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Processo de Insolvência
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Neste caso dá-nos medidas de recuperação do devedor.
Simão Fino
A situação de insolvência
2. A herança jacente;
• É aquela que já foi aberta, mas ainda não foi aceite ou declarada vaga
para o Estado;
• Esta declaração de insolvência não será, em principio, de interesse para
os herdeiros, pois que estes podem ainda repudiar;
• Poderá ser requerida por qualquer credor da herança, de modo a que esta
seja liquidada;
• O que acontece em caso de aceitação da herança insolvente?
✓ A aceitação da herança não extingue a autonomia patrimonial da
mesma, prolongando-se essa até à conclusão do processo. Até lá é
indivisa.
4. As sociedades civis;
5. As sociedades comerciais e as sociedades civis sob a forma comercial
até à data do registo definitivo do contrato pelo qual se constituem;
6. As cooperativas, antes do registo da sua constituição;
Noção: património autónomo composto por todos os bens e direitos que integram o
património do devedor à data da declaração de insolvência, como pelos bens e
direitos que este adquira na pendência do processo de insolvência.
Quais as obrigações que integram o passivo – que o ativo pode ser chamado a
satisfazer?
Como vimos supra, o art.º 51º CIRE procede a uma enumeração das mesmas, às
quais se poderão juntar outras assim classificadas ao longo do CIRE:
• Alimentos ao insolvente e aos trabalhadores – art.º 84º;
• Dívidas relativas a custas judiciais do autor e exequente – art.º 140º/3;
• Crédito resultante da perda da posse de um bem a restituir pela massa – art.º
142º/2.
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A penhora, apesar de ser uma garantia real das obrigações, não faz parte dos crédito garantidos para efeitos do processo de
insolvência. O mesmo se passa com a hipoteca judicial.
Simão Fino
Os créditos sobre a insolvência são satisfeitos de acordo com o art.º 47º/4 CIRE:
1º - créditos garantidos
2º - créditos privilegiados
3º - créditos comuns – art.º 47º/b) e 448º CIRE
4º - créditos subordinados
No caso das pessoas singulares que não sejam titulares de uma empresa, a estes não
cabe o dever de apresentar declaração de insolvência.
Simão Fino
Estes têm legitimidade, mas não é um dever. O dever apenas pende sobre o devedor
insolvente.
Se o requerimento for feito por outro legitimado, rege a situação o art.º 25º CIRE.
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É através do art.º 20º/1 CIRE – factos ilícitos – que os credores conseguem arvorar se estamos perante o critério do balanco ou
da liquidez – artigo 3º. Têm de ser demonstrados pelos credores.
Simão Fino
A desistência deixa de ser permitida se a sentença for proferida, mesmo que não
tenha ainda transitado em julgado – proferida a sentença, passa a estar em causa um
interesse geral, não podendo ser afastado por mera iniciativa do requerente.
Quanto à forma de exercício da resolução, a mesma pode ser feita por simples
declaração à outra parte (regime geral do art.º 436º/1 CC). Esta terá de conter os
respetivos fundamentos, sob pena de nulidade.
• Carta registada com aviso de receção – art.º 123º/1 CIRE.
Relembre-se que, neste processo, não vale o princípio do inquisitório, pelo que a
decisão do juiz apenas se pode basear em factos alegados pelas partes.
• Reclamação de créditos – feita por requerimento endereçado ao
administrador. Os credores da insolvência apresentam a reclamação dos
respetivos créditos, como previsto no art.º 128º CIRE. Apenas são reclamáveis
os créditos sobre a insolvência relativos a prestações patrimoniais. Ainda assim,
a reclamação não é essencial para o reconhecimento do crédito, pois que o
administrador da insolvência tem o dever de reconhecer todos os créditos que
constem dos elementos da contabilidade do devedor (art.º 129º/1, parte final).
Requerimento acompanhado de documentos probatórios.
Simão Fino
É um meio específico de oposição para os casos em que o terceiro tem uma pretensão
de natureza real, a separar da massa de bens de que o insolvente não é o dono
efetivo.
➔ Verificação ulterior:
Dispensa – caso em que a mesma nem sequer tem início, pelo que a
satisfação dos créditos dos credores é feita por outra via. A possibilidade
está prevista no art.º 171º/1, podendo ser dispensada pelo juiz, no todo
ou em parte, sempre que o devedor seja uma pessoa singular e na massa
insolvente não esteja empreendida uma empresa. Para esse efeito, o
devedor tem de entregar ao administrador da massa insolvente uma
quantia em dinheiro que não seja inferior ao valor que resultaria da
liquidação. A dispensa tem de ser solicitada pelo administrador, com
acordo prévio do devedor, ficando a decisão sem efeito se a quantia
referida não for entregue no prazo de 8 dias – art.º 171º/2 CIRE;
A liquidação pode também ser objeto de regime especial, se for aprovado um plano
de insolvência – art.º 192º/1.
