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APONTAMENTOS INSOLVÊNCIA

O processo de insolvência é em primeira instancia um processo de recuperação, só subsidiariamente a


liquidação do património. Ou seja, tem uma matriz de recuperação empresarial.
O Processo especial de revitalização (PER) é aplicado a pessoas que se encontrem em situação económica
difícil, mas não suficiente para pedir uma insolvência.
O CIRE prevê 3 formas de recuperação:
1. O plano de insolvência (art. 192 e seg.) – Pessoas coletivas e pessoas titulares de empresas
2. O plano de pagamentos – pessoas singulares
3. Exoneração do passivo restante – pessoas singulares
O processo de insolvência é um processo de execução universal porque todo o património do devedor fica
à disposição da generalidade dos credores ao contrario do processo de execução normal. A insolvência não
visa a cobrança de créditos específicos, mas a liquidação de todo o património para liquidar todos os
créditos. Não se confunde com a ação executiva singular que visa a liquidação de bens concretos desse
património com vista a satisfazer um credito especifico.
Quem decide se a opção é liquidar ou recuperar são os credores que decidem quanto à melhor efetivação da
garantia comum dos seus créditos. Aos credores compete decidir se o pagamento se obterá por meio da
liquidação integral do património do devedor.
A liquidação da massa insolvente inicia-se com a apreensão de bens, depois da sentença, (art. 149 e 150),
seguidamente a venda (art. 158) e termina com o pagamento dos credores (art. 172 e seg.)
Podem apresentar um plano de insolvência (art. 192), o administrador de insolvência (art. 52), o devedor,
qualquer pessoa que responda legalmente pelas dividas da insolvência (art. 6 e 193), ou qualquer credor que
represente um quinto do total de créditos não subordinados (art. 48 e art. 129). Ou seja, a declaração de
insolvência não afasta a possibilidade da recuperação da empresa insolvente. Assim podem na primeira
assembleia de credores (art. 155 e 156), os credores podem deliberar atribuir ao administrador da
insolvência o encargo de elaborar um plano de insolvência e deliberar a suspensão da liquidação (art. 156/3)
Não é possível requerer a insolvência de uma sociedade comercial já dissolvida se já foi efetuado o registo
de encerramento da liquidação porque ficou desprovida de personalidade jurídica e judiciaria. mas se já foi
dissolvida e entrou em liquidação, mas ainda não foi encerrada então é possível pedir a insolvência.
Os devedores que sejam pessoas coletivas têm o dever legal de requerer a declaração de insolvência
dentro dos 30 dias que tiveram conhecimento da sua situação de insolvência sob pena da sentença ser
declarada culposa (art. 186/1/3 al. a)). Obrigação que não se aplica a pessoas singulares (art. 18). Contudo
deverão faze-lo no prazo de 6 meses contados da data de verificação da situação de insolvência para
beneficiar da exoneração do passivo restante (art. 18/2 e 238/1 al. d)). O prazo de 30 dias não tem qualquer
correspondência com a realidade económica empresarial portuguesa. Em bom rigor é um prazo inexequível,
porque 30 dias é muito pouco tempo para preparar todos os documentos que a lei exige, atualizar a
contabilidade, contratar advogado etc.
A definição de situação de insolvência é aferida em entre o passivo e o ativo que só se aplica a pessoas
coletivas e patrimónios autónomos. No caso de pessoas singulares há que atender somente à impossibilidade
de cumprimento das suas obrigações nos termos do art. 3/1. Ou seja, o é necessário o devedor estar convicto
objetivamente que se encontram esgotadas as possibilidades de cumprir com as suas obrigações.
Quando a insolvência é requerida pelo credor basta este invocar factos donde possa resultar a prova de
que o devedor está impossibilitado de cumprir as suas obrigações vencidas. Não interessa que possa cumprir
num momento futuro qualquer. É essencial o incumprimento generalizado das demais obrigações existentes.
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O credor tem que trazer ao processo elementos que permitam concluir que o devedor não conseguirá
continuar a satisfazer a generalidade os seus compromissos. Os fatos elencados no art. 20/1 constituem
meros índices da situação de insolvência, tal como definida no art. 3. É o fundamento essencial para a
legitimidade processual do credor. A verificação de qualquer um desses fatos índice permite presumir a
situação de insolvência do devedor. Presunção que pode e deve ser ilidida pelo devedor na oposição ao
pedido de insolvência. Caberá a este trazer ao processo factos e circunstancia probatórias de que não está
insolvente, pese embora a ocorrência do facto que corporiza a causa de pedir. O juiz ordena a citação pessoal
do devedor após apreciação da PI do devedor (art. 27). Se citado o devedor nada fizer, a falta de contestação
não assume automaticamente o efeito pleno de condenação como se depreende do art. 30/5. Importa sim
apurar se os factos dados como confessados integram alguma das hipóteses previstas nas al. a) a h) do nrº 1
do art. 20.
Se a audiência do devedor for dispensada não prejudica o direito de defesa deste podendo sempre vir ao
processo defender-se deduzindo embargos ou apresentando recurso (art. 40 e 42. A citação é de facto um
pilar da realização do principio do contraditório. A dispensa da citação prevista no nr. 12, só é permitida
apenas quando as diligências para a citação determinarem um atraso anormal do processado por o devedor
residir no estrangeiro ou o paradeiro não for desconhecido. Contudo deve sempre ser ouvido um
representante, ou um parente.
Data de inicio do processo corresponde à entrada do requerimento na secretaria nos termos do art. 259
CPC. Se for o próprio devedor a requerer, a declaração de insolvência ocorre até ao 3º dia útil seguinte à
distribuição ou no 3 dia útil do aperfeiçoamento. Se a insolvência for requerida por um credor segue o
regime do art. 27 e seg. podendo demorar mais tempo consoante o devedor seja ou não citado para se opor
(art. 29 e 30). Já a data de declaração de insolvência é a data e a hora que a sentença foi proferida, que
consta obrigatoriamente da mesma nos termos do art. 36 al. a). A data e a hora são revelantes para por
exemplo a privação dos poderes de administração do devedor e a ineficácia dos mesmos (art. 81).
Se existirem ações pendentes que afetem a massa insolvente, são apensas ao processo de insolvência,
requerido pelo administrador de insolvência (art. 46 e 85).
Alcance do art. 6 – os simples sócios nas sociedades por quotas não são administradores nem gerentes.
Excluindo assim este artigo os mesmos desde que não tenham constituído garantes.
O processo de insolvência não é passível de suspensão (art. 8) a não ser nos casos de falecimento do
devedor nos termos do art. 10, no caso de outro processo de insolvência tenha dado entrada primeiro, nos
casos de privilégios ao credor requerente art. 98/2, nos casos de existir um plano de pagamentos aguardando
decisão (art. 255/1) e na coligação entre marido e mulher (art. 264/3 al. b). no caso de morte do devedor o
processo suspende-se automaticamente, não sendo necessário requerer, por um período de 5 dias contados a
partir da data do óbito e seguidamente passa a correr contra a herança aberta que se manterá indivisa até ao
encerramento do processo (art. 10). Os familiares do autor da herança podem vir ao processo na fase da
venda dos bens exercer o direito de remissão. Ou seja, o direito que o cônjuge, descendentes e ascendentes
do insolvente/executado têm de vir ao processo preferir na venda ou na adjudicação dos bens apreendidos
pagando o preço pelo qual a venda ou adjudicação tiver sido feita (art. 842 a 845 CPC). O processo de
insolvência só se suspende se os credores assim deliberarem na assembleia de credores aquando a
apreciação do relatório (art. 156) forem deduzidos embargos nos 5 dias seguidos a notificação da sentença
(art. 40/2/3), ou com a existência de um plano de insolvência (art. 192 e seg)
Porque o processo de insolvência é de caracter urgente decorre durante a férias judiciais sendo os prazos
contínuos, valendo tanto para os atos de secretaria, do juiz apensos e incidentes art.9, e 138/1, 137/1/2 e 162
CPC.

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No processo de insolvência é permitido ao juiz averiguar livremente os factos instrumentais e outros factos
complementares essenciais à descoberta da verdade material que não tenham sido alegados pela s partes –
principio do inquisitório (art. 11 e 411/3 CPC).
