou anulação do casamento, o divórcio, a separação judicial e o
restabelecimento da sociedade conjugal;
II - dos atos judiciais ou extrajudiciais que declararem ou reconhecerem a filiação.

2 – DOS BENS

Ainda que exista bastante divergência doutrinária sobre o conceito de “bem”, se seria ou não
sinônimo de “coisa”, define-se como um objeto que pertence a uma pessoa natural ou jurídica e que este
bem pode ser objeto de relações jurídicas, nesse sentido poderíamos ter objetos materiais ou intangíveis,
inclusive essa distinção é apresentada na doutrina:
 Bens materiais (corpóreos): aqueles com existência física. Ex: casa.
 Bens intangíveis (incorpóreos): aqueles sem existência física. Ex: patente.

Os bens podem ser apropriáveis ou inapropriáveis. As inapropriáveis classificam-se como:


(1) res nullius lato sensu / coisas de ninguém: (a) res nullius stricto sensu / coisa de ninguém de fato
- Ex: o sol; (b) res extra commercium- coisas que podem ser de alguém, mas preferimos que não seja de
alguém, coisas fora do comércio. Ex: órgãos e coisas destacáveis do corpo humano; (c) res delict – oriunda
de delito; (d) res public.
(2) Res perdita – coisas perdidas;
(3) Bens inalienáveis – Ex: bem de família.
(4) Inapropriáveis pela própria natureza, que entram nesse sentido de res nullius strictu sensu.

Todos os demais bens são apropriáveis, conforme classificação do Código Civil.

>> Bens de Família: Lei 8.009/90 – Regra no art. 1º e exceções no art. 3º.

- STJ: (a) Súmula 364 – O conceito de bem de família também abrange bens de pessoas solteiras,
viúvas ou separadas; (b) Súmula 449 – A vaga de garagem com matrícula própria não é considerado bem de
família para efeito de penhora; (c) Súmula 486 - É impenhorável o imóvel alugado a terceiros, desde que
revertido o valor para locação de imóvel para a família; (d) Súmula 549 – É válida a penhora de bem imóvel
de fiador em contrato de locação >> STF entende que não cabe a penhora de bem de fiador em contrato de
locação comercial.

Classificação:
- Dos Bens Considerados em Si Mesmos: não dependem da relação com outros, pois há uma
individualidade do próprio bem, nesse sentido existem as seguintes classificações no CC:

 Bens Imóveis X Móveis


 Bens Fungíveis X Infungíveis
 Bens Consumíveis X Inconsumíveis
 Bens Divisíveis X Indivisíveis
 Bens Singulares X Coletivos

1 - Bens Imóveis X Móveis:

São bens imóveis aqueles que não podem ser transportados sem ser destruídos ou danificados, também
conhecidos como bens de raiz, assim o art. 79 do CC nos diz que: “São bens imóveis o solo e tudo quanto
se lhe incorporar natural ou artificialmente”.

Também temos bens imóveis por mera definição legal:


Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I – os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II – o direito à sucessão aberta.
- Edificações separadas do solo, ainda resguardando sua unidade, movidas para local diverso;
- Materiais provisoriamente separados do bem imóvel para nele serem reempregados.

O bem imóvel pode ser classificado da seguinte forma:


 Por natureza (essência): Ex: Solo
 Por acessão: Por acréscimo:

a) Natural: acréscimo sem a intervenção humana. Ex: ilha


b) Artificial: industrial. Ex: prédio
 Por Determinação Legal: Ex: direito à sucessão aberta

Em contrassenso ao bem imóvel, os bens móveis são aqueles que podem ser transportados sem que
haja alteração substancial:
Art. 82. São móveis os bens suscetíveis de movimento próprio, ou de remoção por força alheia,
sem alteração da substância ou da destinação econômico-social.

Assim como os imóveis, existem bens móveis por mera definição legal:
Art. 83. Consideram-se móveis para os efeitos legais:
I – as energias que tenham valor econômico;
II – os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III – os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.

Logo podemos classificar o bem móvel da seguinte forma:


 Por natureza
 Por remoção por força alheia / semoventes: Ex: animais;
 Por Determinação Legal: Ex: direitos reais e ações sobre bens móveis, energias que possuem valor
econômico, direitos pessoais de natureza patrimonial e respectivas ações, materiais ainda não
empregados numa edificação e materiais de demolição.

Bens de construção: a depender da destinação eles poderão ser bens móveis ou imóveis, de forma que:

 Bem móvel (Art. 84): materiais novos ou usados destinado em obra diversa, enquanto não forem
empregados.
 Bem imóvel (Art. 81, II): materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se
reempregarem.
2 - Bens Fungíveis X Infungíveis

A fungibilidade é a característica que diz se o bem pode ou não ser substituído por outro, assim
temos no art. 85 do CC que: “São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros da mesma
espécie, qualidade e quantidade”.
 Infungíveis: não podem ser substituídos, pois são distintos dos demais. Ex: Carro, imóveis
 Fungíveis: podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Ex:
Dinheiro, alimento

3 - Bens Consumíveis X Inconsumíveis

Os bens consumíveis são aqueles que exaurem no primeiro uso, conforme art. 86 do CC: “São
consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância, sendo também
considerados tais os destinados à alienação”.
 Consumíveis: uso importa na destruição, ou no caso de venda. Ex: Dinheiro, alimentos
 Inconsumíveis: É possível reiterados usos. Ex: Carro, roupas;
Atente-se que um livro, por exemplo, pode ser tanto consumível quanto inconsumível a depender da
finalidade. Para uma livraria, ao vendê-lo, o livro é consumível; porém para quem compra, o bem é
inconsumível, afinal permitirá várias leituras.

4 - Bens Divisíveis X Indivisíveis

A divisibilidade diz respeito à possibilidade de fracionamento do bem sem alteração na sua


substância, diminuição do valor ou prejuízo do uso. O art. 87 do CC dispõe que “Bens divisíveis são os que
se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do
uso a que se destinam”.
O art. 88 do CC destaca que: “Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por
determinação da lei ou por vontade das partes”.
 Divisíveis: podem ser fracionados sem prejuízos Ex: Jogo de caneta, pois cada caneta continuaria
com seu valor inalterado.
 Indivisíveis: Não podem ser fracionados:

a) Por natureza: Ex: Diamante


b) Por determinação legal: Apesar da possibilidade de fracionar, a lei não permite. Ex: Herança
antes da partilha.
c) Por vontade das partes: Apesar da possibilidade de fracionar, o contrato não permite. Ex:
Entrega de mercadoria acordada em sua totalidade.

5 - Bens Singulares X Coletivos


Conforme art. 89 do CC: “São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram per si,
independentemente dos demais”.
Já os bens coletivos, podem ser universalidade de fato ou de direito:
- Constitui universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma
pessoa, tenham destinação unitária. Ex: biblioteca
- Constitui universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de
valor econômico, ou seja, são ligados pela norma. Ex: herança.

- Dos Bens Reciprocamente Considerados: Os Bens Considerados em Si Mesmos independiam da relação


com outro bem, todavia os Bens Reciprocamente Considerados são considerados uns em relação aos outros.
Assim, temos o bem principal que existe por si e o bem acessório que depende da existência do
principal. Ex: o fruto (acessório) em relação à árvore (principal).

Art. 92. Principal é o bem que existe sobre si, abstrata ou concretamente; acessório, aquele cuja existência
supõe a do principal.
- Os bens acessórios podem ser:
a) Pertenças: destinados de modo duradouro ao uso, serviço ou aformoseamento, sem ser parte
integrante >> Não se aplica o Princípio da Gravitação Jurídica.

b) Partes integrantes (acessório stricto sensu): ligados de tal modo ao principal que sua remoção
tornaria ele incompleto >> Aplica-se o Princípio da Gravitação Jurídica.
- Essenciais: Ex: motor de veículo;
- Não essenciais: Ex: espelho retrovisor de veículo;
- Frutos: derivam periodicamente do principal. Podem ser naturais – ex: frutas; civis – ex: aluguéis;
industriais – ex: produção da fábrica. Quanto à consuntibilidade e retirabilidade, podem ser pendentes
(ainda no bem), percipiendos (podem percebidos, mas ainda não foram), percebidos (recolhidos –
retirado do bem principal, passando a ser bem por si só);
- Produtos: a obtenção reduz o valor do bem principal;
- Benfeitorias: acréscimo num bem existente. Diferencia-se da acessão, pois esta é um bem novo,
que vem junto, mas não é o próprio bem principal. Podem ser necessárias, úteis ou voluptuárias:
- Necessárias: têm, por fim, conservar o bem ou evitar que se deteriore;
- Úteis: aumentam ou facilitam o uso do bem;
- Voluptuárias: mero deleite, embelezamento ou recreio.

OBS: Não se considera como benfeitoria eventos naturais, pois não se originam pela intervenção do
proprietário, possuidor ou detentor (Art. 97, CC).
>> Pelo princípio da gravitação jurídica, a propriedade dos bens acessórios segue a sorte do bem
principal, podendo, entretanto, haver disposição em contrário pela vontade da lei ou das partes;
>> A benfeitoria é parte integrante do bem principal, ao passo que pertenças são partes autônomas. O
critério de distinção entre as duas hipóteses, portanto, é a integração ou não ao bem principal.

- Dos Bens Públicos: são os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público
interno, sendo os demais bens particulares. Há exceções, como por exemplo, os bens pertencentes à
pessoa jurídica de direito privado que esteja afetado à prestação de serviços públicos, esses são considerados
também como bens públicos (Enunciado 287 da IV Jornada de Direito Civil do CJF).

Características:
 Inalienabilidade (art. 100, CC): não podem ser vendidos, exceto os bens dominicais (art. 101);
 Impenhorabilidade: o bem público é impenhorável, afinal os créditos públicos são satisfeitos por
precatório (CF, art. 100, §6º);
 Imprescritibilidade (art. 102, CC): os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.

Classificação quanto à destinação:


 Uso comum (art. 99, I): uso comum de todos, sem beneficiar um grupo em específico. Ex: mar, ruas
e praças e etc;
 Uso especial (art. 99, II): bens destinados à necessidade pública. Ex: Edifícios ou terrenos destinados
a serviço da administração pública;
 Dominicais (art. 99, III): pertencentes às PJ de direito Público Interno, como direito real ou pessoal.
Pode ser afetado ou não afetado, ou seja, patrimônio disponível. Ex: prédio desativado.

ATENÇÃO: A mera cobrança de entrada em um parque público, por exemplo, não descaracteriza o bem
como de uso comum, conforme o artigo 103, CC.
>> Os bens públicos não poder ser usucapidos;
>> Os bens públicos dominicais se sujeitam à alienação, ao contrário dos bens de uso comum e dos bens de
uso especial;
>> Não confundir bem público com domínio público. Bens particulares podem estar sujeitos ao domínio
público, mas não significa que são bens públicos.

>> Aquisição de Bens Imóveis

Direito Privado:
- Compra;
- Doação;
- Dação em Pagamento;
- Permuta;
- Acessão;
- Transmissão de Herança;
- Usucapião.

Direito Público:
- Desapropriação;
- Confisco;
- Perda de bens em razão de ilícito penal e ato de improbidade administrativa;
- Investidura;
- Registro de parcelamento do solo.

3 – DOS FATOS JURÍDICOS

Fatos jurídicos em sentido amplo - é qualquer acontecimento para o qual se atribui efeitos
jurídicos. Os fatos jurídicos em sentido amplo se subclassificam em:
➢ Fato jurídico em sentido estrito: evento não humano (eventos da natureza);
➢ Ato-fato jurídico / ato real: há conduta humana, mas a produção de efeitos independe de sua
vontade;
➢ Ato jurídico em sentido estrito: ato não negocial, presença de voluntariedade;
➢ Fato jurídico: ato negocial. Fato jurídico humano cujos efeitos decorrem da vontade;
➢ Ato ilícito: CC arts. 186 a 188 - Fonte de responsabilidade civil extracontratual.

NEGÓCIO JURÍDICO

Conceito:
Antônio Junqueira de Azevedo conceitua Negócio Jurídico como “todo fato jurídico consistente em
declaração de vontade, a que o ordenamento jurídico atribui os efeitos jurídicos designados como queridos,
respeitados os pressupostos de existência, validade e eficácia impostos pela norma jurídica que sobre ele
incide”.
Todo ato, fato ou NJ passa primeiramente pelo plano da existência, depois da validade e por fim pelo
plano da eficácia.

>> Teoria do Fato Jurídico:

- Plano da Existência: Neste plano acontece a entrada do fato no mundo jurídico, a juridicidade do fato
independe da relevância social fora do mundo jurídico. O fato contrai existência quando possui todos os
elementos necessários, momento em que passará a ter relevância para o Direito.

>> Elementos:
1. Agente
2. Objeto
3. Forma
4. Vontade Exteriorizada (elemento presente apenas nos negócios jurídicos)

- Plano da Validade: Um fato ao entrar na órbita jurídica pode não possuir todos os requisitos para sua
adequação no plano da validade. Assim, um fato jurídico pode ser visto como contrário ao Direito e, logo,
será inválido, podendo ser nulo ou anulável, não obstante existente juridicamente. Aqui os pressupostos de
existência ganham elementos essenciais.