A liquidação dos bens é sempre limitada pelo direito que o devedor tem sobre esses
bens – art.º 159º.
➔ Pagamento:
O pagamento dos créditos é regulado pelo art.º 172º e ss. Ainda está, desde logo,
prevista a liquidação prévia das dívidas da massa insolvente, apenas se procedendo
ao pagamento dos créditos sobre a insolvência depois dessa liquidação.
A hierarquização dos créditos sobre a insolvência implica que comecem por ser
liquidados os créditos garantidos – art.º 174º – e depois os privilegiados – art.º
175º. Seguem-se os créditos comuns – art.º 176º – apenas podendo haver
satisfação dos créditos subordinados depois disso – art.º 177º.
Já no que toca aos créditos privilegiados, estes são aqueles que beneficiam de um
privilégio creditório especial:
(i) Privilégio mobiliário geral dos trabalhadores – art. 333º CT.
(ii) Privilégios mobiliários gerais do Estado e das autarquias locais, para
garantia dos créditos de impostos – art. 736º CC.
(iii) Privilégios mobiliários e imobiliários gerais das instituições de segurança
social, referidos nos art.º 244º e 245º CRCSS.
(iv) Privilégios por despesas de funeral, doença ou obrigações de alimentos,
nos termos do art. 737º CC.
(v) Privilégio mobiliário geral, a graduar em último lugar, relativamente aos
direitos de crédito não subordinados de que seja titular o credor
requerente da declaração de insolvência, até ao limite de 500 unidades de
conta – art.º 98º/1.
A aplicação do plano de insolvência será em princípio universal, pelo que pode ocorrer
em todos os processos de insolvência que abrangem qualquer dos sujeitos passivos
referidos no art. 2º/1. Ainda assim, estes não podem ser aplicados a pessoas
singulares que não sejam empresários ou titulares de pequenas empresas (pois que
para esses vigora o plano de pagamentos, presente no art.º 251º e ss.).
Órgãos da insolvência
• Escolha:
A sua nomeação é feita pelo juiz – art.º 52º CIRE – de forma aleatória
(informática) de entre os administradores inscritos na lista oficial.
Se assim se justificar, ou se requerido por algum interessado, pode o juiz
nomear mais que um administrador. Nesses casos, cabe ao interessado
propor pessoa a nomear, pagando este a sua remuneração, se a massa
insolvente não chegar. A escolha pode ser feita por assembleia de
credores – art.º 53º CIRE.
O administrador pode a todo o tempo ser substituído pelo juiz, se houver
para isso justa causa – art.º 56º CIRE.
✓ Como conceito vago e abstrato que é, abrangerá naturalmente
quaisquer situações de violação grave dos deveres do
administrador.
✓ Em caso de substituição, a assembleia de credores pode indicar
substituto, tendo este de ser aceite pelo juiz se não se verificar
nenhuma das situações previstas no artigo 53º/3 (art.º 56º/2 CIRE)
▪ Falta de idoneidade ou aptidão para o exercício do cargo, que
é manifestamente excessiva a retribuição aprovada pelos
credores ou, quando se trate de pessoa não inscrita na lista
oficial, que não se verifica nenhuma das circunstâncias
previstas no número anterior (casos devidamente justificados
pela especial dimensão da empresa compreendida na massa
insolvente, pela especificidade do ramo de atividade da
mesma ou pela complexidade do processo).
▪ Os credores só poderão recusar o administrador se houver
uma razão justificada.
➔ Em caso de infração dos seus deveres, este poderá ser responsabilizado por via
disciplinar e contraordenacional. Mais, a lei estabelece ainda a responsabilidade
civil do administrador da insolvência – art.º 59º CIRE + Lei 22/2013.
A comissão de credores não é um órgão obrigatório, dado que o juiz pode determinar
a sua inexistência (art.º 66º/1 CIRE). Ainda assim, este é o órgão essencialmente
destinado a representar as diversas classes de credores da insolvência, permitindo a
fiscalização pelos credores da atividade do administrador da insolvência e prestando-
lhe a sua colaboração.
4) Assembleia de credores
• Funções:
prescindir da existência da comissão de credores;
alterar a todo o momento a composição da mesma;
revogar quaisquer deliberações da comissão;
aprovar o plano de insolvência apresentado.