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Art.º 1 – Fins registo – O registo destina-se essencialmente a dar publicidade à situação jurídica dos prédios.

(noção prédio provém do art.º 204 C.Civil, embora


que incompleto pois refere-se unicamente a prédios rústicos e urbanos, no entanto não menciona prédios mistos. Assim sendo para uma noção mais completa
de prédio, recorremo-nos do art.º 3 e 6 do CIMI. Ao abrigo do art.º 76 os registos são efetuados no prazo de 10 dias e pela ordem de anotação no diário, salvo
em casos de urgência que se efetuam no prazo máximo de 1 dia, 76 nrº3.

Art.º 2 – Factos sujeitos a registo – Enumera quais os factos jurídicos sujeitos a registo. O art.º 8ºA enumera os factos sujeitos obrigatoriamente a registo
provenientes do art.º 2, no entanto contemplam algumas exceções.

Art.º 4 - Eficácia do registo – O registo não é requisito de eficácia entre as partes, pois esta eficácia deriva do art.º 408 C.Civil em que a constituição ou
transmissão de direitos dá-se por mero efeito do contrato. Contempla também uma grande exceção, a hipoteca, (art.º 686 e ss C.Civil) esta será apenas eficaz
entre as partes quando registada.

Art.º 5 – Oponibilidade do registo a terceiros – Para que este registo possa ser oponível contra 3º á relação inter-partes deverá ser registada, trata-se de um
regime do domínio privado.
As restantes exceções do art.º 5 nrº2 já abrangem um domínio mais público, não sendo este oponíveis a terceiros.
EX: registado como provisório um direito em A a 01 janeiro 2022
Art.º 6 – Prioridade do registo – Prevalece sobre os demais, os registos efetuados em B vem registar um direito sobre o mesmo bem a 2 janeiro 2022
primeiro lugar, por ordem da data do registo e se na mesma data pela hora de Em março de 2022 o registo provisório de A é convertido em definitivo, prevalece este
apresentação, “PRIORI IN TEMPORI, POTIORI IURE”. Os registos provisórios convertidos sobre o registo de B, apesar de ter sido convertido como definitivo depois do registo de
em definitivos, conservam a prioridade do registo inicial como provisório. B. De forma a estabelecer a segurança jurídica dos prédios

Os registos e informação sobre os prédios são efetuados em diário.


Art.º 22 – Diário e Fichas
 Diário, atualmente em suporte informático, destina-se à anotação cronológica dos pedidos de registo e respetivos documentos, feito por ordem cronológica
que entraram na conservatória num determinado dia. É o primeiro suporte que acolhe a situação jurídica do prédio a revelar pelo registo, uma vez que é a
partir dos elementos nele contidos que se desenvolve o processo de registo e se promove a certeza jurídica e a segurança do comércio jurídico imobiliário.
 Fichas de registo – em suporte informático, destinadas a descrições, inscrições, averbamentos e anotações. Estas são ordenadas por freguesias e, dentro
de cada uma delas, pelos respetivos números de descrição.
 Ao abrigo do art.º 60 e ss, os documentos apresentados para registo são anotados no diário pela ordem do pedido
 Ao abrigo do art.º 77 a data do registo corresponde à data de apresentação, art.º 60.

Princípios basilares do registo, (P. legitimação direitos, (art.º9), e P. trato sucessivo, (art.º 34), entre outros)
(A legitimação dirige-se à titulação dos atos e o trato sucessivo ao seu registo)

Regra, art.º9 nrº1: Não podem ser titulados os factos de que resulte a transmissão de direitos ou constituição de encargos sobre imóveis sem que os
bens estejam definitivamente inscritos a favor da pessoa de quem se adquire o direito ou contra a qual se constitui o encargo.
Princípio EX: A vende prédio X a B, posteriormente a este negócio, A vem estabelecer um direito de usufruto a favor de C. Ora A já não poderia estabelecer esse
usufruto a favor de C pois p prédio X já não lhe pertencia.
Da
Legitimação
Exceções, art.º9 nrº2 (a, art.º 55 (a CN – A partilha, a expropriação, a venda executiva, a penhora, o arresto, a apreensão em processo penal, a
De declaração de insolvência e outras providências ou atos que afetem a livre disposição dos imóveis
Alínea (b - Os atos de transmissão ou oneração praticados por quem tenha adquirido no mesmo dia os bens transmitidos ou onerados. (EX: A vende a B
Direitos, que no mesmo dia transmite o mesmo imóvel a C)
Alínea (c - Os casos de urgência devidamente justificada por perigo de vida dos outorgantes
Art.º 9

Exceção 1, art.º9 nrº3 e 55º (b CN: A hipótese prevista no n.º 3 vale para as transmissões
de bens situados em concelhos onde não vigorou o registo obrigatório. Mesmo que a aquisição da pessoa a favor de quem se adquire o direito não esteja
registada, pode prescindir-se desse registo, se o ato a realizar consistir na primeira transmissão posterior a 1 de outubro de 1984, desde que se exiba o
título pelo qual se prove o direito ou, não existindo este, fazer uma justificação simultânea. O título que deve exibir-se nestes casos é somente aquele que
prove o direito do transmitente. Não há que exigir documentação relativa a transmissões intermédias.
EX: A é titular de 1 Prédio X – adquirido a 1964 e não registado a seu favor
Em janeiro 2022 A vende o prédio a B, poderá A titular a transmissão a favor de B? A pode titular a favor de B, se apresentar comprovativo em como
o imóvel é seu ou mediante uma justificação simultânea, (art.º 93 CN), de direitos, pois é a primeira transmissão de A após 1984.
O mesmo não se verificaria se A tivesse adquirido o prédio após 1984.

O princípio do trato sucessivo, art.34º, também chamado de encadeamento dos factos jurídicos ou continuidade dos registos significa que o registo de
um facto imediatamente anterior, ou seja, o direito do adquirente tem de se basear, regra geral, no do transmitente daí a necessidade de este já ter de existir.
O trato sucessivo estabelece-se quando se verifica o primeiro registo de aquisição após o nascimento jurídico do prédio.

O princípio do trato sucessivo possui, atualmente, duas modalidades: a modalidade da inscrição prévia, (art.º 34 nrº 1, 2 e 3) e a modalidade da continuidade
das inscrições, (art.º 34 nrº4).

Os números 1, 2 e 3 respeitam apenas a situações de prédios não descritos, (nrº 1 do art.º34), ou se prédios descritos não exista inscrição de aquisição em
nome de quem se arroga, (nrº 2 do art.º34).

Princípio 34º Nrº1 - O registo definitivo de constituição de encargos por negócio jurídico depende da prévia inscrição dos bens em Aplica-se a prédios
nome de quem os onera. Ora se o requisito depende de 1 negócio jurídico, um registo de hipoteca, penhora, arresto, ou não descritos
Do semelhante dispensa esta formalidade pois estas são impostas por lei e não por negócio jurídico.

Trato
34º Nrº2 - O registo definitivo de aquisição de direitos depende da prévia inscrição dos bens em nome de quem os Aplica-se a prédios se
Sucessivo, transmite, quando o documento comprovativo do direito do transmitente não tiver sido apresentado perante o serviço descritos sem inscrição
de registo de aquisição
Art.º 34
34º Nrº3 - A inscrição prévia referida no número anterior é sempre dispensada no registo de aquisição com base em
partilha

34º Nrº4 - No caso de existir sobre os bens registo de aquisição ou reconhecimento de direito susceptível de ser
transmitido ou de mera posse, é necessária a intervenção do respectivo titular para poder ser lavrada nova inscrição
definitiva, salvo se o facto for consequência de outro anteriormente inscrito, (pois neste caso não constitui exceção ao Aplica-se unicamente a
princípio do trato sucessivo, antes o confirma, ou seja 1 depende do outro). prédios já descritos e
Ex: A tem prédio registado a seu favor - A Vende a B e B não regista, posteriormente, B vende a C e este quer registar, com trato sucessivo já
quid iuris? Para ser possível registar em C, terá que ser registado em B primeiro e só em C depois, caso contrário estaria estabelecido
a quebrar-se a continuidade ininterrupta do trato sucessivo

Artigo 35º - É dispensada a inscrição intermédia em nome dos titulares de bens ou direitos que façam parte de herança indivisa. Embora com alguma divergência doutrinal
admite-se ainda esta dispensa nas situações em que exista apenas um herdeiro.
Explicação a estes artigos mediante apresentação de casos práticos:

Caso prático 1 Caso prático 2


Caso prático 3

A tem prédio com aquisição registado a seu favor


Posteriormente A vem a falecer, deixando como herdeiros, B, C, D e E
Os herdeiros pretendem vender o prédio a F, podem fazê-lo diretamente,
Quid iuris?

R: Ao abrigo do artigo 35, a inscrição intermédia é sempre dispensada, (ou seja o registo de
A para os seus herdeiros e posteriormente destes para o comprador F), quando os titulares
destes bens façam parte de uma herança indivisa, ora assim sendo registar-se-ia
diretamente de A, para o comprador adquirente F. Uma vez dispensada esta não assume
carácter obrigatório, (art.º8 A (iii), sendo então facultativa, sendo esta uma clara exceção
ao principio do trato sucessivo.
No caso em concreto estamos perante uma herança indivisa, mas embora com alguma
divergência doutrinal, esta exceção
Caso aplicar-se-ia
prático mesmo
4 que estivéssemos perante 1 único Caso prático 5
herdeiro.
Prédio sem descrição e sem registo aquisição
A diz-se proprietário de 1 prédio mas sem registo a seu favor
A vem a contrair diversas dívidas que não paga Entretanto A faz pedido de registo aquisição, pode?
Nessa continuidade os seus credores intentam ação executiva onde pretendem R: Este pedido será registado como registo definitivo a favor de A,
Caso prático 6
Prédio descrito com o número 1400 Sem registo aquisição
É apresentado pedido um registo de penhora sobre o executado A, Quid iuris?
R: Estamos perante um prédio descrito sem qualquer inscrição de aquisição, assim sendo
prevê o artigo 34 nrº1 “á contrário sensu” que poderá ser registada esta penhora, (pois não
estamos perante um negócio jurídico, mas sim uma imposição legal a penhora),
definitivamente sobre o referido prédio, sem necessidade de inscrição prévia.
Seguidamente é apresentado pedido um registo de penhora sobre o executado B?
R: Uma vez que continua o prédio sem título de aquisição, aplica-se a mesma regra
anteriormente explicada
Posteriormente é apresentado pedido hipoteca sobre C, Quid iuris?
R: Até que venha alguém comprovar o título aquisitivo sobre o prédio em questão,
aplicaremos a mesma solução da primeira resposta. Na eventualidade de C apresentar
documento comprovativo de aquisição do prédio, então aplicaríamos o art.º 34 nrº2,
registando aquisição a favor de C e a respetiva hipoteca, sem necessidade de inscrição
prévia
Caso prático 7 Caso prático 8

Prédio registado a favor de A A compra prédio em 1980 sem registar aquisição a seu favor

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