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Realização da Dívida Ativa:

Execução Fiscal, Medida Cautelar


Fiscal e Defesas
Antonio Carlos de Souza Jr
Doutor em Direito Tributário pela USP
Mestre em Direito pela Unicap
Especialista em Direito Tributário pelo IBET
Advogado
Processo de Positivação

“O processo de positivação do direito ocorre


por meio de sua aplicação. Toda a aplicação
do direito constitui, ao mesmo tempo,
também uma produção. Aplicar uma norma
significa criar outra norma” (Gabriel Ivo)
Processo de Positivação
Processo de Positivação

• Instituição do tributo (norma geral e abstrata)


1ª Fase

• Ocorrência do evento (plano social)


2ª Fase

• Constituição do Crédito Tributário (norma individual


3ª Fase e concreta)

• Decurso do prazo para pagamento ou, em caso de


4ª Fase impugnação, encerramento da fase administrativa
Processo de Positivação

• Inscrição na Dívida Ativa


5ª Fase

• Ajuizamento da Execução Fiscal


6ª Fase

• Citação do sujeito passivo e garantia/penhora


7ª Fase

• Decurso do prazo para oposição em embargos à


8ª Fase execução fiscal
Dívida Ativa

• Conceito – Art. 2º da Lei nº 6.830/1980

Art. 2º - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública


aquela definida como tributária ou não tributária na
Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as
alterações posteriores, que estatui normas gerais de
direito financeiro para elaboração e controle dos
orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal.
Dívida Tributária

• Art. 201 do CTN:

Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a


proveniente de crédito dessa natureza,
regularmente inscrita na repartição administrativa
competente, depois de esgotado o prazo fixado,
para pagamento, pela lei ou por decisão final
proferida em processo regular.
Dívida não tributária

• Art. 39, §2º, da Lei nº 4.320/1964:

Art. 39 (...)
§ 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa
natureza, proveniente de obrigação legal relativa a tributos e
respectivos adicionais e multas, e Dívida Ativa não Tributária são
os demais créditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes
de empréstimos compulsórios, contribuições estabelecidas em lei,
multa de qualquer origem ou natureza, exceto as tributárias,
foros, laudêmios, alugueis ou taxas de ocupação, custas
processuais, preços de serviços prestados por estabelecimentos
públicos, indenizações, reposições, restituições, alcances dos
responsáveis definitivamente julgados, bem assim os créditos
decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de subrogação
de hipoteca, fiança, aval ou outra garantia, de contratos em geral ou
de outras obrigações legais.
Inscrição do Crédito na Dívida Ativa
Competência para inscrição

• Art. 2º, §4º, da LEF


Art. 2º (...)
§ 4º - A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita
na Procuradoria da Fazenda Nacional.

• Art. 39, §5º, da Lei nº 4.320/1964


Art. 39 (...)
§ 5º - A Dívida Ativa da União será apurada e inscrita
na Procuradoria da Fazenda Nacional.
Competência para inscrição

• Estados, DF e Municípios: art. 2º, §3º, LEF

Art. 2º (...) § 3º - A inscrição, que se constitui no ato de controle


administrativo da legalidade, será feita pelo órgão competente
para apurar a liquidez e certeza do crédito (...)

• A inscrição será realizada pela respectiva


procuradoria ou órgão designado na legislação
local
Controle da legalidade do crédito tributário

“Procedimento administrativo que pressupõe a


prévia constituição do crédito tributário
exequendo por meio de outro instrumento
reconhecido legítimo pelo sistema”
(Paulo Cesar Conrado)
Controle da legalidade do crédito tributário

• Art. 2º, §3º, da Lei nº 6.830/1980: § 3º - A inscrição,


que se constitui no ato de controle administrativo da
legalidade

• Portaria PGFN nº 33/2018 – art. 1º:


Art. 1º. O controle de legalidade dos débitos encaminhados para inscrição
em dívida ativa da União consiste na análise, pela Procuradoria-Geral da
Fazenda Nacional (PGFN), dos requisitos de certeza, liquidez e
exigibilidade, essenciais à formação do título executivo necessário à
prática de qualquer ato de cobrança coercitiva, seja judicial ou
extrajudicial.
Termo de Inscrição de Dívida Ativa
• É o resultado prático do procedimento de
controle de legalidade

• Documento necessário para inclusão do


crédito no cadastro da dívida ativa

• Requisitos: art. 202 do CTN (créditos


tributários) e art. 2º, §5º, da LEF (tributários
e não tributários)
Termo de Inscrição de Dívida Ativa
• Créditos tributários – art. 202 do CTN
Art. 202. O termo de inscrição da dívida ativa, autenticado
pela autoridade competente, indicará obrigatoriamente:
I - o nome do devedor e, sendo caso, o dos co-responsáveis,
bem como, sempre que possível, o domicílio ou a residência
de um e de outros;
II - a quantia devida e a maneira de calcular os juros de mora
acrescidos;
III - a origem e natureza do crédito, mencionada
especificamente a disposição da lei em que seja fundado;
IV - a data em que foi inscrita;
V - sendo caso, o número do processo administrativo de que
se originar o crédito.
Certidão de Dívida Ativa

• Documento que exterioriza o ato de inscrição


do crédito, trazendo para o mundo concreto
a figura abstrata da dívida ativa

• Deve conter os mesmos elementos do Termo


de Inscrição (art. 2º, §6º da LEF)

• Art. 202, PU, do CTN: indicação do livro e


folha de inscrição
Atributos da CDA
• Título Executivo Extrajudicial – CPC-2015:

Art. 784. São títulos executivos extrajudiciais:


(...)
IX - a certidão de dívida ativa da Fazenda Pública da União,
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
correspondente aos créditos inscritos na forma da lei;

• Constituição unilateral: análise crítica


Atributos da CDA
• Presunção relativa de certeza e liquidez (art.
204 do CTN)
Art. 204. A dívida regularmente inscrita goza da
presunção de certeza e liquidez e tem o efeito de
prova pré-constituída.

Parágrafo único. A presunção a que se refere este


artigo é relativa e pode ser ilidida por prova
inequívoca, a cargo do sujeito passivo ou do
terceiro a que aproveite.
Atributos da CDA
• Presunção relativa de certeza e liquidez (art.
3º da LEF)

Art. 3º - A Dívida Ativa regularmente inscrita goza da


presunção de certeza e liquidez.

Parágrafo Único - A presunção a que se refere este


artigo é relativa e pode ser ilidida por prova
inequívoca, a cargo do executado ou de terceiro, a
quem aproveite.
Suspensão da prescrição
• Crédito tributário: o tratamento da prescrição é
reservado para a lei complementar (Constituição
Federal)

Art. 146. Cabe à lei complementar:


III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária,
especialmente sobre:
b) obrigação, lançamento, crédito, prescrição e decadência tributários;

CTN: foi recepcionado como lei complementar. A


prescrição é tratada no art. 174
Suspensão da prescrição

• Crédito não tributário: pode ser regulado


pela legislação ordinária, inclusive a LEF

Art. 2º (...)
§3º - A inscrição, que se constitui no ato de controle
administrativo da legalidade, será feita pelo órgão
competente para apurar a liquidez e certeza do crédito e
suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, por
180 dias, ou até a distribuição da execução fiscal, se esta
ocorrer antes de findo aquele prazo.
Suspensão da prescrição

• O dispositivo da LEF possui aplicação restrita para


os créditos não tributários (entendimento
consolidado no STJ)
ADMINISTRATIVO. EXECUÇÃO FISCAL. RECURSO ESPECIAL. MULTA DE DÍVIDA ATIVA
NÃO TRIBUTÁRIA. SUSPENSÃO DO LUSTRO PRESCRICIONAL POR 180 (CENTO E
OITENTA) DIAS. PRESCRIÇÃO AFASTADA.
1. Nos termos do EREsp 981.480/SP, Primeira Seção, Rel. Min. Benedito Gonçalves,
DJe de 21.8.2009, "nas execuções fiscais de créditos não tributários, aplicam-se as
causas suspensivas e interruptivas da prescrição preconizadas na Lei 6.830/80."
2. No caso concreto, em se tratando de dívida não tributária, aplica-se a hipótese
de suspensão da prescrição prevista no art. 2º, § 3º, da Lei 6.830/1980.
3. Recurso Especial provido.
(REsp 1669907/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado
em 27/06/2017, DJe 30/06/2017)
Nulidades da CDA

• Crédito tributário – CTN


Art. 203. A omissão de quaisquer dos requisitos
previstos no artigo anterior, ou o erro a eles relativo,
são causas de nulidade da inscrição e do processo de
cobrança dela decorrente, mas a nulidade poderá
ser sanada até a decisão de primeira instância,
mediante substituição da certidão nula, devolvido
ao sujeito passivo, acusado ou interessado o prazo
para defesa, que somente poderá versar sobre a
parte modificada.
Nulidades da CDA

• Qual a decisão de primeira instância referida?

Súmula STJ nº 392

A Fazenda Pública pode substituir a certidão de


dívida ativa (CDA) até a prolação da sentença de
embargos, quando se tratar de correção de erro
material ou formal, vedada a modificação do sujeito
passivo da execução. (Súmula 392, PRIMEIRA SEÇÃO,
julgado em 23/09/2009, DJe 07/10/2009)
Nulidades da CDA
• E quando não houver a apresentação de
embargos à execução?
TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL. EXECUÇÃO FISCAL.
SUBSTITUIÇÃO DA CDA ATÉ A SENTENÇA DE PRIMEIRO GRAU DOS EMBARGOS À
EXECUÇÃO. SÚMULA 392/STJ. LIMITAÇÃO ART. 2º, § 8º, DA LEI 6.830/80. NÃO SE
APLICA A DECISÕES PROFERIDAS EM EXCEÇÃO DE PRÉ-EXECUTIVIDADE.
2. A controvérsia dos presentes autos cinge-se a saber o alcance da expressão
"decisão de primeira instância", contida no § 8º do art. 2º da Lei 6.830/80 - LEF, se
ela se refere apenas à decisão proferida em sede de embargos à execução ou se
abrangeria também a decisão prolatada em exceção de pré-executividade.
3. Nos termos da jurisprudência desta Corte Superior, a substituição ou a emenda
da CDA pode ocorrer até a prolação de sentença, em embargos à execução, não
alcançando a vedação constante do disposto no § 8º do art. 2º da LEF as decisões
proferidas em sede de exceção de pré-executividade.
(AgRg no REsp 1556062/RN, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA
TURMA, julgado em 17/11/2015, DJe 24/11/2015)
Nulidades da CDA

• Apenas os vícios atinentes os termo ou CDA


são passíveis de correção

• Não é possível refazer lançamento tributário


ou modificar elementos da dívida originária
(Vide: Resp. 1.045.472/BA – Repetitivo)
Decotes da CDA por meros cálculos

• Remissão parcial de parte da dívida (Resp.


51.657/SP);

• Reconhecimento da inconstitucionalidade de
parte do crédito cobrado sem necessidade de
realização de novo lançamento ou apuração da
dívida ( Resp. 1.115.501/SP)

• Revisão do débito pelo Poder Judiciário para


exclusão de parcela indevida (Resp.
1.247.811/RS)
Decotes da CDA por meros cálculos

• Art. 786, parágrafo único, do CPC-2015

Art. 786. A execução pode ser instaurada caso o


devedor não satisfaça a obrigação certa, líquida e
exigível consubstanciada em título executivo.

Parágrafo único. A necessidade de simples


operações aritméticas para apurar o crédito
exequendo não retira a liquidez da obrigação
constante do título.
Procedimentos administrativos
antes da execução
Dispensa do ajuizamento da Execução
Fiscal
• Inovações da Lei nº 13.606/2018 – Ajuizamento
seletivo:
Art. 20-C. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional poderá
condicionar o ajuizamento de execuções fiscais à verificação de
indícios de bens, direitos ou atividade econômica dos devedores
ou corresponsáveis, desde que úteis à satisfação integral ou
parcial dos débitos a serem executados.

Parágrafo único. Compete ao Procurador-Geral da Fazenda


Nacional definir os limites, critérios e parâmetros para o
ajuizamento da ação de que trata o caput deste artigo, observados
os critérios de racionalidade, economicidade e eficiência.
Averbação Pré-Executória
• Inovações da Lei nº 13.606/2018 – Averbação
pré-executória:
Art. 20-B. Inscrito o crédito em dívida ativa da União, o devedor será notificado para, em até cinco
dias, efetuar o pagamento do valor atualizado monetariamente, acrescido de juros, multa e demais
encargos nela indicados

§ 1o A notificação será expedida por via eletrônica ou postal para o endereço do devedor e será
considerada entregue depois de decorridos quinze dias da respectiva expedição.

§ 2o Presume-se válida a notificação expedida para o endereço informado pelo contribuinte ou


responsável à Fazenda Pública.

§ 3o Não pago o débito no prazo fixado no caput deste artigo, a Fazenda Pública poderá:

I - comunicar a inscrição em dívida ativa aos órgãos que operam bancos de dados e cadastros
relativos a consumidores e aos serviços de proteção ao crédito e congêneres; e

II - averbar, inclusive por meio eletrônico, a certidão de dívida ativa nos órgãos de registro de bens e
direitos sujeitos a arresto ou penhora, tornando-os indisponíveis.
Averbação Pré-Executória
• ADI 5886 – DJ: 05/04/2021
(..)3. Constitucionalidade da averbação da certidão de dívida ativa em registros de bens e
direitos em fase anterior ao ajuizamento da execução fiscal. A mera averbação da CDA não viola
o devido processo legal, o contraditório e a ampla defesa, a reserva de jurisdição e o direito de
propriedade. É medida proporcional que visa à proteção da boa-fé de terceiros adquirentes de
bens do devedor, ao dar publicidade à existência da dívida. Além disso, concretiza o comando
contido no art. 185, caput, do Código Tributário Nacional, que presume “fraudulenta a alienação
ou oneração de bens ou rendas, ou seu começo, por sujeito passivo em débito para com a
Fazenda Pública, por crédito tributário regularmente inscrito como dívida ativa”. Tal presunção
legal é absoluta, podendo ser afastada apenas “na hipótese de terem sido reservados, pelo
devedor, bens ou rendas suficientes ao total pagamento da dívida inscrita”. 4.
Inconstitucionalidade material da indisponibilidade de bens do devedor na via administrativa. A
indisponibilidade tem por objetivo impedir a dilapidação patrimonial pelo devedor. Todavia, tal
como prevista, não passa no teste de proporcionalidade, pois há meios menos gravosos a direitos
fundamentais do contribuinte que podem ser utilizados para atingir a mesma finalidade, como,
por exemplo, o ajuizamento de cautelar fiscal. A indisponibilidade deve respeitar a reserva de
jurisdição, o contraditório e a ampla defesa, por se tratar de forte intervenção no direito de
propriedade. 5. Procedência parcial dos pedidos, para considerar inconstitucional a parte final do
inciso II do § 3º do art. 20-B, onde se lê “tornando-os indisponíveis”, e constitucional o art. 20-E
da Lei nº 10.522/2002, ambos na redação dada pela Lei nº 13.606/2018.
Autorização para criar procedimentos
administrativos
• Lei nº 13.606/2018 – Regulamentação do
procedimentos administrativos por Portaria:

Art. 20-E. A Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional


editará atos complementares para o fiel cumprimento do
disposto nos arts. 20-B, 20-C e 20-D desta Lei.

Portaria PGFN nº 33/2018


Procedimento de Cobrança Extrajudicial

• Notificação do devedor para em 5 dias pagar o


débito ou parcelar;

• Alternativamente, o devedor terá o prazo de 30


dias para:

- Ofertar antecipadamente a garantia da execução fiscal;

- Apresentar Pedido de Revisão de Dívida Inscrita (PRDI);


Procedimento de Cobrança Extrajudicial

• Esgotados os prazos anteriores, a PGFN deverá


adotar as seguintes providências (art. 7º Portaria
PGFN nº 33/2018):

- Protesto da CDA (art. 1º da Lei nº 9.492/1997)

- Comunicação da inscrição aos órgãos de proteção ao crédito;

- Averbar a CDA nos órgãos de registro de bens;

- Utilizar serviços de instituições financeiras para cobrança


amigável
Procedimento de Cobrança Extrajudicial
• Formas de cobrança extrajudicial:

- Encaminhar à RFB representação para aplicação de


multa para hipótese de distribuição irregular de lucros

- Encaminhar representação para agências reguladoras,


bancos públicos e Administração Direta/Indireta,
comunicado a falta de regularidade fiscal;
Procedimento de Cobrança Extrajudicial
• Formas de cobrança extrajudicial:

- Encaminhar à RFB representação para exclusão de


benefícios fiscais com base na falta de
regularidade fiscal

- Encaminhar representação para administração


estadual ou municipal para fins de rescisão de
contrato ou exclusão de benefícios fiscais;

- Promover bloqueio de Fundo de participação dos


Estados, DF e Municípios;
Pedido de Revisão de Dívida Inscrita
• O PRDI possibilita uma nova análise dos requisitos de
liquidez, certeza e exigibilidade da CDA
• Admite-se o PRDI para as seguintes matérias (art. 15 da
Portaria PGFN nº 33/2018):

I - para alegação de pagamento, parcelamento, suspensão de exigibilidade por decisão


judicial, compensação, retificação da declaração, preenchimento da declaração com
erro, vício formal na constituição do crédito, decadência ou prescrição, quando
ocorridos em momento anterior à inscrição em dívida ativa da União;

II - para alegação das matérias descritas no art. 5º, § 1º, ocorridas antes ou após a
inscrição em dívida ativa da União;

III - para alegação de qualquer causa de extinção ou suspensão do crédito tributário ou


não tributário, ocorridas antes ou após a inscrição em dívida ativa da União.
Pedido de Revisão de Dívida Inscrita

• O PRDI será analisado no prazo de 30 dias após o seu


protocolo;

• A PGFN poderá intimar o contribuinte para complementar a


documentação, momento em que o prazo será contado a
partir do protocolo da petição complementar;

• A PGFN poderá solicitar informações para os órgãos de


origem do crédito, que deverá responder no prazo de 60
dias. O prazo para análise será contado a partir do dia
seguinte ao da resposta;

• Os pedidos protelatórios ou com matérias já discutidas


judicialmente serão indeferidos;
Pedido de Revisão de Dívida Inscrita

• Decisão sobre o PRDI:

Art. 19. Deferido o pedido de revisão, a inscrição será,


conforme o caso, cancelada, retificada ou suspensa a
exigibilidade do débito, sendo que, nesse último caso, serão
sustadas, no que couber, as medidas descritas no art. 7º,
enquanto perdurar a suspensão.

Parágrafo único. No caso de cancelamento da inscrição sem


extinção do crédito, os débitos serão devolvidos ao órgão de
origem para correção do vício, observado o disposto art. 22,
§ 3º, do Decreto-Lei nº 147, de 3 de fevereiro de 1967.
Pedido de Revisão de Dívida Inscrita

• Recurso no PRDI:

Art. 20. Da decisão que indeferir o pedido de revisão,


total ou parcialmente, caberá recurso, no prazo de 10
(dez) dias, sem efeito suspensivo.

Quem será o julgador ou órgão competente?

É possível que a mesma divisão julgue o recurso?


Cobrança judicial do crédito
tributário
Execução Fiscal

• Lei nº 6.830/1980:

Art. 1º - A execução judicial para cobrança da Dívida


Ativa da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e respectivas autarquias será regida por esta
Lei e, subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil.

• Procedimento especial para efetivação de


créditos inscritos na Dívida Ativa da Fazenda
Pública.
Aplicação do CPC-2015 na Execução Fiscal
• A LEF não tratou a totalidade do processo
executivo

• Por isso, elegeu, no seu art. 1º, o CPC como


diploma normativo subsidiário:
Art. 1º - A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios
e respectivas autarquias será regida por esta Lei e,
subsidiariamente, pelo Código de Processo Civil.
Aplicação do CPC na Execução Fiscal
• Superior Tribunal de Justiça:
Recurso Especial nº 1.431.155/PB - Dje: 02/06/2014.

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. DÍVIDA ATIVA DA UNIÃO E


DO INSS. PARCELAMENTO DO VALOR DA ARREMATAÇÃO [...]
1. Nas execuções fiscais da dívida ativa do INSS e dívida ativa da
União vige o regramento especial estabelecido na Lei n. 8.212/91 e
Lei n. 6.830/80 (LEF), sendo que a aplicação do CPC é subsidiária,
ou seja, fica reservada para as situações em que as referidas leis
são silentes e no que com elas compatível. Precedentes: recurso
representativo da controvérsia REsp. n. 1.272.827 - PE, Primeira
Seção, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 22.05.2013
e REsp. n. 1.070.369/SP, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon,
Rel. p/acórdão Min. Castro Meira, julgado em 14.10.2008
Aplicação Subsidiária x Supletiva
• CPC/2015

Art. 15. Na ausência de normas que regulem


processos eleitorais, trabalhistas ou
administrativos, as disposições deste Código lhes
serão aplicadas supletiva e subsidiariamente.
Subsidiária x Supletiva

• Alteração da redação (PL nº 8.046/2010 – Câmara dos


Deputados)

• Justificativa:
Acrescentamos o termo “subsidiariamente”, visando uma
maior aplicabilidade e eficácia do dispositivo, em especial,
quanto ao exposto acima. Com freqüência, os termos
“aplicação supletiva” e “aplicação subsidiária” tem sido
usados como sinônimos, quando, na verdade, não o são.
Aplicação subsidiária significa a integração da legislação
subsidiária na legislação principal, de modo a preencher os
claros e as lacunas da lei principal. Já a aplicação supletiva
ou complementar ocorre quando uma lei completa a outra.
Subsidiária x Supletiva

• Aplicação Subsidiária: integração para o


preenchimento de lacunas, isto é, matérias
não tratadas

• Aplicação Supletiva: conjugação com as


normas especiais, ou seja, mesmo havendo
disposição sobre o tema é possível a
complementação.
Procedimento: fases
Fases do procedimento executivo

• A distinção decorre do relacionamento dos


atos processuais com o direito de fundo

• O procedimento é dividido em duas fases:


preparatória e expropriatória
1ª Fase: preparatória

• É a fase que antecede a expropriação.

• Basicamente, participam os atos constitutivos


da relação processual:

Petição Despacho
Citação
Inicial Inicial
2ª fase: expropriação

• Para iniciação da 2ª fase é preciso haver a


constituição da garantia (por nomeação ou
penhora)

• Constituída a garantia, há a possibilidade dos


embargos à execução. É preciso aguardar o
julgamento?
2ª fase: expropriação

• Atos integrantes da fase expropriatória:

Intimação do
Conversão do fiador/seguradora
depósito em renda para pagar sob
pena de execução

Alienação de bens
por leilão
Legitimidade Passiva
Legitimidade passiva

• Art. 4º da Lei nº 6.830/1980

Art. 4º - A execução fiscal poderá ser promovida contra:


I - o devedor;
II - o fiador;
III - o espólio;
IV - a massa;
V - o responsável, nos termos da lei, por dívidas, tributárias
ou não, de pessoas físicas ou pessoas jurídicas de direito
privado; e
VI - os sucessores a qualquer título.
Devedor

• É o ocupante do polo passivo da relação


jurídica que originou crédito constituído em
favor da exequente;

• Nos débitos de natureza tributária, o devedor


será o sujeito passivo da relação jurídica
tributária;
Responsabilidade tributária

Há duas relações jurídicas autônomas

✓ A primeira é a própria relação decorrente da


incidência regra-matriz vinculando o sujeito
passivo direto (contribuinte) à obrigação tributária.

✓ Já a segunda consiste no vínculo jurídico específico


criado pela norma introdutora da sujeição passiva
indireta.
Responsabilidade tributária

• A constituição do vínculo de
responsabilidade depende do regramento
subordinado a cada crédito executado;

• É uma relação regulada pelo direito material;


Mecanismos de imputação
• Criação do vínculo por autoridade competente
(imputação normativa);

• Essa atividade não pode ser realizada sem o


devido procedimento estabelecido nas regras do
processo administrativo ou até mesmo
mediante atividade jurisdicional;

• A necessidade de criação do vínculo (hipótese


normativa) pode decorrer de fato ocorrido antes
ou após o lançamento.
Antes

LANÇAMENTO
Procedimento Processo
FATO Fiscal Administrativo
INSCRIÇÃO
DÍVIDA ATIVA
CONSTITUIÇÃO DA
RESPONSABILIDADE

EXECUÇÃO
Depois
LANÇAMENTO

FATO INSCRIÇÃO
EXECUÇÃO
DÍVIDA ATIVA

Constituição de
Responsabilidade???

Autoridade REDIRECIONAMENTO
competente???
Responsabilidade tributária
• Procedimento Administrativo de Reconhecimento
de Responsabilidade – PARR (Portaria PGFN nº
948/2017)

Art. 1º Esta Portaria regulamenta o procedimento


administrativo para apuração de responsabilidade de
terceiros pela prática da infração à lei consistente na
dissolução irregular de pessoa jurídica devedora de
créditos inscritos em dívida ativa administrados pela
PGFN.
Responsabilidade tributária

• Dissolução irregular

Súmula nº 435 do STJ


Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que
deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem
comunicação aos órgãos competentes, legitimando o
redirecionamento da execução fiscal para o sócio-
gerente
Responsabilidade tributária
• Dissolução irregular: sócio na data do FG e/ou dissolução?

TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. REDIRECIONAMENTO. ATOS PRATICADOS


COM EXCESSO DE PODERES OU INFRAÇÃO DE LEI, CONTRATO SOCIAL OU
ESTATUTO. SÓCIA QUE INTEGRAVA A GERÊNCIA DA SOCIEDADE À ÉPOCA
DA DISSOLUÇÃO IRREGULAR DA EMPRESA.(...)
1. A jurisprudência da Segunda Turma do STJ entendia que, para que fosse
possível o redirecionamento, seria necessário demonstrar que o sócio era
detentor da gerência tanto na época da dissolução irregular da sociedade,
como na época da ocorrência do fato gerador da obrigação.
2. Entretanto, a Segunda Turma do STJ, no julgamento do REsp.
1.520.257/SP, de relatoria do Ministro Og Fernandes, alterou o seu
entendimento e passou a exigir, tão somente, a permanência do sócio
na administração da sociedade no momento de sua dissolução irregular,
tornando-se irrelevante a data da ocorrência do fato gerador da
obrigação tributária.
(REsp 1766931/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA,
julgado em 13/11/2018, DJe 21/11/2018)
Responsabilidade tributária
• Questão julgada em repetitivo: Tema
981
O redirecionamento da execução fiscal, quando fundado
na dissolução irregular da pessoa jurídica executada ou
na presunção de sua ocorrência, pode ser autorizado
contra o sócio ou o terceiro não sócio, com poderes de
administração na data em que configurada ou
presumida a dissolução irregular, ainda que não tenha
exercido poderes de gerência quando ocorrido o fato
gerador do tributo não adimplido, conforme art. 135, III,
do CTN.
Responsabilidade tributária e interesse comum

• Código Tributário Nacional

Art. 124. São solidariamente obrigadas:

I - as pessoas que tenham interesse comum na


situação que constitua o fato gerador da
obrigação principal;
Parecer Normativo COSIT nº 4/2018

Interesse Comum
Art. 124 do CTN

Ato lícito Ato Ilícito


(vínculo com FG ou (cometimento de
sujeito passivo) ato ilícito)
Parecer Normativo COSIT nº 4/2018

• Itens 13 e 40a:
Parecer Normativo COSIT nº 4/2018
Evasão,
simulação e
demais atos
dolosos
Abuso da PJ
Planejamento
(Grupo
Tributário
econômico
Abusivo
irregular)
Interesse
Comum
por ato
ilícito
Parecer Normativo COSIT nº 4/2018
• Grupo Econômico “irregular”: item 23
Parecer Normativo COSIT nº 4/2018
• Grupo Econômico “irregular”: necessidade de
comprovação do ilícito societário (item 25)

• Fundamenta a “desconsideração” no art. 123


do CTN e não no 50 do CC

• Porém, utiliza conceitos de “confusão


patrimonial” e abuso da personalidade
jurídica
Parecer Normativo COSIT nº 4/2018
• Ilícitos tributários dolosos (item 26)
Parecer Normativo COSIT nº 4/2018
• Elemento doloso seria a fraude em sentido
amplo:

• Artigos 71, 72 e 73 da Lei nº 4.502/1964


Parecer Normativo COSIT nº 4/2018
• E as hipóteses de responsabilidade por ato ilícito
do CTN?
Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente:
I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo
quando praticadas no exercício regular de administração, mandato, função, cargo
ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito;
II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja
elementar;
III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico:
a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem;
b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes,
preponentes ou empregadores;
c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito
privado, contra estas.
Parecer Normativo COSIT nº 4/2018
• Planejamento tributário abusivo (item 40)
Grupo econômico e o STJ
• Recurso Especial nº 1.775.269-PR

• Impossibilidade de utilização do art. 124 para


redirecionamento: a caracterização depende de
processo administrativo/lançamento
Grupo econômico e o STJ
• Recurso Especial nº 1.775.269-PR

• Impossibilidade de conjugação do art. 124 com


legislação civil (responsabilidade patrimonial)
Grupo econômico e o STJ
• Recurso Especial nº 1.775.269-PR

• O interesse comum é juridico e não se confunde


com interesse econômico (participação em grupo
econômico)
Responsabilidade patrimonial

• Regramento material: desconsideração da PJ

Código Civil (redação original)


Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica,
caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a
requerimento da parte, ou do Ministério Público quando
lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas
e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares dos administradores
ou sócios da pessoa jurídica.
Responsabilidade patrimonial

• Lei nº 13.874/2019

Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica,


caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela
confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da
parte, ou do Ministério Público quando lhe couber
intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos
de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares de administradores ou
de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou
indiretamente pelo abuso.
Responsabilidade patrimonial

• Lei nº 13.874/2019 – Desvio de Finalidade

Art. 50. (...) § 1º Para fins do disposto neste artigo,


desvio de finalidade é a utilização dolosa da pessoa
jurídica com o propósito de lesar credores e para a
prática de atos ilícitos de qualquer natureza.

§ 5º Não constitui desvio de finalidade a mera expansão


ou a alteração da finalidade original da atividade
econômica específica da pessoa jurídica.
Responsabilidade patrimonial
• Lei nº 13.874/2019 – Confusão Patrimonial

Art. 50. (...) § 2º Entende-se por confusão patrimonial a


ausência de separação de fato entre os patrimônios,
caracterizada por:
I - cumprimento repetitivo pela sociedade de
obrigações do sócio ou do administrador ou vice-versa;
II - transferência de ativos ou de passivos sem efetivas
contraprestações, exceto o de valor proporcionalmente
insignificante
III - outros atos de descumprimento da autonomia
patrimonial.
Responsabilidade patrimonial
• Lei nº 13.874/2019 – Grupo Econômico

Art. 50. (...) § 4º A mera existência de grupo


econômico sem a presença dos requisitos de que
trata o caput não autoriza a desconsideração da
personalidade da pessoa jurídica.
Responsabilidade: patrimonial x tributária
• Patrimonial: categoria processual aplicável à
todos?

• Patrimonial: categoria material aplicável à todas


PJ independentemente a relação obrigacional
envolvida?

• Patrimonial: hipótese de direito material não


aplicável ao Direito Tributário (reserva de Lei
Complementar – art. 146 da CF)
Responsabilidade: patrimonial x tributária

• Responsabilidade tributária no CPC-2015:

Art. 779. A execução pode ser promovida contra:


I - o devedor, reconhecido como tal no título
executivo;
(...)
VI - o responsável tributário, assim definido em lei.
Responsabilidade: patrimonial x tributária

• Responsabilidade patrimonial no CPC-2015:

Art. 790. São sujeitos à execução os bens:


(...)
VII - do responsável, nos casos de desconsideração
da personalidade jurídica.
Responsabilidade: patrimonial x tributária

• Benefício de ordem?

CPC-2015
Art. 795. Os bens particulares dos sócios não respondem
pelas dívidas da sociedade, senão nos casos previstos em lei.

§ 1º O sócio réu, quando responsável pelo pagamento da


dívida da sociedade, tem o direito de exigir que primeiro
sejam excutidos os bens da sociedade.
Responsabilidade: patrimonial x tributária

• Benefício de ordem?
LEF
Art. 4º (...)
§ 3º - Os responsáveis, inclusive as pessoas
indicadas no § 1º deste artigo, poderão nomear
bens livres e desembaraçados do devedor, tantos
quantos bastem para pagar a dívida. Os bens dos
responsáveis ficarão, porém, sujeitos à execução, se
os do devedor forem insuficientes à satisfação da
dívida.
Incidente de Desconsideração da
Personalidade Jurídica
Fundamentos

• Constituição Federal: devido processo legal

Art. 5º (...)
LV - aos litigantes, em processo judicial ou
administrativo, e aos acusados em geral são
assegurados o contraditório e ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes;
Fundamentos
• CPC/2015 (Normas fundamentais): contraditório
efetivo

Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento


em relação ao exercício de direitos e faculdades
processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres
e à aplicação de sanções processuais, competindo ao
juiz zelar pelo efetivo contraditório.

Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes


sem que ela seja previamente ouvida.
Características
• Aplicação em todas as fases do processo
(conhecimento e execução):

Art. 134. O incidente de desconsideração é


cabível em todas as fases do processo de
conhecimento, no cumprimento de sentença e
na execução fundada em título executivo
extrajudicial.
Características
• Conjunto de regras procedimentais, sem
influência do direito material, com aplicação
para vários ramos do direito (civil, trabalhista,
tributário, etc.):

Art. 134. (...)

§ 4º O requerimento deve demonstrar o preenchimento


dos pressupostos legais específicos para
desconsideração da personalidade jurídica.
Pressupostos legais específicos
• Direito civil: art. 50 do Código Civil;

• Direito tributário: art. 133 e seguintes do CTN;

• Direito do trabalho: art. 2º da CLT;

• Direito do consumidor: art. 28 do CDC;

• Direito econômico: art. 31 e seguintes da Lei nº


12.529/2011.
IDPJ na Petição Inicial
• O pedido de desconsideração também pode ser
formulado na petição inicial:

Art. 134. (...)

§ 2º Dispensa-se a instauração do incidente se a


desconsideração da personalidade jurídica for
requerida na petição inicial, hipótese em que será
citado o sócio ou a pessoa jurídica.
IDPJ na Petição Inicial

• Caso o terceiro seja incluído na inicial da


execução, o procedimento do incidente deve
ser aplicado;

• Houve uma falha na redação do §2º do art.


134 do CPC-2015, pois apenas considerou a
fase de conhecimento;
Procedimento

• Instauração: Parte ou Ministério Público (Art.