>> Elementos:
1. Agente capaz: em regra precisa de um agente capaz, porém, quando houver um agente
absolutamente incapaz, ele deverá ser representado por seu representante legal. Já quando o
for relativamente incapaz, deverá ser assistido ao celebrar o negócio;
2. Objeto lícito, possível, determinado ou determinável: deve-se estar em conformidade com
a norma jurídica e também respeitar a moral e os bons costumes;
3. Forma prescrita (ou não proibida) por lei: em regra, a forma é livre, porém há casos
excepcionais em que a lei estabelece uma forma que deve ser cumprida, como exemplo do
art. 108, CC;
4. Causa final: motivo pelo qual as partes celebraram o negócio, devendo sempre ter a
finalidade lícita.

>> Teoria das Invalidades

- Anulabilidades: invalidades leves – convalesce com o decurso do tempo >> DECADÊNCIA. Pode
ser suprida, desde que sem prejuízo a terceiros, e o juiz não pode reconhecer de ofício. Podem alegar a
anulabilidade apenas as partes interessadas.
- Incapacidade relativa;
- Defeitos do NJ >> Vícios de consentimento (erro, dolo, coação, est. perigo e lesão) e vício social
(fraude contra credores).

OBS: a Ação Pauliana é aquela que busca anular a fraude contra credores, proposta pelos credores
quirografários (sem garantias) anteriores à fraude. >>> Os credores com garantia real podem propor
ação pauliana nos casos em que a garantia se tornar insuficiente.

- Quanto ao ERRO: erro é falsa percepção, enquanto a ignorância é o desconhecimento total quanto ao
objeto do negócio. Nos dois, a pessoa se engana sozinha. O negócio é anulável, desde que o erro ou a
ignorância seja essencial ou substancial.

O erro é substancial quando:

a) O erro interessa à natureza do negócio, ou o erro incide sobre o objeto principal da declaração ou
quanto às qualidades essenciais. Ex.: O sujeito compra uma bijuteria, acreditando se tratar de ouro. Paga 2
mil reais e descobre que era bijuteria. Neste caso, o sujeito não teria comprado se soubesse que era bijuteria.
Aqui o erro é quanto às qualidades essenciais, de modo que este erro é substancial, implicando a anulação
do negócio.
b) O erro diz respeito à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de
vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante. Trata-se do error in persona, bastando
alguém que se casa e desconhece o comportamento pessoal do cônjuge, podendo justificar a anulação do
casamento.

c) Erro de direito, e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do
negócio jurídico. Em tese, ninguém pode se escusar de cumprir a lei, alegando que não a conhece. No
entanto, o erro de direito pode justificar a anulação do negócio quando ele for o motivo para a prática
daquele negócio. Ex.: Locatário de um imóvel comercial pode propor a ação renovatória no último ano do
contrato até 6 meses antes do contrato vencer. Supondo que o indivíduo pensou errado, pensando que
deveria ter proposto um ano antes ou que perdeu prazo para a ação renovatória, situação na qual ele celebra
um novo contrato de locação mais oneroso do que seria se tivesse renovado o contrato. Neste caso, poderá
ele ingressar com a ação alegando erro de direito essencial ou substancial, eis que não teria celebrado o
contrato se soubesse que tinha direito à ação renovatória, motivo pelo qual pede a anulação do contrato.

- Nulidade: invalidades pesadas – não convalesce com o decurso do tempo, não pode ser suprida e
deve ser pronunciada de ofício pelo juiz. É possível uma conversão substancial do NJ nulo, que será
convertido em um negócio válido. Podem alegar nulidade qualquer interessado, inclusive o MP.
Existem nulidades textuais: (a) incapacidade absoluta; (b) má-fé; (c) motivo determinante ilícito
comum; (d) simulação; (e) fraude à lei imperativa; e nulidades virtuais, que ocorrem quando a lei reputa o
ato inválido ou o proíbe, sem fixação de prazo = NULO em qualquer tempo.

O artigo 166 do CC estabelece que o NJ é NULO quando:


I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV - não revestir a forma prescrita em lei;
V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;
VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.

Plano da Eficácia: tradicionalmente é automático, se existe e é válido, é eficaz. Nesse plano, há elementos
acidentais, pois subordinam a eficácia do negócio a certos acontecimentos determinados pelas partes
contratantes. Os elementos de eficácia são: condição, termo e encargo. Esses fatores são considerados
elementos extrínsecos do negócio, que somente contribuem para que o mesmo possa alcançar o resultado
pretendido. No NJ, as partes podem controlar os efeitos do negócio de acordo com suas vontades.

Efeitos:
1. Gera direitos e obrigações;
2. Obriga aquele que não cumpre com suas obrigações a pagar uma indenização por perdas e
danos;
3. Confere o direito de ação judicial para a defesa dos direitos correspondentes; e
4. Transfere aos herdeiros os direitos decorrentes do negócio jurídico (salvo nos casos de
natureza personalíssima).
Classificações

O NJ pode ser unilateral, bilateral ou plurilateral:

1. Negócio unilateral: acontece quando há declaração de vontade de apenas uma das partes (ex:
testamento). Ele pode ser receptício, que ocorre quando quem recebe o efeito sabe a
intenção/vontade da outra parte (exemplo: oferta de recompensa), ou não receptício, quando
não se sabe da vontade da outra parte;
2. Negócio bilateral: ocorre com a declaração de vontade de ambas as partes, tendo efeitos no
momento por elas determinadas enquanto vivas;
3. Negócio Plurilateral: se forma mediante associação de interesses em regime de comunhão de
direitos.

- Quanto à titularidade pode ser inter vivos, se for celebrado e tiver efeitos durante a vida de ambas as
partes, ou mortis causa, formado pela declaração de uma das partes e com efeitos apenas após a sua morte,
desde que ocorra aceitação pela outra parte.
- Quanto à onerosidade: pode ser oneroso, gratuito, neutro (sem alguma vantagem ou desvantagem para
as partes) ou bifronte, quando o negócio se inicia oneroso e por fim acaba sendo gratuito, ou vice versa,
dependendo se há disposição patrimonial de ambas as partes ou não.
- Quanto à forma: pode ser formal ou informal - cabendo às partes estabelecerem livremente a forma a ser
adotada.

Interpretação do negócio jurídico

- Teoria da vontade: Art. 112, CC - Nas declarações de vontade, se atenderá mais à intenção nelas
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. A teoria da vontade é aplicada aos negócios
onerosos.
- Teoria da declaração: Art. 114, CC - Interpretação literal. Aplicada apenas aos negócios
benéficos (gratuitos).
- Boa-fé e usos do lugar da celebração: Art. 113, CC - Aplicado juntamente tanto à teoria da
vontade quanto à teoria da declaração.
- Reserva mental: a manifestação de vontade subsiste ainda que o autor haja feito reserva mental,
salvo se o destinatário tinha conhecimento.
- Silêncio: importará anuência quando as circunstâncias ou os usos autorizarem e não for necessária
declaração de vontade expressa.

1. Nas declarações de vontade se levará em conta mais a intenção real das partes do que o sentido
literal usado por elas;
2. No caso de dúvida, a interpretação será mais favorável ao devedor, pois toda obrigação é uma
restrição de liberdade individual;
3. Em caso de dúvida, a interpretação do contrato de adesão será mais favorável ao aderente;
4. Na análise da eficácia do NJ, devem prevalecer os interesses sociais, direta ou indiretamente
ligados, sobre os interesses meramente individuais das partes;
5. A cláusula ambígua, omissa ou contraditória deve ser interpretada em conformidade com os
costumes locais e de forma a se harmonizar com a natureza do negócio;
6. São implícitas ao negócio as cláusulas de uso;
7. Os atos benéficos são interpretados de forma restritiva;
8. O conteúdo de um negócio compreende tão somente os bens que as partes pretendem por meio
dele regular;
9. A expressão ininteligível deve ser considerada não escrita;
10. A transação deve ser interpretada de forma estrita;
11. A fiança deve ser concedida por escrito e se sujeita à interpretação restritiva;

12. O negócio inter vivos não se sujeita às mesmas regras interpretativas que o negócio causa
mortis, devendo o testamento ser interpretado de acordo com o sentido dado pelo testador.

Elementos acidentais do Negócio Jurídico – Plano da Eficácia

1 – Condição: cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio
jurídico a evento futuro e incerto. Em relação aos efeitos, pode ser suspensiva ou resolutiva. Aparece em
três situações:

1. Incertus an incertus não se sabe se haverá, nem quando haverá;


2. Incertus an certus sabe-se que pode ocorrer até determinado tempo, mas não sabe se ocorrerá;
3. Certus an incertus conclui-se que haverá o acontecimento, mas sem saber quando.

ATENÇÃO: não se sujeitam à condição: emancipação, casamento, reconhecimento de filiação,


adoção, aceitação de herança e renúncia de herança.
 Invalidarão o NJ as condições física ou juridicamente impossíveis, ilícitas ou de fazer coisa ilícita e
incompreensíveis ou contraditórias.
2 – Termo: acontecimento futuro e certo. Pode ser classificado quanto aos seus efeitos, como suspensivo -
ato ou negócio só passa a ter eficácia após ocorrer o evento futuro e certo - e resolutivo - extingue os efeitos
do ato ou negócio em virtude da ocorrência do evento futuro e certo.
2 – Encargo: tarefa atribuída a uma pessoa que lhe impõe uma obrigação de fazer em virtude de um
benefício com que veio a ser contemplada. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito.

>> Princípio da conservação / preservação / continuidade dos negócios jurídicos → Deriva do


princípio da função social dos contratos (art. 421, CC). Um NJ só será invalidado quando não houver como
preservá-lo. A invalidade tem caráter de ultima ratio:
➢ Conversão substancial / teoria do aproveitamento / recategorização (Art. 170, CC) → Se o
NJ nulo perfaz os requisitos de outro, este subsistirá. Quando não houver má-fé no desrespeito aos
requisitos de validade, o juiz está autorizado a recategorizar / reinterpretar o NJ para que tenha validade.
➢ Confirmação (arts. 172 a 175, CC) → Renúncia à faculdade de anular contrato. Pode ser
expressa ou tácita.
➢ Ratificação → Integração do negócio incompleto, aquisição superveniente de requisito
anteriormente faltante.
➢ Redução (art. 184) → Quando há uma cláusula nula, não anula o negócio inteiro, mas apenas
aquela cláusula. Retira-se do ato aquilo que é inválido e permanece o que é válido. Há a declaração
parcial de nulidade do negócio jurídico. A redução não será possível quando a invalidade recair sobre
elemento essencial do negócio.
➢ Revisão → Quando há desequilíbrio entre as prestações ajustadas, melhor que descartar o
negócio é rever o valor das prestações para que possa chegar a um valor equilibrado. A revisão é comum
nos casos de estado de perigo (art. 156, CC) e lesão (art. 157, CC).

ATOS JURÍDICOS LÍCITOS E ILÍCITOS

PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA

Prescrição e decadência são fenômenos de limitação do conflito social >> “O direito não socorre a
quem dorme”.
- Prescrição: trata-se da perda de um direito subjetivo, ou seja, perda do direito de ação. O que se
extingue é a pretensão do direito e não o direito em si >> Nasce quando o direito é VIOLADO.
- Decadência: trata-se da perda de um direito material (direito potestativo), perde-se o próprio
direito >> Nasce com o próprio direito.

>> Critério científico de diferenciação da prescrição e da decadência:

- Pretensão > Prestação > Ação condenatória = PRESCRIÇÃO

- Direito potestativo > Sujeição > Ação (des)constitutiva COM PRAZO fixado em lei = DECADÊNCIA

- Verdade > Reconhecimento > Ação Declaratória ou Ação Desconstitutiva SEM prazo em lei = >
Imprescritível e incaducável.
Atenção: Os efeitos dessas ações se sujeitam a prazo de prescrição.

PRESCRIÇÃO DECADÊNCIA
Início Quando o direito é violado Quando nasce o direito
Definição do Prazo Apenas LEGAL LEGAL ou convencional
(contrato)
Prazos Artigos 205 e 206 do CC » NÃO Previsto em lei (legal) ou em
podem ser alterados pelas partes. contrato (convencional).
Pode ser alegada em qualquer grau DEVE ser reconhecida de ofício
Alegação de jurisdição, pela parte a quem pelo juiz, exceto se convencional,
aproveita (apenas), e reconhecida de que depende de provocação.
ofício pelo juiz. Alegável por quem aproveita e MP.
Possível, desde que depois da
Renúncia consumação e desde que não cause VEDADA, exceto se convencional.
prejuízo a terceiros. Prazo correndo
= renúncia vedada.
Cônjuges, ascendentes e
Não corre contra descendentes, durante o poder Em regra corre contra todos,
(impedimento ou familiar, absolutamente incapazes, exceto contra o absolutamente
suspensão) entre outros (art. 1.967 e 198, CC). incapaz;
Os relativamente incapazes e as PJ
a) Pendendo condição suspensiva; têm ação contra os seus assistentes
Não corre o prazo b) Não vencido prazo; c) Fato ou representantes legais, que derem
apurado em juízo criminal,
causa à decadência, ou não a
enquanto não sair a sentença.
alegarem oportunamente.
Interrupção » Ocorre apenas uma vez e, em NÃO SE IMPEDE, SUSPENDE
regra, só aproveita a quem a alegou. OU INTERROMPE!!
- Art. 202, CC -

Art. 202. A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a
promover no prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de
credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do
direito pelo devedor.
Parágrafo único. A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a
interrompeu, ou do último ato do processo para a interromper.
Art. 203. A prescrição pode ser interrompida por qualquer interessado.
Art. 204. A interrupção da prescrição por um credor não aproveita aos outros;
semelhantemente, a interrupção operada contra o codevedor, ou seu herdeiro, não prejudica
aos demais coobrigados.
§ 1º A interrupção por um dos credores solidários aproveita aos outros; assim como a
interrupção efetuada contra o devedor solidário envolve os demais e seus herdeiros.
§ 2º A interrupção operada contra um dos herdeiros do devedor solidário não prejudica os
outros herdeiros ou devedores, senão quando se trate de obrigações e direitos indivisíveis.
§ 3º A interrupção produzida contra o principal devedor prejudica o fiador.

