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Direito da Insolvência
A revisão do CIRE operada pela Lei nº16/2012 de 20 de abril, introduziu um novo processo
concursal, com uma feição própria, sendo esta o Processo Especial de Revitalização (PER).
3 órgãos da insolvência
- Administrador de insolvência
- Comissão de credores
- Assembleia de credores
- Processo concursal: todos os credores têm que concorrer ao processo (para todos os credores)
- Feição multidisciplinar: na fronteira entre o direito civil, comercial, trabalho, penal, processual
civil, etc..
Processo de insolvência
O principal objetivo do processo de insolvência é a satisfação dos créditos dos credores, tal
como consta do art.1º, nº1. Outro dos objetivos é a liquidação do património do devedor e
consequente repartição do produto.
▪ Processo concursal: uma vez que todos os credores são chamados a intervir no processo,
independentemente da natureza do seu crédito. É também porque está imbuído do princípio
da proporcionalidade das perdas dos credores, de forma a que, perante a insuficiência do
património do devedor, por todos sejam repartidas de modo proporcional as perdas.
▪ Processo universal: à partida, todos os bens do devedor podem ser apreendidos para futura
liquidação, desde que penhoráveis, ou, se não forem absolutamente impenhoráveis, desde
que tenham sido voluntariamente apresentados pelo devedor (art.46º CIRE).
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▪ Processo de natureza mista: inicialmente surge como processo declarativo (visa a apreciação
e declaração da situação de insolvência), para, depois da declaração de insolvência, surgir
com uma feição executiva (apreensão e liquidação do ativo para pagamento dos credores).
▪ Carácter urgente: gozando de precedência sobre o serviço ordinário do tribunal (art.9º, nº1
CIRE), e está sujeito ao princípio do inquisitório, podendo a decisão do juiz ser fundada em
factos que não tenham sido alegados pelas partes (art.11º CIRE).
- Pressuposto subjetivo: o nº1 refere quem pode ser objeto do processo de insolvência. O nº2
do mesmo artigo apresenta as respetivas exceções ao nº1.
Considera-se que o devedor está em insolvência iminente (art.3º, nº4) quando existe a
probabilidade de o devedor não cumprir as presentes obrigações, no momento em que estas se
vencem. A insolvência térmica acontece quando o passivo é manifestamente superior ao ativo.
A insuficiência da massa insolvente dá-se quando o património do devedor não é suficiente
para ir até ao fim do processo de insolvência.
Aspetos gerais
O processo de insolvência é um processo especial, sujeito a uma tramitação com regras próprias,
definidas em detalhe no CIRE, e regido pelo Código de Processo Civil, como direito subsidiário
(art.17º, nº1).
Quanto à competência em razão da matéria, por força do art.128°, nº1, a) LOSJ, compete aos
juízos de comércio preparar e julgar os processos de insolvência e os processos especiais de
revitalização, independentemente da natureza jurídica do devedor (pessoa singular, pessoa
coletiva ou património autónomo; comerciante ou não; titular de uma empresa ou não).
O processo de insolvência (incluindo todos os seus incidentes, apensos e recursos) tem caráter
urgente, gozando de precedência sobre o serviço ordinário do tribunal (art.9º, nº1). Os atos
inseridos na tramitação dos processos qualificados como urgentes, cujos prazos terminem em
férias judiciais, são praticados no dia do termo do prazo, não se transferindo a sua prática para
o primeiro dia útil subsequente ao termo das férias judiciais.
Legitimidade ativa
▪ O devedor
O processo de insolvência pode, desde logo, ser desencadeado pelo próprio devedor, o qual tem
sempre o direito de se apresentar à insolvência. Se o devedor não for uma pessoa singular capaz,
a legitimidade para apresentar o pedido de declaração de insolvência cabe ao órgão social
incumbido da sua administração ou a qualquer dos seus administradores (art.19º). Para efeitos
do CIRE, se o devedor não for uma pessoa singular, os administradores são aqueles a quem
incumba a administração ou liquidação da entidade ou património em causa, designadamente
os titulares do órgão social que para o efeito for competente (art.6º, nº1, a)); se o devedor for
uma pessoa singular, serão os seus representantes legais e mandatários com poderes gerais de
administração (art.6º, nº1, b)).
