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Capítulo 7 - CRÉDITO TRIBUTÁRIO E LANÇAMENTO

CRÉDITO E LANÇAMENTO

Não há crédito O crédito decorre da obrigação mas não surge com


sem obrigação. ela. Não há crédito sem obrigação (há crédito
apenas formal, que deve ser extinto por decisão
judicial ou administrativa, no caso de lançamento
indevido).
Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem
a mesma natureza desta.

Não há Lançamento: “procedimento administrativo” que:


crédito sem 1. Declara a ocorrência do FG
lançamento 2. Identifica o sujeito passivo
3. Determina matéria tributável (alíquota e BC)
4. Calcula o montante
5.Propõe aplicação de penalidade
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa
constituir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o
procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do
fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria
tributável, calcular o montante do tributo devido, identificar o sujeito
passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade cabível.

Obs: A doutrina considera o lançamento um ato


administrativo único, e não um procedimento (as
providências preparatórias não configuram atos
isolados), mas devemos nos ater ao CTN.

Natureza y Tem natureza constitutiva do crédito tributário.


mista do O CTN não adotou a tese de que o crédito nasce
lançamento junto com a obrigação.
y Tem natureza declaratória da obrigação:
verifica a ocorrência do FG.
Momento 1: FG Momento 2:
DECORRE Lançamento e crédito
mesma
natureza

HI + FG = Obrigação Lançamento Crédito tributário

DECLARA CONSTITUI

Competência A autoridade administrativa com competência


“privativa” para lançar é aquela definida na lei de cada ente.
para lançar Ex: Na esfera federal, é do AFRFB.
Competência exclusiva: indelegável e inavocável. Ex:
Se um analista fosse chefe de um setor de auditores,
ele não poderia lançar.

Ação penal Nem o juiz pode lançar/corrigir lançamento. Pode


por sonegação proclamar a nulidade.
só após O STF entende que não se pode propor ação penal
lançamento por crime de sonegação antes da conclusão do
procedimento de lançamento pois o juiz não tem
competência para decidir sobre a existência do
crédito tributário.
Em ação questionando critérios de lançamento,
o juiz, na sentença de mérito, deve indicar o
critério a ser seguido, mas não poderá lançar
por arbitramento o valor devido (só a autoridade
fazendária pode). CESPE Correta

Participação A EC20 inseriu possibilidade de que o Judiciário


Justiça do participe ativamente do lançamento do INSS (o
Trabalho no que alguns consideram agressivo à separação dos
lançamento poderes, por adentrar competência exclusiva).
do INSS Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: VIII - a
execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I a
e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir;
A CLT determina que “elaborada a conta pela
parte ou órgãos auxiliares da Justiça do Trabalho,
Lançamento por
o juiz procederá à intimação da União para
homologação manifestação no prazo de 10 dias, sob pena de
Art. 189 §3º preclusão.” (aprovação tácita)
A não manifes- Conclui-se que a manifestação da Receita Federal
tação da União é
exemplo de silêncio
do Brasil (ou ausência dela) consubstancia o
administrativo lançamento, formalizando o crédito tributário.

Declaração O STJ, ignorando a reserva de LC para normas


+ não gerais sobre lançamento, tem considerado válidas
pagamento as leis ordinárias que preveem que a declaração
constitui do sujeito passivo informando um débito, sem o
crédito respectivo pagamento, importa constituição do
crédito tributário, independente de providências do
Fisco. Ex: DCTF, GIA ou outra.

Lançamento Atividade administrativa vinculada e obrigatória


é vinculado (redundante e já decorre da definição de tributo).
Art. 142 § único
Sob pena de responsabilidade funcional.

Legislação CTN Art. 144. “O lançamento reporta-se à data da


material ocorrência do fato gerador da obrigação e rege-se
e formal pela lei então vigente, ainda que posteriormente
aplicável modificada ou revogada.”
O caput fala da
lei material, o §1º
O lançamento tem efeitos retroativos (ex tunc). Por
da lei adjetiva. isso, aplica-se a lei vigente na época do FG do tributo.
No lançamento de multa, aplica-se a lei da
época do FG ou lei posterior mais favorável (salvo
julgamento definitivo ou extinção do crédito).
O caput não explicita, mas refere-se à lei material
(substantiva): FG, BC, sujeito passivo, alíquotas, etc.
Ex: A LC 105/2001 A lei formal (adjetiva, procedimental) aplicável é a
permitiu que
vigente no momento do lançamento:
autoridades fiscais
acessem dados y Critérios de apuração
protegidos por
sigilo bancário.
y Processos de fiscalização
Seu uso na
y Poderes de investigação
apuração de y Maiores garantias ao crédito*
créditos anteriores salvo atribuição de responsabilidade a
a 2001 foi
considerado lícito. terceiros (é lei material).

