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CRÉDITO TRIBUTÁRIO
E quando nasce a obrigação tributária, ela não é líquida, não está certa, não está
passível de cobrança. Logo, a obrigação tributária nesta fase não é exigível. Portanto,
precisa ser quantificada, precisa ser especificada com relação aos seus aspectos,
colocado o seu vencimento, dizer quem é o sujeito passivo, e é isso que o lançamento
faz. Desta forma, surge a necessidade de se instaurar um procedimento oficial para
formalmente declarar a ocorrência do fato gerador, a definição dos seus elementos e a
constituição da obrigação tributária para constituir o crédito tributário. Sendo assim,
com a constituição do crédito tributário, a obrigação tributária é tornada líquida e
certa, perfeitamente exigível. Veja o que diz o art. 142 do Código Tributário Nacional
(CTN).
Neste segundo momento, tenha muito claro em sua mente a seguinte concepção: o fato
gerador é causa do nascimento da obrigação tributária, ao passo que o lançamento faz
nascer o crédito tributário.
Veja, o crédito tributário nada mais é do que a obrigação tributária tornada líquida e
certa. É por isso que o art. 139 do CTN diz que o crédito tributário decorre da
obrigação tributária: “Art. 139. O crédito tributário decorre da obrigação principal e
tem a mesma natureza desta”.
Não obstante, existem situações que modificam o crédito tributário, mas que não
alteram a obrigação tributária. Vejam o que diz o art. 140 do CTN.
Art. 140. As circunstâncias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou seus
efeitos, ou as garantias ou os privilégios a ele atribuídos, ou que excluem sua
exigibilidade não afetam a obrigação tributária que lhe deu origem.
Nesta esteira, é seguido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) o mesmo entendimento
de que “o crédito tributário não surge com o fato gerador. Ele é constituído com o
lançamento” (STJ – REsp. nº 250. 306/DF, rel. Min. Garcia Vieira, Primeira Turma,
julgado em 06.06.2000, DJe 01.08.2000).
Sendo assim, com relação à natureza jurídica, é importante mencionar que, embora o
CTN tenha adotado a natureza constitutiva para o procedimento do lançamento, por
outro lado, o legislador adotou a natureza declaratória para a obrigação tributária.
Portanto, prevalece na doutrina que o lançamento tributário tem natureza jurídica
mista, ou seja, ele constitui o crédito tributário ao passo que declara a existência da
obrigação tributária.
Por fim, o lançamento é um ato não autoexecutório. Não basta realizar o lançamento
e, portanto, quantificar e tornar líquida e certa a obrigação tributária para que o ente
político possa cobrar o crédito tributário. Tem todo um procedimento que deve ser
respeitado e, por isso, deve haver inscrição em dívida ativa e ajuizamento de execução
fiscal para tornar esse crédito exequível. No entanto, é comum encontrar na doutrina
que o lançamento é autoexecutório, e sim o é, pois não há lançamento; a autoridade
administrativa realiza o lançamento por si só e não precisa da chancela do Poder
Judiciário ou de outro órgão; porém, neste momento estamos tratando a
autoexecutoriedade no sentido de cobrança do crédito tributário.
§ 2º O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos certos de
tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o fato gerador se
considera ocorrido.
Não é por outro motivo que o art. 143 do CTN manda usar a taxa de câmbio do dia do
fato gerador, porque isso que é relevante. Não se usa taxa de câmbio do dia do
lançamento, ou do dia que você realizou o contrato ou que se fez o pagamento, porque
se usa a lei vigente no momento da ocorrência do fato gerador.
Art. 143. Salvo disposição de lei em contrário, quando o valor tributário esteja expresso
em moeda estrangeira, no lançamento far-se-á sua conversão em moeda nacional ao
câmbio do dia da ocorrência do fato gerador da obrigação.
Um caso peculiar é a aplicação de penalidade. Neste caso, a lei mais benigna retroage
por determinação do art. 106, inciso II, do CTN. Nesse sentido, permite a retroatividade
de uma lei benigna.
Assim, com relação aos aspectos formais do lançamento tributário, incidirá a lei
posterior ao fato gerador da obrigação. Com relação a novos critérios de apuração, a
processos de fiscalização e a outorga de maiores garantias e privilégios, será
usada a lei posterior ao fato gerador, não se tratando de uma ofensa ao princípio da
irretroatividade.
Neste sentido, o STF compreendeu que devem ser observados os seguintes requisitos:
pertinência temática entre a obtenção das informações bancárias e o tributo objeto de
cobrança no procedimento administrativo; prévia notificação do contribuinte sobre o
processo; sujeição do pedido de acesso a um superior hierárquico; existência de
sistemas eletrônicos que certifiquem o registro de acesso e estabeleçam mecanismo de
apuração e correição de desvios.