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3º Passo Averiguar se se trata de um facto sujeito a registo – art.º 7º CRPr, referindo o fim
do registo – art.º 1º CRPr2
5º Passo Referir a nulidade do segundo negócio jurídico, por constituir uma venda de bens
alheios – art.º 892º CC
6º Passo Embora a venda seja nula, o terceiro procedeu ao registo primeiro que a
contraparte do primeiro negócio, e os factos sujeitos a registo (entre os quais o do
primeiro interveniente, que não registou) só produzem efeitos depois do registo3
(efeito consolidativo para quem regista), pelo que não é oponível, prima facie, ao
terceiro – art.º 5º/1 CRPr.
8º Passo O art.º 5º/1 CRPr visa tutelar a posição jurídica de terceiros. Para isso é necessário
que: tenha havido uma dupla alienação/oneração através de um autor comum4 de
direitos incompatíveis entre si – art.º 5º/4CRPr (1); tenha este procedido ao prévio
registo da segunda disposição (2); que o segundo ato tenha sido realizado a título
oneroso e de boa-fé – art.º 5º/4ºCRPr+291º/3CC. 5
9º Passo Apesar do segundo ato ser nulo, o terceiro registou primeiro, pelo que o contraente
primitivo pode ver o seu direito substantivo afetado pela aquisição tabular.
10º Passo Não obstante, o contraente primitivo que viu o seu direito substantivo afetado
pode sempre recorrer ao art.º 291ºCC.
1
Sigla para Código de Registo Predial
2
O registo não dá nem tira direitos. Tem um mero efeito enunciativo. Limita-se a dar publicidade. O direito constitui-se por
efeito do contrato, anterior ao registo – princípio da consensualidade (art.º 408º/1 CC).
3
O contraente primitivo não pode, no caso de não registar, invocar o direito de propriedade – art.º 1311º CC.
4
Faltando este requisito não se aplica o art.º 5º CRPr, mas sim o art.º 291º CC – invalidade substancial do negócio.
5
O título oneroso é uma exigência da doutrina, não sendo, contudo, unânime: Mónica Jardim e Paulo Henriques são contra este
requisito.
SIMÃO FINO
NOTAS:
☼ Art.º 4º/2 CRPr: Por regra o registo tem mero efeito enunciativo (art.º 1º CRPr), excetuando-se os
factos constitutivos de hipoteca (art.º 4º/2 CRPr), que têm um efeito constitutivo: faz depender da
inscrição no registo predial a aquisição de um direito real; a inscrição é essencial nos sistemas do
título e modo e sistema de modo, não no nosso sistema do título, sendo a hipoteca então uma das
exceções.
☼ Art.º 7º CRPr: Prevalência da ordem substantiva sobre a ordem registal. Presunção ilidível (art.º
350º/2 CC e 8º a contrario e 13º CRPr). Art.º7º CPRr pode colidir com o art.º 1268º/1 CC – prevalecerá
o mais antigo – “logo se a prevalência não é sempre a favor da posse o mesmo se diga quanto ao
registo”.
☼ Art.º 8º CRPr: Prazos para promover o registo.
☼ Art.º 8º-A CRPr: A violação deste dever legal não afeta a eficácia real do negócio – art.º 408º/1 CC.
☼ Observação quanto ao Art.º 16º CRPr -: O registo efetuado com um título inválido não é nulo; é
unicamente um registo desconforme à realidade substantiva; o que é nulo é o negócio de aquisição.
☼ Art.º 17º CRPr: Aplica-se quando há declaração de nulidade do registo – invalidade registal. Este
artigo protege terceiros de boa-fé que vejam o seu registo declarado nulo (casos do art.º 16º CRPr).
≠ 291º - invalidade substancial.
☼ Importante:
֍ Se A celebra um contrato de usufruto com B, vendendo o imóvel posteriormente a C, extingue-
se o usufruto se B não registou o contrato de usufruto e se cumpridos os requisitos do art.º 5º
CRPr.
֍ Se X constitui uma servidão a favor de Y e este não a regista, extingue-se por aquisição tabular
(art.º 5º). Se Y a registar não se extingue – princípios da inerência, sequela e absolutidade.
SIMÃO FINO