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DIREITO TRIBUTÁRIO

Marcelo
IMPOSTOS EM ESPÉCIE Ribeiro

Prof. dr. Marcelo


Ribeiro
Revisão elementar
Conceitos
FORMAÇÃO DO TRIBUTO
• Hipótese de Incidência: é a descrição abstrata de um fato que,
quando concretizado, obriga o pagamento do tributo. A hipótese de
incidência possui dois aspectos:
• Material: é o núcleo da hipótese de incidência, ou seja, a ação ou
situação que gerará a obrigação tributária. Exemplo: a venda de
mercadorias.
• Espacial e Temporal: são os limites dentro dos quais a situação
descrita deve ocorrer para que o tributo seja devido. Exemplo: a venda
de mercadorias dentro do território brasileiro em uma data específica.
FORMAÇÃO DO TRIBUTO

• Hipótese de Incidência:
• CTN: A hipótese de incidência não é descrita
explicitamente no CTN, mas está ligada ao conceito de
fato gerador.
• CF/88: Não há um artigo específico na Constituição
referente à hipótese de incidência.
FORMAÇÃO DO TRIBUTO
• Fato Gerador: é a realização concreta da hipótese de incidência.
Quando a situação prevista na hipótese de incidência acontece na
realidade, ocorre o fato gerador, e o tributo passa a ser devido.
Exemplo: a venda efetiva de um carro novo.
• Base de Cálculo: representa a grandeza econômica sobre a qual
incidirá a alíquota para calcular a quantia devida. Serve como uma
medida para quantificar a obrigação tributária. Exemplo: na
cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), a base de
cálculo é o valor da operação.
FORMAÇÃO DO TRIBUTO
• Fato Gerador:
• CTN: Artigos 114 a 118.
• CF/88: A Constituição não detalha especificamente o fato gerador, mas
estabelece competências tributárias e princípios que orientam a criação de
tributos.
• Base de Cálculo:
• CTN: Artigos 20, 24, 25, 33, 38, 44, 47, 64 e 69.
• CF/88: A Constituição estabelece diretrizes gerais para a base de cálculo,
como nos artigos 40, X; 145, § 2º; 150, §§ 1º e 6º; 155, XI etc.
FORMAÇÃO DO TRIBUTO
• Alíquota: é o percentual ou valor fixo que será aplicado sobre a base
de cálculo para determinar o valor do tributo a ser pago. Exemplo: a
alíquota do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) varia de acordo
com a renda, podendo ser de 7,5%, 15%, 22,5% ou 27,5%.
• Sujeito Ativo: é a pessoa jurídica de direito público, seja União,
Estados, Municípios ou Distrito Federal, com competência para
exigir o tributo. Exemplo: A União é o sujeito ativo na cobrança do
Imposto de Renda.
FORMAÇÃO DO TRIBUTO
• Alíquota:
• CTN: Não há um artigo específico tratando de alíquotas, mas elas são
estabelecidas nas leis que regem cada tributo.
• CF/88: Alguns dispositivos tratam das alíquotas, como os artigos 150, I e
153, §1º.
• Sujeito Ativo:
• CTN: Artigos 119 e 120.
• CF/88: Artigos 153 a 156, que estabelecem as competências de cada ente
federativo para instituir tributos.
FORMAÇÃO DO TRIBUTO
• Sujeito Passivo: é a pessoa obrigada ao pagamento do tributo.
Pode ser o contribuinte, que tem relação direta com o fato
gerador, ou o responsável, que, sem ter relação direta, é
obrigado por lei ao pagamento. Exemplo: o proprietário de um
imóvel é o sujeito passivo do IPTU.
• Consequência Jurídica: refere-se às obrigações que surgem
com a ocorrência do fato gerador, como o dever de pagar o
tributo.
FORMAÇÃO DO TRIBUTO
• Sujeito Passivo:
• CTN: Artigos 121 e 122.
• CF/88: A Constituição não detalha especificamente o sujeito passivo, deixando essa
matéria para ser regulamentada pelo CTN e outras leis complementares.
• Consequência Jurídica:
• CTN: A consequência jurídica está relacionada à obrigação principal descrita no Artigo
113.
• CF/88: Não há um dispositivo específico na Constituição sobre a consequência
jurídica dos tributos, mas o princípio da legalidade (Art. 150, I) e outros princípios
constitucionais fornecem a base legal para essa consequência.
FORMAÇÃO DO TRIBUTO
• Obrigação tributária: é uma relação jurídica em que uma parte (sujeito ativo, geralmente o
Estado) tem o direito de exigir o cumprimento de determinada prestação por outra parte (sujeito
passivo, ou seja, o contribuinte ou responsável).
• CTN: A obrigação tributária está definida no Artigo 113. A obrigação principal é detalhada no § 1º, e a
obrigação acessória, no § 2º do mesmo artigo.
• CF/88: A Constituição não detalha especificamente a obrigação tributária, mas estabelece os princípios
gerais do sistema tributário nos Artigos 145 a 162.
• Esta obrigação pode ser principal ou acessória:
• Obrigação Principal: É a obrigação de pagar o tributo ou penalidade pecuniária. A obrigação principal
surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e
extingue-se, juntamente com o crédito dela decorrente, pelo pagamento.
• Exemplo: Se uma empresa vende um produto, ela tem a obrigação principal de recolher o ICMS (Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) relativo a essa venda.
FORMAÇÃO DO TRIBUTO
• Esta obrigação pode ser principal ou acessória:
• Obrigação Principal: É a obrigação de pagar o tributo ou penalidade
pecuniária. A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem
por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se,
juntamente com o crédito dela decorrente, pelo pagamento.
• Exemplo: Se uma empresa vende um produto, ela tem a obrigação principal
de recolher o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços)
relativo a essa venda.
FORMAÇÃO DO TRIBUTO
• Obrigação Acessória: Decorre da legislação tributária e tem por objeto as
prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou
da fiscalização dos tributos.

• Exemplo: A mesma empresa também tem obrigações acessórias, como a de


emitir a nota fiscal correspondente à venda e mantê-la arquivada pelo período
determinado pela legislação, fornecendo-a aos órgãos fiscais quando solicitado.
FORMAÇÃO DO TRIBUTO
• O lançamento tributário: é o procedimento administrativo realizado
pelo sujeito ativo da obrigação tributária (a autoridade fiscal) pelo qual
se verifica a ocorrência do fato gerador, identifica-se o sujeito
passivo, determina-se a base de cálculo, apura-se o montante do
tributo devido, e, se for o caso, aplica-se penalidade. É por meio do
lançamento que a obrigação tributária torna-se líquida e certa.
FORMAÇÃO DO TRIBUTO
• O lançamento pode acontecer de três maneiras diferentes:
• Lançamento de Ofício: a autoridade fiscal verifica, de ofício, a ocorrência do
fato gerador, identifica o sujeito passivo, e calcula o montante do tributo.
• Lançamento por Declaração: o sujeito passivo ou terceiro presta à autoridade
administrativa informações necessárias para calcular o tributo, como uma
declaração de rendimentos, e a autoridade efetua o lançamento.
• Lançamento por Homologação: o próprio sujeito passivo, ou responsável,
calcula e paga o tributo sem prévio exame da autoridade administrativa, cabendo a
esta homologar o procedimento.
FORMAÇÃO DO TRIBUTO
• Artigos Correspondentes no CTN:
• Artigo 142: Estabelece o conceito e o procedimento de lançamento.
• Artigo 149: Trata da revisão do lançamento.
• Artigos 145 a 150: Detalham as modalidades de lançamento.

• Artigos Correspondentes na CF/88:


• Não existe um artigo específico na Constituição Federal de 1988 que detalhe o procedimento de
lançamento tributário. O lançamento é uma matéria regulamentada pelo Código Tributário
Nacional.
FORMAÇÃO DO TRIBUTO
• Exemplo:
• Lançamento do Imposto de Renda: No caso do Imposto de Renda Pessoa Física
(IRPF), há um lançamento por declaração. O contribuinte preenche a declaração
anual de ajuste, fornecendo todas as informações necessárias para calcular o
imposto devido. Com base nessa declaração, a Receita Federal verifica as
informações e efetua o lançamento, determinando o valor a ser pago ou restituído.
• O lançamento, portanto, é uma etapa crucial no processo de arrecadação
tributária, pois dá forma à obrigação tributária e permite a sua exigibilidade.
É regulamentado principalmente pelo CTN, seguindo os princípios gerais do
sistema tributário estabelecidos na Constituição.
FORMAÇÃO DO TRIBUTO
• O crédito tributário: ele corresponde ao direito da Fazenda Pública
de exigir o pagamento do tributo ou da penalidade pecuniária, após o
lançamento. Ele surge como consequência da obrigação tributária
principal e agrega também atualizações, juros e penalidades, quando
aplicáveis.
• O crédito tributário formaliza a exigibilidade do tributo, e sua
constituição ocorre com o lançamento, que é o ato administrativo que
verifica a ocorrência do fato gerador, identifica o sujeito passivo,
determina a base de cálculo, e apura o valor do tributo devido.
FORMAÇÃO DO TRIBUTO
• Artigos Correspondentes no CTN:
• Artigo 139: Define o conceito de crédito tributário.
• Artigos 142 a 150: Estabelecem o procedimento de lançamento que constitui o
crédito tributário.
• Artigos 151 e 156: Detalham as modalidades de suspensão, extinção e exclusão do
crédito tributário.
• Artigos Correspondentes na CF/88:
• A Constituição Federal não aborda explicitamente o crédito tributário, mas os
princípios constitucionais que regem a tributação fornecem a base jurídica para a
constituição e execução do crédito tributário.
FORMAÇÃO DO TRIBUTO
• Exemplo:
• Crédito Tributário do ICMS: imagine uma empresa que realizou vendas sujeitas ao
ICMS. Após verificar a ocorrência do fato gerador (circulação de mercadorias), a
autoridade fiscal identifica a empresa como sujeito passivo, determina a base de
cálculo e apura o valor do ICMS devido. Esse processo constitui o crédito tributário
relativo ao ICMS, que a Fazenda Pública tem o direito de exigir. Se a empresa não
pagar o tributo no prazo, o crédito tributário poderá ser acrescido de juros, multa e
atualizações.
• O Artigo 155, II, da Constituição Federal de 1988 e o Artigo 12 da Lei Complementar
nº 87/1996 (Lei Kandir) estabelecem o ICMS e delineiam seu fato gerador.
FORMAÇÃO DO TRIBUTO
• Em resumo, o crédito tributário é a formalização do direito de exigir o
pagamento de um tributo, e sua constituição acontece com o
lançamento. A regulação detalhada dessa matéria está contida no CTN,
e ela está em conformidade com os princípios constitucionais
estabelecidos na CF/88.
TRIBUTO
• Conceito: tributo é toda prestação pecuniária compulsória,
em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não
constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada
mediante atividade administrativa plenamente vinculada
(art. 3º do CTN).
• Espécies de tributo: I) impostos, II) taxas, III)
contribuições de melhoria, IV) empréstimos compulsórios
e V) contribuições especiais.
ESPÉCIES DE TRIBUTO
• IMPOSTO
• Conceito: o imposto é a espécie de tributo cujo fato gerador é uma situação
totalmente desvinculada de qualquer atividade estatal específica relativa ao
contribuinte, por isso, o imposto é considerado um tributo não vinculado.
• Assim, o fato gerador de um imposto não pode estar relacionado a qualquer
atividade prestada pelo Estado, como limpeza urbana, segurança,
saneamento básico etc., devendo se relacionar à própria atividade do
contribuinte, como auferir renda (IR), transferir um bem (ITCMD, ITBI),
ser proprietário de alguma coisa (IPTU, IPVA, ITR) etc.
IMPOSTOS FEDERAIS – ART. 153 e 154 CF88

• Os impostos federais no Brasil são aqueles de competência da União,


estabelecidos na Constituição Federal de 1988 (CF/88) e detalhados no
Código Tributário Nacional (CTN).
• Imposto de Importação (II)
• CF/88: Artigo 153, I
• CTN: Artigo 19
• Imposto de Exportação (IE)
• CF/88: Artigo 153, II
• CTN: Artigo 23

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IMPOSTOS FEDERAIS – ART. 153 e 154 CF88

• Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)


• CF/88: Artigo 153, IV
• CTN: Artigo 46
• Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR)
• CF/88: Artigo 153, III
• CTN: Artigo 43
• Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou Relativas a Títulos
ou Valores Mobiliários (IOF)
• CF/88: Artigo 153, V
• CTN: Não há artigo específico no CTN detalhando o IOF, mas ele é regulamentado por
outras leis federais.
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IMPOSTOS FEDERAIS – ART. 153 e 154 CF88

• Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR)


• CF/88: Artigo 153, VI
• CTN: Artigo 29
• Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF)
• CF/88: Artigo 153, VII
• CTN: O IGF ainda não foi regulamentado e, portanto, não há artigos
correspondentes no CTN.
• Obs.: esses são os impostos federais brasileiros, cada um com sua respectiva base
legal na Constituição e no Código Tributário Nacional, exceto no caso do IOF e
IGF, que têm situações particulares conforme mencionado.
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IMPOSTOS FEDERAIS – ART. 153 e 154 CF88

• Art. 154. A União poderá instituir:


I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não-
cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta
Constituição;
Nota: Essa disposição dá flexibilidade à União para criar impostos
adicionais quando necessário, mas com certas restrições, de modo a evitar a
"bitributação" ou a "cumulatividade" dos impostos.
Exemplo Prático:
Suponha que o governo federal identifique a necessidade de um novo imposto para financiar um
projeto de infraestrutura específico. A União poderia, por meio de lei complementar, instituir
esse imposto, desde que ele não seja cumulativo e que os contribuintes possam compensar o
valor pago com outros tributos devidos em situações como exportações, operações
interestaduais e intermunicipais, ou em relação a um incentivo fiscal concedido.

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IMPOSTOS FEDERAIS – ART. 153 e 154 CF88

• Art. 154. A União poderá instituir:


II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou
não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as
causas de sua criação.
Exemplo Histórico:
Não há registro na história recente do Brasil de aplicação direta desta disposição constitucional.
O país não se envolveu em guerras externas significativas desde a promulgação da Constituição
de 1988, e, portanto, essa autorização específica para impostos extraordinários em tempos de
guerra não foi exercida.
Durante as épocas de conflitos significativos, como a Guerra do Paraguai (1864-1870) e as
duas Guerras Mundiais, o Brasil estava sob diferentes constituições. Vamos explorar as
situações em que impostos extraordinários podem ter sido aplicados:

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IMPOSTOS FEDERAIS – ART. 154 CF88 - História

• Guerra do Paraguai: Durante este conflito, o Brasil estava sob a Constituição de


1824. A guerra foi muito custosa, e o governo brasileiro recorreu a diversas medidas
para financiar o esforço de guerra, incluindo empréstimos e aumento de impostos
existentes. Não havia, na Constituição de 1824, uma disposição específica para
impostos extraordinários em tempos de guerra, mas o governo tinha amplos poderes
para aumentar a receita tributária.
• Primeira Guerra Mundial: Durante a Primeira Guerra Mundial, o Brasil estava sob a
Constituição de 1891. A participação do Brasil foi limitada, e o país não se envolveu
em combates diretos. Não há evidências de impostos extraordinários sendo criados sob
a Constituição de 1891 para financiar a participação do Brasil na Primeira Guerra
Mundial.
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IMPOSTOS FEDERAIS – ART. 154 CF88 - História

• Segunda Guerra Mundial: Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil


estava sob a Constituição de 1937 (outorgada durante o Estado Novo). A
participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial foi mais substancial, e o
governo brasileiro se engajou em um esforço significativo de mobilização. A
Constituição de 1937, no entanto, não continha uma disposição específica sobre
impostos extraordinários em tempos de guerra. Mesmo assim, o governo de
Getúlio Vargas tomou várias medidas econômicas e fiscais para apoiar o esforço
de guerra, mas sem uma base constitucional expressa para impostos
extraordinários.

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IMPOSTOS FEDERAIS – ART. 154 CF88 - História

• Em resumo, enquanto o Brasil tomou várias medidas fiscais durante esses


períodos de conflito para aumentar a receita e financiar o esforço de guerra, não
parece haver uma base constitucional expressa para impostos extraordinários em
tempos de guerra nas constituições vigentes nessas épocas. A disposição atual na
Constituição de 1988 reflete uma abordagem mais moderna, estabelecendo uma
base legal clara para essa ação extraordinária, caso seja necessária no futuro.

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DOS IMPOSTOS DOS
ESTADOS E DO DISTRITO
FEDERAL
As espécies
IMPOSTOS EM ESPÉCIE – UF - ART. 155 CF88

• Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doações (ITCMD);


• Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS);
• Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

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IMPOSTOS EM ESPÉCIE – MUNICIPAIS – ART. 156
CF88

• Impostos sobre Propriedade Predial e Territorial Urbana


(IPTU);
• Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI);
• Imposto sobre Serviços (ISS).

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TAXA
• Conceito: as taxas são espécies de tributo diretamente
relacionadas à atuação da Administração Pública
(tributo vinculado), podendo ser criadas pela União,
pelos Estados, pelo Distrito Federal e pelos Municípios
em duas hipóteses:
• Taxa de polícia ou fiscalização
• Taxa de serviço
TAXA
• Taxa de polícia ou fiscalização
O fato gerador decorre do exercício regular do poder de polícia, como no caso
da licença de pesca e de alvará de funcionamento de certos estabelecimentos.
• Taxa de serviço
O fato gerador é a utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e
divisível prestado ao contribuinte ou posto a sua disposição. O serviço público,
portanto, deve específico, isto é, de natureza precisamente estipulada (o
contribuinte sabe para qual serviço a taxa está sendo recolhida) e ainda divisível
(uti singuli), ou seja, passível de gozo individualizado por cada contribuinte.
TAXA
• Taxa de serviço
• Não pode cobrar taxa de iluminação pública, segurança pública e limpeza
pública.
• Pode cobrar taxa de serviço de coleta domiciliar de lixo.
• Pode cobrar custas, emolumentos e taxas judiciárias, porque estes têm
natureza jurídica de taxa de serviço.
TAXA
• Taxa de serviço
• Base de cálculo: as taxas não podem ter base de cálculo própria de impostos. Entretanto, deve-se
ressaltar que, ao analisar a possibilidade de cobrança de taxa de coleta de lixo com base na
metragem do imóvel, o Supremo Tribunal Federal sedimentou posicionamento no sentido de que é
possível a utilização de um ou mais elementos da base de cálculo de determinado imposto para
taxa, sendo vedada apenas a integral identidade entre uma base de cálculo e outra, conforme
Súmula Vinculante n.º 29.
• Súmula Vinculante 29: “É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais
elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral
identidade entre uma base e outra”.
TAXA
• Exemplo prático da Súmula 29 do STF
• Um exemplo prático da Súmula Vinculante 29 do STF é a taxa de coleta de lixo domiciliar. Essa taxa é
cobrada dos contribuintes em função do volume de lixo gerado por eles. O volume de lixo gerado é também
um elemento da base de cálculo do IPTU, que é um imposto. No entanto, a base de cálculo da taxa de coleta
de lixo não é idêntica à base de cálculo do IPTU. A taxa de coleta de lixo leva em consideração apenas o
volume de lixo gerado, enquanto o IPTU leva em consideração também o valor venal do imóvel.
• Outro exemplo prático é a taxa de licença para funcionamento de estabelecimento comercial. Essa taxa é
cobrada dos contribuintes em função do tamanho do estabelecimento. O tamanho do estabelecimento é um
elemento da base de cálculo do IPTU, que é um imposto. No entanto, a base de cálculo da taxa de licença
para funcionamento não é idêntica à base de cálculo do IPTU. A taxa de licença para funcionamento leva em
consideração apenas o tamanho do estabelecimento, enquanto o IPTU leva em consideração também o valor
venal do imóvel.
TAXA
• Exemplo prático da Súmula 29 do STF
• Em ambos os casos, a utilização de um elemento da base de cálculo de um imposto no cálculo de
uma taxa é constitucional, desde que não haja integral identidade entre as bases de cálculo. No
caso da taxa de coleta de lixo, o volume de lixo gerado é um elemento da base de cálculo do IPTU,
mas não é o único elemento. No caso da taxa de licença para funcionamento, o tamanho do
estabelecimento é um elemento da base de cálculo do IPTU, mas não é o único elemento.
• A Súmula Vinculante 29 do STF tem como objetivo evitar que as taxas sejam utilizadas como
forma de disfarçar a cobrança de impostos. A súmula estabelece que a base de cálculo de uma taxa
deve estar relacionada ao serviço prestado pelo Estado ao contribuinte. O uso de um elemento da
base de cálculo de um imposto no cálculo de uma taxa pode ser considerado inconstitucional
se a base de cálculo for idêntica.
TAXA vs TARIFA
Taxa versus Tarifa: as taxas derivam do exercício do poder de polícia ou da prestação de serviço
público e são compulsoriamente cobradas por força de lei. Já as tarifas decorrem da atuação do
Estado ou de terceiros, como concessionárias de serviço público, no desempenho de atividade
econômica, sendo o seu pagamento facultativo, já que prevalece a autonomia do particular em
contratar o serviço (tarifa postal, de transportes, telefônica, de gás, de fornecimento de água, de
energia, etc.). As tarifas, portanto, não são tributos.
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA
Conceito (art. 145 da CF e art. 81 do CTN): o fato gerador da contribuição de melhoria é a
valorização do imóvel em decorrência de obra pública. Trata-se de tributo também vinculado a uma
atividade estatal (obra pública), mas vinculado indiretamente, já que, além da obra pública, deve
haver a valorização do imóvel.
O Valor cobrado a título de contribuição de melhoria possui dois limites: a) limite global: não pode
ser arrecadado um valor global superior ao limite da obra e b) limite individual: corresponde à
valorização do imóvel do contribuinte.
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA
Exemplo prático
Um exemplo prático de contribuição de melhoria é a construção de uma nova avenida em uma
rua que antes era sem saída. A obra pública aumenta o valor dos imóveis localizados ao longo da
nova avenida, pois esses imóveis passam a ter uma melhor localização e acesso.
Neste caso, o fato gerador da contribuição de melhoria é a valorização dos imóveis, que é
decorrente da obra pública. A base de cálculo da contribuição de melhoria é o valor da valorização
imobiliária, que é apurado por meio de avaliação técnica. O contribuinte da contribuição de
melhoria é o proprietário do imóvel que foi valorizado pela obra pública.
CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA
Continuação...
A contribuição de melhoria é cobrada pelo Poder Público, que é o responsável pela obra pública. A
cobrança da contribuição de melhoria é feita por meio de um lançamento tributário, que é um
ato administrativo que identifica o contribuinte, a base de cálculo e o valor do tributo.
No caso da construção da nova avenida, o Poder Público poderia cobrar uma contribuição de
melhoria dos proprietários dos imóveis localizados ao longo da nova avenida. O valor da
contribuição de melhoria seria calculado com base na diferença entre o valor do imóvel antes da
obra e o valor do imóvel após a obra.
A contribuição de melhoria é um tributo constitucional, que está previsto no art. 145, inciso III, da
Constituição Federal. A contribuição de melhoria tem como objetivo ressarcir o Poder Público dos
gastos realizados com a obra pública.
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO

• Conceito: é tributo transitório de competência exclusiva da União, podendo ser criado apenas
mediante lei complementar nas hipóteses expressamente previstas no art. 148 da CF/88: 1)
despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua
iminência (não precisa respeitar o princípio da anterioridade) e 2) investimento público de
caráter urgente e de relevante interesse nacional (Deve respeitar o princípio da anterioridade).
• Restituição: os empréstimos compulsórios são restituíveis, ou seja, finalizada a situação que
justificou a sua criação, os recursos obtidos deverão ser restituídos em dinheiro para os
contribuintes, devendo a lei complementar fixar obrigatoriamente o prazo do empréstimo e as
condições de seu resgate (art. 15, parágrafo único, do CTN).
EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
• Um exemplo prático de empréstimo compulsório ocorrido no Brasil foi a criação do empréstimo
compulsório sobre o consumo de energia elétrica, instituído pela Lei nº 4.156/1962. O empréstimo
compulsório foi criado para financiar a expansão do setor elétrico brasileiro e foi inicialmente
previsto para vigorar por 10 anos. O empréstimo compulsório era cobrado dos consumidores de
energia elétrica com consumo mensal igual ou superior a 2.000 kWh.
• Os recursos obtidos com o empréstimo compulsório foram utilizados para financiar a construção
de novas usinas hidrelétricas e linhas de transmissão, o que contribuiu para o desenvolvimento do
setor elétrico brasileiro.
• A restituição do empréstimo compulsório foi feita de forma gradual, ao longo de um período de 10
anos. Os consumidores receberam um crédito na conta de luz, correspondente à parcela do
empréstimo compulsório que havia sido paga.
• A restituição do empréstimo compulsório foi finalizada em 1984.
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS

• Nos termos do art. 149 da CF/88, a União possui competência exclusiva para instituir as
contribuições especiais, ressalvado o disposto no § 1º do art. 149 da CF/88 que estabelece que os
Estados, os Municípios e o Distrito Federal devem instituir contribuição para o custeio do
regime de previdência próprio de seus servidores, bem como o estabelecido no art. 149-A, que
trata da contribuição para o custeio do serviço de iluminação pública (CIP ou COSIP), de
competência exclusiva dos Municípios e do Distrito Federal.
• As contribuições especiais mais importantes para a prova da OAB/FGV são: 1) contribuições
sociais, 2) contribuições de intervenção no domínio econômico (CIDE), 3) contribuições de
interesse das categorias profissionais ou econômicas (contribuições profissionais ou
corporativas) e 4) contribuição para custeio do serviço de Iluminação Pública.
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS vs CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

• A contribuição de melhoria e a contribuição especial são tributos


vinculados a uma atividade estatal, mas apresentam diferenças
importantes.
• A contribuição de melhoria é um tributo que tem como fato gerador a valorização
imobiliária decorrente de obra pública. O objetivo da contribuição de melhoria é ressarcir o
Poder Público dos gastos realizados com a obra pública.
• A contribuição especial é um tributo que tem como fato gerador a utilização, efetiva ou
potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, prestados ao contribuinte ou postos à
sua disposição. O objetivo da contribuição especial é remunerar o Poder Público pelos
serviços prestados.
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS vs CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

• As principais diferenças entre as duas contribuições são:


• Fato gerador: O fato gerador da contribuição de melhoria é a valorização imobiliária decorrente de obra
pública, enquanto o fato gerador da contribuição especial é a utilização, efetiva ou potencial, de serviços
públicos específicos e divisíveis.
• Destinação: A contribuição de melhoria tem como objetivo ressarcir o Poder Público dos gastos
realizados com a obra pública, enquanto a contribuição especial tem como objetivo remunerar o Poder
Público pelos serviços prestados.
• Base de cálculo: A base de cálculo da contribuição de melhoria é o valor da valorização imobiliária,
enquanto a base de cálculo da contribuição especial é o valor do serviço público prestado ou posto à
disposição do contribuinte.
• Contribuinte: O contribuinte da contribuição de melhoria é o proprietário do imóvel que foi valorizado
pela obra pública, enquanto o contribuinte da contribuição especial é a pessoa que utiliza ou usufrui do
serviço público.
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS vs CONTRIBUIÇÃO DE MELHORIA

• Exemplos:
• Contribuição de melhoria: A construção de uma nova avenida em uma rua que antes era sem
saída aumentaria o valor dos imóveis localizados ao longo da nova avenida. O Poder Público
poderia cobrar uma contribuição de melhoria dos proprietários dos imóveis que foram valorizados
pela obra pública.
• Contribuição especial: A coleta de lixo domiciliar é um serviço público específico e divisível. O
Poder Público poderia cobrar uma contribuição especial dos moradores de um bairro que utilizam
o serviço de coleta de lixo domiciliar.
• Em resumo, a contribuição de melhoria é um tributo que ressarcir o Poder Público dos gastos
realizados com uma obra pública que valorizou imóveis, enquanto a contribuição especial é um
tributo que remunera o Poder Público pelos serviços públicos específicos e divisíveis que são
utilizados ou usufruídos pelos contribuintes.
COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA

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