Impostos com § 2º O disposto neste artigo [no caput] não se aplica aos impostos
lançados por períodos certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe
FG periódico expressamente a data em que o fato gerador se considera ocorrido.

Parágrafo inútil. Ex: A lei editada em 2022 sobre


IPTU aplica-se ao IPTU2022, pois o FG reputa-se
ocorrido 1/1/2023, quando a lei já estará vigente.

Taxa de câmbio O valor tributário (BC) em moeda estrangeira


aplicável é convertido no lançamento, usando o câmbio
ao crédito vigente na data do FG. Não interessa a data de
tributário assinatura do contrato de câmbio ou a data de
em moeda liquidação do contrato (pagamento). Nenhuma
estrangeira diferença de tributo pode ser exigida.
Art. 143. Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor
tributário esteja expresso em moeda estrangeira, no lançamento
far-se-á sua conversão em moeda nacional ao câmbio do dia da
ocorrência do fato gerador da obrigação.

NOTIFICAÇÃO do A notificação confere eficácia ao lançamento.


lançamento y Começam a correr prazos p/ pagar e impugnar*
Alteração do y Presume-se definitivo o lançamento (relativa*)
lançamento
notificado é STJ: A notificação que não preveja prazo para a
excepcional
correspondente impugnação é irregular e acarreta
a nulidade do lançamento.
Excepcionalmente, o lançamento pode ser alterado
depois da notificação.
Art. 145. O lançamento regularmente notificado ao sujeito passivo
só pode ser alterado em virtude de:
I - impugnação do sujeito passivo;
II - recurso de ofício;
III - iniciativa de ofício da autoridade administrativa, nos casos
previstos no artigo 149.

Obs: O CTN esqueceu de incluir o recurso voluntário.

1. Impugnação O procedimento de lançamento pode ter 2 fases:


pelo sujeito y Oficiosa: encerra-se com a notificação.
passivo y Litigiosa: em caso de impugnação
(contraditório diferido).
O pedido de anulação ou alteração de lançamento
(impugnação) é feito ao órgão de jurisdição
administrativa (ex: DRJ - Delegacias da Receita
Federal de Julgamento, na União).

Princípio Impugnação pode resultar em agravamento da


da verdade exigência (reformatio em pejus), com lançamento
material no suplementar. Nesse caso, será devolvido o prazo
processo fiscal para impugnação da parte modificada.

2. “Recurso” É o que se costuma chamar de reexame necessário,


de ofício remessa necessária, duplo grau obrigatório.
Tecnicamente,
recursos são
Se a autoridade julgadora acatar total ou
voluntários, o que parcialmente o pedido, liberando o contribuinte
não é o caso aqui.
de montante acima do valor de alçada, terá que
remeter o processo à 2ª instância (ex: CARF). Tem-se
aí nova possibilidade de alteração do lançamento.

*Recurso O CTN esqueceu que o próprio contribuinte pode


voluntário recorrer ao 2º grau, resultando em alteração de
lançamento.
Iniciativa No exercício da autotutela, verificado um vício, a
de ofício da autoridade deve proceder à revisão do lançamento
autoridade (ou anulação), independente de provocação.
Muito usada quando a impugnação é feita fora
do prazo mas com manifesta razão. Embora
formalmente a impugnação não seja conhecida,
a administração corrige o lançamento, de ofício.
Conclui-se que todo tributo, qualquer que seja sua
modalidade de lançamento originária, pode
eventualmente ser lançado de ofício.

