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DIREITO TRIBUTÁRIO – REVISÃO AV1

Prof. Darlan Moulin – E-mail: darlan.moulin@estacio.br

TRIBUTO E ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS

• Tributo é um dever fundamental. É parcela do contrato social (parcela da riqueza). Tributo é exercício de cidadania (consciência fiscal);

• Conceito legal de tributo: art. 3º do CTN – “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa
exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada”.

➢ Prestação pecuniária: Objeto é uma obrigação e será sempre prevista em dinheiro;


➢ Compulsória: Não nasce da vontade das partes, mas de determinação legal. (impositiva);
➢ Em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir: Regra é pagar tributo em dinheiro. O CTN autoriza de forma eventual a
satisfação do crédito através de bem diverso do dinheiro (Ex. Dação em pagamento de bens imóveis – art. 156, XI, CTN);
CUIDADO: dação em pagamento não é penhora!
➢ Que não constitua sanção de ato ilícito: Tributo não é multa. Não é punição.
❖ Princípio do pecúnia non olet: Dinheiro não tem cheiro. A tributação analisa somente a manifestação de riqueza, abstraindo-
se de sua origem.
➢ Instituída em lei: princípio da legalidade tributária. Previsão dentro do seu próprio conceito do princípio da legalidade (art. 150, I,
CF).
➢ Cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada: o tributo deve ser cobrado pela própria administração
pública, através de procedimentos previstos para a sua cobrança, sem a possibilidade do exercício de qualquer juízo de conveniência e
oportunidade pela autoridade administrativa. A cobrança ocorre após a constituição do crédito pelo lançamento tributário (art. 142,
CTN).
• CLASSIFICAÇÃO DOS TRIBUTOS

➢ Quanto às hipóteses de incidência:

• Vinculados: Quando o fato gerador está vinculado /relacionado a uma atividade estatal específica, diretamente ligada à figura do
contribuinte.

EX: Taxas, contribuições de melhoria, etc.

• Não Vinculados: É o tributo em que basta somente a previsão legal para que seja instituído, não exigindo vinculação com qualquer
atividade estatal específica.

EX: IMPOSTOS (princípio da não afetação / não vinculação).

➢Quanto à finalidade:

• Fiscal: São aqueles cuja finalidade é a mera arrecadação de receita, sem qualquer prestação recíproca por parte do Estado. É a mera
captação de recursos financeiros para os cofres públicos.

EX: IR, ICMS, ISS, etc.

• Parafiscal: Sua finalidade precípua é prover receita para determinados entes autônomos que executam serviços essenciais, paralelamente
ao Estado, mas de forma descentralizada.

EX: Contribuições para os conselhos de classe (CREA, COREN, CREFITO, CRA, etc); INSS, Contribuições para o sistema S (SENAI,
SESC, SESI, etc).

CUIDADO: OAB – ver atual entendimento do STF no RE 647885.


• Extrafiscal: Tem como finalidade precípua a intervenção do Estado na vida privada e na economia para assegurar a livre concorrência e
regular a balança comercial em âmbito internacional. Não é meramente arrecadatória.
• Tem por objetivo estimular ou desestimular o comportamento dos contribuintes para atingir um fim almejado pelo Estado;
• A extrafiscalidade pode ocorrer por oneração fiscal (aumento da carga tributária) ou por desoneração fiscal (diminuição da carga
tributária).

Ex: II, IE, IPI, IOF, CIDE – Esses impostos são exceção dos princípios da legalidade e da anterioridade (noventena/ nonagesimal) (exceto o
IPI que em que observar o prazo de 90 dias). (Princípios é assunto de uma aula específica).

➢Quanto à competência:

• Federais: São aqueles instituídos pela União Federal – arts.148, 149, 153 e 154, todos da CRFB/88;
• Estaduais/distritais: São aqueles instituídos pelos Estados / DF – art. 155 CF;
• Municipais: São aqueles instituídos pelos Municípios – art. 156 CF.

➢ TEORIAS DAS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS – ART. 5º CTN / ARTS. 145, 148 e 149, todos da CF/88.

• TEORIA TRIPARTITE / TRIPARTIDA: Art. 5 º CTN / art. 145 CF – Para essa teoria, os tributos são divididos em três espécies
autônomas (impostos, taxas e contribuições de melhoria);

• TEORIA QUADRIPARTITE / QUADRIPARTIDA: Art. 145, 148 e 149 CF - Para essa teoria, os tributos são divididos em quatro
modalidades: impostos, taxas, empréstimos compulsórios e contribuições (sociais / especiais e de melhoria);

• TEORIA PENTAPARTITE / PENTAPARTIDA: Art. 145, 148 e 149 CF – Teoria MAJORITÁRIA, adotada pelo STF, que entende
que há cinco espécies autônomas de tributos: impostos, taxas, contribuições de melhoria (art. 145 CF), empréstimos compulsórios (art.
148 CF), contribuições especiais (art. 149 CF).
Para essa teoria, que o art. 145 CF é exemplificativo, razão pela qual o art. 5º do CTN não foi recepcionado pela Constituição Federal de
1988.

• TEORIA HEXAPARTITE / HEXAPARTIDA: A EC nº 39/02 criou a contribuição de iluminação pública de competência privativa
dos municípios e do DF, motivo pelo qual alguns doutrinadores sustentam uma sexta espécie autônoma de tributo. Entretanto, a doutrina
majoritária segue o entendimento do STF afirmando que esta contribuição se encaixa dentro da classificação de contribuições especiais.
Art. 149-A, CF.

❖ IMPOSTOS – Art. 145, I, CF e art. 16 CTN

• Imposto é um tributo de finalidade meramente fiscal, ou seja, de cunho meramente arrecadatório. Exceção do II, IE, IPI e IOF que são
predominantemente extrafiscais.
• É uma espécie tributária cujo fato gerador não está vinculado a nenhuma atividade estatal específica (não vinculado);
• Serve principalmente para cumprir as despesas gerais / genéricas do Estado, dentre elas os serviços públicos universais e indivisíveis
(saúde, educação, segurança, etc);
• Pode ser, excepcionalmente, usada para uma destinação específica, conforme art. 167, IV, CF (exceção ao princípio da não afetação /
não vinculação).

➢Classificação dos impostos:

• Diretos: O fato gerador incide sobre o contribuinte de direito (aquele que realizou o fato gerador e tem a obrigação de pagar).
EX. IR, IPTU, IPVA

• Indiretos: O contribuinte de direito é diferente do contribuinte de fato. O contribuinte de direito transfere o encargo fiscal para uma
pessoa alheia a relação jurídica tributária, qual seja, o consumidor final.
EX: ICMS, IPI
• Pessoais: Incide sobre a pessoa do contribuinte, em função de suas características pessoais.
EX: IR

• Reais: Enfatiza a situação de um bem ou coisa.


EX: IPVA, IPTU, ITR – Cuidado: STF tem julgados estabelecendo a progressividade fiscal (aumento de alíquotas de acordo com o
aumento da base de cálculo) em impostos reais. Pagar mais imposto de acordo com a capacidade contributiva do contribuinte (art. 145, §
1º, CF).

➢TAXAS – art. 145, II, CF / art. 77 a 79 do CTN

• A taxa se diferencia dos impostos face a sua vinculação a uma atividade estatal específica, qual seja, o exercício regular do poder de
polícia ou a utilização efetiva OU potencial de um serviço público essencial específico E divisível.

• Competência comum, pois todos os entes da federação podem instituir e cobrar.

Taxa: FG Poder de Polícia – Fiscalização

Serviço Público - Específico E divisível (serviço)

Potencial OU efetiva (utilização)


❖ CARACTERIZAÇÃO DO SERVIÇO

✓ Serviços Públicos Gerais, ditos Universais/ Indivisíveis: São os prestados UTI UNIVERSI, isto é, indistintamente a todos os cidadãos.
Eles alcançam um número indeterminado de pessoas. Estes serviços não podem ser remunerados por taxas, mas sim pelas receitas gerais
do Estado (IMPOSTOS).

EX. Saúde, educação, segurança, iluminação pública (COSIP)

✓ Serviços públicos específicos: São aqueles que podem ser previamente determinados. São cobrados UTI SINGULI (individualmente),
podendo ser remunerados por TAXAS.

EX. Coleta de lixo, Prestação judiciária (taxa judiciária).

✓ Serviço específico e divisível: Serviço específico é aquele que pode ser destacado em unidades autônomas de intervenção da autoridade,
ou de sua utilidade ou de necessidade pública; e serviço divisível, é aquele no qual pode ser suscetível de utilização, separadamente, por
parte de cada usuário, ou seja, pelo contribuinte.

✓ Serviço Efetivo: É aquele que está sendo efetivamente utilizado pelo contribuinte e prestado pelo Estado;

✓ Serviço Potencial: É aquele que está à disposição do contribuinte para a sua utilização.

▪ Análise de algumas TAXAS:

• Taxa de iluminação Pública: É indevida. Ela foi declarada inconstitucional. Em 2002, entrou em vigor a EC 39/2002 que autorizou a
CONTRIBUIÇÃO DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA (COSIP). Súmula Vinculante nº 41 - O serviço de iluminação pública não pode
ser remunerado mediante taxa.
• Taxa de coleta residencial de lixo: É devida. Súmula Vinculante nº 19 – A taxa cobrada exclusivamente em razão de serviços
públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos provenientes de imóveis, não viola o artigo 145, II, da
Constituição Federal.
• Taxa de incêndio: É devida. Utilização efetiva ou potencial? O STF já se manifestou que a taxa de incêndio cobrada por municípios é
INCONSTITUCIONAL. A utilização é POTENCIAL (o serviço está disponível para utilização) na maioria das vezes.
• Taxa de limpeza urbana: É indevida.

❖ PODER DE POLÍCIA (FISCALIZAÇÃO) – Art. 78 do CTN

O poder de polícia é exercido universalmente para todos ao mesmo tempo, mas a taxa é cobrada de algumas pessoas quando essas provocam a
fiscalização que o Estado tem sobre elas. O poder de polícia só será exercido quando o ato for praticado por autoridade competente dentro
do exercício regular do poder, sem que haja abuso ou desvio de poder.

A taxa fruto do poder de política é também chamada de taxa de fiscalização.

Ex. Taxa de controle e fiscalização ambiental (TCFA); Taxa de alvará; Taxa de fiscalização de anúncios, etc.

❖ DIFERENÇA ENTRE TAXA E PREÇO PÚBLICO (TARIFA)

❖ Preço público (tarifa) é receita originária, obtida através de exploração do patrimônio público. A origem do preço público / tarifa é a
autonomia da vontade das partes de adesão, de aceitação tácita, é uma obrigação contratual. (Súmula 545 do STF).

❖ Distinção entre taxa e tarifa:

Taxa: 5. Cobrada pelo Poder Público;


1. Receita Derivada; 6. Serviço efetivo ou potencial;
2. Instituída em lei; 7. Não admite rescisão;
3. Regida pelo direito tributário; 8. Observa os princípios tributários.
4. Compulsória;
Tarifa: 5. Cobrada por particular;
1. Receita Originária; 6. Serviço efetivo;
2. Natureza Contratual (tácito); 7. Admite rescisão;
3. Regida pelo Direito administrativo; 8. Não observa os princípios tributários.
4. Facultativa;

Pedágio: A maioria dos pedágios tem natureza de tarifa.

• Se não houver uma via alternativa, o pedágio acaba adquirindo característica de taxa por conta da COMPULSORIEDADE.

➢ COTRIBUIÇÃO DE MELHORIA – Art. 145, III, CF – art. 81/82 CTN – DL 195/67.

Art. 145 CF/88 - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.

• Fato Gerador (2 Requisitos): Obra pública + valorização imobiliária

• Competência: Comum (art. 145, III, CF).

• Sujeitos: Ativo (ente público que realiza a obra) – Passivo (proprietários de imóveis de domínio privado, conforme art. 3º, § 3º, DL nº
195/67).

OBS: Proprietários de imóveis de domínio privado, situados nas áreas direta e indiretamente beneficiadas pela obra.
CUIDADO: Não confundir a previsão do art. 3º, § 3º, DL nº 195/67 com a imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, CF/88).
A imunidade recíproca proíbe a instituição de IMPOSTOS sobre patrimônio, renda e serviços dos entes da federação. O DL 195/67
afirma que NÃO HAVERÁ INCIDÊNCIA da contribuição de melhoria sobre os bens públicos.

• Tributo vinculado e retributivo: A contribuição de melhoria é paga/ devida como forma de retribuição do contribuinte de uma despesa
previamente suportada pelo Estado, qual seja, a obra pública. A contribuição de melhoria é pautada na relação de custo-benefício.

• Limite total / global: Vinculado a ideia do não enriquecimento sem causa. O valor máximo que poderá ser arrecadado é o valor total
que foi gasto na realização da obra.

• Limite individual: Prestigia o princípio da vedação do confisco. O valor máximo que poderá ser cobrado de cada contribuinte é a
valorização sofrida pelo imóvel.

• O DL 195/67 estipula normas gerais sobre contribuição de melhoria, tendo sido recepcionado pela Constituição Federal de 1988 como
LEI COMPLEMENTAR em matéria de contribuição de melhoria. (Havia compatibilidade material (conteúdo) entre o DL 195/67 e a
CF/88). Ocorreu à recepção constitucional. O DL 195/67 tem status de Lei Complementar.

➢ EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS – ART. 148 CF/88 e ART. 15 CNT

Art. 148 CF. A União (competência privativa), mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios:

I - para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência;

II - no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, "b".

Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua
instituição.
• A Constituição Federal NÃO previu o fato gerador do empréstimo compulsório. Ela apresentou as hipóteses / situações que autorizam a
instituição;

• Por se tratar de empréstimo, ainda que de natureza compulsória, qualquer pessoa que pagar esse tributo terá o direito à restituição (regras
definidas na lei que instituir o tributo);

• O pagamento será realizado pelas regras do precatório. A doutrina entende que a devolução deve ocorrer em moeda.

• Em nosso ordenamento jurídico o empréstimo compulsório foi criado pela Lei 4156/62 para financiar a expansão do setor elétrico no
Brasil. Era cobrado na fatura de energia elétrica pelas concessionárias e repassado à Eletrobrás.

• A hipótese do inciso I do artigo 148 NÃO obedece a prazo. Não observa o princípio da anterioridade (urgência).

• A hipótese do inciso II do artigo 148 TEM que respeitar o prazo de anterioridade previsto no artigo 150, III, “b”, CF.

➢ CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS – Art. 149 CF.

• As contribuições especiais não têm um fato gerador próprio, mas sim uma destinação específica (referibilidade);
• É tributo vinculado.
• Em regra, as contribuições são instituídas pela União (art. 149 CF), por meio de lei ordinária;
• Os estados, municípios e o DF podem instituir contribuição previdenciária cobrada de seus servidores, conforme art. 149, § 1º, CF;
• Os municípios e DF podem instituir e cobrar contribuição para o custeio de iluminação pública, conforme art. 149-A, CF.
Espécies de contribuições – art. 149 CF:

I. Contribuições de interesse das categorias profissionais;


II. Contribuições de intervenção do domínio econômico (CIDE);
III. Contribuição de iluminação pública;
IV. Contribuições sociais em sentido estrito:
a) Para a seguridade social;
b) Sociais gerais;
c) Outras contribuições sociais.

➢ COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA E CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA

• Poder de Tributar: É o exemplo de soberania estatal consistente na instituição, cobrança e arrecadação de tributos. É sinônimo de
competência tributária.
• Competência é o poder que a Constituição Federal outorga aos entes da federação para instituir / criar tributos por lei.

1. Legislativa: Poder de instituir tributos por LEI (competência tributária);

2. Administrativa: Poder de fiscalizar, cobrar e arrecadar tributos por meio da atividade da administração pública (capacidade
tributária ativa);

3. Jurisdicional: Poder de solucionar os conflitos entre o credor e o devedor das obrigações tributárias.

➢ COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA: ATRIBUTOS

1. Privatividade (privativo): A Constituição Federal atribui a um ente federativo determinado o poder de instituir um tributo;
2. Facultatividade: Não há determinação constitucional para que a competência seja exercida e o tributo instituído. Na realidade, a
CF entrega para o ente federativo uma faculdade – Ex. IGF – art. 153, VII, CF;
3. Improrrogabilidade: O não exercício da competência pelo ente designado na Constituição, não permite que outro possa exercê-la
– EX. IGF;
4. Irrenunciabilidade: O ente competente pode deixar de legislar, mas não pode legislar rejeitando o poder de vir a instituí-lo no
futuro – Ex: IGF;
5. Indelegabilidade: O poder de instituir o tributo por lei não pode ser delegado, entendendo-se a delegação como violação ao pacto
federativo (art. 7º do CTN) – Ex. IGF;
6. Incaducabilidade: Não há prazo para o exercício da competência. Não há perda de direito pela inércia. Ex. IGF.

➢ ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA

1. Privativa: É aquela que a CF, em seus dispositivos tributários, atribuiu a um determinado ente federado o poder para legislar e criar o
tributo. Ex. impostos (art. 153 a 156 CF); IR, Empréstimo compulsório, etc;

2. Comum: É aquela que a CF, em seus dispositivos tributários, não atribui a um ente federado específico o poder de instituir o tributo.
Ex: taxas e contribuições de melhoria.

3. Residual: É aquela que a CF atribui a determinado ente para tributar os fatos que ela não distinguiu expressamente. Somente à União
pode exercer. Criar novo imposto não previsto no Texto Constitucional, por Lei Complementar. Ex: impostos residuais art. 154,
I CF e contribuições residuais (art. 195, § 4º, CF);

4. Extraordinária: É aquela que atribui à União para instituir determinados tributos EM SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS. Ex. art.
154, II, CF – imposto extraordinário de guerra. / art. 148 CF – Empréstimo Compulsório;
➢ CONFLITOS DE COMPETÊNCIA

1. Invasão de competência: É a instituição de tributos por ente federativo distinto daquele designado pela Constituição Federal;
2. Bitributação: É a instituição de tributos por entes federativos DISTINTOS ao mesmo contribuinte sobre o mesmo fato gerador. Ex:
Dois municípios cobram IPTU ou ISS sobre o mesmo contribuinte pelo mesmo fato gerador.

OBS: É, em regra, inconstitucional, pois se configura espécie de invasão de competência. A CF somente autoriza na hipótese do
artigo 154, II, CF/88 (imposto extraordinário de guerra);

3. Bis in idem: É a instituição pelo MESMO ente federativo, mais de uma vez, do mesmo tributo sobre o mesmo fato gerador. Há
controvérsia sobre a constitucionalidade:

1ª corrente - É, em regra, constitucional, pois não há invasão de competência e por não haver vedação expressa na Constituição. Só
não seria constitucional se a soma dos vários tributos tiver efeito confiscatório (ofender a capacidade econômica do contribuinte de
pagar tributo);

2ª corrente: é, em regra, inconstitucional, pois quando a CF quis, expressamente, autorizou e o fez no caso do artigo 154, II, CF.

4. Dupla tributação: Não há conflito de competência, pois não ocorre entre entes federativos. É a tributação do mesmo fato
gerador em dois países distintos (Estados Soberanos). Só haverá solução no plano dos TRATADOS INTERNACIONAIS.

Art. 154. A União poderá instituir:

II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais
serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação. (CF autorizou o Bis in idem e a Bitributação).

➢ CAPACIDADE TRIBUTÁRIA ATIVA (FISCALIZAÇÃO, COBRANÇA E ARRECADAÇÃO DE TRIBUTOS)

• É o poder de fiscalizar e arrecadar o tributo devido. A capacidade é privativa, permitindo a lei a consignação da importância devida
se duas ou mais Fazendas Públicas a exercer (art. 164, II, CTN);
• Ela é vinculada e obrigatória para a Fazenda que verificando a ocorrência do fato gerador deve fiscalizar e arrecadar, sob pena de
responsabilidade funcional (art. 142, parágrafo único, CTN);

• A capacidade é também improrrogável, não podendo outro ente fiscalizar e cobrar o tributo – a menos que haja delegação desse poder
(art. 153, § 4º, III, CF - ITR); A capacidade tributária ativa é delegável nos casos previstos a CF;

• Há prazo para o exercício dessa capacidade tributária ativa, sob pena de decadência e prescrição (art. 156, V, CTN). O prazo
decadencial e prescricional é de 5 anos (art. 173 e 174, ambos do CTN).

LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR – VALOR SEGURANÇA JURÍDICA

➢ Valores: São bens abstratamente considerados protegidos ou tutelados pelo ordenamento jurídico;
➢ Princípios: São normas dotadas de amplo grau de abstração e que servem de base para a criação,
interpretação e aplicação das demais normas jurídicas;
➢ Regras: São normas dotadas de maior concretude e que estabelecem um modelo, um padrão de
comportamento a ser seguido.

✓ LIMITAÇÕES CONSTITUCIONAIS AO PODER DE TRIBUTAR: São garantias fundamentais do contribuinte, razão pela
qual são verdadeiras cláusulas pétreas. As limitações podem se dar por princípios, regras e imunidades.

✓ Princípios relacionados ao valor SEGURANÇA JURÍDICA:


1. LEGALIDADE TRIBUTÁRIA: Art. 150, I, CF – No Brasil, somente podem ser cobrados os tributos instituídos por lei
e esta deve ser constitucional, não afrontando a constituição (art. 97, CTN).

✓ Tipicidade tributária: Não basta existir a situação hipotética prevista em lei, tem que haver a perfeita
adequação da conduta do sujeito passivo à norma, ou seja, a subsunção do fato à norma.

Vale ressaltar que além de existir lei em sentido formal, é imprescindível que o seu conteúdo traga todos
os elementos necessários à concretização da obrigação tributária (elementos do fato gerador integral),
e ainda é necessário também que o contribuinte pratique a conduta prevista como fato gerador.

✓ Exceções à legalidade: O art. 153, § 1º, CF faculta ao Poder Executivo a alteração das alíquotas do
II, IE, IPI, IOF por DECRETO. Além disso, o artigo 177, § 4º, I, “b”, CF permite ao executivo a redução e
o restabelecimento da alíquota da CIDE sobre combustíveis.

✓ OBS: É possível alterar as alíquotas por DECRETO, desde que atendidas às condições e os limites
estabelecidos em LEI.

2. PRINCÍPIO DA IRRETROATIVIDADE TRIBUTÁRIA: O art. 150, III, “a”, CF, c/c art. 105, CTN reforçam a ideia de
segurança jurídica das relações, vedando a cobrança de tributo em relação a fatos geradores ocorridos
antes da vigência da lei que os instituiu ou majorou.

OBS: O tributo devido pelo contribuinte é aquele lançado segundo a lei vigente a época do fato gerador,
conforme artigo 144 do CTN. Entretanto, há exceções ao princípio da irretroatividade, conforme art. 144, §
1º e art. 106, CTN, a lei se aplica aos fatos ou atos pretéritos, podendo retroagir (art. 106, CTN):

• Lei interpretativa e a lei tributária que prevê penalidade menos severa;


• Declaração de inconstitucionalidade;
• Direito adquirido (art. 178, CTN);
• Ato jurídico perfeito (art. 144 CTN);
• Coisa julgada.

➢ Cumpre esclarecer que o princípio da irretroatividade é inafastável em duas situações: a instituição


(criação) e a majoração de tributos.

3. PRINCÍPIO DA ANTERIORIDADE TRIBUTÁRIA OU NÃO SURPRESA OU EFICÁCIA DIFERIDA – art. 150, III, “b” e “c”
CF: Este princípio permite um planejamento das atividades econômicas por parte do contribuinte,
evitando que seja surpreendido por um tributo recém criado ou recém majorado. A anterioridade nada
mais é do que um PRAZO ENTRE A DATA DA PUBLICAÇÃO DA LEI E A EFETIVA COBRANÇA DO TRIBUTO que
foi instituído ou majorado.

A. 90 dias;
B. Exercício financeiro;
C. Exercício financeiro e 90 dias.

➢ ANTERIORIDADE MÁXIMA: Visa conter uma prática que era muito usual na edição de leis em
novembro e dezembro, com cobrança já em janeiro. Desta forma, com o advento da NOVENTENA
/ ANTERIORIDADE NONAGESIMAL, a anterioridade passou a exigir a observância de 2 prazos
combinados, ou seja, o exercício financeiro e 90 dias.

Exemplos: ITR, IGF, ITD, ITBI, ISSQN, contribuição de melhoria, taxa de serviços e polícia, contribuição
de iluminação pública, alíquotas do IPTU e IPVA e o empréstimo compulsório, na forma do artigo
148, II, CF (investimento público de caráter urgente e relevante interesse nacional).

➢ ANTERIORIDADE MÉDIA: Observa apenas o prazo referente ao exercício financeiro, conforme artigo
150, III, b, CF.
Exemplos: IR, base de cálculo do IPTU e IPVA.

➢ ANTERIORIDADE MÍNIMA: também conhecida como anterioridade nonagesimal ou mitigada ou


noventena. Observa apenas o prazo de 90 dias.

Exemplos: Contribuições sociais para o custeio da seguridade social (art. 195, § 6º e art. 149, § 1º,
ambos da CF).

CIDE do petróleo – art. 177, § 4º, CF;

ICMS – art. 155, § 4º, I, “b”, CF;

IPI – CUIDADO!!!!

➢ AUSÊNCIA DE ANTERIORIDADE (exceção): São tributos que por suas peculiaridades, em especial a
extrafiscalidade, não se submetem a qualquer prazo, podendo ser cobrado de imediato.

Exemplos: Impostos reguladores ou extrafiscais, cujo objetivo é a intervenção do Estado na


economia – II, IE e IOF;

Empréstimos compulsórios – art. 148, I, CF (calamidade pública, guerra externa ou sua iminência);

Imposto extraordinário de guerra – art. 154, II, CF.

CUIDADO COM O IPI – É EXCEÇÃO À LEGALIDADE, MAS NÃO É EXCEÇÃO À ANTERIORIDADE. O IPI TEM QUE OBSERVAR O
PRAZO DE 90 DIAS.

LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR – VALOR JUSTIÇA NA TRIBUTAÇÃO


➢ PRINCÍPIO DA ISONOMIA – ART. 150, II, CF – A Constituição Federal veda tratamento desigual a
contribuintes que se encontrem em situações equivalentes.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente,


PROIBIDA qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida,
independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;

• GENERALIDADE: Art. 153, § 2º, I, CF – Sob o enfoque SUBJETIVO, em princípio, todo aquele que demonstre
riqueza é contribuinte;

• UNIVERSALIDADE: Art. 153, § 2º, I, CF – Sob o enfoque OBJETIVO, em princípio, todo fato que demonstre riqueza
é gerador de tributos;

✓ PRINCÍPIO DA UNIFORMIDADE GEOGRÁFICA DA TRIBUTAÇÃO: É vedado à UNIÃO FEDERAL estabelecer tributo


que não seja uniforme em todo o território nacional, o que poderia gerar prejuízo as políticas de cada ente
federativo não contemplado pelo benefício, conforme artigo 151, I, CF.

Art. 151. É vedado à União:

I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou
preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro,
admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento
sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;
➢ PRINCÍPIO DA CAPACIDADE CONTRIBUTIVA – ART. 145, § 1º, CF – É a capacidade que tem o contribuinte para se
onerar junto ao Fisco, sem que haja violação de sua dignidade. Busca a justiça fiscal, uma justiça distributiva em
que todos os cidadãos participem do custeio dos tributos, mas segundo sua capacidade de pagá-los.

➢ Apesar da Constituição se referir somente a impostos, nada impede que se aplique às taxas, contribuições de
melhoria ou empréstimos compulsórios.

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir os seguintes tributos:

§ 1º Sempre que possível, os impostos terão CARÁTER PESSOAL e serão graduados segundo a
capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para
conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da
lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.

• PERSONIFICAÇÃO: Devemos tentar identificar características do próprio contribuinte, indo além do fato
gerador;

• PROPORCIONALIDADE: Quanto maior a base de cálculo, maior será o valor do tributo devido. É, normalmente,
a regra quanto aos tributos reais. (mesma alíquota).

• PROGRESSIVIDADE: Quanto maior a base de cálculo, maior a alíquota e consequentemente maior será o valor
do tributo devido. É exceção no que se refere aos tributos reais, sendo certo que o STF afirma que depende
de autorização expressa na Constituição (art. 153, § 2º, I e art. 156, § 1º, I – Súmulas 656 e 668 do STF).
OBS: Cuidado!!! Com o ATUAL posicionamento do STF – progressividade é possível em todos os impostos/
tributos visando aplicar o princípio da capacidade contributiva.
• SELETIVIDADE: As alíquotas serão fixadas conforme a ESSENCIALIDADE do objeto da tributação (art. 153, § 3º, I;
art. 155, § 2º, III, art. 155, § 6º, II e art. 156, § 1º, II, todos da Constituição Federal). Quanto mais essencial,
tributação menor; quanto menos essencial, tributação maior.

➢ PRINCÍPIO DO NÃO CONFISCO / PROIBIÇÃO AO CONFISCO – ART. 150, IV, CF – A tributação não pode ser tão
elevada ao ponto de extinguir a riqueza do contribuinte. Esse princípio também se aplica às multas
(proporcionalidade). Multa moratória: 20 %

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

• Julgado STF - ADI-MC 1075 / DF - DJ 24-11-2006 PP-00059;

• STF - ADI 551 / RJ - DJ 14-02-2003 PP-00058.

LIMITAÇÕES AO PODER DE TRIBUTAR – VALOR LIBERDADE JURÍDICA

• Extrafiscalidade: Política tributária que visa estimular ou desestimular o comportamento dos contribuintes. Ela
pode ocorrer por meio da oneração fiscal (aumento da carga tributária) ou por desoneração fiscal (diminuição
da carga tributária) visando alcançar um fim constitucionalmente previsto.

• Princípio da não limitação de tráfego – art. 150, V, CF – A tributação não pode restringir a mobilidade de
contribuintes ou bens dos contribuintes. Este princípio visa garantir a liberdade de locomoção. Este princípio
proíbe que um tributo seja tão oneroso a ponto de estabelecer barreiras à circulação de bens ou pessoas,
motivo pelo qual é pautado em dois fundamentos:
1. A liberdade relativa ao tráfego de bens: envolve normas relativas ao comércio e à preservação do
princípio federativo;
2. A liberdade relativa ao tráfego de pessoas: envolve direito constitucionalmente previsto, assegurando a
liberdade de ir e vir.

Exceção: PEDÁGIO, mas no caso do pedágio público.

Art. 150 CF – Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou


intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder
Público;

• Princípio da vedação da diferença tributária em razão da origem / procedência ou destino – Princípio da não
diferenciação – Art. 152 CF – Não deve haver distinção na tributação em função da origem ou destino de
produtos ou serviços, o que poderia dificultar a sua mobilidade.

EX: IPVA (carros nacionais e importados) e ISSQN

Art. 152. É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária
entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino.

• Princípio da uniformidade geográfica da tributação – Art. 151, I, CF – Este princípio decorre do principio
constitucional da forma federativa de Estado. Significa dizer que a tributação deve ser efetivada de maneira
uniforme em todo o território brasileiro, ressalvada a possibilidade de promover o equilíbrio socioeconômico
entre as diversas regiões do país. A finalidade precípua da uniformidade é a de assegurar a unidade política e
econômica do país, o que significa que o tributo (federal) será igual em todo o território nacional.
Art. 151. É vedado à União:
I - instituir tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que implique distinção ou
preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento de outro,
admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento
sócio-econômico entre as diferentes regiões do País;

• Princípio da vedação às isenções heterônomas – art. 151, III, CF – A União é proibida de conceder isenção de
tributos estaduais, distritais e municipais.

OBS: isenção é renúncia de receita e só pode ser concedida pelo ente titular da competência tributária.

Art. 151. É vedado à União:

III - instituir isenções de tributos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.

• Princípio da transparência – A norma tributária deve ser clara e a administração agirá com publicidade (art. 37
CF)

Art. 150, § 5º, CF - A lei determinará medidas para que os consumidores sejam esclarecidos acerca
dos impostos que incidam sobre mercadorias e serviços.

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS E INSTITUTOS AFINS

➢ IMUNIDADE é, segundo Ricardo Lobo Torres, a intributabilidade de liberdades fundamentais. Segunda a


doutrina majoritária e jurisprudência é a hipótese de não incidência constitucionalmente qualificada. É
competência negativa. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL).
➢ ISENÇÃO é hipótese de não incidência legalmente qualificada. É causa de exclusão do crédito
tributário, conforme artigo 175 e 176 CTN. (LEI). É renúncia de receita. Só pode ser concedida pelo ente
titular da competência tributária.

➢ NÃO INCIDÊNCIA PURA E SIMPLES – É o fenômeno resultante da ausência de norma estabelecendo um


fato gerador do tributo.

➢ ALÍQUOTA ZERO – Hipótese de incidência em que um dos elementos quantitativos do tributo é reduzido
à zero. É uma decisão administrativa. É realizada por decreto. Ex.: IPI.

IMUNIDADES GENÉRICAS E ESPECÍFICAS

✓ Genéricas: estão previstas no artigo 150, VI, CF e dizem respeito a IMPOSTOS.

✓ Específicas: Espalhadas no texto da Constituição. Dizem respeito a tributo certo (específico).


Utilizam nomenclaturas diversas.

OBS: IMUNIDADE ESPECÍFICA - Está na Constituição Federal, desobriga o pagamento do tributo,


é imunidade independente da nomenclatura utilizada.

➢ IMUNIDADES GENÉRIDAS PREVISTAS NO ARTIGO 150, VI, CF


➢ As imunidades devem ser interpretadas de forma EXTENSIVA.

A) IMUNIDADE RECÍPROCA - Art. 150, VI, “a”, CF/88


Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é
vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:

VI – instituir IMPOSTOS sobre:

a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;

• Resguardar o pacto federativo, evitando a ocorrência de uma guerra fiscal;


• Resguardar a autonomia financeira, orçamentária, contábil, etc dos entes da federação.
✓ E a Administração Indireta, faz jus a imunidade recíproca???
✓ Autarquias e fundações, é possível que gozem da imunidade, conforme determina o artigo 150, § 2º, CF.

§ 2º - A vedação do inciso VI, "a", é extensiva às autarquias e às fundações


instituídas e mantidas pelo Poder Público, no que se refere ao patrimônio, à
renda e aos serviços, vinculados a suas finalidades essenciais ou às delas
decorrentes.

✓ Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista têm direito à imunidade recíproca? Depende. Vai depender
da natureza jurídica, conforme dispõe o artigo 150, § 3º, CF:

§ 3º - As vedações do inciso VI, "a", e do parágrafo anterior não se aplicam


ao patrimônio, à renda e aos serviços, relacionados com exploração de
atividades econômicas regidas pelas normas aplicáveis a empreendimentos
privados, ou em que haja contraprestação ou pagamento de preços ou
tarifas pelo usuário, nem exonera o promitente comprador da obrigação de
pagar imposto relativamente ao bem imóvel.

✓ Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista não terão direito à imunidade tributária se foram criadas
para exploração da atividade econômica. Ex. CEF, BB, Petrobrás, etc;
✓ Se elas foram criadas para prestação de serviço público, podem ter reconhecido o direito (JURISPRUDÊNCIA)
à imunidade se atuarem em forma de monopólio sem ofender a livre concorrência. EX. Correios, Infraero,
Sabesp.

✓ E se essas entidades que possuem imunidade recíproca fizerem um contrato de cessão de uso do bem público
imune para particular que explore a atividade econômica, tal bem permaneceria imune? De acordo com o
atual entendimento do STF, tal bem não permanece imune, devendo ser recolhido o IPTU relativo ao imóvel.

B) IMUNIDADE DOS TEMPLOS DE QUALQUER CULTO – Art. 150, VI, “b”, da CF – Visa resguardar a liberdade religiosa

b) templos de qualquer culto;

• Súmula 724 do STF e Súmula Vinculante nº 52 – O Imóvel vai permanecer imune, desde que o valor seja aplicado
nas atividades essenciais do templo.

Ainda quando alugado a terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a


qualquer das entidades referidas pelo art. 150, VI, "c", da Constituição Federal, desde que o
valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.

C) IMUNIDADE DOS PARTIDOS POLÍTICOS, ENTIDADES SINDICAIS DOS TRABALHADORES, INSTITUIÇÕES ASSISTENCIAIS E
EDUCACIONAIS SEM FINS LUCRATIVOS – Art. 150, VI, “c” CF.

c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas


fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições de
educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos
da lei;

• Súmula 724 do STF e Súmula Vinculante nº 52 – O Imóvel vai permanecer imune, desde que o valor seja aplicado
nas atividades essenciais da instituição.
D) IMUNIDADE DOS LIVROS, JORNAIS E PERIÓDICOS - Art. 150, VI, “d”, CF – Liberdade de expressão, cultura.

d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado à sua impressão.

• STF entendeu que os livros eletrônicos têm direito à imunidade;


• STF entendeu que os gibis / livros infantis também têm direito à imunidade

E) IMUNIDADE CULTURAL / MUSICAL – Art. 150, VI, “e”, CF

e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo


obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral
interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou
arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial
de mídias ópticas de leitura a laser.

OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
➢ Obrigação caracteriza-se por uma relação de natureza pessoal de caráter transitório, pois se extingue pelo
cumprimento. Verifica-se, também, que nas obrigações há uma relação jurídica entre o sujeito ativo (credor) e o
sujeito passivo (devedor), que pode vincular mais de um devedor ou credor.

➢ A obrigação tributária baseia-se no vínculo jurídico que permite ao credor exigir do devedor o cumprimento da
obrigação pactuada. Desta forma, podemos dizer que a obrigação tributária é o vínculo por meio do qual o
Estado (sujeito ativo da obrigação tributária) pode exigir do particular (sujeito passivo) uma prestação tributária
(principal ou acessória).
➢ As obrigações tributárias, assim como as do direito civil, são relações obrigacionais. No direito civil obrigação e
crédito são institutos semelhantes. No direito tributário essa interpretação é distinta, em razão da existência de
dois momentos distintos, o da obrigação tributária que surge com a ocorrência do fato gerador; e o do crédito
tributário, que se constitui com o lançamento.

➢ Obrigação x responsabilidade: Obrigação é sempre um dever jurídico primário e a responsabilidade é um dever


jurídico secundário. A obrigação tributária leva em consideração o débito e a responsabilidade. Na relação
obrigacional do direito civil, o débito e a responsabilidade são inseparáveis, mas no direito tributário, em face da
teoria dualista, são separados pelo lançamento tributário, caso contrário ocorrerá a decadência e logo não há
que se falar em crédito tributário.

➢ ESPÉCIES DE OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS: principal e acessória – artigo 113 do CTN

✓ Obrigação principal – está relacionada com o verbo PAGAR / obrigação de dar coisa certa, ou seja, dinheiro
(pagar tributo ou penalidade pecuniária) – art. 113, § 1º, CTN;

✓ Obrigação acessória – Art. 113, § 2º, CTN – Podem ser instituídas pela legislação tributária. Como prestações
positivas e negativas, o CTN quis se referir às obrigações de fazer, não fazer ou tolerar, como por exemplo: emitir
nota fiscal, não rasurar os livros obrigatórios, tolerar fiscalização e auditoria, etc.

✓ OBS: O descumprimento de uma obrigação acessória (fazer, não fazer e tolerar) se resolve em pagamento de
perdas e danos, convertendo-se em obrigação de dar / pagar (principal), conforme artigo 113, § 3º, CTN.

➢ SUJEIÇÃO TRIBUTÁRIA:

• Sujeito ativo: é a pessoa jurídica de direito público titular da competência tributária para exigir o seu
cumprimento, conforme artigo 119 do CTN;
• Sujeito passivo: é a pessoa obrigada ao cumprimento das obrigações principais e acessórias, conforme
artigos 121 a 123 do CTN;

• O artigo 121 do CTN dispõe que o sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao pagamento
do tributo ou penalidade pecuniária;

• Já o artigo 122 do CTN traz o sujeito passivo da obrigação acessória, identificando-o como pessoa
meramente instrumental que visa à fiscalização e formalização da obrigação principal.
• Por sua vez, o parágrafo único, do artigo 122 do CTN divide o sujeito passivo em:

I. Contribuinte: quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato
gerador;

II. Responsável: quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua obrigação decorra da disposição
expressa da lei, conforme artigo 128 do CTN (casos de responsabilidade tributária).

➢ ALTERAÇÃO DA RESPONSABILIDADE POR CONTRATO ENTRE AS PARTES: Artigo 123 do CTN é regra especial que
difere da ideia da autonomia da vontade das partes lá do Direito Civil, em especial quanto às convenções
particulares que não podem ser opostas contra a Fazenda Pública com o objetivo de modificar a definição legal
de sujeito passivo das obrigações tributárias correspondentes. Significa que as convenções entre particulares
não podem alterar o sujeito passivo da obrigação tributária. Ex. Contrato de locação.

➢ CAPACIDADE TRIBUTÁRIA PASSIVA: A capacidade tributária passiva nada mais é do que a aptidão para figurar
no polo passivo da relação jurídica tributária. Vale ressaltar que as regras inerentes à capacidade civil não são
aplicadas ao direito tributário, conforme dispõe o artigo 126 do CTN, já que a capacidade tributária passiva
INDEPENDE... (da capacidade civil das pessoas naturais, de estar à pessoa jurídica regularmente constituída, etc).
➢ Domicílio tributário: O artigo 127 do CTN traz as regras relativas ao domicílio tributário, afirmando que a regra
geral se dará por ELEIÇÃO. Caso não haja a eleição de um domicílio, deve-se observar as regras contidas no
referido artigo.

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