Quanto aos recursos:Existe apenas um grau de recurso dos processos de insolvência. Ou seja, não é
permitido recorrer para o STJ. O recurso sobe para a Relação em separado e como efeito devolutivo (exceto
nas situações do nr. 6 al. a)). Para além disso as partes não são notificadas das alegações e contra-alegações
do recurso, ficando estas à disposição das mesmas na secretaria para consulta.
Quanto ao valor da causa: é sempre provisório e passível de ser corrigido face aos elementos trazidos aos
autos pelos intervenientes processuais. Só com o inventário levado a cabo pelo administrador de insolvência
nos termos do art. 153 é possível aferir do valor real do ativo do devedor
O Sistema de recuperação de empresas via extrajudicial (SIREVE) – é um procedimento extrajudicial
mediado pelo IAPMEI com vista à facilitação de um acordo entre a empresa em dificuldade e os seus
credores, tem como objetivo a celebração de um acordo entre empresa e todos ou alguns dos seus credores
que viabilize a sua recuperação. Podem beneficiar deste procedimento as empresas em condições de
requerer judicialmente a sua insolvência nos termos do CIRE. É um mecanismo alternativo aos processos
judiciais previstos no CIRE por base um processo negocial e extrajudicial, com os principais credores das
empresas, tendo estes que representar no mínimo 50% do total das dividas da empresa. Inicia-se através do
preenchimento de um requerimento eletrónico no site do SIREVE.
O PROCESSO ESPECIAL DE REVITALIZAÇÃO (PER)– ART. 17-A a 17-I
Alguma jurisprudência tem entendido que o PER não se aplica a pessoas singulares que não sejam
comerciantes ou empresários. Tese com a qual não se pode concordar uma vez qe atendendo à forma como a
lei foi redigida, em momento algum se refere que a sua aplicação está limitada as pessoas coletivas. Antes
pelo contrario as normas referem que é aplicável a todo o devedor, mesmo sem atividade autónoma. O plano
de pagamentos não é em nada idêntico, portanto não se pode dizer que o PER é para as pessoas coletivas e o
plano de pagamentos para as singulares. As diferenças são as seguintes:
1. No plano de pagamentos mesmo depois de aprovado pelos credores o devedor não deixa de ser
declarado insolvente. Já no PER não acontece
2. As votações para aprovamento do PER e dos planos de pagamentos também são diferentes.
3. O plano de pagamentos até decisão final não suspende as ações executivas, já o PER suspende
4. Os efeitos sobre os credores que não reclamaram créditos ou não aderiram ao plano são diferentes
em ambos os procedimentos.
5. O plano de pagamentos é um incidente que corre por apenso ao processo de insolvência e dele
depende pelo que não admite desistência o que culmina sempre com uma declaração de insolvência.
Ou seja, a lei permite desistir do incidente do plano de pagamentos, mas já não da insolvência,
pedido principal. Já no PER a desistência é possível
O PER é um plano de recuperação aprovado pelos credores e homologado pelo tribunal. Ou seja, o PER
permite ao devedor negocial com os credores dentro dos limites da autonomia das partes e da lei, alcançar
um acordo que permita a sua revitalização mantendo a sua actividade. Contudo depende do devedor estar
numa situação económica difícil, ou seja uma situação de insolvência meramente iminente. Se o devedor
reunir estas duas condições pode conseguir o plano de recuperação aprovado sem que seja decretada a sua
insolvência que teria todos os efeitos e estigma que a mesma acarreta.
Duas formas:
1. Pela vida da negociação – o devedor e pelo menos um credor mostram vontade e encetar
negociações com todos os credores conducentes à revitalização por meio de um plano de
recuperação. Requerimento dirigido ao tribunal acompanhado da declaração contante no art. 17-A e
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dos documentos previstos no art. 24. A lei não especifica que tipo de credor é nem a sua
representatividade na universalidade de dividas do devedor ou a natureza do seu credito. Neste
sentido seja qual for o valor e a natureza do credito (garantido, privilegiado, comum ou
subordinado), pode dar inicio ao procedimento em conjunto com o devedor.
2. Pela vida da Homologação – o devedor apresenta no tribunal um acordo extrajudicial de
recuperação assinado pelo devedor e por credores que representem pelo menos a maioria dos votos
prevista no art. 212/1 acompanhado dos documentos previstos no art. 17-A e art. 24.
Contudo o fato do devedor declara que preenche as condições para recorrer ao PER não garante nem
certifica que assim seja. Trata-se de uma mera declaração unilateral. Para concorrer ao Per o devedor não
pode estar numa situação de insolvência atual como consagrada no art. 3, situação que se verifica quando o
devedor já se encontra impossibilitado de cumprir as suas obrigações vencidas.
O devedor até pode ter um ativo superior ao passivo mas encontrar-se em situação económica difícil. São
exemplos imoveis e moveis porque não geram liquidez nem permite obter produto para cumprimento
pontual das obrigações.
Depois do requerimento recebido no tribunal, o juiz nomeia de imediato um administrador judicial
provisório, são citados os credores e outros interessados por anuncio, nos termos previsto no art. 37/7/8 para
os efeitos previstos no art. 17-D/2. O devedor tem que comunicar de imediato e por meio de carta registada,
a tosos os seus credores que não hajam subscrito a declaração mencionada informando que deu inicio a
negociações com vista à sua revitalização, convidando-os a participar caso assim entendem nas negociações
em curso e informado que a documentação a que se refere o art. 24/1 se encontra na secretaria do tribunal
para consulta. É notificada a Conservatória do Registo nos termos e para os efeitos do disposto no art. 38/2.
Obsta à instauração de ações para cobrança de dividas contra o devedor e implica a suspensão de ações me
curso durante todo o tempo em que perdurarem as negociações, as quais se extinguem-se logo que o PER
seja aprovado e homologado (art. 17-E/1). O devedor fica proibido de praticar atos de especial relevo os
termos do art. 161 sem previa autorização do administrador provisório art. 17-E/2.
Os credores dispõem do prazo de 20 dias para reclamar credito iniciando-se com a data de publicação no
portal CITIUS do despacho de nomeação do administrador judicial provisório art. 17-C/3 al. a). o credor qu
assina a declaração inicial com o devedor não necessita reclamar créditos. Todos os outros terão.
Ao administrador tem cinco dias para apresentar a lista provisória de créditos. No PER não existe
verificação nem graduação judicial dos créditos reclamados sobre o devedor, similar ao que sucede na
tramitação do processo de insolvena. A lista definitiva de créditos apenas é importante para definição do
quórum deliberativo e a maioria necessária para a votação.
Publicada a lista provisória de créditos no CITIUS os credores podem impugnar os créditos no prazo de 5
dias através de requerimento dirigido ao tribunal. Não sendo impugnada a lista provisória de créditos torna-
se definitiva tal como no art. 130/3
Depois disto os declarantes dispõem do prazo de 2 meses para concluir as negociações.
A decisão de homologação vincula todos os credores, mesmo aqueles que não tenham participado nas
negociações e não tenham reclamado créditos. A decisão é notificada, publicitada e registada nos termos do
art. 37 e 38.
Já a suspensão dos processos executivos por força do PER não abrange os avalistas e terceiros garantes
porque apenas se reporta à pessoa que figura nesse processo como devedora, não abrangendo as ações que se
encontrem pendentes contra os seus condevedores e terceiros garantes das suas obrigações. Tem aplicação o
art. 217/4.

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Já a homologação de acordos extrajudiciais de recuperação do devedor é materializado com apresentação no
tribunal de um plano de recuperação, assinado pelos credores os quais têm que representar pelo menos a
maioria dos votos prevista no art. 212/1.
DECLARAÇÃO DA SITUAÇÃO DE INSOLVÊNCIA
Quem pode requerer – o administrador de insolvência provisório (art. 17G/4), o devedor ou alguém
responsável pelas dividas deste (art. 6), qualquer credor independentemente da natureza do seu crédito e o
MP nos interesses que lhe são confiados (art. 20/1)
Os credores podem desistir do pedido ou da instancia até ser proferida sentença por subscrição de
documento autêntico ou particular ou por termo lavrado oficiosamente na secretaria a pedido verbal dos
interessados (art. 21), mas o devedor já não porque se se apresentou à insolvência é porque reconheceu ele
próprio a sua situação (art. 28).