Por outro lado, o nº2 do art.18º prevê duas exceções ao dever de apresentação. Desde logo, a
sua alínea a excetua do dever de apresentação a insolvência "as empresas que se tenham
apresentado a processo especial de revitalização durante o período de suspensão das medidas
de execução previsto nos nº1 e 2 do art.17º-E. Depois, a b) excetua da obrigatoriedade de
apresentação à insolvência todos os devedores pessoas singulares que não sejam titulares de
uma empresa na data em que incorrem em situação de insolvência.
Por força do art.20º, nº1, têm legitimidade ativa para desencadear a ação de insolvência o
responsável legal pelas dívidas do insolvente, qualquer credor, e também o Ministério Público,
desde que se preencha algum dos factos elencados nas suas várias alíneas. Assim, podemos
afirmar que a legitimidade ativa de quem não seja devedor depende do preenchimento de dois
requisitos em simultâneo: um requisito de natureza subjetiva e um requisito de natureza
objetiva.
Petição inicial
De realçar que o devedor não pode desistir do pedido ou da instância e que os outros
legitimados poderão fazê-lo até ao momento da prolação da sentença (declarativa de
insolvência ou de indeferimento da mesma) (art.21º).
- Identificação dos administradores do devedor, de direito ou de factos e dos seus cinco maiores
credores (excluindo-se o credor requerente) (art.6º, nº1 e nº2, a));
- Junção de certidão do registo civil, do registo comercial ou de outro registo público a que o
devedor se encontre sujeito (nº2, d)).
Os documentos juntos a petição, deverão ser acompanhados de duas cópias: uma destinada ao
arquivo do tribunal, e outra destinada à secretaria do tribunal para efeitos de consulta dos
interessados (art.26º, nº2).
Requisitos
- Pedido apresentado pelo devedor: caso o pedido de declaração de insolvência tenha sido
apresentado pelo devedor, deve conter os factos elencados no art.24º, com especial enfase nas
alíenas c), f) e j) pois o administrador de insolvência vai ter de se manifestar sobre estes.
do devedor que possua (art.25º, nº1). Caso o pedido tenha sido apresentado por algum
responsável legal, o requerente deverá na petição justificar a sua responsabilidade pelos
créditos sobre a insolvência e oferecer os elementos respeitantes ao ativo e ao passivo do
devedor que possua (art.25º, nº1). Qualquer requerente para além do devedor deverá ainda
oferecer com a petição todos os meios de prova de que disponha, devendo inclusivamente
juntar o rol de testemunhas, o qual não poderá, todavia, exceder os limites previstos no art.511º
CPC (art.25º, nº2).
No próprio dia da distribuição ou, não sendo tal viável, até ao 3° dia útil subsequente, deve o
juiz proferir despacho liminar, o qual pode assumir um dos seguintes conteúdos: despacho de
indeferimento liminar, despacho de correção, declaração imediata de insolvência ou despacho
de citação.
▪ Indeferimento liminar do pedido: no próprio dia da distribuição, ou, não sendo tal possível,
até ao terceiro dia útil subsequente, o juiz indefere liminarmente o pedido, com os seguintes
fundamentos (art.27º, nº1, a))
OU
▪ Despacho de correção de vícios: no próprio dia da distribuição, ou, não sendo tal possível,
até ao terceiro dia útil subsequente, o juiz, caso não haja motivo para indeferimento liminar,
e caso encontre vícios sanáveis na petição (Ex:. falta dos documentos que devem instruir a
petição), convida o requerente a, no prazo máximo de 5 dias, corrigir esses vícios, sob pena
de indeferimento liminar da petição (art.27º, nº1, b)).
▪ Declaração imediata de insolvência: caso o pedido de declaração de insolvência tenha sido
apresentado pelo próprio devedor, a lei considera existir um reconhecimento da situação de
insolvência, que importa a sua declaração imediata até ao terceiro dia útil seguinte ao da
distribuição da petição ou, caso existam vícios corrigíveis, ao da sua correção (art.28º). Com
esta solução, pretendeu o legislador conferir celeridade ao processo de insolvência. Repare-
se que, nesta hipótese, é declarada a insolvência sem que tenham intervindo e sem que
tenham sido ouvidos no processo outros sujeitos para além do próprio devedor e o tribunal
(como, por exemplo, os credores, o Ministério Público). Nesse caso, o processo de insolvência
será, nesta fase inicial, um processo sem partes.