Atenção!!!

1 - Suspensa a prescrição em favor de um dos credores solidários, só aproveitam os outros se a obrigação for
indivisível;
2 - Em regra, a interrupção só aproveita a quem alegou. Exceções: (a) Obrigação solidária – atinge demais
devedores e/ou credores; (b) Contra herdeiro do devedor solidário – não prejudica os demais, salvo se a
obrigação for indivisível; (c) Obrigação principal x acessória – interrupção contra o devedor principal, ex:
locador, prejudica o fiador.;
3 – Não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição, porém
há duas ressalvas:
a) Os relativamente incapazes e as PJ têm ação contra os seus assistentes ou representantes legais,
que derem causa à decadência, ou não a alegarem oportunamente (art. 195);
b) Não corre a decadência contra os absolutamente incapazes (art. 198, I).

- PRAZOS Prescricionais:

» 10 anos – Quando a lei não houver fixado prazo menor;


» 1 ano – (a) dos hospedeiros; (b) do segurado/segurador (casa, veículo...); (c) dos tabeliães, serventuários
judiciais, árbitros e peritos, pela percepção de emolumentos, custas e honorários;
» 2 anos – Para as prestações alimentares, a partir do vencimento, já fixadas judicialmente e não pagas;
» 3 anos – (a) Pretensão de aluguéis; (b) Ressarcimento de enriquecimento sem causa; (c) Reparação civil;
(d) beneficiário/3º interessado contra segurador – seguro de resp. civil obrigatório (DPVAT);
» 5 anos – (a) Cobrança de dívidas líquidas – instrumento público ou particular; (b) Pretensão dos
profissionais liberais por seus honorários – contado o prazo da conclusão dos serviços.

- PRAZOS Decadenciais:

» 30 dias – Ação estimatória (quanti minoris – ação na qual o adquirente percebe a existência de um defeito
no objeto do contrato e reivindica a diminuição ou abatimento no valor do objeto);
» 120 dias – MS – Mandado de Segurança;
» 3 anos – Direito de anular a constituição de uma PJ de direito privado por defeito;
» 4 anos – Anulação de NJ com erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão.

Convalescimento das Anulabilidades – DECADÊNCIA

- Prazos de 4 anos, contados da cessação do ato, quando coação e incapacidade relativa, ou contados do ato,
quando erro, dolo, estado de perigo, fraude contra credores e lesão.
- Prazo de 2 anos, quando estiver fixado em lei a anulação, sem constar prazo específico.
4 – DA RESPONSABILIDADE CIVIL

A violação de uma obrigação primária faz nascer uma obrigação secundária de viés patrimonial
(indenizatório). Dependendo da natureza jurídica da norma que impõe a obrigação primária (contrato ou lei),
a responsabilidade civil será contratual ou extracontratual (aquiliana).

>> Responsabilidade Civil CONTRATUAL = Prazo prescricional de 10 anos


>> Responsabilidade Civil EXTRACONTRATUAL = Prazo Prescricional de 3 anos

- Elementos

1 - Conduta: (a)Humana e voluntária; (b) Comissiva ou omissiva; (c) Direta ou indireta; (d) Lícita
ou ilícita.
2 – Dano: (a) Lesão a um interesse jurídico tutelado; (b) Danos tradicionais / clássicos (dano
material e dano moral individual; (c) Danos novos / Contemporâneos (danos estéticos, danos morais
coletivos, danos sociais e danos por perda de uma chance).
3 – Nexo Causal: Há divergência na doutrina se o CC adota a Teoria da Causalidade Adequada ou a
Teoria da Causalidade Direta e Imediata.

- Teoria da Causalidade Adequada: Segundo essa teoria, haverá responsabilização quando


o ato do agente é potencialmente apto a produzir os efeitos danosos. O julgador procura identificar,
levando em conta aquilo que normalmente acontece, se a prática ilícita poderia, hipoteticamente
falando, haver causado o dano. Se, após a análise de algum ato, concluir-se que era provável a
ocorrência do evento danoso, impõe-se o reconhecimento da relação de causa e efeito entre eles.
- Teoria da Causalidade Direta e Imediata: É o antecedente (conduta) que determina o
resultado como consequência sua direta e imediata. Assim quem dá causa será aquele que realiza um
comportamento necessariamente vinculado ao resultado.

>> Na doutrina brasileira, predomina o entendimento de que a teoria que melhor explica o nexo
causal em matéria de responsabilidade civil é a da causalidade adequada, que nos ensina que nem
todas as causas que concorrem para o resultado são equivalentes, sendo tão somente aquela que foi
mais adequada a produzir o resultado. Assim sendo, se duas ou mais circunstâncias concorrerem para
a produção do evento lesivo, será causa adequada aquela que, hipoteticamente falando, tinha
potencial para naturalmente produzir o resultado que se manifestou no caso concreto.

>> Excludentes do Nexo Causal:

a) Caso fortuito ou força maior – CJF Enunciado 443: O caso fortuito e a força maior
somente serão considerados como excludentes da responsabilidade civil quando o fato gerador do dano não
for conexo à atividade desenvolvida. >> O fortuito interno é conexo à atividade desenvolvida e não exclui
o nexo causal.
b) Culpa exclusiva da vítima – Não confundir com a culpa concorrente, que apenas atenua o
nexo causal e gera redução da indenização.
c) Culpa exclusiva de terceiro – Fraude no sistema financeiro é considerada fortuito interno,
por estar ligada à atividade fim, de forma que não exclui a responsabilidade das instituições financeiras.
Súmula 479 - As instituições financeiras respondem objetivamente pelos danos gerados por fortuito
interno relativo a fraudes e delitos praticados por terceiros no âmbito de operações bancárias.

Excludentes de ilicitude

A legítima defesa, o exercício regular de direito e o estado de necessidade excluem a ilicitude da


conduta, entretanto, os artigos 929 e 930 do CC determinam que há responsabilidade civil mesmo em casos
de legítima defesa e estado de necessidade . São, portanto, hipóteses de responsabilidade civil por
condutas lícitas. Fica reservado o direito de regresso contra o causador do dano ou da situação de perigo.

Responsabilidade civil objetiva – Teoria do RISCO

De acordo com o §ú do artigo 927, do CC, a responsabilidade civil será objetiva quando houver
previsão legal ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua
natureza, o risco.
> Abuso de direito: é um ato lícito em sua origem, mas que perde a licitude em sua execução. No
caso de abuso de direito, a responsabilidade civil também é objetiva (critério objetivo finalístico).

Teoria da perda de uma chance

O STJ admite a aplicação da teoria da perda de uma chance desde que o dano seja real, atual e
certo, dentro de um juízo de probabilidade e não mera possibilidade.

Responsabilidade civil do incapaz

É subsidiária e condicionada e será fixada de forma equitativa, apenas nos casos em que:
- Os responsáveis não tiverem a obrigação de indenizar;
- Os responsáveis não dispuserem de meios suficientes.

Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não
tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser equitativa, não terá lugar se
privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.

ATENÇÃO: A única hipótese em que menor de 18 anos é solidariamente responsável com os pais ou
responsável é no caso de emancipação voluntária. Excepcionalmente, o incapaz responde como devedor
principal na hipótese de ressarcimento devido por prática de ato infracional.

Cláusula de não indenizar

Cláusula de não responsabilização constante em algumas relações contratuais. É vedada:

1 – Nas relações de consumo;


2 – Nos contratos de transporte;
3 – Nos contratos de adesão;
4 – Nos contratos de guarda e depósito.

Responsabilidade civil INDIRETA

A responsabilidade civil indireta ou complexa ocorre quando o responsável pela reparação do dano é
pessoa distinta da causadora direta da lesão. É a que decorre de ato de terceiro, com o qual o agente tem
vínculo legal de responsabilidade, além das situações de fato de animal ou fato da coisa > Comando ou
responsabilidade por coisa - art. 937 e 938, animal - art. 936 - ou por ato de terceiro - art. 932 e 933. Os
casos de responsabilidade civil indireta são, também, de responsabilidade objetiva.

São também responsáveis pela reparação civil:

I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia >> Sem direito
de regresso!
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho
que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo
para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
V - os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrente quantia.

ATENÇÃO:

- O construtor proprietário dos materiais poderá cobrar do proprietário do solo a indenização devida
pela construção, quando não puder havê-la do contratante.

5 – DA POSSE

- Posse e Classificação

- Possuidor: Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de
algum dos poderes inerentes à propriedade - Teoria objetiva de Ihering;
- Detentor: aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro, conserva a posse em
nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas;
- Composse: é a posse exercida por duas ou mais pessoas sobre coisa indivisa, podendo cada uma
exercer sobre ela atos possessórios. Um compossuidor não pode excluir os atos dos outros;
- Posse Justa: não é violenta, clandestina ou precária;
- Posse Injusta (vício objetivo): obtida por meio violento, clandestino ou precário;
- Posse de Boa-fé: quando o titular ignora os vícios que maculam a posse. > O possuidor de boa-fé
tem direito, enquanto ela durar, aos frutos percebidos (art. 1.214);
- Posse de Má-fé (vício subjetivo): quando o titular sabe ou tem meios para saber que a posse é
viciada.
- Ius possidendi: posse com título > É o direito À posse, decorrente do direito de propriedade, o
próprio domínio.
- Ius possessionis: posse sem título > É o direito DE posse do possuidor DIRETO, ou seja, o poder
sobre a coisa e a possibilidade de sua defesa por meio dos interditos possessórios – interdito proibitório, de
manutenção da posse e de reintegração de posse.

ATENÇÃO!!

Súmula 619, STJ: A ocupação indevida de bem público configura mera detenção, de natureza
precária, insuscetível de retenção ou indenização por acessões e benfeitorias.

- Teorias sobre a Posse

Teoria subjetiva de Savigny → posse = corpus + animus domini. Para Savigny, “corpus” exige o
poder imediato (posse direta) sobre a coisa, excluindo a posse indireta e, portanto, a possibilidade de
desmembramento da posse. “Animus domini” é a intenção de ser dono.

Teoria objetiva de Ihering - Adotada pelo CC → posse = corpus. Para Ihering, “corpus” é o poder
de fato sobre a coisa, o possuidor deve ter possibilidade de influência, exercendo algum dos poderes de
proprietário, ainda que não detenha a posse direta. Admite tanto possuidor direto quanto indireto
(desmembramento / desdobramento da posse).

Teoria sociológica → um acréscimo à teoria objetiva. A posse deve ser exercida de acordo com as
premissas da função social.

- Aquisição da Posse

Adquire-se a posse desde o momento em que se torna possível o exercício, em nome próprio, de
qualquer dos poderes inerentes à propriedade. >> Não induzem posse os atos de mera permissão ou
tolerância assim como não autorizam a sua aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de
cessar a violência ou a clandestinidade.

- A posse pode ser adquirida:

a) Pelo próprio sujeito;


b) Por representante com mandato;
c) Por representante sem mandato, dependendo de ratificação.

Aquisição originária: Não há relação de transmissibilidade (não é necessário consentimento do


possuidor antecedente).
Aquisição derivada: Há relação de transmissibilidade. Pode se dar pela tradição (inter vivos) ou
pela successio possessionis (causa mortis).
Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação (posse apenas
ameaçada, perturbada), restituído no de esbulho (qd a posse foi retirada do legítimo possuidor), e
segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado.
§1º O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força,
contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à
manutenção, ou restituição da posse. >> A autodefesa da posse, deve ser interpretada restritivamente.
§2º Não obsta à manutenção ou reintegração na posse a alegação de propriedade, ou de outro direito
sobre a coisa. >> Vedação à exceção de domínio.

- Efeitos da Posse

Posse de Boa-fé Posse de Má-fé


Tem direito aos frutos percebidos Responde por todos os frutos
(1.214). Cessada a boa-fé, deve colhidos e percebidos, e os que
Frutos restituir os frutos pendentes deixou de perceber por culpa,
(deduzidas despesas) e os deduzidas as despesas (1.216)
colhidos com antecipação (1.214,
§ú)
Não responde pela perda ou Responde pela perda ou
deterioração da coisa a que não deterioração, ainda que
Responsabilidade por perda ou der causa (1.217) = acidentais, salvo se comprovar
deterioração
Responsabilidade subjetiva que de igual modo teriam
ocorrido se estivesse na posse do
reivindicante (1.218) =
Responsabilidade objetiva
Indenização por benfeitorias Indenização APENAS pelas
necessárias, úteis e voluptuárias, benfeitorias necessárias, sem
e de levantá-las quando o puder direito a levantamento ou
sem detrimento da coisa. Direito retenção (1.220). O reivindicante
Indenização por benfeitorias
de retenção pelas benfeitorias pode optar por indenizar pelo
necessárias e úteis (1.219). A valor atual ou pelo do custo na
indenização é pelo valor atual época (1.222)
(1.222)

- Perda da Posse

Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o
bem, ao qual se refere o art. 1.196.
Art. 1.224. Só se considera perdida a posse para quem não presenciou o esbulho, quando, tendo
notícia dele, se abstém de retornar a coisa, ou, tentando recuperá-la, é violentamente repelido.

Isto não quer dizer que a pessoa que se enquadre na previsão do artigo 1.224 do CC perde a
propriedade e o direito sobre o bem, mas apenas que a posse foi perdida. Neste caso, é cabível uma ação
judicial com vistas a recuperar sua posse perdida.
6 – DA PROPRIEDADE

A propriedade é um direito fundamental e deve ser exercida de acordo com sua função social. Além
disso, é um direito real complexo que compreende as faculdades de:

- Usar
- Gozar
- Dispor (por atos inter vivos ou causa mortis)
- Reivindicar

>> Propriedade PLENA: Quando reunidos todos esses poderes.


>> Propriedade LIMITADA ou restrita: quando um ou alguns desses poderes não são detidos pelo
proprietário.

Características do direito de propriedade:

- Direito fundamental: CF, art. 5º, XXII;


- Direito complexo: reúne um conjunto de poderes;
- Absoluto: tem caráter erga omnes;
- Perpétuo: não se extingue pelo decurso do tempo >> Há mitigações, visto que o não uso pode gerar
consequências: usucapião, desapropriação por não cumprimento da função social);
- Exclusivo: propriedade não pode ser titularizada por mais de uma pessoa, salvo a hipótese do
condomínio (caso seja pro indiviso). A propriedade presume-se plena e exclusiva, até prova em contrário
(art. 1.231).
- Elástico: possibilidade de distensão ou contração, sem que perca sua essência. O proprietário pode
ceder alguns dos poderes inerentes ao direito de propriedade, contraindo-o.

Art. 1.229. A propriedade do solo abrange a do espaço aéreo e subsolo correspondentes, em altura e
profundidade úteis ao seu exercício, não podendo o proprietário opor-se a atividades que sejam
realizadas, por terceiros, a uma altura ou profundidade tais, que não tenha ele interesse legítimo em
impedi-las.
Art. 1.230. A propriedade do solo não abrange as jazidas, minas e demais recursos minerais, os
potenciais de energia hidráulica, os monumentos arqueológicos e outros bens referidos por leis
especiais.
§ ú. O proprietário do solo tem o direito de explorar os recursos minerais de emprego imediato na
construção civil, desde que não submetidos a transformação industrial, obedecido o disposto em lei
especial.

- Ação Reivindicatória: Meio pelo qual o proprietário despossuído maneja lide contra o possuidor não
proprietário, demonstrando seu domínio e a posse injusta do segundo, conforme se depreende da parte final
do art. 1.228 do CC. Segundo o STJ (REsp 1.003.305) são três os requisitos da ação reivindicatória: (1) A
prova da titularidade do domínio pelo autor; (2) A individualização da coisa; e (3) A posse injusta do réu.
> O STJ, na esteira da Súmula 283 do STF, estabelece que a ação reivindicatória é imprescritível;
> Em regra, se o proprietário aliena a coisa no curso da ação, entende Pontes de Miranda que a ação
tem de ser julgada improcedente, consequentemente. O conceito de posse “injusta” do reivindicado não se
confunde com o conceito de posse injusta em geral. Como se viu, a posse se desdobra em justa e injusta,
esta caracterizada pela violência, clandestinidade ou precariedade. No entanto, a expressão “posse injusta”
usada na ação reivindicatória se assenta na noção de causa (“justa causa”), que se liga ao título. Ou seja, a
posse injusta do réu na ação reivindicatória significa que ele não possui justa causa (jurídica).
> Podem propor a ação todos os que têm a propriedade plena ou limitada, mesmo que resolúvel;
> Nos casos em que há virtual impossibilidade fática de identificar todos os invasores, como ocorre
nas áreas de posse coletiva de áreas desocupadas pelo proprietário. Nesses casos, a jurisprudência admite a
citação dos que forem encontrados na área, pelo oficial de justiça e a menção aos demais, de maneira
genérica, para que respondam à lide;
> Pode o réu se defender também alegando a propriedade. Nesse caso, vence a lide aquele que detém
o título mais antigo ou, a despeito da antiguidade do registro, aquele que conseguir provar que o título do
outro é nulo (nulidade do registro por falsidade, por exemplo);
> Pode a defesa se alicerçar na exceção de usucapião, ou seja, defende-se da reivindicação da
propriedade através da posse, como já há tempos vem estampado na Súmula 237 do STF;
> A ação reivindicatória não se limita apenas ao proprietário, mas abrange também os direitos reais
limitados, como usufruto;
> Se proposta a ação reivindicatória em face de apenas um dos cônjuges, a sentença de mérito é
ineficaz em relação ao outro, não citado;
> Em caso de invasão de área por numerosas pessoas, como ocorre em determinadas áreas,
desnecessário é a citação de todos eles, nominalmente, pelo que a regra do cônjuge não citado não se aplica;
> Caso não seja mais possível dar continuidade à ação reivindicatória, já que a propriedade não mais
pode ser devolvida ao reivindicante, pode a ação reivindicatória ser convolada em ação de indenização por
perdas e danos.

- Função Social da Propriedade: A Constituição do México de 1917 e a Constituição de Weimar de 1919


foram os pioneiros instrumentos da constitucionalização da função social da propriedade. Distingue-se a
função social da propriedade a partir de dois grandes eixos: a função social da propriedade imobiliária
urbana (tratada nos arts. 182 e 183 da CF/1988) e a função social da propriedade imobiliária rural (arts. 184
a 191 da CF/1988).
> A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no Plano Diretor. A função social da propriedade urbana desdobra-se em três
diplomas legislativos: a CF, o Estatuto da Cidade – Lei 10.257/2001 – e o Plano Diretor, que apresenta os
critérios de ordenação urbana no específico município >> A principal sanção pelo descumprimento da
função social da propriedade urbana é a desapropriação para posterior parcelamento, edificação ou
utilização, prevista no Estatuto da Cidade (Lei 10.257/2001).
> A propriedade imobiliária rural apresenta outros critérios relativos à função social da propriedade.
Para que haja cumprimento da função social é necessário o cumprimento simultâneo de quatro deveres
presentes no art. 186 da CF/1988: (1) Aproveitamento racional e adequado; (2) Utilização adequada dos
recursos e preservação do ambiente; (3) Observância das disposições que regulam o trabalho; (4)
Exploração com o bem-estar de proprietários e trabalhadores. A Lei da Reforma Agrária – Lei 8.629/1993 –
estabelece dois critérios objetivos para avaliação do cumprimento da função social da propriedade: GUT –
Grau de Utilização da Terra (art. 6º, §1º) e GEE – Grau de Eficiência na Exploração (art. 6º, §1º, incisos).
>> A principal sanção pelo descumprimento da função social da propriedade rural é a desapropriação para
fins de reforma agrária, prevista tanto na CF/1988 quanto no Estatuto da Terra (Lei 4.504/1964).
- Aquisição da Propriedade Imóvel

São três as principais formas de aquisição de uma propriedade imóvel. Primeiramente há o


Usucapião, que vem com o exercício da posse após o transcurso de determinado período de tempo, desde
que atendidas as condições legais; em seguida, temos o Registro do Título, sendo essa a forma usual de se
adquirir uma propriedade, em seguida a Sucessão Hereditária, que é uma forma de transmissão derivada
que se dá por causa mortis, e, finalmente, a aquisição por Acessão, que decorre de fatos jurídicos ligados à
modificação física do imóvel, podendo ser oriunda de fatos naturais ou de ação humana.

1 – Usucapião: forma de aquisição ORIGINÁRIA, que pode se concretizar de diversas formas.

a) Extraordinária: 15 anos, independentemente de justo título e boa-fé;


b) Extraordinária abreviada: 10 anos, independentemente de justo título e boa-fé, desde que possuidor
tenha estabelecido moradia OU realizado obras e serviços de caráter produtivo;
c) Ordinária: 10 anos, COM justo título e boa-fé;
d) Ordinária abreviada (tabular): 5 anos, COM justo título e boa-fé, se imóvel foi adquirido
onerosamente, com base no registro, cancelada posteriormente, desde que tenha estabelecido
moradia ou realizado investimentos de interesse social e econômico;
e) Especial Rural: 5 anos, zona rural não superior a 50 hectares, que tornou produtiva por seu trabalho
ou de sua família, tendo nela sua moradia, desde que não seja proprietário de outro imóvel rural ou
urbano;
>> O Enunciado 313 da IV Jornada de Direito Civil não deixa margem de dúvida ao dispor que
quando a posse ocorre sobre área superior aos limites legais, não é possível a aquisição pela via da
usucapião especial, ainda que o pedido restrinja a dimensão do que se quer usucapir.
>> O Enunciado 594 da VII Jornada de Direito Civil determina se a área usucapida é inferior ao
módulo rural e inferior ao limite constitucional, a aquisição da propriedade se impõe. Ou seja, é possível
adquirir a propriedade de área menor do que o módulo rural estabelecido para a região, por meio da
usucapião especial rural. O STJ tem o mesmo entendimento, inclusive.
f) Especial Urbana: 5 anos, área urbana até 250m², utilizando-a para sua moradia ou de sua família,
desde que não seja proprietário de outro imóvel:
>> Se unidade condominial, não se deve computar, para fins de limite de metragem máxima para
essa modalidade de usucapião, a extensão compreendida pela fração ideal correspondente à área comum.
Esse é o entendimento presente no Enunciado 314 da IV Jornada de Direito Civil. De tal modo, se o
apartamento tem 300m2 de área total, mas apenas 240m2 de área útil, permitida a usucapião no prazo de 5
anos.
g) Urbana relâmpago (Especial Familiar): 2 anos, imóvel urbano até 250m² que dividia com ex-
cônjuge/companheiro que abandonou o lar, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano
ou rural >> Possível essa modalidade uma única vez.
> V Jornada de Direito Civil - Enunciado 498: A fluência do prazo de 2 (dois) anos previsto pelo art.
1.240-A para a nova modalidade de usucapião nele contemplada tem início com a entrada em vigor
da Lei n. 12.424/2011.
h) Coletiva: Prevista no art. 10 da Lei 10.257/2001, o Estatuto da Cidade, a usucapião especial urbana
coletiva, usucapião para fins de regularização fundiária, ou simplesmente usucapião coletiva,
estabelece-se necessariamente sobre bens imóveis urbanos. Para haver a usucapião, o núcleo urbano
informal deve estar em área inferior a 250 m² per capita (área total dividida pelo número de
possuidores, individualmente) ocupada por 5 anos ininterruptos e sem oposição >> Não se exige,
depois da Lei 13.465/2017, que as áreas usucapidas sejam utilizadas para moradia ou que os
possuidores sejam considerados pessoas de baixa renda. O mote do novo dispositivo é mais a
regularização fundiária e menos o caráter “social”.
- Os possuidores não podem ser proprietários de outro imóvel urbano ou rural >> Se um deles
é proprietário, não se contamina os demais;
- A ação pode ser proposta pelo possuidor, isoladamente, por litisconsórcio dos possuidores ou
por Associação de Moradores regularmente constituída (registrada), que funcionaria como
substituto processual extraordinário, segundo o art. 12, incisos, do Estatuto;
- A sentença de procedência da usucapião coletiva constitui um condomínio entre os
possuidores, sendo que a sentença deve atribuir igual fração ideal de terreno para cada um
dos possuidores. A fração ideal será igual, em princípio, salvo acordo escrito dos
coproprietários;
- Atenção: Não há restrição ao tipo de imóvel, se residencial ou comercial; ambos os tipos são
beneficiados pela aquisição da propriedade. Além disso, não há restrições à accessio
possessionis, que pode ser inter vivos ou mortis causa.
i) Indígena: Segundo o art. 33 da Lei 6.001/1973, o Estatuto do Índio, o indígena, integrado ou não,
que ocupe como próprio, por 10 anos, trecho de terra inferior a 50ha, adquire a propriedade plena.
Essa regra não se aplica às terras do domínio da União, ocupadas por grupos tribais, às áreas
reservadas dispostas no Estatuto, nem às terras de propriedade coletiva da comunidade autóctone.

>> Atenção:

- No caso da usucapião constitucional rural, não há restrição a múltiplas usucapiões. No caso da


usucapião constitucional urbana, há uma restrição a apenas uma usucapião;
- A restrição é bem específica, se uma pessoa usucapiu uma área de terras urbana ou rural
ordinariamente ou extraordinariamente, nada impede que faça a usucapião prevista no art. 9º do
Estatuto da Cidade. Igualmente, se usucapiu na forma do art. 9º do Estatuto da Cidade, nada impede
que adquira propriedade por meio de outras formas de usucapião;
- Exceção da accessio possessionis da usucapião constitucional urbana: Não pode ser a sucessão na
posse derivada de transmissão inter vivos, mas apenas mortis causa e desde que o herdeiro já resida
no imóvel quando da abertura da sucessão (morte do de cujus). Irrelevante se o herdeiro morava no
imóvel antes ou se veio a morar depois, o marco temporal estabelecido pelo Estatuto da Cidade é
bastante claro: a abertura da sucessão (morte).

>> Pontos Importantes:

- Atenção: Aplicam-se as causas que obstam, suspendem e interrompem a prescrição.


- Accessio possessionis: O possuidor pode, para o fim de contar o tempo exigido para o usucapião,
acrescentar à sua posse a dos seus antecessores, contanto que todas sejam contínuas, pacíficas e, nos casos
de usucapião ordinário, com justo título e de boa-fé.
- O Usucapião especial URBANO só será reconhecido uma vez para o mesmo possuidor;
- Se o tempo para a aquisição da propriedade não tiver sido preenchido quando da propositura da
demanda, segundo o Enunciado 497 da V Jornada de Direito Civil, esse prazo pode ser completado no curso
do processo, ressalvadas as hipóteses de má-fé processual do autor;
- Segundo o STJ, a decisão que reconhece a aquisição da propriedade de bem imóvel por usucapião
prevalece sobre a hipoteca judicial que anteriormente tenha gravado o referido bem.