Existe uma presunção inilidível que uma empresa tinha conhecimento da sua insolvência se pelo menos
tenham decorrido 3 meses sobre o incumprimento generalizado de obrigações de algum dos tipos referidos
no art. 20/1 al. g). o seu incumprimento implica uma presunção de existência de culpa grave na situação de
insolvência (art. 18, 186/3, 189/2) que podem implicar consequências de caracter criminal (art. 227 a 229
CP). A ilicitude resido na omissão do devedor em cumprir o dever de apresentação à insolvência a que está
adstrito. Para provar ao contrario terá que carrear para o processo matéria que o facto que conduz à
presunção não está preenchido.
Os sócios não gerentes não podem apresentar a empresa à insolvência, porque não responde pessoal e
ilimitadamente pela generalidade das dividas da sociedade (art. 19 e 20).
Se a insolvência foi pedida por um credor o devedor esta onerado com a alegação e prova da sua
solvência nos termos do art. 30/4. Devendo deduzir oposição com fundamento na inexistência da situação de
insolvência quer impugnando os fundamentos invocados quer excepcionando invocando facto impeditivos,
modificativos ou extintivos (art. 30/3/4). Se o credor provar qualquer facto e o devedor não demonstrar que
apesar da sua ocorrência inexiste a situação de insolvência, o tribunal deve declarar a situação de insolvência
art. 30/3/5. Se a insolvência foi requerida por um credor procede-se à imediata citação do devedor (art. 29)
que pode deduzir oposição (art. 30), ao que se seguirá a audiência de julgamento (art. 35).
A causa de pedir (facto jurídico de onde emerge o direito do autor que fundamenta a sua pretensão)
concretiza-se nos fatos dos quais decorre a conclusão final de que o devedor se encontra impossibilitado de
cumprir as suas obrigações vencidas.
Se a insolvência for apresentada pelo devedor empresário ou titular de uma empresa pode conter um
plano de insolvência (art. 24/3 e 250) e se for um devedor singular pode conter um pedido de exoneração do
passivo restante, logo na PI ou até à assembleia de apreciação do relatório (art. 235 e 236/1 e 156). O
devedor não empresário ou titular de uma pequena empresa pode também apresentar um plano de
pagamento aos credores nos termos do art. 251, 249 e 250)
A dedução infundada de insolvência ou indevida apresentação acarreta responsabilidade pelos prejuízos
(art. 22). Este artigo assenta apenas no dolo, qualquer tipo de dolo direto, necessário ou eventual. Afasta a
negligencia grave da litigância de má fé prevista no art.542 do CPC. Ou seja, apenas atuações dolosas.
O art 248 prevê que o devedor que apresente um pedido de exoneração do passivo restante, o diferimento do
pagamento das custas para o momento da decisão final desse pedido. Se a exoneração for concedida aplica-
se automaticamente o disposto do art. 33 do Regulamento das Custas Processuais, e se forem devidas
poderão ser pagas em prestações mensais sucessivas. Ou seja, este beneficio implica que o devedor goze ou
não de apoio judiciário, não tem que proceder ao pagamento prévio de taxa de justiça.

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Pela celeridade do processo de insolvência os documentos devem ser apresentados logo com a PI ou com a
oposição.
As pessoas coletivas ou pessoas singulares titulares de empresas, podem logo com a apresentação da PI
de insolvência (art. 192 e 193) e também podem requerer que a administração da massa lhes seja confiada
(art. 224/2 al. a)). As pessoas singulares podem em vez de um plano de insolvência apresentar um plano de
pagamentos (art. 249).
Se a PI for indeferida liminarmente pode o requerente interpor recurso nos termos do art. 590, 549 CPC) ou
apresentar uma nova PI (art. 560, 549 CPC).
Se a insolvência for decretada, logo que transite em julgado implica a apreensão imediata de todos os bens
do insolvente, mesmo os que foram alvo de arresto, a privação dos poderes de administração e de
disposição de todos os seus bens, sendo estes transferidos para o administrador (art. 81 e seg). Exceto se
estiverem verificados os pressupostos do art. 224 ou a sentença tenha sido proferido nos termos do art. 39.
Procura-se assim proteger o património de devedor garantido assim o direito dos credores ao ressarcimento
dos seus créditos. Quanto aos negócios em curso o princípio geral é que o cumprimento fica suspenso até
que o administrador da insolvência declare optar pela execução ou recusar o cumprimento (art. 102).
A partir da declaração de insolvência os pagamentos ao devedor devem ser feitos ao administrador e já não
ao insolvente. Os credores devem comunicar de imediato ao administrador a existência de quaisquer
garantias reais de que beneficiem. Ou seja, a partir do momento que é declarada a insolvência começa a
contar um prazo de 30 dias para os credores virem ao processo reclamar créditos
Meios de reação à sentença: por meio de interposição de recurso no prazo de 30 dias, ou de dedução de
embargos, no prazo de 5 dias. Os prazos só começam a correr, finda a dilação de 5 dias prevista no art. 245
CPC, contada a partir da publicação do anuncio. Com a citação edital não há dilação (art. 37/6) Com a
Petição de embargos devem ser oferecidos todos os meios de prova e o embargante tem que apresentar
testemunhas.
Também o devedor que não tenha requerido a insolvência e não tenha sido citado nos termos do art. 12 pode
impugnar a sentença declaratória de insolvência, depois de notificado da sentença nos termos do art. 220/1
CPC, através da dedução de embargos nos termos do art. 40/1 al. d).
O devedor não pode deduzir oposição e embargos simultaneamente exatamente porque a primeira tem lugar
antes da prolação da sentença condenatória da insolvência e o segundo após a prolação da mesma.
O recurso (só até à Relação nos termos do art. 14) sobe imediatamente em separado e com efeito devolutivo
– não suspensivo (art. 14/5). O efeito do recebimento dos embargos é a suspensão da liquidação e da partilha
do activo sem prejuízo do art. 158/2 relativamente a bens deterioráveis ou depreciáveis. As custas são
suportadas pela parte que tiver requerido a insolvência nos termos do art. 325 e 527 CPC. A admissibilidade
de recuso está dependente do valor do ativo indicado na PI que tem que ser superior à alçada do tribunal de
primeira instancia (art. 15 e 629 CPC). Caso seja dado provimento ao recurso e seja revogada a sentença,
não são afetados os efeitos dos atos legalmente praticados pelo órgãos da insolvência quer nas esfera dos
intervenientes no processo quer na de terceiro.
Os embargos sobem imediatamente nos próprios autos e com efeito suspensivo (art. 14/5/6 al. b)). Contudo
não obsta à imediata apreensão de todos os bens integrantes da massa insolvente (art. 149/1). Obsta apenas à
liquidação e partilha do ativo se não forem bens que se possam deteriorar ou depreciar (art.40/3). As provas
são logo apresentadas e requeridas com a petição de embargos nos termos do art. 25/2. O processo é
concluso ao juiz que aprecia liminarmente nos termos do art. 27. Se não houver lugar a suprimento o juiz
ordena a notificação do administrador de insolvência e da parte contraria para contestar. 5 dias após as
contestações e produção de prova, realiza-se a audiência de julgamento – que pode ser dispensada cas não
exista necessidade de produção de prova de toda a matéria dos embargos constar nos autos.
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Um terceiro que a sua propriedade tenha sido afetada pela apreensão dos bens para a massa insolvente não
pode deduzir embargos de terceiro
Terá sim que recorrer aos procedimentos para a restituição e separação de bens previstos no art. 141 e seg. e
342/2 CPC.
O devedor tem um prazo de 10 dias, acrescidos de eventuais dilações, para se opor ao requerimento de
insolvência (art. 30), devendo apresentar testemunhas (não são notificadas – art. 25/2) que não poderão ser
mais que 10 (art. 142 e 25/2) e fundamentar a inexistência da situação de insolvência. À oposição deve ser
junto o pagamento de taxa de justiça que se não o fizer deve ser observado o art. 570 do CPC sendo a parte
notificada para em 10 dias efetuar o pagamento com acréscimo de multa. Se o devedor não se opor aplica-
se o regime da revelia operante (art. 567/1 CPC) considerando-se confessados os factos alegados pelo autor
e a insolvência é declarada no primeiro dia útil seguinte ao termo do prazo destinado à oposição. Mas
atenção que só se considera revelia operante se os factos confessados consubstanciarem alguma das
hipóteses configuradas nas alíneas 20/1, ou seja não tem efeito cominatório pleno cabendo ao juiz proceder à
apreciação dos factos que constituem a causa de pedir. É marcada audiência de discussão e julgamento nos
termos do art. 35.