Despacho de citação
Caso o pedido de declaração de insolvência não tenha sido apresentado pelo devedor, e caso
não exista motivo para indeferimento liminar, sem prejuízo do disposto no art.31º, nº3, o juiz
manda citar pessoalmente o devedor (art.29º, nº1) até ao terceiro dia útil seguinte à data da
distribuição ou, havendo vícios corrigíveis, até ao terceiro dia útil seguinte à data do respetivo
suprimento (art.28º ex vi art.29º, nº1).
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Com o despacho de citação, pode o juiz ordenar, oficiosamente ou a pedido do requerente, com
fundamento no justificado receio da prática de atos de má gestão, as medidas cautelares que
se mostrem necessárias ou convenientes para impedir o agravamento da situação patrimonial
do devedor, até ao momento da prolação da sentença (art.31º, nº1). As medidas cautelares
podem ser ordenadas previamente ao despacho de citação, desde que tal antecipação seja
considera indispensável para não perigar o efeito útil do processo de insolvência e a citação não
seja adiada mais de 10 dias (art.31º, nº3).
As medidas cautelares contempladas na lei não têm caráter exaustivo. A título de exemplo, o
legislador prevê a nomeação de um administrador judicial provisório com poderes exclusivos
para a administração do património do devedor ou para assistir o devedor nessa administração
(art.31º, nº2). O administrador judicial provisório deve desempenhar as suas funções até à
prolação da sentença, podendo, no entanto, por um lado, ser substituído ou removido em
momento anterior, ou, por outro lado, ser reconduzido, na sentença, como administrador da
insolvência (art.32º, nº2).
Finalmente, o art.34º, através de remissão expressa para outros preceitos do Código, regula a
publicidade e o registo da nomeação do administrador judicial provisório e dos poderes que lhe
são atribuídos, assim como a fiscalização do exercício do cargo e responsabilidade em que possa
incorrer, bem como a eficácia dos atos jurídicos celebrados sem a sua intervenção, quando
exigível.
Oposição do devedor
O devedor tem um prazo de 10 dias, a contar do momento em que se considera citado, para
deduzir oposição (art.30º, nº1). O devedor deve juntar, sob pena de inadmissibilidade da
oposição, lista dos seus cinco maiores credores para além do credor requerente, indicando o
respetivo domicílio (art.30º, nº2). Depois, na oposição, deve o devedor oferecer todos os meios
de prova de que disponha, nos termos do art.25º, nº2, ex vi art.30º, nº1.
Caso o devedor não deduza qualquer oposição, tendo sido citado para o efeito ainda que
editalmente e se encontre, simultaneamente, numa situação de revelia absoluta (art.40º, nº1,
a)), consideram-se confessados os factos alegados na petição inicial, sendo a declaração de
insolvência declarada automaticamente, no dia útil seguinte ao termo do prazo de oposição,
desde que os factos constantes da petição inicial preencham alguma das hipóteses em que a
insolvência pode ser requerida por pessoa distinta do devedor.
Se o devedor tiver deduzido oposição, ou se a sua audiência tiver sido dispensada (art.35º, nº5),
o juiz deve marcar a data da audiência de discussão e julgamento para um dos cinco dias
posteriores, devendo ser notificados o requerente, o devedor e todos os administradores de
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Se a audiência do devedor não tiver sido dispensada nos termos do art.12º, a não comparência
do devedor, pessoalmente ou por intermédio do mandatário referido, equivale à confissão dos
factos alegados na petição inicial (art.35º, nº2). Se os factos alegados pelo requerente na petição
inicial estiverem compreendidos em alguma das alíneas art.20º, nº1, o juiz deve ditar logo para
a ata sentença de declaração de insolvência (art.35º, nº4).
A não comparência do requerente ou do seu mandatário com poderes especiais para transigir,
vale como desistência do pedido (art.31º, nº3), devendo, neste caso, o juiz ditar logo para a ata
a sentença homologatória da desistência do pedido (art.35º, nº4).
Casos especiais
Notificação e citação
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O devedor é notificado nos termos gerais das notificações em processos pendentes se já tiver
sido citado pessoalmente para o processo. Caso contrário, será notificado pessoalmente, nos
termos previstos na lei processual para a citação, sendo-lhe igualmente enviadas cópias da
petição inicial (art.37º, nº2).