133);

• Momento do requerimento: petição inicial ou


incidental (Art. 134);

• A instauração do incidente suspende o


processo (art. 134, §3º);
Procedimento

• Citação do sócio para apresentar manifestação


em 15 dias e requerer a produção de provas
(Art. 135);

• Instrução caso seja requerida produção de


provas;

• Resolução por decisão interlocutória (art. 136);


Procedimento

• Possibilidade de apresentação de agravo de


instrumento (art. 1.015, inciso IV);

• A instauração do incidente pode ser requerida


ao relator (art. 932, inciso VI);

• Da decisão do relator cabe agravo interno (art.s


136 e 1.021);
Procedimento

• É cabível deferimento de tutelas provisórias


(urgência e evidência) no IDPJ;

• A decisão que julga o incidente é atingida pela


coisa julgada, torna-se imutável e indiscutível,
inclusive em outros processos com mesmas
partes e causa de pedir.
IDPJ e Execução Fiscal
• A LEF não possui nenhum procedimento especial
para garantir o redirecionamento da execução para
os responsáveis

• O parágrafo 2º do art. 4º da LEF também permite a


aplicação de normas provenientes do direito civil:

§ 2º - À Dívida Ativa da Fazenda Pública, de qualquer


natureza, aplicam-se as normas relativas à responsabilidade
prevista na legislação tributária, civil e comercial.
IDPJ e Execução Fiscal
• STJ – Recurso Especial nº 1.775.269-PR
IDPJ e Execução Fiscal
• STJ – Agravo em Recurso Especial nº 1.286.512-RS

• Fundamento: incompatibilidade procedimental


IDPJ e Execução Fiscal
• Fundamento: incompatibilidade procedimental
IDPJ e Execução Fiscal
Prescrição na Execução Fiscal
Prescrição intercorrente
• A modalidade foi desenvolvida inicialmente pela
doutrina e jurisprudência e, posteriormente,
positivada;

• Também utiliza o marco de 5 anos previsto no art.


174 do CTN

• Foi desenvolvida para prestigiar a segurança jurídica


(Resp. 1.128.099/RO)
Prescrição intercorrente
• Com o exercício do direito de ação e interrupção da
prescrição pelo despacho, o credor não pode ficar
inerte no curso da execução fiscal;

• O instituto está relacionado com o dever do


exequente de dar impulso ao processo executivo

• Logo, a prática de atos processuais inúteis pode ser


caracterizada como uma forma de inércia no curso
do processo;
Prescrição intercorrente
Requisitos gerais
PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL
REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C, DO
CPC. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE.
DECLARAÇÃO DE OFÍCIO. VIABILIDADE. ART. 219, §5º, DO
CPC. CITAÇÃO. INÉRCIA DA FAZENDA PÚBLICA. SÚMULA
7 DO STJ.
1. A configuração da prescrição intercorrente não se faz
apenas com a aferição do decurso do lapso quinquenal
após a data da citação. Antes, também deve ficar
caracterizada a inércia da Fazenda exequente.
(...)
(REsp 1222444/RS, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL
MARQUES, SEGUNDA TURMA, julgado em 17/04/2012,
DJe 25/04/2012)
Prescrição intercorrente
Lei nº 6.830/1980

Art. 40 – (...)

§ 2º - Decorrido o prazo máximo de 1 (um) ano, sem que


seja localizado o devedor ou encontrados bens penhoráveis,
o Juiz ordenará o arquivamento dos autos.

§ 4º Se da decisão que ordenar o arquivamento tiver


decorrido o prazo prescricional, o juiz, depois de ouvida a
Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a prescrição
intercorrente e decretá-la de imediato.
Prescrição intercorrente
Compatibilidade da prescrição intercorrente com a
reserva de lei complementar para o tratamento da
matéria tributária

EXECUÇÃO FISCAL. A INTERPRETAÇÃO DADA, PELO ACÓRDÃO


RECORRIDO, AO ART. 40 DA LEI N. 6.830-80, RECUSANDO A
SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO POR TEMPO INDEFINIDO, É A
ÚNICA SUSCEPTIVEL DE TORNA-LO COMPATIVEL COM A
NARMA DO ART. 174, PARAGRAFO ÚNICO, DO CÓDIGO
TRIBUTÁRIO NACIONAL, A CUJAS DISPOSIÇÕES GERAIS É
RECONHECIDA A HIERARQUIA DE LEI COMPLEMENTAR.
(RE 106217, Relator(a): Min. OCTAVIO GALLOTTI, Primeira
Turma, julgado em 08/08/1986, DJ 12-09-1986 PP-16425
EMENT VOL-01432-02 PP-00411)
Prescrição intercorrente
Prescrição intercorrente

Prazo:

• Súmula STJ nº 314:


“Em execução fiscal, não localizados bens
penhoráveis, suspende-se o processo por um ano,
findo o qual se inicia o prazo da prescrição
qüinqüenal intercorrente”.
STJ - Resp. 1.340.553/RS
Fundamentos:
• A não localização do executado ou de bens autoriza o
início do prazo de suspensão (1 ano) e prescrição (5 anos)

• A "não localização do devedor" e a "não localização dos


bens" poderão ser constatadas por quaisquer dos meios
válidos admitidos pela lei processual (Edcl no Resp.
1.340.553)

• A ciência da Fazenda (não localização) é o fato que


instaura o termo inicial da suspensão e, posteriormente,
prescrição
STJ - Resp. 1.340.553/RS
Fundamentos:

• O prazo de suspensão/prescrição é automático:


não depende de despacho/decisão e respectiva
ciência por parte da Fazenda

• Interrupção da suspensão/prescrição: somente a


efetiva citação e constrição de bens tem o condão
de interromper
STJ - Resp. 1.340.553/RS
Tese 1 (temas 566/569): suspensão automática

4.1.) O prazo de 1 (um) ano de suspensão do


processo e do respectivo prazo prescricional previsto
no art. 40, §§ 1º e 2º da Lei n. 6.830/80 - LEF tem
início automaticamente na data da ciência da
Fazenda Pública a respeito da não localização do
devedor ou da inexistência de bens penhoráveis no
endereço fornecido, havendo, sem prejuízo dessa
contagem automática, o dever de o magistrado
declarar ter ocorrido a suspensão da execução;
STJ - Resp. 1.340.553/RS
Tese 1 (tema 566): situações anteriores à LC
118/2005

4.1.1.) Sem prejuízo do disposto no item 4.1., nos casos de execução fiscal
para cobrança de dívida ativa de natureza tributária (cujo despacho
ordenador da citação tenha sido proferido antes da vigência da Lei
Complementar n. 118/2005), depois da citação válida, ainda que
editalícia, logo após a primeira tentativa infrutífera de localização de
bens penhoráveis, o Juiz declarará suspensa a execução.

4.1.2.) Sem prejuízo do disposto no item 4.1., em se tratando de execução


fiscal para cobrança de dívida ativa de natureza tributária (cujo despacho
ordenador da citação tenha sido proferido na vigência da Lei
Complementar n. 118/2005) e de qualquer dívida ativa de natureza não
tributária, logo após a primeira tentativa frustrada de citação do
devedor ou de localização de bens penhoráveis, o Juiz declarará
suspensa a execução.
STJ - Resp. 1.340.553/RS
Tese 1 – Conclusões
• O prazo poderá ser antecipado por petição da Fazenda
requerendo suspensão

• A decisão que determina a suspensão é meramente


declaratória

• Não precisa ser prévia ao início do prazo

• No prazo de suspensão/prescrição a Fazenda poderá


continuar praticando atos tendentes à
citação/localização de bens
STJ - Resp. 1.340.553/RS
Tese 2 (tema 567): início da contagem

4.2.) Havendo ou não petição da Fazenda Pública e


havendo ou não pronunciamento judicial nesse sentido,
findo o prazo de 1 (um) ano de suspensão inicia-se
automaticamente o prazo prescricional aplicável (de
acordo com a natureza do crédito exequendo) durante
o qual o processo deveria estar arquivado sem baixa na
distribuição, na forma do art. 40, §§ 2º, 3º e 4º da Lei n.
6.830/80 - LEF, findo o qual o Juiz, depois de ouvida a
Fazenda Pública, poderá, de ofício, reconhecer a
prescrição intercorrente e decretá-la de imediato;
STJ - Resp. 1.340.553/RS
Tese 3 (tema 568): interrupção da prescrição
4.3.) A efetiva constrição patrimonial e a efetiva citação (ainda
que por edital) são aptas a interromper o curso da prescrição
intercorrente, não bastando para tal o mero peticionamento em
juízo, requerendo, v.g., a feitura da penhora sobre ativos
financeiros ou sobre outros bens. Os requerimentos feitos pelo
exequente, dentro da soma do prazo máximo de 1 (um) ano de
suspensão mais o prazo de prescrição aplicável (de acordo com a
natureza do crédito exequendo) deverão ser processados, ainda
que para além da soma desses dois prazos, pois, citados (ainda que
por edital) os devedores e penhorados os bens, a qualquer tempo -
mesmo depois de escoados os referidos prazos -, considera-se
interrompida a prescrição intercorrente, retroativamente, na data
do protocolo da petição que requereu a providência frutífera.
STJ - Resp. 1.340.553/RS
Tese 4 (tema 570): a única intimação fundamental
é a do termo inicial (nos demais a Fazenda deve
demonstrar o prejuízo)