Pode ser decretada a medida cautelar de arresto e ser nomeado administrador provisório antes da
sentença ser declarada bastando que o credor tenha fundado motivo para recear qua a garantia patrimonial se
perca, nomeadamente por temer uma próxima insolvência do devedor ou uma sonegação ou ocultação de
bens que impossibilite ou dificulte a realização objetiva do crédito (art. 31). As providências cautelares
caducam com o proferimento da sentença de declaração de insolvência não se exigindo por isso o respetivo
transito em julgado (art. 32/2).
O juiz não esta vinculado à indicação do administrador judicial. O juiz poderá ter ou não em conta, mas
terá sempre que fundamentar a sal decisão quer opte pelo indicado pelo devedor ou pelo indicado pelo
credor.
Na sentença de insolvência (art. 36 al. g)) decreta-se a apreensão de todos os bens do devedor e no seu
seguimento cabe ao administrador de insolvência diligenciar de imediato pra que esses bens lhe sejam
imediatamente entregues, ficando deles seu fiel depositário. (art. 149/1 e 150/1), se o devedor não requerer
que a administração lhe fique confiada, nos termos dos artigos 224 e seg.. Um bem que esteja em regime de
locação financeira não pode ser apreendido porque não é propriedade do insolvente. A locação financeira
permite apenas ao locatário o gozo temporário do bem durante a vigência do contrato. Podendo e querendo o
locatário no final do contrato adquirir o mesmo. O que o art. 36/1 al. g) diz é a apreensão de todos os bens
que estejam na posse do insolvente e de terceiros mas referindo-se aos bens que são propriedade do
insolvente e não os que embora na sua posse não lhe pertencem. Assim o administrador tem que ou
denunciar o contrato ou optar pela execução do mesmo.
A massa insolvente é constituída por todo o património do devedor, a data da declaração de insolvência
bem como tudo o que ele adquira na pendencia do processo, que seja conversível em dinheiro para em
primeiro lugar pagar as dividas da massa (art. 51) e o excedente para os credores.
No caso de um dos cônjuges ficar insolvente se as dividas terem sido da responsabilidade ambos ainda que
contraídas por um deles, portanto dividas comunicáveis respondem os bens comuns do casal e
solidariamente os bens próprios de cada um (art. 1695 CC). Já se as dividas forem da exclusiva
responsabilidade de um dos cônjuges, respondem apenas os sues bens e subsidiariamente a sua meação nos
bens comuns.
Os juros continuam a contar. Não cessam com a declaração e insolvência mas são todos credito
subordinados, com exceção dos abrangidos pela garantia real (art. 48).

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A insolvência é comunicada ao Registo Civil, Comercial, Registo informático de execuções, Páginas
informáticas dos tribunais, Banco de Portugal e Fundo de Garantia Salarial
Insolvência com caracter limitado – a par da declaração de insolvência com caracter pleno, na qual o juiz
observa integralmente as alíneas do art. 36, existe uma declaração de insolvência com caracter restrito ou
limitado, quando a massa insolvente é insuficiente para pagamento das custas e despesas do processo, em
que só são observados os requisitos das alíneas de a) a d) e h). Porque este tipo de sentença não desencadeia
os efeitos normas de uma sentença plena pode ser requerido o complemento da sentença mediante a
prestação de caução em valor a fixar pelo jiz do processo, dando este cumprimento integral ao art. 36 e
observando seguidamente os art. 37 e 38. Neste tipo de insolvência restrita o devedor mantem a
administração e disposição do património. O juiz pode verificar logo a insuficiência da massa antes da
sentença ou posteriormente. Se for depois segue o disposto no art. 232. Numa insolvência com carácter
restrito não há lugar a reclamação de créditos. Consideramos que a norma constante do art. 39/3 viola o
principio constitucional do acesso ao direito consagrado no art. 20/1 CRP, quando interpretado no sentido de
que o requerente do complemento da sentença , quando careça de meios económicos (porque beneficia de
apoio judiciário na modalidade de isenção de taxa de justiça e demais encargos com o processo, não pode
requerer o complemente da sentença se não depositar a quantia que o juiz especificar nem prestar garantia
bancaria alternativa.
Mesmo que o processo for encerrado por insuficiência da massa devem ser observados os pressupostos
previstos no art. 238, não se extingue o processo de exoneração do passivo restante (art. 277 CPC). Alguma
jurisprudência tem entendido que deste que tenha sido deduzido pedido de exoneração do passivo restante, o
art. 39 não poderá ser aplicado. É sempre possível requerer esclarecimentos sobre alguma obscuridade ou
ambiguidade da sentença de insolvência nos termos gerais do art. 616 CPC.
Quanto à graduação de créditos – na insolvência enquanto processo universal de execução vigora o
principio da par conditio creditorum se significa que todos os credores estão em pé de igualdade, se não
houver regras especiais, perante o pagamento do devedor relativamente ao ativo na massa insolvente (art.
604/1 CC).
Contudo nos termos do art. 733 CC os privilégios creditórios consubstanciam-se na faculdade que a lei
concede a certos credores de serem pagos com preferência aos outros. Existindo assim regras especiais na lei
substantiva que estatuem desvios e exceções ao referido principio quanto à fase de pagamentos aos credores
da massa insolvente (art. 172 e seg.). Atenção que as dividas da massa são pagas em primeiro lugar e antes
de proceder ao pagamento dos créditos sobre a insolvência (art. 51 e 172) seja qual for o tipo de crédito a
graduar. Assim existem 4 classes no processo de insolvência (art. 47/4):
Créditos garantidos – hipoteca, penhor, consignação de rendimentos. Abrange o pagamento do capital e
juros, mas já não clausulas penais e despesas de cobrança. Se por ex. um imóvel tiver duas hipotecas,
considera-se o primeiro registo (art. 174/1)
Créditos privilegiados – despesas de justiça, créditos dos trabalhadores, IMI, IMT e impostos sobre
sucessões e doações;
Créditos comuns – todos os que não se enquadram em nenhuma das categorias;
Créditos subordinados – os enumerados no art. 48 que são pagos em ultimo lugar
Quanto ao credor que lhe seja reconhecido o direito de retenção sobre algum bem, considera-se um
verdadeiro direito real, contudo para fazer valer o seu direito tem sempre que reclamar no processo de
insolvência o seu credito nos termos do disposto no art. 47/4 e 128. Assim poderá ser pago
preferencialmente antes dos outros credores, mas em momento algum o direito de retenção obsta à venda
tendo o detentor de entregar o bem ao administrador judicial para que este o apreenda.

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Nos contratos que consagram créditos sob condição (art. 50) o administrador pode executar, denunciar ou
resolver o contrato em beneficio da massa (art. 120 e seg.) A regra geral vertido no art. 102 é que, com a
declaração de insolvência os contratos bilaterais ficam suspensos até que o administrador de insolvência
opte pela sua execução ou recusa de cumprimento. Um crédito condicional é aquele que existindo não pode
ainda ser exigido pelo facto de não ter ainda por verifica a condição.
As dividas da massa compreendem também as prestações de condomínio posteriores à data da declaração
da insolvência relativas a uma fração autónoma apreendida (art. 51/1 al. c) e d). também se o administrador
optar pela manutenção de um contrato de arrendamento em que o insolvente é arrendatário, as rendas
vencidas desde a declaração de insolvência constituem dividas da massa insolvente (art. 51/1 al. d) e f).
também os honorários a pagar no âmbito de contratos celebrados com a gestão da insolvência são dividas da
massa e caso não exista fundo de maneio dever ser estes adiantados pelos cofres.