Alteração de O incorreto enquadramento das circunstâncias


critério jurídico objetivas, que não envolve interpretação normativa,
(Erro de direito) é um erro de fato, e sempre justifica a revisão do
lançamento (dentro do prazo decadencial). Ex: o
Fisco considerou a importação de 1 tonelada mas
eram 2 toneladas.
A decisão que modifique critério jurídico aplicável
ao lançamento, vulgo “erro de direito” (nem
sempre é erro), não pode ser aplicada a tributos
já lançados, em prejuízo do sujeito passivo. Obs:
Se a interpretação for mais benéfica, caberá
impugnação do lançamento.
“O erro de direito cometido no lançamento é
imodificável.” (STJ).
Art. 146. A modificação introduzida, de ofício ou em consequência
de decisão administrativa ou judicial, nos critérios jurídicos
adotados pela autoridade administrativa no exercício do
lançamento somente pode ser efetivada, em relação a um
mesmo sujeito passivo, quanto a FG ocorrido posteriormente à sua
introdução.

Classificação STJ impediu revisão do IPTU com base em alteração


de imóveis retroativa de classificação das atividades de
imóveis.
Classificação STJ impediu a revisão de lançamento motivada
fiscal na por erro de direito depois de aceita a classificação
importação feita pelo importador no momento do desembaraço
alfandegário.

MODALIDADES DE 1. De ofício (direto)


LANÇAMENTO Por arbitramento
Da menor para a 2. Por declaração (misto)
maior participação
do sujeito passivo 3. Por homologação (autolançamento)

Lançamento Feito ou revisto pela autoridade, com participação


DE OFÍCIO nula ou quase nula do sujeito passivo, quando:
CTN Art. 149 1. Lei determine; (Ex: IPTU, IPVA, COSIP, taxas)
As demais tratam de correção ou substituição
de lançamento, geralmente mediante auto de
infração, incluindo a penalidade pecuniária.
2. Declaração não é prestada no prazo/forma;
3. Declaração é prestada mas a pessoa deixa de
atender a pedido de esclarecimento;
4. Falsidade, erro ou omissão em elemento de
declaração obrigatória;
5.Omissão ou inexatidão no pagamento de tributo
lançado por homologação;
6. Ação ou omissão que justifique penalidade
7. Dolo, fraude ou simulação
8. Fato não conhecido ou não provado no
lançamento anterior
9. Falta/fraude funcional, omissão de
formalidade
A revisão só pode ser iniciada dentro do prazo
decadencial (enquanto não extinto o direito da
Fazenda)
Lançamento Art. 147. O lançamento é efetuado com base na declaração do
sujeito passivo ou de terceiro, quando um ou outro, na forma da
por DECLARAÇÃO legislação tributária, presta à autoridade administrativa in-
(MISTO) formações sobre matéria de fato, indispensáveis à sua efetivação.
CTN Art. 147
Quando a legislação tributária obriga:
y Sujeito passivo
a prestar
Contribuinte
declaração sobre
Responsável
matéria de fato
y Terceiro
A declaração é obrigação acessória que possibilita
ao fisco aplicar a matéria de direito.

Em desuso Em alguns municípios, o ITBI é lançado por


declaração. ITCMD, em regra é lançado por
declaração.
Antes de 2013, o viajante que trazia bens de
declaração obrigatória informava matéria
de fato (bens) na DBA (Declaração de Bagagem
Acompanhada) e o Fisco classificava-os nos conceitos
de bagagem ou finalidade comercial, calculava o
montante e lançava o II porventura devido.
A IN 1.385 criou a e-DBV (Declaração Eletrônica
de Bens de Viajante), em que o declarante faz o
enquadramento, calcula, transmite a declaração
e, se quiser, antecipa o pagamento. Chegando ao
Brasil, solicita o registro da declaração. Após
registrada, a autoridade fiscal faz o despacho,
com ou sem conferência dos bens. O ato final é o
desembaraço aduaneiro, com efeito homologatório.
Portanto, o II sobre bagagem acompanhada tributo é
lançado por homologação, com a peculiaridade de
a antecipação do pagamento não ser obrigatória.
Retificação da § 1º A retificação da declaração por iniciativa do próprio
declarante, quando vise a reduzir ou a excluir tributo, só é
declaração pelo admissível mediante comprovação do erro em que se funde, e
declarante antes de notificado o lançamento.

A regra é aplicada, por analogia, aos tributos


lançados por homologação, salvo peculiaridades
na legislação de cada tributo. Ex: O IRPJ permite
alteração favorável ao contribuinte até o fim do
prazo de entrega.
O contribuinte pode alterar sua declaração para
reduzir ou excluir tributo, desde que:
y Antes da notificação do lançamento
y Comprove erro
não pode alterar por “escolha infeliz”
Notificado o lançamento, se o declarante verificar
que errou, ainda caberá impugnação pois o CTN
não faz restrições quanto ao tipo de lançamento
que pode ser objeto de impugnação (STJ).