4.4.) A Fazenda Pública, em sua primeira oportunidade


de falar nos autos (art. 245 do CPC/73, correspondente
ao art. 278 do CPC/2015), ao alegar nulidade pela falta
de qualquer intimação dentro do procedimento do art.
40 da LEF, deverá demonstrar o prejuízo que sofreu
(exceto a falta da intimação que constitui o termo inicial
- 4.1., onde o prejuízo é presumido), por exemplo,
deverá demonstrar a ocorrência de qualquer causa
interruptiva ou suspensiva da prescrição.
STJ - Resp. 1.340.553/RS
Tese 5 : fundamentação analítica

4.5.) O magistrado, ao reconhecer a prescrição


intercorrente, deverá fundamentar o ato judicial por
meio da delimitação dos marcos legais que foram
aplicados na contagem do respectivo prazo,
inclusive quanto ao período em que a execução
ficou suspensa.
Prescrição intercorrente

• Outras questões julgadas sob o rito dos


repetitivos

Tema 179: A perda da pretensão executiva tributária


pelo decurso de tempo é consequência da inércia do
credor, que não se verifica quando a demora na
citação do executado decorre unicamente do
aparelho judiciário.
Prescrição intercorrente
• Outras questões julgadas sob o rito dos
repetitivos

Tema 314: A inércia da Fazenda exequente, ante a


intimação regular para promover o andamento do feito e
a observância dos artigos 40 e 25 da Lei de Execução
Fiscal, implica a extinção da execução fiscal não
embargada ex officio, afastando-se o Enunciado
Sumular 240 do STJ, segundo o qual 'A extinção do
processo, por abandono da causa pelo autor, depende
de requerimento do réu'. Matéria impassível de ser
alegada pela exequente contumaz.
Prescrição para o redirecionamento
• Código Tributário Nacional:

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário


prescreve em cinco anos, contados da data da sua
constituição definitiva.
Parágrafo único. A prescrição se interrompe:

I – pelo despacho do juiz que ordenar a citação em


execução fiscal;
Prescrição para o redirecionamento
• Código Tributário Nacional:

Art. 125. Salvo disposição de lei em contrário, são os


seguintes os efeitos da solidariedade:

III - a interrupção da prescrição, em favor ou contra


um dos obrigados, favorece ou prejudica aos
demais.
Prescrição para o redirecionamento

• A interrupção contra os “responsáveis” é


indefinida?

• A interrupção se opera para quem ainda sequer


foi responsabilizado?
Prescrição para o redirecionamento

• O STJ passou reconhecer a possibilidade de


prescrição para o redirecionamento.

• A primeira tese seria que o prazo de 5 anos


começaria da citação da pessoa jurídica, mas
que seria uma prescrição intercorrente.
Prescrição para o redirecionamento

• Posteriormente, o STJ passou a tratar a questão


como uma modalidade autônoma, iniciando o
prazo a partir da citação da pessoa jurídica e
como termo final o pedido de redirecionamento

• O STJ também passou a admitir prazo diverso


quando a constatação do ato que ensejou o
redirecionamento ocorreu após a citação
Prescrição para o redirecionamento

• Com tal admissão, a Fazenda Nacional passou


a defender a teoria da actio nata, onde
somente se iniciaria o curso do prazo
prescricional com a ciência do ato ensejador
da responsabilidade

• Qual o prazo para adoção da teoria da actio


nata?
Prescrição para o redirecionamento
STJ - REsp nº 1.201.993 (tema 444)

• Finalizado em 08/05/2019

• Hipótese de responsabilidade ocorrida antes da


citação (art. 135, inciso III): termo inicial é a
citação da PJ
Responsabilidade 5 anos sem pedido
apurada no PAT ou Citação da PJ de
Dissolução antes (termo inicial) redirecionamento
da citação (termo final)
STJ - REsp nº 1.201.993 (tema 444)

• Hipótese de responsabilidade ocorrida antes da


citação (art. 135, inciso III): termo inicial é a
citação da PJ

Ato inequívoco
indicador do
5 anos sem
intuito de
pedido de
Citação da PJ inviabilizar a
redirecionamento
satisfação do
crédito tributário (termo final)
(termo inicial)
STJ - REsp nº 1.201.993 (tema 444)

• Comprovação do ato “inequívoco” ou da inércia


da Fazenda: análise de provas pelas instâncias
ordinárias

• O precedente é restrito para os casos de


dissolução irregular ou é aplicável para as
demais hipóteses de redirecionamento?
Medida Cautelar Fiscal
Tutela provisória no CPC-2015
Características

• Medida Cautelar Fiscal integra o conjunto das


cautelares autônomas (Lei nº 8.397/1992)

• Em regra, pressupõe a constituição do crédito


tributário (art. 1º)

• Escopo: indisponibilização de bens até o limite


do crédito (art. 4º)
Conceito de bens do ativo

• STJ – Resp. 1.646.556

PROCESSUAL CIVIL. MEDIDA CAUTELAR FISCAL. BLOQUEIO DE


BENS ESTRANHOS AO ATIVO PERMANENTE.
EXCEPCIONALIDADE.
1. A jurisprudência do STJ, a respeito da indisponibilidade de
bens em Medida Cautelar Fiscal, interpreta o art. 4º da Lei
8.397/1992 nos seguintes termos: a) em regra, somente
atinge os bens do ativo permanente; b) em situações
excepcionais, pode alcançar bens estranhos ao ativo
permanente.
Requisitos

• O “perigo” é definido taxativamente no art. 2º:

- Ausência do devedor para fugir do inadimplemento


(incisos I e II);
- Alienação ou tentativa de alienação de bens (incisos III e
VII)
- Contração de dívidas e/ou transferência de bens para
terceiros (incisos IV e V, “b”)
- Deixa de pagar débito plenamente exigível (inciso V, “a”)
- Débito superior à 30% do patrimônio (inciso VI)
- Inscrição inapta ou atos que impeçam a satisfação do CT
(incisos VIII e IX)
Requisitos

• A “probabilidade” é a própria constituição do


crédito tributário (art. 3º):

Art. 3° Para a concessão da medida cautelar fiscal é


essencial:
I - prova literal da constituição do crédito fiscal;
II - prova documental de algum dos casos
mencionados no artigo antecedente.
Competência e subordinação

• Juízo competente para processar a execução


fiscal (art. 5º)

• O art. 15 permite alegações que podem


influenciar na execução fiscal (pagamento,
prescrição, decadência, etc)
Formas de instauração

• Antecedente (preparatória) ou incidental: art. 1º


Art. 1° O procedimento cautelar fiscal poderá ser
instaurado após a constituição do crédito, inclusive
no curso da execução judicial da Dívida Ativa da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios e respectivas autarquias.

• O procedimento não guarda relação com as


tutelas provisórias antecedentes
Procedimento

• Petição inicial (art. 6º - requisitos)

• Possibilidade de concessão de liminar (art. 7º)

• Citação para contestar em 15 dias (art. 8º)

• Instrução e Sentença
Substituição pela garantia do débito

• A indisponibilidade poderá ser substituída pela


garantia do débito:

Art. 10. A medida cautelar fiscal decretada poderá ser


substituída, a qualquer tempo, pela prestação de garantia
correspondente ao valor da prestação da Fazenda Pública, na
forma do art. 9° da Lei n° 6.830, de 22 de setembro de 1980.

Parágrafo único. A Fazenda Pública será ouvida


necessariamente sobre o pedido de substituição, no prazo de
cinco dias, presumindo-se da omissão a sua aquiescência.
Eficácia no tempo

• Preparatória: execução deve ser ajuizada em até


60 dias após encerramento do PAT (art. 11)

• Pode a qualquer tempo ser revogada ou


modificada (art. 12)

• Outras hipóteses (art. 13): quitação, extinção da


EF e ausência de ajuizamento da EF
Crédito Tributário com Exigibilidade
Suspensa
• STJ – AgInt no AgInt no AREsp 939.120 / PE

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. MEDIDA CAUTELAR FISCAL.


CRÉDITO TRIBUTÁRIO AINDA NÃO CONSTITUÍDO
DEFINITIVAMENTE. IMPOSSIBILIDADE.
1. É pacífico nesta Corte superior o entendimento de que,
enquanto suspensa a exigibilidade do crédito tributário, não
se pode decretar a indisponibilidade dos bens do devedor
ao fundamento exclusivo de que os débitos somados
ultrapassam trinta por cento de seu patrimônio conhecido
(art. 2º, VI, da Lei n. 8.397/1992).
Crédito Tributário com Exigibilidade
Suspensa
• STJ – AgInt no Resp. 1.426.090 – Alienação de
bens
TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO
RECURSO ESPECIAL. MEDIDA CAUTELAR FISCAL. CRÉDITO
TRIBUTÁRIO SUPERIOR A 30% DO PATRIMÔNIO CONHECIDO DO
DEVEDOR.
1. O Superior tribunal de Justiça firmou entendimento de que é
possível o deferimento da medida cautelar fiscal, mesmo que
suspensa a exigibilidade do crédito tributário, quando o devedor
busca indevidamente alienar bens como forma de esvaziar seu
patrimônio e frustrar o adimplemento do crédito tributário, nos
termos do art.2º, V, "b" e VII, da Lei n. 8.397/1992.
Pedido de parcelamento posterior ao
deferimento da medida
• STJ – AgInt no Resp. 1.679.810

MEDIDA CAUTELAR FISCAL. POSTERIOR CELEBRAÇÃO DE


PARCELAMENTO. INTERESSE DE AGIR DO FISCO.
REMANESCÊNCIA.
3. O entendimento do Tribunal a quo no sentido de que o pedido
posterior de parcelamento não traz reflexos no âmbito do
julgamento da medida cautelar fiscal, haja vista o interesse
processual remanescente do ente fazendário em assegurar as
garantias voltadas à efetivação do crédito tributário, mostra-se
alinhado ao posicionamento do STJ sobre o tema.
Constituição de Responsabilidade

• Alcance do art. 4º, §§ 1º e 2º, da Lei nº


8.397/1992
Art. 4°(...)
§ 1° Na hipótese de pessoa jurídica, a indisponibilidade
recairá somente sobre os bens do ativo permanente,
podendo, ainda, ser estendida aos bens do acionista
controlador e aos dos que em razão do contrato social ou
estatuto tenham poderes para fazer a empresa cumprir suas
obrigações fiscais, ao tempo: a) do fato gerador, nos casos de
lançamento de ofício; b) do inadimplemento da obrigação
fiscal, nos demais casos.
Constituição de Responsabilidade

• Alcance do art. 4º, §§ 1º e 2º, da Lei nº


8.397/1992

Art. 4°(...)
§ 2° A indisponibilidade patrimonial poderá ser estendida em
relação aos bens adquiridos a qualquer título do requerido
ou daqueles que estejam ou tenham estado na função de
administrador (§ 1°), desde que seja capaz de frustrar a
pretensão da Fazenda Pública.
Constituição de Responsabilidade

• STJ – Resp. 962.023


2. Os requisitos necessários para a imputação da
responsabilidade patrimonial secundária na ação principal
de execução fiscal são também exigidos na ação cautelar
fiscal, posto ser acessória por natureza.

3. O art. 4º, §2º, da Lei n. 8.397/92, autoriza o requerimento


da medida cautelar fiscal contra terceiros, desde que
tenham adquirido bens do sujeito passivo (contribuinte ou
responsável) em condições que sejam capazes de frustrar a
satisfação do crédito pretendido.
Constituição de Responsabilidade

• STJ – Resp. 1.689.431

15. O art. 2º da Lei 8.397/1992 prevê seja a ação cautelar


fiscal requerida em face do sujeito passivo da obrigação
tributária. Já o art. 121, parágrafo único, do CTN, considera
sujeito passivo da obrigação tributária (i) o contribuinte,
quando tenha relação pessoal e direta com a situação que
constitua o respectivo fato gerador; e o (ii) responsável,
quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua
obrigação decorra de disposição expressa de lei.
Embargos à Execução Fiscal
Embargos à Execução Fiscal

• Característica de demanda autônoma ao rito


executivo, com rito previsto no processo de
conhecimento

• Contudo, os embargos possuem intima relação com


processo executivo, o que pauta o conteúdo da ação

• Abre para o Estado-Juiz a possibilidade de retomar


(revisar) o ciclo de positivação
Embargos à Execução Fiscal

Garantia da Execução

• Lei nº 6.830/1980 (LEF):

Art. 16. (...)

§ 1º - Não são admissíveis embargos do executado


antes de garantida a execução.
Embargos à Execução Fiscal

Garantia da Execução: CPC-2015 X LEF

• CPC-73 e LEF: garantia como condição e efeito suspensivo

• Reforma da Lei nº 11.382/2006: oposição a partir da


citação e efeito suspensivo condicionado x LEF – garantia
como condição e efeito suspensivo condicionado

• CPC-2015: manteve o regime pós-reforma


Embargos à Execução Fiscal

Garantia da Execução: CPC-2015 X LEF


PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. GARANTIA DO JUÍZO.
PREVALÊNCIA DAS DISPOSIÇÕES DA LEF SOBRE O CPC.
1. Discute-se nos autos a possibilidade de oposição de Embargos à Execução Fiscal sem
garantia do juízo nos casos em que o devedor é hipossuficiente.
2. "Em atenção ao princípio da especialidade da LEF, mantido com a reforma do CPC/73,
a nova redação do art. 736, do CPC dada pela Lei n. 11.382/2006 - artigo que dispensa a
garantia como condicionante dos embargos - não se aplica às execuções fiscais diante da
presença de dispositivo específico, qual seja o art. 16, §1º da Lei n. 6.830/80, que exige
expressamente a garantia para a apresentação dos embargos à execução fiscal" (REsp
1.272.827/PE, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 31.5.2013).
3. Recurso Especial não provido.
(REsp 1676138/RJ, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em
05/09/2017, DJe 09/10/2017)
Embargos à Execução Fiscal

Garantia parcial (Penhora insuficiente)

• O juiz deve determinar a abertura do prazo para embargos à


execução, sem prejuízo de pedido de reforço efetuado pela Fazenda
Nacional (Resp. 1.127.815-SP):

9. A insuficiência de penhora não é causa bastante para determinar a


extinção dos embargos do devedor, cumprindo ao magistrado, antes
da decisão terminativa, conceder ao executado prazo para proceder
ao reforço, à luz da sua capacidade econômica e da garantia pétrea do
acesso à justiça.
Embargos à Execução Fiscal

Recebimento dos embargos com penhora insuficiente:


TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS DO DEVEDOR. GARANTIA DO JUÍZO. NÃO
COMPROVAÇÃO. REEXAME DE PROVAS. ÓBICE SÚMULA 7/STJ.
1. A Primeira Seção do STJ, ao julgar o REsp 1127815/SP sob o rito do art. 543-C do CPC,
reafirmou que "a jurisprudência desta Corte Superior é remansosa no sentido de que não
se deve obstar a admissibilidade ou apreciação dos embargos à execução pelo simples
fato de que o valor do bem constrito é inferior ao valor exequendo, devendo o juiz
proceder à intimação do devedor para reforçar a penhora". Ressaltou-se, ainda, que "a
insuficiência patrimonial do devedor é a justificativa plausível à apreciação dos
embargos à execução sem que o executado proceda ao reforço da penhora, [...], desde
que comprovada inequivocamente". (AgInt no AREsp 880.003/RS, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/08/2016, DJe 06/09/2016)

Embargos à Execução Fiscal

Ausência de garantia: STJ admite em situações


excepcionais

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. PRAZO


NAS SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS EM QUE A JURISPRUDÊNCIA
AFASTA A NECESSIDADE DE GARANTIA PRÉVIA.

(REsp 1440639/PE, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,


SEGUNDA TURMA, julgado em 02/06/2015, DJe 10/06/2015)
Embargos à Execução Fiscal

Prazo: 30 dias

• A contagem será em dias úteis ou corridos? Aplicação do


art. 212 do CPC-2015?

Art. 212. Os atos processuais serão realizados em dias


úteis, das 6 (seis) às 20 (vinte) horas.
Embargos à Execução Fiscal

Termo inicial para contagem do prazo:

Art. 16 - O executado oferecerá embargos, no prazo de


30 (trinta) dias, contados:
I - do depósito;
II - da juntada da prova da fiança bancária ou do
seguro garantia;
III - da intimação da penhora.
Embargos à Execução Fiscal

Intimação da penhora (art. 16 da LEF) x juntada


de mandado (art. 915 do CPC-2015)

• STJ - Repetitivos – Tema 131:

O termo inicial para a oposição dos Embargos à


Execução Fiscal é a data da efetiva intimação da
penhora, e não a da juntada aos autos do mandado
cumprido.
Embargos à Execução Fiscal

Data do depósito, juntada da fiança bancária ou seguro


garantia x intimação da redução a termo de cada ato?

Resp. 1.254.554-SC:
PROCESSUAL CIVIL. GARANTIA DA EXECUÇÃO POR MEIO DE FIANÇA BANCÁRIA. TERMO
INICIAL DO PRAZO PARA OPOSIÇÃO DE EMBARGOS. INTIMAÇÃO DO EXECUTADO. 1. Não
obstante o art. 16, I, da Lei 6.830/80 disponha que o executado oferecerá embargos no
prazo de 30 (trinta) dias, contados do depósito, a Corte Especial, ao julgar os EREsp
1.062.537/RJ (Rel. Min. Eliana Calmon, DJe de 4.5.2009), entendeu que, efetivado o
depósito em garantia pelo devedor, é aconselhável seja ele formalizado, reduzindo-se a
termo, para dele tomar conhecimento o juiz e o exequente, iniciando-se o prazo para
oposição de embargos a contar da data da intimação do termo, quando passa o devedor
a ter segurança quanto à aceitação do depósito e a sua formalização.
Embargos à Execução Fiscal

Embargos sem a garantia da execução (prazo)

Resp. 1.440.639-PE
PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. PRAZO NAS SITUAÇÕES
EXCEPCIONAIS EM QUE A JURISPRUDÊNCIA AFASTA A NECESSIDADE DE
GARANTIA PRÉVIA. 1. O prazo para oferecer embargos à execução fiscal, nos
casos em que a garantia é expressamente dispensada pelo juízo de execução,
deve ter início na data da intimação da decisão que dispensou a apresentação
de garantia, já que é esse o ato que caracteriza a informação aos atores
processuais da desnecessidade da garantia e a aptidão para embargar, não
havendo a necessidade de, na intimação da dispensa de garantia, se informar
expressamente o prazo para embargar.
Embargos à Execução Fiscal

Efeito Suspensivo:

Art. 919. Os embargos à execução não terão efeito


suspensivo.
§ 1o O juiz poderá, a requerimento do embargante,
atribuir efeito suspensivo aos embargos quando
verificados os requisitos para a concessão da tutela
provisória e desde que a execução já esteja garantida
por penhora, depósito ou caução suficientes.
Embargos à Execução Fiscal

A tese do efeito suspensivo como efeito da própria LEF ganhou


inicialmente alguns adeptos no STJ (Resp. 1.291.923):

4. A interpretação dos artigos 18, 19, 24, inciso I, e 32, § 2º, da LEF
leva à conclusão de que o efeito suspensivo dos embargos à execução
fiscal decorre da sua apresentação. Isso porque tais dispositivos legais
prevêm a realização de procedimentos tendentes à satisfação do
crédito (manifestação sobre a garantia, remissão, pagamento,
adjudicação, conversão de depósito em renda) apenas após o
julgamento dos embargos ou nas hipóteses em que estes não sejam
oferecidos, evidenciando a suspensão do prosseguimento da
execução até o julgamento final dos embargos.
Embargos à Execução Fiscal

Destaca-se também o precedente do STJ, que entendeu pelo


efeito suspensivo automático com base na LEF e no art. 53,
§4º, da Lei nº 8.212/1991 (Resp. 1.178.883/MG):

Art. 53. (...)


§ 4º Não sendo opostos embargos, no caso legal, ou
sendo eles julgados improcedentes, os autos serão
conclusos ao juiz do feito, para determinar o
prosseguimento da execução.
Embargos à Execução Fiscal

• Tese firmada pelo STJ em Recurso Repetitivo (Tema 526 –


Resp. 1.272.827-PE):

A atribuição de efeitos suspensivos aos embargos do


devedor" fica condicionada "ao cumprimento de três
requisitos: apresentação de garantia; verificação pelo juiz
da relevância da fundamentação (fumus boni juris) e
perigo de dano irreparável ou de difícil reparação
(periculum in mora).
O STJ entendeu pela aplicabilidade do Art. 739-A do
CPC/73
Embargos à Execução Fiscal

Efeito suspensivo automático em caso de garantia em


dinheiro, fiança bancária e seguro-garantia:

Equiparação processual (CPC-2015)


Art. 835.
§ 2o Para fins de substituição da penhora, equiparam-se a
dinheiro a fiança bancária e o seguro garantia judicial,
desde que em valor não inferior ao do débito constante da
inicial, acrescido de trinta por cento.
Embargos à Execução Fiscal

Efeito suspensivo automático em caso de garantia em


dinheiro, fiança bancária e seguro-garantia:

Lei nº 6.830/1980
Art. 32 - Os depósitos judiciais em dinheiro serão obrigatoriamente
feitos:
§2º - Após o trânsito em julgado da decisão, o depósito,
monetariamente atualizado, será devolvido ao depositante ou
entregue à Fazenda Pública, mediante ordem do Juízo competente.
Embargos à Execução Fiscal

• Alcance do efeito suspensivo:

Art. 919 (...)


§ 5º A concessão de efeito suspensivo não impedirá a
efetivação dos atos de substituição, de reforço ou de
redução da penhora e de avaliação dos bens.
Embargos à Execução Fiscal

Efeitos da sentença:

• Improcedência: NIC que qualifica definitivamente a


presunção de legitimidade da CDA

• Procedência: insere NIC que se sobrepõe ao título


executivo, desconstituindo-o ou afastando um dos
seus atributos
Exceção de Pré-executividade
Exceção de Pré-Executividade

Conceito:

• reação do executado ao prosseguimento do processo


de execução, comunicando ao magistrado a existência
de questões que impossibilitam o curso da execução

• construção doutrinária (Pontes de Miranda) consagrada


pela jurisprudência.
Exceção de Pré-Executividade

Cabimento:

• Súmula STJ 393 - A exceção de pré-executividade é admissível na


execução fiscal relativamente às matérias conhecíveis de ofício
que não demandem dilação probatória.

• Além das matérias conhecíveis de ofício, também é cabível


para as matérias que não demandam dilação probatória.
Exceção de Pré-Executividade

Cabimento:

Art. 803. É nula a execução se:


I - o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação certa,
líquida e exigível;
II - o executado não for regularmente citado;
III - for instaurada antes de se verificar a condição ou de ocorrer o
termo.
Parágrafo único. A nulidade de que cuida este artigo será
pronunciada pelo juiz, de ofício ou a requerimento da parte,
independentemente de embargos à execução.
Exceção de Pré-Executividade

É possível apresentar a EPE após esgotado o prazo


para embargos à execução (8ª fase do ciclo de
positivação)?

É lícito ao executado arguir nulidades de natureza absoluta em


exceção de pré-executividade (não alegadas anteriormente em
embargos à execução) por configurarem matéria de ordem pública,
não se operando sobre elas a preclusão. (AgRg no REsp 1311658/PR,
Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em
08/05/2012, DJe 15/05/2012)
Questões
Questão 1
• A Fazenda Nacional ajuíza medida cautelar fiscal incidental à
execução fiscal em tramitação em face do contribuinte executado.
Na petição inicial, fundamenta o pedido em um dos incisos do art.
2º da Lei nº 8.397/92 e pleiteia a indisponibilização patrimonial do
contribuinte executado/requerido, nos termos do art. 4º da referida
lei. Além disso, a Fazenda Nacional alega a existência de grupo
econômico de fato entre o executado/requerido e diversas
empresas com as quais possui algum tipo vínculo, tais como relação
de parentesco entre os que integram os quadros sociais, operações
negociais e semelhança de objetos sociais, incluindo essas
empresas no polo passivo da medida cautelar fiscal e também
requerendo contra elas a indisponibilização patrimonial. Esse
pedido é fundamentado no art. 50 do Código Civil e no art. 124, I,
do CTN. Não houve lançamento tributário contra essas empresas,
nem pedido de redirecionamento da execução fiscal. Está correto
o procedimento adotado pela Fazenda Nacional?
Questão 2

• O que se entende por redirecionamento da execução fiscal?


É lícita a imputação de responsabilidade tributária
diretamente na execução fiscal, sem realização de
lançamento tributário em face do responsável? Em caso
positivo, essa possibilidade se estende para todas as
hipóteses de responsabilidade previstas no CTN
(responsabilidade dos sucessores, responsabilidade de
terceiros e responsabilidade por infrações)? A data do fato
desencadeador da responsabilidade tributária – (i) se anterior
ao lançamento tributário, (ii) se posterior ao lançamento
tributário e anterior à execução fiscal e (iii) se posterior à
execução fiscal – é relevante para fins de redirecionamento?
Questão 3

• Em que consiste a inscrição do crédito


tributário em dívida ativa? Trata-se de ato, de
procedimento, ou de ambos? O que se
entende por “dívida ativa regularmente
inscrita” (art. 2º, Lei nº 6.830/80)? Quais são
os efeitos da “dívida ativa regularmente
inscrita”? E se houver irregularidades na
inscrição, quais serão as consequências?
Lançamento
Lançamento
Obrigado!!!
antoniosouza@queirozadv.com.br

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