Os credores podem escolher outro administrador de insolvência que não esteja inscrito na lista oficial
em casos devidamente justificados art. 53). A nomeação pode ser levada à Assembleia de apreciação do
relatório (art. 156), por qualquer credor juntando logo a previa aceitação do novo administrador. Só pode ser
requerida até esta fase… depois já não! A aceitação tem que ser feita com a aprovação da maioria dos
votantes. O juiz só pode deixar de nomear se considerar que a mesmo não tem idoneidade ou aptidão para o
exercício do cargo. Na assembleia é logo fixado a remuneração do administrador indicado.
O administrador de insolvência pode ser destituído a todo o tempo que existir justa causa para o efeito
como por exemplo inaptidão ou incompetências para as funções ou ainda nos casos do art. 168 relativamente
à aquisição de bens pertencentes à massa e do art. 169 quando o processo não ter sido encerrado no prazo de
um ano. Todavia a destituição a feita após ser ouvida a comissão de credores, constituindo uma
irregularidade suscetível de nulidade nos termos do art. 201 CC. A decisão de destituição é suscetível
recurso e é objeto de registo e de publicidade previsto nos artigos 37 e 38. A atividade do administrador
cessa logo que seja notificado do despacho.
Cabe ao juiz a fiscalização da atividade do administrador de insolvência nos termos do art. 58, mas não
tem o poder par instruir o administrador ou impedi-lo de atuar. A responsabilidade do administrador é
baseada na culpa e está limitada aos atos e omissões danosos ocorridos apos a sua nomeação com os
inerentes pressupostos de atuação culposa: conduta voluntaria, dano ressarcivel, ilicitude e nexo de
causalidade (art. 59). Responde tanto por ação como por omissão desde que da sua conduta resultem
prejuízo que seriam evitáveis não fosse a pratica do ato. O ónus cabe ao lesado que tem que provar todos os
pressupostos de que depende o direito de indemnização.
Quando existam créditos sob condição (art. 50), o administrador de insolvência pode obtar por executar,
denunciar ou resolver o contrato em beneficio da massa (art. 120 e seg.). a regra vertida no art. 102 é que
com a declaração de insolvência os contratos bilaterais ficam suspensos até que o administrador de
insolvência opte pela sua execução ou recusa de cumprimento. Pode a outra parte no contrato, face à inercia
do administrador fixar um prazo pra que este se pronuncie sobre o contrato. Um crédito condicional é aquele
que não pode ser exigido pelo facto de não se ter ainda por verificado condição: o credito controvertido é
inexistente. No sentido de não poder ser exigido.
Se a massa insolvente não for suficiente para fazer face às dividas, como as custas do processo e a
remunareação do administrador de insolvência, o processo não prossegeue apos a sentença de declaração de
insolvência ou é mais tarde, encerrado consoante a insuficiência da massa seja verificada antes ou depois da
declaração.
As prestações de condomínio posterior a data de insolvência e relativas a uma fração autónoma apreendida
para a massa insolvente são dividas desta (art. 51/1 al. c) d)).

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Se o administrador optar pela manutenção do contrato de arrendamento em que o insolvente é
arrendatário as rendas vencidas desde a declaração de insolvência constituem dividas da massa (art. 51/1 al.
d) f)).
Se o administrador contratar um advogado os honorários a pagar são divida a massa nos termos do art. 51/1
al. c) e d) e caso não exista fundo de maneiro devem estes ser adiantados pelos cofres. O administrador não
carece de consentimento da comissão de credores.
Os credores podem eleger outro administrador de insolvência em substituição do nomeado pelo juiz
na assembleia de apreciação do relatório (e só nesta), juntando logo a previa aceitação do mesmo. Tem que
ser feita com a aprovação da maioria dos votantes. Na mesma assembleia devem logo fixar a remuneração
do administrador indicado. A escolha tem que recair sobre pessoa inscrita na lista oficial. So pode ser pessoa
não inscrita nos casos devidamente fundamentados sob pena de ser recusado pelo juiz. (art. 53).
O administrador só pode ser destituído (art. 56) quando exista justa causa para o efeito , inaptidão ou
incompetência para a função. Pode ainda ser destituído nos casos do art. 168 relativamente à aquisição de
bens pertencentes à massa e do art. 169 quando o processo não for encerrado no prazo de um ano e inexista
motivo para tal. Antes do juiz destituir do cargo deve oportunidade à comissão de credores de se
pronunciarem, constituindo uma irregularidade suscetível de nulidade caso não faça nos termos do art. 201
CC. A decisão é suscetível de recurso. A destituição do administrador é objeto de registo e de publicidade
previsto nos art. 37 e 38, sendo que o administrador cessa funções logo que seja notificado do despacho.
O juiz fiscaliza a atividade do administrador (art. 58), por ser o garante da legalidade, contudo não tem o
poder de instruir o administrador ou impedi-lo de atuar, nem este está obrigado a cumprir ordens do juiz que
recaiam nos seus domínios. Porém pode destitui-lo ou censura-lo. A responsabilidade do administrador é
baseada na culpa (com os inerentes pressupostos de atuação culposa: conduta voluntaria, dano, nexo de
causalidade) e está limitada aos atos e omissões danosos ocorridos apos a sua nomeação. (art. 59). Responde
tanto por ação como por omissão. O ónus cabe ao lesado que tem que provar todos os prossuposto de que
depende o direito de indeminização.
O administrador presta informação trimestral por escrito sobre a sua administração, nomeadamente os
atos de maior relevo praticados ou a praticar (art. 61) indicando onde os documentos se encontram
arquivados para que o tribunal e os credores possam consultar.
O administrador quando cessa funções (seja qual for a causa), tem que apresentar contas no prazo de 10
dias, sempre acompanhadas dos documentos que fundamentam as mesmas (art. 62). A prestação de contas
tem que contemplar de forma discriminada as despesas feitas pelo administrador. È nesta fase que se vai
aferir se as despesas reembolsáveis feitas pelo administrador foram necessárias e conformes ao vertido no
art. 60. Apresentadas as contas a comissão de credores emite o seu parecer. Se esta não existir são
notificados os credores e o devedor por editos para que no prazo de 5 dias se pronunciem. Este podem
impugnar as mesmas por escrito de forma articulada e acompanhada dos documento e meios de prova que
entenderem necessários e adequados pra sustentar a impugnação (art. 64).
A nomeação de uma comissão de credores (art. 66) tem caracter facultativo atendendo à dimensão da
massa, ao numero de credores e a simplicidade, ou não, da liquidação. A nomeação pode ser efetuada pelo
juiz na sentença ou até à primeira assembleia de credores. Mesmo quando nomeada na sentença os credores
podem prescindir da sua existência (art. 67). Impera assim a vontade da assembleia de credores. Na sua
génese, a comissão de credores assume como função primordial a fiscalização e colaboração na atividade do
administrador de insolvência (art. 68). Podendo pedir informações e relatórios e depois aferir da legalidade,
censurando as condutas ou omissões do administrador. Mas não pode intervir diretamente nas suas funções.
Todas as assembleias para além da primeira que é designada na sentença que declara a insolvência
podem ser convocadas pelo juiz oficiosamente ou a pedido do administrador de insolvência (art. 72).
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O juiz pode limitar a participação na assembleia aos credores com créditos acima dos 10.000 euros.
Contudo os pequenos credores podem agrupar-se até que o montante dos seus créditos juntos atinga o valor
estabelecido pelo juiz.
A assembleia é presidida pelo juiz que tem competência para a sua convocação, condução de trabalhos e
aferição da legalidade e regularidade do seu funcionamento e ainda a decisão sobre reclamações
apresentadas no decurso da mesma (art. 75 e 78). As assembleias extraordinárias podem ter lugar ao longo
de todo o processo de insolvência.
Mesmo que ainda esteja a decorrer o prazo para reclamação de créditos e a data designada para a primeira
audiência esteja marcada antes do termino desse prazo, não é motivo para adiamento, podendo os credores
reclamar os créditos na própria audiência nos termos do disposto dos art. 73/1 al. a), 75/4 al. c).
O juiz pode decidir a suspensão dos trabalhos da assembleia determinando que os mesmos sejam retomados
nos 15 dias uteis seguintes (art. 76), evitando assim encerrar a mesma com a consequências estatuídas no art.
75.
Salvo nos casos em que a lei exiga maioria superior, a regra é da maioria simples quanto à
deliberações. As abstenções não são consideradas (art. 77). Há contudo, casos em as deliberações exigem
uma maioria superior. Que são os casos das deliberações para substituição do administrador de insolvência
(art. 53/1), deliberações relacionadas com a substituição dos membros da comissão de credores e a
desnecessidade da sua constituição (art. 67) e nas deliberações de aprovação de um plano de insolvência (art.
212).
O administrador de insolvência presta à assembleia todas as informações que sejam solicitadas pelos
credores quanto à administração (art. 79, 61 e 155).
A deliberações da assembleia de credores prevalecem sobre as deliberações da comissão de credores,
podendo as primeiras revogar as deliberações das segundas (art. 80)
A administração e disposição dos bens integrantes da massa insolvente para o administrador, logo na
sequencia da declaração de insolvência. Contudo pode ocorrer antes no caso de ter sido nomeado um
administrador judicial provisório no âmbito de uma media cautelar (art. 31 e 32 e 36). Quaisquer atos
praticados pelo devedor após a declaração de insolvência sõa ineficazes.
Só assim não será se o devedor pessoa coletiva requereu que a administração lhe fosse confiada.
Suspendendo-se neste caso a liquidação (art. 36al. e), 223 e seg. 224 e 225 e no caso de devedor pessoa
singular no caso de aprovação e homologação de um plano de pagamentos aos credores.
Nos processos em que é obrigatória a constituição de advogado, o mandato concedido pela insolvente a
advogado caduca com a declaração de insolvência (art. 110 e 112) cabendo ao administrador de insolvência
substituir o insolvente, adotando as medidas necessária tendo em vista a defesa dos interesses patrimoniais
da massa insolvente designadamente, constituído mandatário nesses mesmos processos.
O insolvente tem a obrigação de colaborar com o gestor de insolvência (art. 83) apresentando todas as
informações referentes aos dois anos anteriores ao inicio do processo de insolvência. O incumprimento
destes deveres gera responsabilidade no âmbito do incidente de qualificação (art. 185 e seg.).
É o gestor de insolvência que decide sobre a necessidade do subsidio a atribuir ao insolvente em caso
de necessidade. É um poder discricionário que recai na sua esfera. Ao atender à necessidade de atribuição de
tal subsidio tem que o administrador considerar a capacidade da massa em suporta-lo (art. 84, 93 e 2004/4
CC). Não se prevê a obrigação geral de alimentos aos familiares do insolvente atendendo que o art. 93 vai
mais longe e estabelece que após a declaração de insolvência o direito de exigir alimentos do insolvente só
pode ser exercício contra a massa se nenhuma das pessoas enumeradas no art. 2009 CC estiver em condições
de os prestar. Ou seja, se o insolvente tiver filhos a ordem vertida no art. 2009 é alterada e primeiro tem que
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ser exigido aos avós irmãos e tios. Só no caso de estes não reunirem as condições para prestar alimentos em
lugar do devedor, poderá este exigi-los à massa insolvente, o administrador de insolvência necessita da
aprovação da comissão de credores e se esta não existir da assembleia. No que respeita à capacidade de
prestar, não importa o montante e quantificação a massa insolvente, mas a sua aptidão para gerar
importância que permitam pagar alimentos, uma vez que este serão suportados pelos rendimentos gerados e
não pelo produto pré-existente na massa.
Todos os processos e ações pendentes que decorram contra o devedor, são apensadas ao processo de
insolvência ordenada pelo juiz a requerimento do gestor de insolvência. Visa impedir que outros credores
obtenham a satisfação dos seus créditos em detrimento daqueles que reclamam os seus créditos no processo
(art. 85).
As convenções arbitrais em que o insolvente seja parte, respeitantes a litígios cujo resultado possa
influenciar o valor da massa também ficam suspensas (art. 87).
Nas ações executivas em que o insolvente é executado suspendem-se todas as diligencias logo que seja
declarada a sua insolvência e também não podem ser instauradas novas execuções. Porem se houver outros
executados a execução prossegue contra estes. A suspensão das diligências das execuções é levada aos
respetivos processos pelo administrador de insolvência (art. 88). Já no caso dos avalistas do insolvente,
estando em causa bens imoveis que não integrem a massa insolvente tal execução não se suspende e não é
apensa ao processo, devendo prosseguir.
Com a declaração de insolvência determina-se o vencimento imediato das obrigações do insolvente,
exceto das que estejam subordinadas a condição suspensiva (art. 50 e 181) dado que o negocio ainda não se
consubstanciou devido à não concretização da condição. No caso do vencimento das obrigações gerar um
beneficio a favor do credor inerentes ao vencimento antecipado, o Código prevê um regime especifico para
estes de forma a uniformizar os pagamentos e a taxa de juro aplicável evitando assim situações de aplicação
de juros elevados.(art. 91)
Na hipótese do insolvente ser um fiador de um crédito, mas no qual o mutuário continua a pagar as
respetivas prestações no prazo acordado, o credor não pode considerar antecipadamente vencida toda a
divida e exigir o seu imediato pagamento. Este crédito deve ser considerado um credito sob condição na
reclamação de créditos pois não obstante o insolvente ser fiador, o credito só é exigível quando o principal
devedor deixar de cumprir o mesmo. Ou seja, é um credito subordinado a uma condição suspensiva (art.
91/1)
Nos casos do devedor solidário ou garante ser declarado insolvente em processo autónomo, o Código
confere ao credor da insolvência a possibilidade de reclamar a totalidade do seu credito em cada um dos
processos e contra cada um dos devedores solidários individualmente considerados. Se não receber a
totalidade, mas apenas uma parte, o credor deve reduzir o credito reclamada na mesma proporção. Atento o
disposto no art. 179 e caso o credor reclame os seus credores contra dois ou mais responsáveis só pode obter
o seu pagamento contra certidão judicial na qual constem as quantias recebidas nos demais ou o seu não
pagamento (art. 95)
O art. 98 procura incentivar os credores não subordinados a requererem a insolvência dado que, ao faze-lo
passam a beneficiar de um privilégio creditório geral sore os bens moveis integrantes da massa insolvente
até um quarto do valor.
Quanto à prescrição e à caducidade – o tempo considera-se decorrido até à sentença, suspendendo-se com
esta e cessa com o encerramento do processo, a contagem do prazo reinicia-se a partir daqui (art. 100).
Nos contratos bilaterais em que à data da declaração de insolvência, não haja ainda total cumprimento nem
pelo insolvente nem pela outra parte, o cumprimento fica suspenso até que o administrador da insolvência
declare optar pela execução ou recusar o cumprimento. O administrador tem que equacionar que não tem um
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poder arbitrário na sua decisão de execução do contrato, pois tem que atender ao disposto no nr. 4 do art.
102 e abster-se de manter o mesmo se for provável que a massa não tenha ou não terá condições para o seu
cumprimento. A lei não fixa prazos para o administrador decidir, contudo o credor perante uma eventual
inercia deve fixar um prazo razoável. Ao fixar o prazo tem de considerar o disposto no nrº 3 do art. 104. Se
este não responder no prazo estipulado, o seu silêncio assume valor declarativo (art. 218 CC) de recusa de
cumprimento, operando assim o incumprimento definitivo do contrato.
Contudo existem situações em que os contratos não se suspendem que é o caso do contrato de trabalho,
prestações de serviço efetuadas pelo devedor (art. 113 e 114). A locação em que o locatário é o insolvente
pode o administrador denuncia-la no prazo de 60 dias (art. 108) que só assim não será se o locado for a
habitação do insolvente (art. 109).
No caso dos contratos bilaterais se o administrador optar por recusar cumprir o contrato temos varia
situações (art.102):
 Nenhuma parte tem direito à restituição do que prestou
 Se quem cumpriu foi o devedor, a massa insolvente tem direito ao valor da contraprestação
 Se foi o credor que cumpriu pode exigir o valor da prestação
 O credor tem direito a ser indemnizados pelos prejuízos causados derivados da recusa de
cumprimento, originando um crédito sobre a massa insolvente
Se o insolvente for o vendedor ou locador e a coisa já lhe tiver sido entregue no momento da declaração de
insolvência, a outra parte tem direito de exigir o integral cumprimento do contrato. Se a coisa não foi
entregue aplica-se o regime persisto no art. 102 podendo o administrador de insolvência optar pelo
cumprimento do contrato ou pela sua recusa (art. 102/3).