Retificação Erros crassos (favoráveis ou desfavoráveis)


de ofício podem ser corrigidos de ofício pela autoridade,
independente de manifestação do declarante (ex:
declarou como dedutíveis despesas que não o eram,
como tributáveis rendimentos que eram isentos).
§ 2º Os erros contidos na declaração e apuráveis pelo seu exame
serão retificados de ofício pela autoridade administrativa a que
competir a revisão daquela.

Arbitramento Não é modalidade de lançamento. É uma técnica


(técnica prévia que determinar a BC mediante prudente e razoável
a lançamento suposição da autoridade administrativa, sendo o
de ofício) lançamento feito de ofício.
Ex 1: quando o sujeito passivo não informa valores
ou informa valores incompatíveis com o mercado.
Ex 2: Quando, por impossibilidade de encontrar
o valor real ou por determinação legal, usam-se
“pautas fiscais” contendo os “preços normais”.
STJ Súmula 431: É ilegal a cobrança de ICMS com
base no valor da mercadoria submetido ao regime
de pauta fiscal.
A ilegalidade está presente quando a pauta fiscal
é usada como presunção absoluta de valor ou
como pauta de valores mínimos, configurando
arbitramento fora das hipóteses previstas no CTN.
Art. 148. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em consideração, o
valor ou o preço de bens, direitos, serviços ou atos jurídicos, a autoridade lançadora,
mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço, sempre que sejam omissos
ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos prestados, ou os documentos
expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro legalmente obrigado, ressalvada, em caso de
contestação, avaliação contraditória, administrativa ou judicial.

Arbitramento A simples ausência de escrita fiscal regular não


não é punição justifica o lançamento por arbitramento, pois a
técnica não tem natureza punitiva. Sendo possível,
o valor exato deve ser usado, sem prejuízo das
penalidades cabíveis.

Lançamento Não é “autolançamento”. O lançamento opera-se


por pelo ato de homologação do pagamento antecipado.
HOMOLOGAÇÃO Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto
(AUTOLANÇAMENTO) aos tributos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever
de antecipar o pagamento sem prévio exame da autoridade
Ex: ISS, IRPJ
administrativa, opera-se pelo ato em que a referida autoridade,
tomando conhecimento da atividade assim exercida pelo
obrigado, expressamente a homologa.

Imprecisão A homologação extingue o crédito e não o


do CTN pagamento. Redação infeliz do CTN:
§ 1º O pagamento antecipado pelo obrigado nos termos deste
artigo extingue o crédito, sob condição resolutória da ulterior
homologação ao lançamento.
§ 2º Não influem sobre a obrigação tributária quaisquer atos anteriores à homologação,
praticados pelo sujeito passivo ou por terceiro, visando à extinção total ou parcial do
crédito.
§ 3º Os atos a que se refere o parágrafo anterior serão, porém, considerados na apuração
do saldo porventura devido e, sendo o caso, na imposição de penalidade, ou sua
graduação.
por exemplo, se o contribuinte fizer pagamentos
suplementares.

Homologação Decadência: Se em 5 anos* a Fazenda não o


expressa ou fizer expressamente, considera-se homologado o
tácita, em pagamento e extinto o crédito, exceto nos casos de
5 anos fraude, simulação e dolo.
§ 4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco
anos, a contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo
sem que a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se
homologado o lançamento e definitivamente extinto o crédito,
salvo se comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

Somente LC nacional pode fixar prazo diferente.


Por isso o STF considerou inconstitucional LO que
dobrou os prazos de prescrição e decadência das
contribuições de seguridade.
Súmula vinculante 8: São inconstitucionais o parágrafo único
do artigo 5º do Decreto-Lei 1.569/1977 e os artigos 45 e 46 da Lei
8.212/1991, que tratam da prescrição e decadência do crédito
tributário.

Serão aplicadas as regras do lançamento de ofício:


y Em caso de dolo, fraude, simulação;
y Se não houver a antecipação do pagamento
(STJ: a homologação não pode incidir sobre o
nada)

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