>> Imóveis em enfiteusa: O bem público, em hipótese alguma, pode ser adquirido por usucapião, todavia, o
domínio útil do enfiteuta pode perecer em função da prescrição aquisitiva. Desta forma, é viável a aquisição,
através de usucapião, do domínio útil de enfiteuse anteriormente constituída - não a constituição de uma
nova enfiteuse, ressaltando que a propriedade pública permanece sob titularidade do Ente Público.

>> Usucapião extrajudicial: O procedimento cartorário é possível desde que, cumpridos os requisitos
legais, se obtiver a concordância dos envolvidos. Neste caso, não haverá “lide”, e o registro pode ser feito
burocraticamente pelo Oficial de Registro de Imóveis. Não há a interferência do Poder Judiciário – ao
menos a princípio. Se o Oficial de Registro de Imóveis verificar a presença dos requisitos legais para a
usucapião, fará a transferência do imóvel para o novo dono, independente de ordem judicial.

- Precisa advogado;
- Envolvidos: (1) Dono tabular; (2) Aqueles que têm algum direito sobre o imóvel, como usufruto;
(3) Donos de imóveis confinantes; (4) Poder Público; (5) Terceiros interessados;
- Documentos necessários:
a) Ata notarial atestando o tempo de posse;
b) Planta e memorial descritivo do imóvel: Documentos produzidos por um engenheiro - qd
casa ou prédio - ou por um agrimensor - qd terreno >> OBS: O provimento 65 do CNJ (art.
4º, §5º) dispensa, contudo, a apresentação de planta e memorial descritivo para imóveis
consistentes em unidades autônomas de condomínio (apartamentos, salas, vagas) ou lote
regular. Bastará que no requerimento seja informado o número da matrícula do bem.
c) Assinatura da planta pelos envolvidos;
d) Certidões negativas de distribuição, que irão demonstrar que nenhuma ação foi ajuizada
contra o possuidor, ou seja, posse mansa e pacífica >> O provimento 65 do CNJ (art. 4º, IV)
exige que essas certidões sejam obtidas em nome do interessado, do cônjuge / companheiro,
dos possuidores anteriores e seus cônjuges / companheiros (caso o tempo de posse dos
anteriores tenha sido somado para cômputo total da posse) e do proprietário e seu cônjuge /
companheiro;
e) Justo título ou documentos que atestem a posse - Carnê de IPTU, contas de luz, contrato de
compra e venda >> Exceto nos casos de usucapião extraordinário, que dispensa justo título.
- Se imóvel RURAL, precisa de documentos específicos: Cadastro Ambiental Rural (CAR),
Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) e Certificação de não sobreposição dada pelo Incra.
- Notificação dos Envolvidos: Quando não houver consentimento prévio dos envolvidos, o tabelião
deverá notificá-los > Se condomínio edilício, basta notificar o síndico;
- Impugnação: Os notificados poderão apresentar impugnação em 15 dias diretamente no cartório >>
Neste caso o tabelião poderá tentar uma conciliação ou encaminhar o pedido para o Judiciário,
transformando o usucapião extrajudicial em ação judicial.
>> Falta de impugnação = Consentimento presumido.
- Cientificação dos entes políticos;
- Publicação de editais para terceiros interessados;
- Contrato e presunção de consentimento: Presunção do Consentimento a partir do contrato do
possuidor interessado com o dono atual;
- Inocorrência de ITBI: A usucapião extrajudicial, uma vez reconhecida, gera reconhecimento do
possuidor ter se tornado proprietário. É forma originária de aquisição de domínio, isso quer dizer que
não houve propriamente uma transferência do dono anterior para o atual - o possuidor vitorioso.
Desse modo, não deverá ser cobrado o Imposto de Transmissão de Bens Imóveis – ITBI. Essa
conclusão já era respaldada pela teoria, mas, para evitar dúvidas, foi expressamente fixada pelo
provimento 65 (art. 24).

ATENÇÃO: O time-sharing, bem imóvel objeto de divisão por multiproprietários, que o utilizam nas férias
por determinado período, pode, EM REGRA, ser penhorado caso o proprietário registral não cumpra suas
obrigações. O time-sharing tem natureza obrigacional, não real. Entretanto, o STJ entendeu, nesse caso, que
o princípio da tipicidade estrita dos direitos reais não deve ser encarado de maneira absoluta no ordenamento
brasileiro e decidiu pela invalidade da penhora da integralidade de bem imóvel submetido a time-sharing.

2 – Registro do Título: forma de aquisição DERIVADA, concretizada por meio de um NJ que dá


origem à transferência da propriedade. Assim, a transferência da propriedade, entre vivos, somente se dará
por meio do registro do título translativo no Registro de Imóveis, de acordo com o que estabelece o artigo
1.245, caput, do Código Civil.
- São negócios hábeis a transmitir a propriedade: compra e venda (regra), permuta, dação em
pagamento, transação judicial imobiliária e doação. O Enunciado 87 da I Jornada de Direito Civil
ainda considera título translativo a promessa de compra e venda devidamente quitada (arts. 1.417 e
1.418 do CC/2002 e §6º do art. 26 da Lei 6.766/1979);
- O registro gera uma presunção da propriedade, assim, enquanto não se registrar o título translativo,
o alienante continua a ser havido como dono do imóvel;
- De acordo com o Enunciado 503 da V Jornada de Direito Civil, a presunção de propriedade
decorrente do registro imobiliário é relativa (presunção juris tantum). A exceção fica por conta do
Sistema Torrens, que traz presunção absoluta de propriedade. Desta forma, invalidades ou ineficácia
do negócio jurídico basal podem servir de demanda para anular, nulificar ou reformar o registro de
imóveis. Se cancelado o registro, pode o proprietário reivindicar o imóvel, independentemente da
boa-fé ou do título do terceiro adquirente.
- Atenção: Anulado, nulo ou refeito o registro, não pode haver a exclusão dos dados invalidados do
teor da matrícula. O Enunciado 624 da VIII Jornada de Direito Civil reconhece que o ordenamento
registral brasileiro não prevê hipótese de exclusão, mas tão somente do cancelamento, que
corresponde a uma averbação de assento já registrado anteriormente. Preservam-se, assim, na
integralidade, os registros a respeito do bem.
- Princípio da prioridade em matéria registral: Tem prioridade o título registrado antes > O registro é
eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no
protocolo;
- Importante: Não apenas por ato inter vivos se faz a transmissão da propriedade, mas também mortis
causa. No direito hereditário, a transmissão da propriedade se dá imediatamente após o falecimento,
por aplicação do princípio da saisine. > Não há necessidade de registro da transmissão hereditária
para que haja transmissão da propriedade. Essa transmissão é meramente ficta, já que o Direito não
pode conviver com a situação de bens imóveis sem titulares, quando não se enquadra a coisa na
categoria da herança jacente. Por isso, necessário será registrar o formal de partilha para que a
propriedade seja transmitida de pleno jure.

>> Tanto negociações de bens imóveis concretizadas por meio de escritura pública quanto aquelas
realizadas através de contrato particular DEVEM ser registrados no Registro de Imóveis para que a
propriedade seja transferida. A escritura / contrato particular é apenas o título que comprova o negócio
jurídico que ocasionará a transferência da propriedade a ser registrada no Cartório de Registro de Imóveis.

ATENÇÃO: Ainda que o título que deu origem ao registro seja inválido (ou mesmo o próprio registro o
seja), o adquirente continuará sendo considerado o dono do imóvel até que o registro seja cancelado.

3 – Acessão: forma de aquisição ORIGINÁRIA

a) Formação de Ilhas;
b) Aluvião – Trata-se do acréscimo gradual e imperceptível de terras situadas às margens das
correntes. Esse acréscimo decorre de depósitos e aterros naturais, ou do desvio de águas. Conforme
dispõe o artigo 1.250 do CC, o acréscimo de terra denominado aluvião pertence ao proprietário dos
terrenos marginais, SEM indenização;
c) Avulsão – É o processo natural decorrente de força violenta, que retira uma parte da terra de uma
propriedade e a transporta para outra propriedade, onde ela se junta a esta. Esse processo é repentino
e visível, ao contrário da aluvião, que é lenta e imperceptível. Em regra, COM indenização;
>> Caso não proceda com a indenização, e o proprietário que perdeu a terra não venha a
reclamar o pagamento em um ano, o proprietário que recebeu a terra terá o direito de incorporar
o acréscimo à sua propriedade, mesmo sem o pagamento de indenização.
>> Caso o dono da terra acrescida se recusar a pagar a indenização, ele deverá aceitar que o
proprietário que perdeu a porção de terra a remova.
d) Abandono de álveo – Ocorre quando a corrente abandona seu leito, de forma natural, e abre um novo
curso d’água em outras terras, deixando seco o seu leito original. Nessa hipótese, a nova faixa de
terra acrescida será dividida entre os proprietários dos imóveis que margeavam o curso d’água que
existia anteriormente.
>> Eles não serão obrigados a indenizar os proprietários das terras inundadas, pois a alteração do
curso do rio decorre de processo exclusivamente natural.
e) Plantações ou construções – presumem-se feitas pelo proprietário.

>> Descoberta: NÃO é forma de aquisição de propriedade, sem exceções!


- O art. 1.234 do CC estabelece que aquele que restituir a coisa achada terá direito a uma recompensa
não inferior a 5% do seu valor - a ser paga pelo proprietário. Igualmente, cabe indenização pelas
despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-
la.
- O art. 1.235 do CC dispõe que o descobridor responde pelos prejuízos causados ao proprietário ou
possuidor legítimo, quando tiver procedido com dolo;
- Se não aparece o dono, e passados 60 dias da divulgação da notícia, não se apresentando quem
comprove a propriedade sobre a coisa, será ela vendida em hasta pública e, deduzidas do preço as
despesas, mais a recompensa do descobridor, pertencerá o remanescente ao Município em cuja
circunscrição se deparou o objeto perdido;
- A única exceção na qual o descobridor acaba ficando com o objeto descoberto está prevista no art.
1.237, §único, CC. Caso o objeto seja de diminuto valor, pode o Município abandonar a coisa em
favor de quem a achou;
- A aquisição da propriedade descoberta depende, primeiro, do abandono da municipalidade, ou seja,
a causa da aquisição da propriedade é o abandono, não a descoberta (causa do abandono, num
juízo de nexo de causalidade).

- Restrições ao direito de propriedade:


a) Ocupação temporária: Prevista no art. 36 do Decreto Lei nº 3.365/41 - Segundo Maria Sylvia Di
Pietro, essa é a forma de limitação da propriedade pelo Estado, caracterizada pela utilização
transitória, gratuita ou remunerada, de imóvel particular para fins de interesse público;
b) Requisição: Prevista no art. 5°, inc. XXV, da CF - Ocorre no caso de iminente perigo público, pelo
que a autoridade poderá se utilizar de propriedade particular, mediante indenização ulterior, se
houver dano;
c) Servidão Administrativa: Previsão genérica no art. 40 do Decreto Lei nº 3.365/41 - Segundo Di
Pietro, é um direito real de natureza pública, instituído sobre o imóvel de propriedade alheia, com
base em lei, por entidade pública ou seus delegados, em favor de um serviço público, como, por
exemplo, o caso das calçadas;
> O STJ reconheceu que qualquer pessoa que tenha seu direito de usar o bem comum de uso do povo
- no caso em análise tratava-se de uma servidão declarada de utilidade pública - cerceado pode
manejar a ação possessória, desde que isso não importe em cerceamento do uso pelos demais.

d) Tombamento: Previsto no art. 216 da CF e no Decreto Lei nº 25/1937 - É uma limitação da


propriedade de modo a proteger determinados bens considerados pertencentes ao patrimônio
histórico e artístico nacional. Normalmente gera uma série de deveres e limitações ao proprietário
e) Encampamento / Resgate: Previsto na Lei 8.987/1995 - Segundo Orlando Gomes, ocorre quando o
Estado se investe na propriedade de bens pertencentes a empresas concessionárias de serviço
público, seja indenizando pelos bens, seja ressarcindo pela antecipação do fim do contrato de
concessão. Ocorre, por exemplo, quando o Estado privatiza uma ferrovia e, posteriormente, “toma”
ela de volta;
f) Desapropriação direta: Presente em: art. 5°, inc. XXIV da CF, Decreto Lei nº 3.365/1941-
Desapropriação por utilidade pública, Lei 4.132/1962 - Desapropriação por interesse social - e Lei
6.602/1978 - Imissão na posse em imóveis residenciais urbanos - Principal possibilidade de
limitação pelo Poder Público;
g) Desapropriação indireta: Ocorre quando o Estado, não obstante não iniciar um processo de
desapropriação regular, impõe restrições tão severas à propriedade privada que, na prática, acabam
por excluir os poderes do proprietário, sem justa indenização > Prazo prescricional = 10 anos!
h) Desapropriação judicial privada por posse-trabalho: Prevista no art. 1.228, §4º e5º, CC:

Art. 1.228, §4º, CC: “O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado consistir em extensa área, na
posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em
conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse social e econômico relevante”.

§5º “No caso do parágrafo antecedente, o juiz fixará a justa indenização devida ao proprietário; pago o preço, valerá a
sentença como título para o registro do imóvel em nome dos possuidores”.

- Neste caso o juiz deve fixar justa indenização ao proprietário;


- No caso de desapropriação fala-se em boa-fé objetiva, talqualmente no direito dos contratos, e não
em boa-fé subjetiva, ligada à posse e à usucapião;
- Trata-se de uma espécie de “desapropriação judicial privada por posse-trabalho”, que pode se
aplicar tanto à propriedade rural quanto à urbana, e não uma espécie de usucapião, dada a indenização
prevista. Ademais, o usucapião especial coletivo se verifica apenas em propriedades urbanas;
>> São aplicáveis as disposições dos §§4º e 5º do art. 1.228 às ações reivindicatórias relativas a bens
públicos dominicais. Muitos rechaçam esse entendimento ao permitir a usucapião de bem público.
Tecnicamente falando, porém, essa percepção é equivocada, pois os §§ 4º e 5º do art. 1.228 não tratam de
usucapião, mas de “desapropriação judicial privada por posse-trabalho”.
>> Apesar de a lei estabelecer que a “desapropriação judicial privada por posse-trabalho” é matéria
de defesa em ação reivindicatória (ou possessória), sua aplicação foi alargada pelo Enunciado 496 da V
Jornada de Direito Civil. Segundo o Enunciado, essa hipótese de desapropriação pode ser objeto de ação
autônoma, não se restringindo à defesa em pretensões reivindicatórias.

Usucapião Especial Coletiva Desapropriação judicial privada por posse-


trabalho

Forma de aquisição ORIGINÁRIA Forma de aquisição DERIVADA


Sem indenização ao proprietário COM indenização ao proprietário - Paga pelos
interessados *

Apenas propriedades urbanas Propriedades urbanas e rurais

* A justa indenização devida ao proprietário em caso de desapropriação judicial somente deve ser
suportada pela Administração Pública no contexto das políticas públicas de reforma urbana ou agrária, em
se tratando de possuidores de baixa renda e desde que tenha havido intervenção daquela nos termos da lei
processual.
** O prazo para o pagamento será estipulado pelo juiz. Caso o pagamento não seja efetuado e
ultrapassado o prazo prescricional, fica autorizada a expedição de mandado para registro da propriedade
em favor dos possuidores.
*** A “desapropriação judicial privada por posse-trabalho”, alegada como matéria de exceção enseja a
improcedência do pedido reivindicatório.

- Aquisição da Propriedade Móvel

1 – Usucapião

a) 3 anos - COM justo título e boa-fé


b) 5 anos – SEM justo título e boa-fé

2 – Ocupação: Se assenhorar de coisa sem dono. Res nullius nunca teve dono. Res derelicta é a

coisa abandonada. >> Res desperdicta é a coisa perdida – não admite ocupação, pois tem dono.

3 – Achado de tesouro

4 – Tradição: É pela tradição que, em regra, transmite-se a propriedade. As exceções ficam por
conta dos bens sujeitos a registro, ainda que móveis, como os veículos automotores.Não necessariamente a
tradição precisa ser faticamente feita. Por vezes, há tradição ficta e por vezes há tradição simbólica. Isso fica
claro no parágrafo único do art. 1.267:
Art. 1.267. A propriedade das coisas não se transfere pelos negócios jurídicos antes da tradição.
§ú. Subentende-se a tradição quando o transmitente continua a possuir pelo constituto possessório; quando cede ao
adquirente o direito à restituição da coisa, que se encontra em poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na posse
da coisa, por ocasião do negócio jurídico. (tradição ficta)
Art. 1.268. Feita por quem não seja proprietário, a tradição não aliena a propriedade, exceto se a coisa, oferecida ao
público, em leilão ou estabelecimento comercial, for transferida em circunstâncias tais que, ao adquirente de boa-fé,
como a qualquer pessoa, o alienante se afigurar dono.
§ 1º Se o adquirente estiver de boa-fé e o alienante adquirir depois a propriedade, considera-se realizada a transferência
desde o momento em que ocorreu a tradição.
§ 2º Não transfere a propriedade a tradição, quando tiver por título um negócio jurídico nulo.

> Tradição Ficta: Ocorre no caso de constitutum possessorum (ou constituto possessório, nos termos do art.
1.267), caso, em realidade, de perda da propriedade. Nessa situação, o possuidor em nome próprio se torna
possuidor em nome alheio (o exemplo é exatamente do proprietário que aliena a residência e nela continua a
morar, a título de locação). Isso ocorrerá por meio da chamada cláusula constituti.
> Tradição Simbólica: Ocorre quando se subentende a tradição, como quando o adquirente já está com o
bem ou quando o bem passa diretamente de um terceiro para o adquirente, sem que seja necessário primeiro
passar ela pelas mãos do proprietário vendedor, a fim de facilitar a transmissão e evitar atos inúteis.
- Traditio longa manu: Quando o alienante cede ao adquirente o direito à restituição da coisa em
poder de terceiro - exemplo da bicicleta que estava com um terceiro e será entregue diretamente por
este ao comprador;
- Traditio brevi manu: O possuidor em nome alheio se torna possuidor em nome próprio > O
adquirente já está na posse do bem - caso de um guarda-sol emprestado que foi adquirido
posteriormente pela mesma pessoa que já estava na posse.

OBS: Parte da doutrina, porém, entende que a traditio longa manu e a traditio brevi manu são espécies de
tradição simbólica, ao passo que o constitutum possessorum seria o único exemplo de tradição ficta. Nesses
casos, há espécie de “presunção de tradição”, fictamente. O próprio §único do art. 1.267 não distingue as
três hipóteses, dizendo se “subentender” a tradição nas três situações. Subentender fictamente, não
simbolicamente.

> Venda a non domino: É uma venda que, quando realizada, é passível de nulidade ou ineficácia -
posicionamento predominante - ou mesmo convalidação, no geral é uma venda realizada por quem não é o
proprietário, o que, mesmo com a tradição não transfere de fato a propriedade.
- A ausência de titularidade afasta a eficácia da transferência da propriedade, que fica sujeita a uma
condição suspensiva, que é a aquisição (“se o alienante adquirir depois a propriedade”). A venda a
non domino é, assim, existente é válida, mas ainda ineficaz, eficacizando-se com o cumprimento da
condição que suspende o negócio, qual seja a aquisição da propriedade pelo alienante. A eficácia,
nesse caso, é retroativa (ex tunc), ou seja, a venda a non domino se reputa válida e eficaz desde o
momento em que houve a tradição.
> Os veículos automotores, porém, exigem registro para que os direitos reais sobre eles possam ser
regularmente exercidos. Por isso, necessária a ação de usucapião para que possa o proprietário não registral
fazer a transferência do veículo junto à autoridade de trânsito (DETRAN) e exercer plenamente seus direitos
mobiliários, como alienar ou gravar o bem.

5 – Especificação: Ocorre quando alguém trabalha em matéria-prima alheia, como o artesão que
trabalha o mármore alheio, segundo o art. 1.269 do CC.
6 – Confusão (mistura de líquidos), comissão (mistura de sólidos) e adjunção (sobreposição).

- Perda da Propriedade

>> Modos VOLUNTÁRIOS

1 – Alienação: Precisa de registro;


2 – Renúncia: Precisa de registro;
3 – Abandono: aqui o proprietário deixa o bem, sem a intenção de tê-la consigo novamente. Surge
uma coisa sem dono, que pode ser adquirida por terceiros por meio da ocupação, se se tratar de bem móvel,
ou usucapião, tratando-se de bem imóvel.
- Apesar de a presunção de abandono ser absoluta (juris et de jure) - há discussão doutrinária
se seria relativa, a arrecadação do bem não é automática, porque nem sempre o bem será
considerado vago. O Enunciado 597 da VII Jornada de Direito Civil esclarece que a posse
impeditiva da arrecadação é efetiva e qualificada por sua função social;
- Não está abandonado o bem que é possuído, efetivamente, e em cumprimento à função social
da propriedade, por outrem. Essa pessoa, portanto, poderá usucapir o bem, a despeito de ele
ter sido abandonado por outrem;
- A Lei 13.465/2017, no art. 64, §1º, determina a arrecadação depois de 5 anos de tributos
inadimplidos. Passados esses 5 anos, o bem é considerado abandonado e, então, 3 anos
depois, pode ser arrecadado pelo Município (imóveis urbanos) ou pela União (imóveis
rurais).

Art. 1.276. O imóvel URBANO que o proprietário abandonar, com a intenção de não mais o
conservar em seu patrimônio, e que se não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado,
como bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município ou à do Distrito Federal, se
se achar nas respectivas circunscrições.
§ 1º O imóvel RURAL, abandonado nas mesmas circunstâncias, poderá ser arrecadado, como bem
vago, e passar, três anos depois, à propriedade da União, onde quer que ele se localize.
§ 2º Presumir-se-á de modo absoluto a intenção a que se refere este artigo, quando, cessados os atos
de posse, deixar o proprietário de satisfazer os ônus fiscais. >> Há divergências!!

>> Modos INVOLUNTÁRIOS

1 – Perecimento
2 – Desapropriação: perda compulsória de propriedade de um bem móvel ou imóvel devido a ato
do Estado;
4 – Arrematação: Perda judicial da propriedade pela alienação em hasta pública;
5 – Adjudicação: Perda judicial da propriedade pelo próprio exequente;
6 – Implemento de condição resolutiva
7 – Perdimento: Bens que servem para ressarcir dano ao Erário;
8 – Requisição: Em tempos de guerra para uso do Estado.

>> Os dois modos involuntários de perda da propriedade que interessam estritamente ao Direito Civil: (1)
“Desapropriação judicial privada por posse-trabalho”; e (2) Art. 1.228, §§ 4º e 5º e resolubilidade da
propriedade imobiliária (arts. 1.359 e ss.).

- Direitos de Vizinhança

É uma espécie de limitação ao exercício do direito de propriedade. Obrigações ambulatórias ou


propter rem (acompanham a titularidade da coisa).
Há uso anormal da propriedade quando há violação a um dos três “S”: (1) saúde, (2) segurança OU
(3) sossego.
- Árvores limítrofes:

Art. 1.282. A árvore, cujo tronco estiver na linha divisória, presume-se pertencer em comum aos
donos dos prédios confinantes. >> Presunção de condomínio
Art. 1.283. As raízes e os ramos de árvore, que ultrapassarem a estrema do prédio, poderão ser
cortados, até o plano vertical divisório, pelo proprietário do terreno invadido. >> Direito de corte
Art. 1.284. Os frutos caídos de árvore do terreno vizinho pertencem ao dono do solo onde caíram, se
este for de propriedade particular. >> Exceção à gravitação jurídica

- Passagem forçada: Ocorre quando um imóvel (encravado) não tem acesso a via pública, nascente
ou porto.
ATENÇÃO: Passagem forçada (direito de vizinhança) não se confunde com servidão de passagem
(direito real). A primeira decorre da lei e gera direito a indenização, enquanto na segunda há ajuste de
vontades e a indenização não é obrigatória.

- Passagem de cabos e tubulações: Gera direito a indenização;


- Águas: reguladas nos arts. 1.288 a 1.296 do CC;
- Direito de tapagem e limites entre prédios: arts. 1.297 e 1.298. OBS: 1.297, §1º traz hipótese de
condomínio necessário.
- Direito de construir: regulado nos arts. 1.299 a 1.313 do CC.

- Condomínio Geral: pode ser voluntário ou necessário

- Condomínio Edilício / Especial: Condomínio edilício é instituído por ato inter vivos ou por testamento
registrado no RGI.
>> Convenção subscrita por 2/3 das frações ideais torna-se, desde logo, obrigatória aos titulares de
direitos sobre as unidades. Para ser oponível a terceiros, deve ser registrada no RGI.

Súmula 260 do STJ: A convenção de condomínio aprovada, ainda que sem registro, é eficaz para
regular as relações entre os condôminos.

>> Obras no condomínio edilício:


- Voluptuárias: voto de 2/3;
- Úteis: voto da maioria;
- Necessárias: independem de autorização. Se for urgente e importar despesas excessivas, deve
ser dada ciência à assembleia, que será convocada imediatamente. Se importar despesa excessiva e não for
urgente, precisa de autorização da assembleia.

7 – SUCESSÕES

- Exclusão: ocorre apenas em situações extraordinárias por necessidade dos herdeiros e para a
proteção da legítima. Tem cunho subjetivo e moral, tem caráter de pena civil e difere da
ilegitimidade sucessória.

a) Deserdação:
b) Declaração de Indignidade:
- Se aplica a herdeiros (necessários ou facultativos) e legatários;
- Depende de decisão judicial;
- É uma ação declaratória, entretanto possui prazo no Código Civil, o que é um equívoco. Há quem
diga que seria uma ação condenatória e, portanto, sujeita a prazo prescricional. Outros autores
afirmam que seria uma ação desconstitutiva e sujeita à prazo decadencial;
- Prazo DECADENCIAL de 4 anos >> Ação Declaratória com efeito desconstitutivo;
- A decisão tem efeitos PESSOAIS, equivale a “morte civil”, os herdeiros do indigno herdam e este
perde o direito ao usufruto e à administração dos bens dos sucessores;
- Há proteção dos direitos do terceiro de boa fé;
- Hipóteses:
(a) Qd autores/coautores/partícipes de homicídio doloso ou tentativa contra a pessoa de cuja
sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente >> MP tem legitimidade
concorrente para ajuizar a ação nesses casos;

(b) Acusação caluniosa GRAVE em juízo ou crime GRAVE contra a honra do autor da herança,
seu cônjuge ou companheiro;
(c) Inibir ou obstar o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade
mediante violência ou meios fraudulentos.
- Reabilitação é possível por meio do perdão, que pode ser feito em vida, por meio de declaração
competente que reabilita o herdeiro, que passa a herdar da integralidade, ou por meio de testamento,
situação em que o indigno recebe apenas aquilo que está no testamento.

8 – OBRIGAÇÕES

8.1 Inadimplemento

Art. 392. Nos contratos benéficos, responde por simples CULPA o contratante, a quem o contrato
aproveite, e por dolo aquele a quem não favoreça. Nos contratos onerosos, responde cada uma das partes por
culpa, salvo as exceções previstas em lei.

- Regra Geral = CULPA gera o inadimplemento;


- Difere do descumprimento, pois este, por si só, não é inadimplemento, porém o descumprimento
com culpa gera o inadimplemento.
- Doutrina: Inadimplemento é “descumprimento culposo”;
- Pontes de Miranda: Inadimplemento é um descumprimento com um plus - imputação, ou seja,
descumprimento que pode ser imputado à parte. Em regra será culposo, excepcionalmente doloso ou
dispensando dolo ou culpa, como ex: consumidor, ambiental e nuclear = Resp. Objetiva.
- Se o descumprimento não pode ser imputado à parte, como nos casos fortuitos ou de força maior,
não haverá inadimplemento, justamente porque não há imputação.
a) Fortuito INTERNO = gera imputação;
b) Fortuito EXTERNO (abrange caso fortuito/força maior e fato de 3º)= não gera imputação.
- Cláusula Geral CC: Responsabilidade do patrimônio do devedor de forma integral >> Todavia, por
força dos princípios constitucionais, regras processuais estabelecerão uma limitação, como o art.
833 do CPC (impenhorabilidades) e a Lei nº 8.009/90 (Bem de Família);
- Pode ser ABSOLUTO - Qd é impossível satisfazer o credor, não há mais interesse jurídico na
satisfação - ou RELATIVO - é vinculado ao descumprimento da obrigação no tempo / modo / local
devidos - MORA - e o cumprimento da obrigação é possível.
- Mora do Devedor: (a) Obrigação PURA - não está sujeita a termo ou condição, ou seja, não
há prazo para pagamento, necessária interpelação > Haverá mora ex re / ex tempore. (b)
Obrigação IMPURA - sujeita a termo ou condição, não precisa interpelação > Haverá mora
ex persona / mora pendente.
- Ato ilícito: o inadimplemento se verifica no momento da prática do ato;
- Qd o devedor descumpre = Surgimento das obrigações acessórias (juros, multa, correção) +
Perpetuação da obrigação > Responsabilização por caso fortuito ou força maior, salvo se
comprovar que o prejuízo ocorreria.
- Mora do Credor: Haverá a liberação da responsabilidade do devedor > Não responde mais
pela conservação do bem, salvo dolo, devendo, assim, ser ressarcido pela manutenção. Se
houver variação no preço, será utilizada a estimação mais favorável ao devedor.
- Purgação da Mora: Possível tanto pelo credor quanto pelo devedor >> Serve para afastar os
efeitos da mora.

Atenção!

- Impossibilidade Originária: Qd ABSOLUTA = não é inadimplemento - Objeto impossível =


NULO / Qd RELATIVA = permite o inadimplemento, como um imóvel na planta;
- Impossibilidade Superveniente: se verifica nos casos de inadimplemento;
- Dificuldade de Cumprimento = gera inadimplemento;
- Onerosidade Excessiva = qd há vantagem excessiva a uma das partes OU acontecimento
extraordinário e imprevisível, tornando a situação excessivamente onerosa = possível revisão ou
resolução do negócio.

9 – CONTRATOS

Contrato de Doação
- Comutativo (não é aleatório, não depende de área);
- Unilateral > Há controvérsia quanto à doação impura;
OBS: Não confundir com os NJ unilaterais, como testamentos e declaração unilateral de
vontade. Todos os contratos são NJ bilaterais, que, por sua vez, podem ser bilaterais ou unilaterais.
- Gratuito ou benéfico, mesmo que não seja doação pura;
- Solene ou formal > Exige-se forma escrita - particular ou pública, sendo que neste último
caso é obrigatório para imóveis com valor superior a 30 salários mínimos;
Exceção: contrato de doação não solene, que não exige formalidade, para bens de pequeno
valor que segue continente à tradição.
- A doação pode ser:
a) Pura;
b) Impura - Conhecida como doação remuneratória, para remuneração, por exemplo, de
um serviço cujo pagamento não seria exigível, como guardador de carro;
c) Com encargo;
d) Contemplativa ou Meritória - Exemplo: quando casar.
- Aceitação: Em regra é exigida a aceitação. Exceções: (1) Doador fixa prazo ao donatário
para declarar se aceita a liberalidade - Doação sujeita à prazo / termo; (2) Doação pura, se o
donatário for absolutamente incapaz; (3) Doação feita em contemplação de casamento futuro
com certa e determinada pessoa (propter nuptias); (4) Aceitação tácita por comportamento
concludente.
- Doação ao Nascituro: Possível, desde que o representante aceite;
- Doação a PJ que ainda não existe: Possível, desde que constituída em 2 anos;
- Cláusula de retorno: Para o caso de o doador sobreviver ao donatário > Não é possível em
favor de terceiros, ou seja, não é possível substituição donatária. O bem deve retornar ao
doador e este doar a outro, se for o caso;
- Doação com subvenção periódica: para receber valor por certo período. Extinção com a
morte do doador ou do donatário. Pode ultrapassar a vida do doador, limitando as forças da
herança;
- Doação conjunta: Possível, extinguindo-se proporcionalmente, salvo o direito de acrescer.
- Restrições:
a) Doação Universal ou Total (nula) - Todos bens do doador;
b) Doação Inoficiosa (nula) - Parte que caberia à legítima > Controvérsia no STJ - Prazo
de 10 anos. A doação é nula e, por esta razão, não haveria prazo, entretanto o efeito
da nulidade é condenatório, por isso manteria o prazo geral das ações condenatórias =
Prazo prescricional de 10 anos.
- Doação de ascendente para descendente = Adiantamento de legítima;
- Venda de ascendente para descendente = Anulável qd ocorre sem autorização
dos demais descendentes e cônjuge (exceto de regime de separação de bens).
c) Doação Adúltera (anulável) - Do cônjuge adúltero a seu cúmplice > Prazo
decadencial de 2 anos;
d) Doação Fraudatória (anulável) - Aquela que prejudica credores > Prazo decadencial
de 4 anos;
- Resolução:
a) Doação em contemplação ao casamento - Se não casar
b) Quando o doador sobrevive ao donatário - O domínio do bem volta ao patrimônio do
doador devido a cláusula de reversão.
- Revogação:
- Prazo decadencial de 1 ano;
- Direito intransmissível, exceto no caso de homicídio consumado.
a) Descumprimento de encargo - Desde que constituído em mora e não cumprido o
encargo no prazo concedido;
b) Ingratidão do donatário - Se o donatário atentar contra a vida do doador ou cometer
crime de homicídio doloso contra ele, se praticar ofensas físicas, se cometer injúria ou
calúnia, se, tendo condições financeiras, negar-se a prestar alimentos ao doador que
dele necessitar >> Rol exemplificativo, segundo STJ.
- Exceções à Revogabilidade:
a) Doações puramente remuneratórias;
b) Doações oneradas com encargo já cumprido;
c) Doações que se fizerem em cumprimento de obrigação natural;
d) Doações feitas para determinado casamento (propter nuptias).

Atenção: Hipóteses de Declaração de Ingratidão difere das hipóteses de Declaração de Indignidade,


revisar!!!

10 – LINDB

Trata-se de norma de sobredireito, ou seja, norma jurídica que visa regulamentar outras normas.
Também é chamada de Lei sobre leis e de Lex Legum. Aplica-se às normas de direito público e privado.
- Direito OBJETIVO: norma agendi;
- Direito SUBJETIVO: facultas agendi.
A lei passa por 3 fases fundamentais para que tenha validade e eficácia: elaboração, promulgação e
publicação.
Características da lei: generalidade, imperatividade, permanência, competência, autorizante.

>> O CC consagra 3 princípios fundamentais:

- Eticidade: Valorização da ética e boa-fé;


- Socialidade: “Eu” substituído por “nós” > Exemplos de aplicabilidade: o contrato, a empresa, a
propriedade, a posse, a família, a responsabilidade civil;
- Operabilidade: Simplicidade e efetividade.

>> Vigência

- Vacatio Legis: Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país 45 dias depois de
oficialmente publicada;
- Nos Estados estrangeiros = vigência 3 meses após oficialmente publicada;
- Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção,
os prazos acima começarão a correr a partir da nova publicação >> Ou seja, o vacatio legis é
reiniciado.
- Correções a texto de lei já em vigor = Lei nova.
- A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a
coisa julgada:
- Ato Jurídico Perfeito: o ato já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se
efetuou;
- Direito Adquirido: direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles
cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a
arbítrio de outrem;
- Coisa Julgada: a decisão judicial de que já não caiba recurso.
- A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da
personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família >> Sendo assim, a nacionalidade ou a
localização do indivíduo é indiferente, relevante é o local do seu domicílio;
- Repristinação: Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei
revogadora perdido a vigência.

>> Conflito entre leis

- Uma vez vigente, a lei terá eficácia até que outra a modifique ou revogue. A lei posterior revoga a
anterior quando:
- Expressamente o declare;
- Seja com ela incompatível; ou
- Regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.
- A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem
modifica a lei anterior.

ATENÇÃO: Se a lei que revogou a anterior perder a eficácia, for declarada inconstitucional ou coisa do
tipo? Nesse caso, salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora
perdido a vigência.

>> Formas de Integração / Colmatação: Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a
analogia (in legis, iuris), costumes (praeter legem, secundum legem), equidade e princípios gerais de direito.
- Vedação ao não julgamento ou “non liquet” - o juiz não se exime de decidir sob alegação de
lacuna ou obscuridade na lei.

>> Regras de Casamento:

- Casamento realizado no Brasil = Independentemente se de brasileiros ou estrangeiros, será


aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração;
- O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do
país de ambos os nubentes;
- Invalidade de Matrimônio: Nubentes com domicílio diverso = Regerá os casos a lei do primeiro
domicílio conjugal;
- Regime de bens, legal ou convencional = Obedece à lei do país em que tiverem os nubentes
domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal;
- As autoridades consulares brasileiras podem celebrar a separação consensual e o divórcio consensual
de brasileiros, não havendo filhos menores ou incapazes do casal.

>> Bens Materiais: Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplica-se a lei do país
em que estiverem situados os respectivos bens > Independentemente do local do matrimônio ou do
domicílio dos cônjuges.

Atenção:
1. Aplica-se a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens móveis que ele trouxer
ou se destinarem a transporte para outros lugares;
2. O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa
apenhada.

>> Obrigações: Aplica-se a lei do país onde se constituírem, independentemente da nacionalidade ou


domicílio dos obrigantes.

- Entretanto, a obrigação resultante do contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o


proponente;
- Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta
observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato.

>> De Cujus

- Sucessão por morte ou por ausência = Obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o
desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens;
- Sucessão de bens de estrangeiros situados no Brasil = Será regulada pela lei brasileira em
benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja
mais favorável a lei pessoal do de cujus;
- OBS: Lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a sua capacidade para suceder.

>> Poder Judiciário

- É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver
de ser cumprida a obrigação;
- Se tratando de bens imóveis, só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações
relativas a imóveis situados no Brasil;
- A autoridade judiciária brasileira - Juiz Federal - cumprirá, concedido o exequatur - pelo STJ - e
segundo a forma estabelecida pela lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira
competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências;
- Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência
>> Ao juiz não é obrigatório conhecer todas as leis estrangeiras;
- Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos:
a) Haver sido proferida por juiz competente;
b) Terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia;
c) Ter transitado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no
lugar em que foi proferida;
d) Estar traduzida por intérprete autorizado;
e) Ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal >> STJ, após EC 45/2004.

OBS: As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de vontade, não terão eficácia
no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes.
>> Importante

- Responsabilidade: O agente público responde pessoalmente por suas decisões ou opiniões técnicas
em caso de dolo OU erro grosseiro;
- Compromisso: É possível a celebração de compromisso para realização arbitral > Para eliminar
irregularidade, incerteza jurídica ou situação contenciosa na aplicação do direito público, desde que
(a) Oitiva do órgão jurídico; (b) Presentes razões de relevante interesse geral; (c)Previsão clara das
obrigações das partes; (d) Prazo para cumprimento das obrigações; (e) Previsão de sanções
aplicáveis em caso de descumprimento; (f) Consulta pública > Qd for o caso.
> Produz efeitos a partir da publicação oficial;
> Não pode conferir desoneração permanente de dever ou condicionamento de direito
reconhecidos por orientação geral;
> Não pode conferir benefícios indevidos ou prejuízos anormais ou injustos resultantes do
processo ou da conduta dos envolvidos;
> Necessária motivação com oitiva prévia das partes sobre cabimento, forma e, se for o caso,
valor;
> É possível compromisso processual para prevenir ou regular a compensação.

>> Principais Súmulas

- SV nº 1, STF
- Súmula 304, STF: “Decisão denegatória de mandado de segurança, não fazendo coisa julgada
contra o impetrante, não impede o uso da ação própria”.
- Súmula 381, STF: “Não se homologa sentença de divórcio obtida por procuração, em país de que os
cônjuges não eram nacionais”.
- Súmula 420, STF: “Não se homologa sentença proferida no estrangeiro sem prova do trânsito em
julgado”.
- Súmula 344, STJ: “A liquidação por forma diversa da estabelecida na sentença não ofende a coisa
julgada”.

11 - CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

- Consumidor é toda PF ou PJ que seja destinatário final econômico e fático:


>> Teoria Finalista é adotada pela lei e pelo STJ e, segundo ela, somente pode ser considerado
consumidor, para fins de aplicação do CDC, o destinatário fático e econômico do bem ou serviço,
seja ele pessoa física ou jurídica.
>> Eventualmente STJ adota a Teoria Finalista Aprofundada / Mitigada, que amplia o conceito de
consumidor para alcançar a PF ou PJ que, embora não seja a destinatária final do produto ou serviço,
esteja em situação de vulnerabilidade técnica, jurídica ou econômica em relação ao fornecedor.

- Consumidor por equiparação > Art. 2ª, §ú, 17 e 29, CDC + Súmula 479, STJ;
- MODIFICAÇÃO de cláusulas - Qd há prestação desproporcional = sinônimo de lesão, o contrato já
nasce desequilibrado, causa concomitante / congênere.
> LESÃO no CC: Necessidade, inexperiência e prestação desproporcional - Há elementos
subjetivos e objetivos;
> LESÃO no CDC: Apenas elemento objetivo = Prestação desproporcional!

- REVISÃO de cláusulas - Qd há fato superveniente - fato previsto, mas não esperado, que
acarreta onerosidade excessiva - causa posterior > O contrato se torna desequilibrado.
> Difere de fato imprevisível ou extraordinário do art. 478, CC, que adota a Teoria da
Imprevisão (origem Francesa);
> O CDC adota a Teoria da Base Objetiva do NJ (origem Alemã).

- Inversão do ônus da prova:


> “Opi Judicis”: Juiz PODE determinar - análise subjetiva - a inversão do ônus da prova se
houver verossimilhança ou hipossuficiência (impossibilidade de fazer a prova do alegado;
> “Opi Legis”: Juiz DEVE inverter o ônus da prova pq previsto em lei. Ex: Art. 12, §3º, II,
14, §3º, I, e 38 do CDC.

- Responsabilidade Civil no CDC pode ser por VÍCIO (decai) ou por FATO (prescreve):

a) VÍCIO: Impropriedade ou inadequação sobre o produto (qualidade ou quantidade) ou serviço >> Tem
natureza intrínseca e pode ser aparente, de fácil constatação ou oculto.

OBS: Difere do CC, que protege apenas o vício oculto.

Vício sobre a qualidade (art. 18, CDC): Sempre que a lei trouxer a expressão “os fornecedores”, a
responsabilidade será solidária >> Exceto qd produto in natura, que apenas o alienante imediato será
responsabilizado;
- Responsabilidade civil sempre OBJETIVA - Risco da Atividade;
- REGRA: Prazo de 30 dias para o fornecedor sanar o vício >> Se não sanado, o consumidor pode
pedir (a) restituição, (b) abatimento OU (c) substituição;
>> Exceções:
1) Art. 18, §3º, CDC - O consumidor pode fazer uso da faculdade acima e não precisa
aguardar o prazo de 30 dias em razão da extensão do vício OU qd produto essencial;
2) Art. 18, §2º, CDC - As partes poderão convencionar a redução ou ampliação do prazo para
7 e 180 dias >> Nos contratos de adesão, as cláusulas de alteração de prazo deverão ser
convencionadas em separado com manifestação expressa do consumidor.

Vício sobre a quantidade (art. 19, CDC): Sempre que a lei trouxer a expressão “os fornecedores”, a
responsabilidade será solidária >> Exceto qd o fornecedor imediato fizer a pesagem ou a medição e o
instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões oficiais = Apenas este será responsabilizado, a
solidariedade será afastada.
- Responsabilidade civil sempre OBJETIVA - Risco da Atividade;
- REGRA: O consumidor poderá fazer uso imediato de uma das alternativas do art. 19, sem precisar
aguardar prazo de 30 dias.

Vício sobre o serviço (art. 20, CDC): A lei cita “o fornecedor”, mas se houver mais de um
fornecedor, a responsabilidade será solidária.
- Responsabilidade civil sempre OBJETIVA - Risco da Atividade;
- REGRA: O consumidor poderá fazer uso imediato de uma das alternativas do art. 20, sem precisar
aguardar prazo de 30 dias;

>> Prazo DECADENCIAL:

- 30 dias: produtos não duráveis


- 90 dias: produtos duráveis

Art. 26, §2º, CDC - Obstam a decadência:

I - a reclamação comprovadamente formulada pelo consumidor perante o fornecedor de produtos e


serviços até a resposta negativa correspondente, que deve ser transmitida de forma inequívoca;
III - a instauração de inquérito civil, até seu encerramento.

>> Vício OCULTO no CDC = NÃO TEM PRAZO para a descoberta > Teoria da vida útil

Art. 26, §3°, CDC: Tratando-se de vício oculto, o prazo decadencial inicia-se no momento em que ficar
evidenciado o defeito.

>> Vício Redibitório / Oculto no CC:

- Bens MÓVEIS: Prazo de 180 para descobrir >> Prazo de 30 dias para Ação Redibitória
- Bens IMÓVEIS: Prazo de 1 ano para descobrir >> Prazo de 1 ano para Ação Redibitória
OBS: Se o adquirente já estava na posse do bem quando da alienação esses prazos são reduzidos pela
metade.

b) FATO: Dano que recai sobre o consumidor >> Tem natureza extrínseca.

- Produto:

Art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem,


independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por
defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua
utilização e riscos.

§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando


provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
+ Caso fortuito ou força maior

- Responsabilidade civil sempre OBJETIVA - Risco da Atividade;


- Rol exemplificativo do art. 13, CDC;
- Prazo PRESCRICIONAL de 5 anos, contados do conhecimento do dano E de sua autoria;

OBS: Nesse caso (FATO do produto), a responsabilidade civil do comerciante é subsidiária.

- Serviço:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela


reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:


I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Exceção: Art. 14, §4°, CDC - A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada
mediante a verificação de culpa > Responsabilidade SUBJETIVA!

- Responsabilidade civil sempre OBJETIVA - Risco da Atividade;


- Responsabilidade SOLIDÁRIA;
- Somente o fortuito externo exclui a responsabilidade.

12 - LEI DE SUPERENDIVIDAMENTO - Lei 14.181/21

Superendividamento é a impossibilidade manifesta de o consumidor pessoa natural, de boa-fé, pagar


a totalidade de suas dívidas de consumo, exigíveis e vincendas, sem comprometer seu mínimo existencial,
nos termos da regulamentação.
Finalidade da lei = Prevenção + Tratamento - extrajudicial e judicial - do superendividamento
como forma de evitar a exclusão social do consumidor.

- A lei modificou o CDC e determinou a instituição de núcleos de conciliação e mediação de conflitos


oriundos do superendividamento;
- Apenas para PF, PJ não;
- Quaisquer compromissos financeiros de relação de consumo, operações de crédito, compras à prazo
e serviços de prestação continuada;
- NÃO se aplica à dívidas contraídas mediante fraude ou má-fé;

ATENÇÃO:

Art. 54-C: É vedado, expressa ou implicitamente, na oferta de crédito ao consumidor, publicitária ou


não:
I - (VETADO);
II - indicar que a operação de crédito poderá ser concluída sem consulta a serviços de proteção ao
crédito ou sem avaliação da situação financeira do consumidor;
III - ocultar ou dificultar a compreensão sobre os ônus e os riscos da contratação do crédito ou da
venda a prazo;
IV - assediar ou pressionar o consumidor para contratar o fornecimento de produto, serviço ou crédito,
principalmente se se tratar de consumidor idoso, analfabeto, doente ou em estado de vulnerabilidade
agravada ou se a contratação envolver prêmio;
V - condicionar o atendimento de pretensões do consumidor ou o início de tratativas à renúncia ou à
desistência de demandas judiciais, ao pagamento de honorários advocatícios ou a depósitos judiciais.

Art. 54 - G: Sem prejuízo do disposto no art. 39 deste Código e na legislação aplicável à matéria, é
vedado ao fornecedor de produto ou serviço que envolva crédito, entre outras condutas:

I - realizar ou proceder à cobrança ou ao débito em conta de qualquer quantia que houver sido
contestada pelo consumidor em compra realizada com cartão de crédito ou similar, enquanto não for
adequadamente solucionada a controvérsia, desde que o consumidor haja notificado a administradora do
cartão com antecedência de pelo menos 10 (dez) dias contados da data de vencimento da fatura, vedada a
manutenção do valor na fatura seguinte e assegurado ao consumidor o direito de deduzir do total da fatura o
valor em disputa e efetuar o pagamento da parte não contestada, podendo o emissor lançar como crédito em
confiança o valor idêntico ao da transação contestada que tenha sido cobrada, enquanto não encerrada a
apuração da contestação;
II - recusar ou não entregar ao consumidor, ao garante e aos outros coobrigados cópia da minuta do
contrato principal de consumo ou do contrato de crédito, em papel ou outro suporte duradouro, disponível e
acessível, e, após a conclusão, cópia do contrato;
III - impedir ou dificultar, em caso de utilização fraudulenta do cartão de crédito ou similar, que o
consumidor peça e obtenha, quando aplicável, a anulação ou o imediato bloqueio do pagamento, ou ainda a
restituição dos valores indevidamente recebidos.

>> Da conciliação no superendividamento:

Art. 104-A. A requerimento do consumidor superendividado, o juiz poderá instaurar processo de


repactuação de dívidas, com audiência conciliatória, na qual o consumidor apresentará proposta de plano
de pagamento com prazo máximo de 5 (cinco) anos, preservados o mínimo existencial, nos termos da
regulamentação, e as garantias e as formas de pagamento originalmente pactuadas.
- Excluem-se as dívidas celebradas dolosamente sem o propósito de realizar pagamento, bem como as
dívidas de contratos de crédito com garantia real, de financiamentos imobiliários e de crédito rural;
- Não comparecimento injustificado de credor ou procurador, com poderes especiais e plenos para
transigir, à audiência de conciliação = Suspensão da exigibilidade do débito e a interrupção dos
encargos da mora, bem como a sujeição compulsória ao plano de pagamento da dívida se o
montante devido ao credor ausente for certo e conhecido pelo consumidor, devendo o
pagamento a esse credor ser estipulado para ocorrer apenas após o pagamento aos credores presentes
à audiência conciliatória;
- Conciliação = sentença homologatória descreverá o plano de pagamento da dívida e terá eficácia de
título executivo e força de coisa julgada;
- Constarão do plano de pagamento:

I - medidas de dilação dos prazos de pagamento e de redução dos encargos da dívida ou da


remuneração do fornecedor, entre outras destinadas a facilitar o pagamento da dívida;
II - referência à suspensão ou à extinção das ações judiciais em curso;
III - data a partir da qual será providenciada a exclusão do consumidor de bancos de dados e de
cadastros de inadimplentes;
IV - condicionamento de seus efeitos à abstenção, pelo consumidor, de condutas que importem no
agravamento de sua situação de superendividamento.

- O pedido do consumidor não importará em declaração de insolvência civil e poderá ser repetido
somente após decorrido o prazo de 2 anos, contado da liquidação das obrigações previstas no
plano de pagamento homologado, sem prejuízo de eventual repactuação;
- Se não houver êxito na conciliação = O juiz, a pedido do consumidor, instaurará processo por
superendividamento para revisão e integração dos contratos e repactuação das dívidas remanescentes
mediante plano judicial compulsório e procederá à citação de todos os credores cujos créditos não
tenham integrado o acordo porventura celebrado;
- No prazo de 15 dias, os credores citados juntarão documentos e as razões da negativa de aceder ao
plano voluntário ou de renegociar;
- O juiz poderá nomear administrador, desde que isso não onere as partes, o qual, no prazo de até 30
dias, após cumpridas as diligências eventualmente necessárias, apresentará plano de pagamento que
contemple medidas de temporização ou de atenuação dos encargos.

>> O Plano judicial compulsório assegurará aos credores, no mínimo, o valor do principal devido,
corrigido monetariamente por índices oficiais de preço, e preverá a liquidação total da dívida, após a
quitação do plano de pagamento consensual previsto no art. 104-A deste Código, em, no máximo, 5 (cinco)
anos, sendo que a primeira parcela será devida no prazo máximo de 180 dias, contado de sua
homologação judicial, e o restante do saldo será devido em parcelas mensais iguais e sucessivas.

>> Compete concorrente e facultativamente aos órgãos públicos integrantes do Sistema Nacional de
Defesa do Consumidor a fase conciliatória e preventiva do processo de repactuação de dívidas, nos moldes
do art. 104-A deste Código, no que couber, com possibilidade de o processo ser regulado por convênios
específicos celebrados entre os referidos órgãos e as instituições credoras ou suas associações;

>> Conciliação administrativa: os órgãos públicos poderão promover, nas reclamações individuais,
audiência global de conciliação com todos os credores e, em todos os casos, facilitar a elaboração de plano
de pagamento, preservado o mínimo existencial, nos termos da regulamentação, sob a supervisão desses
órgãos, sem prejuízo das demais atividades de reeducação financeira cabíveis;
- O acordo firmado perante os órgãos públicos de defesa do consumidor, incluirá a data a partir da
qual será providenciada a exclusão do consumidor de bancos de dados e de cadastros de
inadimplentes, bem como o condicionamento de seus efeitos à abstenção, pelo consumidor, de
condutas que importem no agravamento de sua situação de superendividamento, especialmente a de
contrair novas dívidas.

ATENÇÃO:

- Não constitui crime a negativa de crédito motivada por superendividamento do idoso;


- A lei do Superendividamento entrou em vigor na data da publicação.

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