No caso de ser o comprador ou locatário o insolvente o administrador pode optar pelo cumprimento do
contrato ou recusa nos termos do art. 102.
Se o cumprimento for recusado apura-se o valor das prestações em falta, atualizadas desde a data da
declaração de insolvência até ao termo do contrato e o valor do bem. A diferença que resultar
consubstanciará num credito sobre a insolvência. Se for comprador ou locatário tem direito à diferença entre
o valor do bem e o valor das rendas em divida.
Se num contrato de locação não previr a transferência da propriedade do veiculo aplica-se o art. 108 e uma
vez resolvido o contrato, assiste à outra parte o direito à separação e consequente restituição dos veículos
locados.
No caso de contrato promessa (art. 106) os efeitos variam consoante as partes lhe tenham atribuído
eficácia real e já tenha havido tradição da coisa ou não. Caso tenha havido tradição da coisa o administrador
de insolvência tem que cumprir o mesmo e celebrar o contrato definitivo. Se o administrador recusar a
celebração do contrato pode o comprador recorrer à execução especifica do mesmo nos termos do art. 827,
830 e 442CC. Em ação contra a massa tem que peticionar que seja proferida declaração da parte faltosa que
substitua a escritura publica de compra e venda. Já no caso das partes não terem atribuído eficácia real e
inexistir posse do vem à data de declaração de insolvência, cabe ao administrador optar por cumprir ou
recusar o seu cumprimentos nos termos gerais art. 102.
A declaração de insolvência não suspende o contrato de arrendamento no caso do locatário ser o
insolvente. O administrador não denunciar. Apenas pode declarar que o direito ao pagamento de rendas
vencidas apos 60 dias sobre a declaração de insolvência que constituem um credito sobre a insolvência. Se
não fizer tal declaração o senhorio tanto pode exigir as rendas nos 60 dias anteriores como posteriores à
insolvência (art. 108)

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Com a declaração de insolvência dá-se a caducidade das procurações outorgadas pelo insolvente quando
englobem poderes que digam respeito a bens integrados na massa insolvente (art. 112). Os atos praticados
apos a sua caducidade são ineficazes nos termos dos nrs. 6 e 7 do art. 81º
Os credores devem reclamar os créditos até 30 dias após a sentença (art. 128), contados da
citação/notificação, mediante requerimento dirigido ao administrador. O credor e requerente da insolvência
não necessita de reclamar créditos, pois estes já constam do processo (art.129/1). A reclamação de créditos
não necessita de ser articulada uma vez que é dirigida ao administrador, mas de forma a facilitar a
compreensão é de todo o conveniente que assuma forma articulada. As reclamações de credito não pagam
taxa de justiça porque não têm autonomia própria e devem ser consideradas custas da massa.
Nos 15 dias subsequentes ao termino do prazo para os credores reclamarem créditos o administrador
elabora duas listas de créditos reconhecidos e não reconhecidos por ordem alfabética (art. 129), a qual pode
ser impugnada por qualquer credor ou mesmo o insolvente (art. 130). Na lista de credores costa a
identificação de cada credor, o montante de capital e juros (até à data do termino do prazo para
reclamações), os privilégios, as garantias pessoais e reais e eventuais condições suspensivas e resolutivas.
Posteriormente consultam as listas e o processo na secretaria para eventualmente prepararem e
fundamentarem algumas impugnações nos 10 dias seguintes. As impugnações são objeto de um parecer da
comissão de credores (art. 135), Portanto só no caso de existirem impugnações é que o processo vai ao juiz
para apreciação para saneamento do processo (art. 136), sendo designado dia e hora para uma tentativa de
conciliação a realizar nos 10 dias seguintes. Caso não haja impugnações o juiz homologa a lista de credores
reconhecidos.
Mesmo depois dos prazos terminarem ainda é possível reconhecer outros créditos, para aqueles credores
que não tenham sido avisados, bem como o direito de separação ou restituição de bens, por meio de ação
proposta contra a massa insolvente (art. 146). A separação de bens pode ser requerida a todo o tempo.
Os credores podem deduzir o imposto do IVA, respeitante a créditos incobráveis em processo de
insolvência quando a mesma for decretada de carater limitado. A DGI tem entendido que para que o credor
possa regularizar o respetivo IVA devera terna sua posse uma certidão do tribunal que comprove que a
sentença de insolvência transitou em julgado uma vez que so assim ela se torna definitiva bem como prova
ter reclamado os respetivos créditos.
Quanto à separação de bens da massa podem requerer todos os que sintam lesados na sua posse ou
propriedade (art. 141) e rege-se pelas regras da separação de créditos. Não podem os lesados interpor uma
ação de embargos de terceiros conforme art. 342 CPC
É ainda possível reclamar créditos depois do prazo passar nos casos de apreensão tardia de bens e dentro
de cinco dias da data do auto. Findo este prazo pode ainda o credor reclamar através de acção de verificação
ulterior de créditos prevista no art. 146 que é uma ação proposta contra a massa insolvente.
Enquanto a separação e restituição de bens pode ser feita em qualquer altura, a reclamação ulterior de
créditos só pode ser feita no prazo de 6 meses a contar da data do transito em julgado da sentença que
declarou a insolvência. Paga taxa de justiça porque é uma ação autónoma que corre por apenso
Quando alguém reclama a entrega de coisas moveis (imoveis não), a restituição das mesmas pode ser
deferida mediante caução prestada no próprio processo (art. 145). A caução é fixada tendo em consideração
o valor do bem apreendido podendo ser prestada pelas formas previstas no art. 623 CC. Aplica-se também o
art. 915 e 913 do CPC tendo que o reclamante na PI indicar a razão e o modo como prestará o valor da
caução.
No caso em que a administração da massa insolvente seja confiada ao devedor a contabilidade fica na
posse do devedor (art. 226/6/7). O mesmo sucede com a apreensão dos demais bens. Assim o administrador
não apreende, mas elabora um inventário nos termos do art. 153.
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Não é necessário o transito em julgado da sentença para que o administrador apreenda os bens. A
desocupação de casa habitada segue as regras do art. 930-A CPC. E a penhora de bens imoveis feita em casa
habitada também so pode ocorrer entre as 7 e as 21 horas nos termos do art. 757CPC.
O auto de arrolamento deve conter a identificação e avaliação dos bens e deve ser assinado pelo devedor.
Devendo depois o administrador apensar logo que possível ao processo (art. 151).
O inventario e a lista provisoria de credores são anexados aos relatórios do administrador (art. 153 e 154),
sendo que o relatório deve ser junto ao processo até 8 dias antes da data da assembleia de apreciação do
relatório.
Os credores que ainda não tiveram reclamado créditos quando ainda esteja a decorrer o prazo podem faze-lo
na assembleia de credores nos termos dos art. 73/1 al.a) e 75 nr. 4 al. c). Nesta assembleia não pode ser
discutida e votada a proposta de um plano de insolvência. Para o efeito tem que ser convocada
especialmente uma assembleia para esse efeito e só depois da assembleia de apreciação do relatório ter tido
lugar (art. 209/1/2).
A liquidação pode ser suspensa se forem deduzidos embargos à sentença (art. 40/3), ou com o recurso
da decisão ou com a existência de um plano de insolvência (art. 156/3 e 26). Os embargos e o recurso
obstam ao transito em julgado da decisão inviabilizando o começo da venda.
O administrador pode proceder à liquidação antes da apreciação do relatório nos casos de estarem em
causa bens perecíveis, desde que aprovada pela comissão de credores. O dinheiro da venda é depositado
numa conta aberta pelo administrador (art. 150/6 e 167. Os créditos são depois satisfeitos de harmonia com
o principio da satisfação integral sucessiva. Ou seja, um credito só pode ser pago depois de um crédito
anteriormente graduado se encontrar totalmente solvido nos termos do art. 173 e 604/1 do CC. Cabe ao juiz
decidir se os pagamentos são efetuados, mas é o administrador que procede ao seu pagamento por meio de
cheque sobre a conta da insolvência e de acordo com o mapa de pagamento (art. 183).
Se o produto da liquidação for suficiente para o pagamento da integralidade dos créditos sobre a insolvência
o saldo e entregue ao devedor pelo administrador de insolvência. art. 184.
É necessário o consentimento da comissão ou da assembleia de credores em todos os atos que tenham
especiais repercussões na massa (art. 161).
O administrador não pode por si ou interposta pessoa retirar um beneficio direto ou indireto ou adquirir bens
ou direitos que integrem ou venham a integrar a massa insolvente (art. 168).
Se o devedor for uma pessoa singular pode ficar com os bens que integram a massa insolvente obstando à
liquidação mediante o pagamento de uma quantia em dinheiro similar à que se obteria com a possível venda.
A decisão de dispensa de liquidação é tomada pelo juiz sem necessidade de ouvir os credores (art. 171).
O incidente de liquidação pode ser limitado ou pleno (art. 191 e 188) e a insolvência pode ser qualificada
como culposa (art. 186) art. 185
O incidente não tem efeitos no âmbito de decisões de responsabilidade penal e cível , podendo esta
instancias decidir de modo diferente do fixado na sentença de qualificação de insolvência. O incidente de
qualificação não é um processo autónomo à insolvência pois corre por apenso ao processo principal. A
insolvência é considerada culposa quando nos 3 anos anteriores ao inicio do processo de insolvência o
devedor ou administradores tiveram um comportamento doloso ou com culpa grave para o agravamento da
situação económica. (art. 186). O facto do devedor pessoa coletiva não se ter apresentado à insolvência nos
prazos legais é uma mera presunção, tendo que ser provado que a situação de insolvência resultou
diretamente desse facto. Também não obstante a verificação de culpa tem que também ser demonstrado e
provado que a conduta resultou na situação de insolvência, concluindo-se assim que a presunção legal

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estabelecida no art. 186 nrº 3 se limita à formulação de um juízo de culpa e não a um nexo de causalidade
entre a conduta culposa e a criação ou agravamento da situação de insolvência.
O administrador de insolvência a par dos demais interessados em iguais circunstâncias, podem até no
máximo 15 dias depois da realização da assembleia de apreciação do relatório, alegar por escrito o que
tiverem por conveniente para efeito da qualificação da insolvência culposa.
A culpa pela situação de insolvência põe termo à administração pelo devedor e é motivo de
indeferimento do pedido de exoneração do passivo restante (art. 228/1 al. c) e 238/1 al. b) e) f)). O período
de inibição de 2 a 10 anos é considerado concretamente a cada responsável a conduta e nexo de causalidade,
sendo que podem os responsáveis ter prazo diferente de inibição.
O incidente limitado de qualificação de insolvência (art. 191) pressupõe a insuficiência da massa para
satisfazer as custas do processo e dividas. Pode ser declarada logo no inicio do processo pelo juiz (art. 39)
ou posteriormente pelo administrador de insolvência (art. 232/1)
O plano de insolvência pode ser apresentado (art. 193) pelo administrador quando for benéfica à massa (art.
155/1 al. c) d) e 156/3) ou por solicitação da assembleia de credores (art. 156/3). Também pode ser
apresentado pelo devedor, pessoa coletiva, com a PI. Da mesma forma qualquer pessoa que responda
legalmente pelas dividas do insolvente nomeadamente fiadores e avalistas.
Os credores que se sintam prejudicados com o plano de insolvência podem votar contra na deliberação,
manifestar a sua oposição ao plano solicitando a sua não homologação (art. 212/2) ou interpor recurso se o
plano for homologado.
Para que um plano de insolvência possa ser deliberado a sentença de insolvência tem que ter transitado, bem
como o decurso do prazo para as impugnações de créditos e a assembleia de apreciação do relatório tem que
ter tido lugar (art. 209). A convocatória para a votação do plano de insolvência é publicada no portal
CITIUS com pelo menos 20 dias de antecedência. O plano de insolvência pode ser modificado na própria
assembleia (art. 210)
É necessário 2/3 da totalidade dos votos para que o plano de insolvência seja aprovado (art. 212). A
sentença de homologação so pode ser proferida depois de decorridos 10 dias sobre a data da aprovação (art.
214). O juiz pode oficiosamente não homologar no caso de violação das regras procedimentais ou das
normas aplicáveis (art. 215), bem como pode também não homologar a pedido de algum interessado nos
termos do art 216. A oposição ao plano tem que ser previamente manifestada nos autos, seja em ata, pelo
próprio devedor ou pelos credores, seja por requerimento levado aos autos.
Com a homologação do plano de insolvência o processo termina (art. 230/1 al. b)), mas o plano continua.
Se o devedor não cumprir com os pagamentos, o credor deve interpelar por escrito para que no prazo de 15
dias venha cumprir a obrigação. Se este não fizer pode o credor instruir novo processo de insolvência. Da
mesma forma, se o devedor incumprir o plano e estiver impossibilitado de cumprir as suas obrigações
vencidas tem novamente o dever de se apresentar à insolvência (art. 218).
A fiscalização do plano de insolvência pode ou não ser fiscalizada pelo administrador. Dependendo se a
assembleia de credores incumbiu-o dessa tarefa (art. 220).
A exoneração do passivo restante permite que seja concedido ao devedor pessoa singular um fresh start, ou
seja, a exoneração dos créditos sobre a insolvência que não forem pagos no processo ou nos cinco anos
posteriores ao encerramento (art. 235). Há contudo, ressalvas, nomeadamente entre outras as dividas
tributárias que não se extinguem (art. 245/2) e as dividas da massa insolvente pois o regime segue o art.
241/1. O devedor terá que formular o pedido logo na PI ou se não foi ele o requerente da insolvência, 10
dias após a citação (art. 236/1). No pedido deve constar que preenche os requisitos e se dispõe a observar
todas as condições exigidas (236/3).
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A revogação do passivo restante é revogável no caso de violação dolosa pelo devedor das suas obrigações,
no ano subsequente ao transito em julgado do despacho de exoneração (art. 246/2). O encerramento do
processo por insuficiência da massa não determina a extinção do pedido de exoneração (art. 39/8). Se o
devedor apresentar um plano de pagamentos pode também requerer a exoneração do passivo. No próprio
plano de pagamentos deverá fazer constar que pretende valer-se da exoneração caso o plano de pagamentos
venha a ser rejeitado pelos credores (art. 254). Na assembleia de apreciação do relatório podem os credores
pronunciarem-se quanto ao pedido de exoneração e também é nesta assembleia que o juiz proferirá despacho
inicial (art. 239) verificado que estão reunidas as condições legalmente impostas e mais tarde profere
despacho de exoneração submetendo o devedor a um período experimental denominado período de cessão
findo o qual poderá resultar a concessão da exoneração volvidos 5 anos.
O juiz pode indeferir liminarmente o pedido de exoneração caso se verifique alguma das situações
constantes no art. 238. A oposição dos credores ao deferimento do pedido de exoneração do passivo restante
não é fundamento legal para o indeferimento do pedido, pois numa situação normal eles irão sempre opor-se
porque o deferimento significa que o insolvente não pagará a totalidade dos créditos. A inexistência de
rendimento disponível no momento em que é proferido o despacho inicial também não constitui fundamento
para indeferimento.
A cessão do rendimento disponível (art. 239) é o rendimento que o insolvente cederá parte do seu
rendimento ao fiduciário durante o período de 5 anos (art. 241). O juiz estipula concretamente o sustento
mínimo do insolvente que não poderá exceder 3 salários mínimos. A decisão que fixa o quantum necessário
ao sustento do requerente e da sua família é baseada na prova das despesas e rendimentos auferidos. O
insolvente retêm a parte do seu rendimento excluída e entrega a demais ao fiduciário (art. 240), não podendo
ocultar o dissimular o mesmo. Se o fizer corre o risco de ver a exoneração revogada nos termos do art. 246.
Não são permitidas execuções sobre os bens do devedor durante o período da cessão (art. 242)
O plano de pagamentos para pessoas singulares tem como objetivo evitar os efeitos e o estigma associado ao
processo de insolvência. O devedor pode apresentar o plano de pagamentos aos credores (art. 251)
conjuntamente com a PI se não tiver mais de 20 credores e as dividas não excederem os 300.000 euros (art.
249). Em simultâneo pode também pedir a exoneração do passivo restante. Se não fizer neste momento já
não poderá fazer mais tarde (art. 254).

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