Os cinco maiores credores conhecidos, para além do requerente, que tenham residência
habitual, sede ou domicílio em Portugal são citados nos termos das regras gerais do CPC
previstas para a citação pessoal, devendo receber cópia da petição inicial (art.37º, nº1 e 3). Se
tiverem residência habitual, domicílio ou sede fora de Portugal serão citados por carta registada
(art.37º, nº3). Porém, os credores conhecidos que tenham residência habitual, domicílio ou sede
em outro Estado-Membro da União Europeia são citados por carta registada.
Os restantes credores e os demais interessados serão citados por edital, com prazo de dilação
de cinco dias, afixado na sede ou na residência do devedor, nos seus estabelecimentos e
também no tribunal, e por anúncio publicado no portal Citius (art.37º, nº7). O conteúdo dos
anúncios e editais deve respeitar o disposto no art.37º, nº8.
Registo
Por força do art.38º, nº3, deve a declaração de insolvência ser ainda inscrita no registo predial,
comercial e automóvel relativamente aos bens ou direitos que integrem a massa insolvente,
com base em certidão judicial da declaração de insolvência transitada em julgado, se o serviço
de registo não conseguir aceder à informação necessária por meios eletrónicos, e em declaração
do administrador da insolvência que identifique os bens
Meios de reação
Legitimidade ativa
Processamento
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A petição de embargos é autuada por apenso, de imediato, e conclusa ao juiz, para que este
profira despacho liminar, no dia seguinte ao termo do prazo para a apresentação dos
embargos (art.41º, nº1).
Se não existir motivo para indeferir liminarmente a petição, o juiz ordena a notificação do
administrador da insolvência, bem como da parte contrária, para que, no prazo de cinco dias,
apresentem a sua contestação. Após a contestação e dentro dos cinco dias posteriores a
produção das provas antecipadas (momento que não deverá durar mais de(10 dias) tem lugar
a audiência de julgamento, à qual se aplica o disposto nos art.41º, nº1 e 35º, nº5 a 8 (art.41,
nº4).
▪ Recurso
Por força do art.42º, nº1 tem legitimidade ativa para a interposição de recurso de sentença
declarativa de insolvência quem tem legitimidade para deduzir embargos. Por isso, estes entes
têm legitimidade para, cumulativa ou alternativamente, lançar mão destes dois meios de
impugnação da sentença.
- Mesmo que o devedor declarado insolvente não tenha legitimidade para deduzir embargos,
é-lhe sempre facultada a possibilidade de interpor recurso da decisão declaratória de
insolvência (art.42º, nº2).
A interposição de recurso só pode ter como fundamento a alegação de que, perante os factos
apurados, não deveria ter sido proferida a sentença (art.42º, nº1).
Impugnação
Direito da Insolvência – Teste
De acordo com este preceito, serão responsabilizados o devedor, pelos danos que cause aos
credores, bem como o requerente da insolvência, pelos danos que cause aos credores e ao
devedor.
Em terceiro lugar, a letra da lei exige uma atuação com dolo. Porém, alguma doutrina vai mais
longe e, com base no princípio culpa lata dolo aequiparaturi, defende a sua aplicação, pelo
menos, à negligência grosseira.
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Questão 1. [1 valor]
Se ao devedor estiver vedada a oposição de embargos, o mesmo já não pode interpor recurso
da sentença declaratória da insolvência:
Questão 2. [1 valor]
Questão 3. [1 valor]
Questão 4. [1 valor]
Questão 5. [1 valor]
Desde que fundamente, o juiz pode não designar na sentença de insolvência uma data para a
realização da assembleia de credores de apreciação do relatório:
Questão 6. [1 valor]
Questão 7. [1 valor]
Nos embargos o insolvente pode apresentar outros factos ou indicar outros meios de prova
que não tenham constado da sua oposição à insolvência:
Questão 8. [1 valor]
O devedor pode basear a sua oposição, não negando o facto que fundamenta o pedido, mas
apenas na inexistência da sua situação de insolvência:
Questão 9. [1 valor]
No processo de insolvência o juiz não pode livremente averiguar os factos alegados pelas
partes: