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DIREITO FISCAL 1º SEMESTRE

DIREITO FINANCEIRO / DIREIRO TRIBUTÁRIO / DIREITO FISCAL

Público: A relação será de direito público se nela intervierem 2 sujeitos públicos


DIREITO
Privado: A relação será de direito privado se nela intervierem 2 sujeitos privados

Se numa relação existir um sujeito público e um sujeito privado, o tipo de direito vai
depender, se a identidade pública está munida do seu poder ou não. Caso esteja munida do seu
poder será o direito privado e caso esteja de igual para igual será o direito público.

 Relação do direito privado: Tribunal Civil


 Relação do direito público: Tribunal Administrativo e fiscal

O que é o sistema fiscal ?

 Criar impostos;
 Cobrar impostos;
 Garantir os meios de defesas dos contribuintes perante a atuação tributária;
 Imposição equitativa e justa dos impostos entre as várias categorias de cidadãos;
 Finalidade / o que se pretende com cada imposto.

DIREITO FISCAL: Ramo do direito público que regula as relações jurídicas fiscais
(traduzem-se na posição jurídica de devedor e credor).

DIREITO FINANCEIRO DIREITO TRIBUTÁRIO

É composto por normas que Imposto


É composto por um conjunto - Principal fonte de receitas
disciplinam a atividade de normas que
financeira e regulamentam do Estado
regulamentam ou - Existem impostos para o
as receitas e as despesas disciplinam os TRIBUTOS
públicas e a sua elaboração estado arrecadar receitas que
(Há tributos que não são visam as necessidades
que se denomina impostos).
ORÇAMENTO DE básicas da sociedade
ESTADO

DIREITO FISCAL

IMPOSTO
IMPOSTO: É uma prestação pecuniária unilateral , definitiva e coativa, fixada por lei e exigida
às pessoas com capacidade contributiva, a favor de entidades que desenvolvem ou exercem
funções públicas. Com vista, à satisfação de necessidades coletivas e que não têm caráter de
sanção de ato ilícito / sancionatório.

Elementos A prestação é(em


- Pecuniária exigida a contribuintes com capacidade contributiva
dinheiro)
Elementos
Subjetivos do -(sujeito passivo
Definitiva (não –admite
quemreembolso)
paga o imposto) e a favor de entidades
Objetivos
Impostodo - Coativa (tem origem na lei)o poder de cobrar).
públicas (sujeito ativo – tem
Imposto 1
- Unilateral (quando pago o imposto, não espero nada em troca.

Elementos Satisfação de necessidades públicas ( para servir a sua missão) sem


Teleológicos caráter sancionatório ( imposto é diferente de coima e de multa).
ESTADO  Finalidade:

 Combater o desemprego; Política não fiscal


 Proteger a saúde;
 Receber receitas Política fiscal

Fases da vida do imposto

1. Incidência: o imposto tem de dizer o que é que tributado ( incidência real / objetiva –
ART 1, CIRS) e a quem o tributa ( Incidência pessoal / subjetiva)
Tem de haver
Se não estiver dentro da atos
incidencia do imposto, a pessoa
não tem que ser notificada para
aquele imposto

2. Lançamento: Conjunto de operações que me


permite identificar o sujeito passivo e a matéria coletável a tributar. É a
concretização/imputação do imposto na esfera jurídica de uma pessoa de uma obrigação
tributária.
3. Liquidação: Não é uma fase de pagamento, é uma fase em que o imposto se torna
líquido, certo e exigível.
a. Líquido: é o valor final, já se fizeram as deduções.
b. Certo: é um valor aritmético (a nota de liquidação diz-nos o valor)
c. Exigível: o imposto só exigível, quando tiver a nota de liquidação.

Nesta fase, ninguém paga nada, apenas sai uma nota/guia de liquidação onde o estado
diz o que vamos pagar e até quando o temos que fazer). A liquidação é feita pelos serviços
tributários.

4. Pagamento: o pagamento pode ser voluntário, se o sujeito passivo paga sem ter que
haver recursos a meios mais forçados, ou coercivo, quando o sujeito passivo não
cumpre com o prazo que foi fixado pela AT e esta tem o poder de iniciar um
procedimento executivo ( não recebo nenhuma notificação).

Momento Estático  1 e 2

Momento Dinâmico  3 e 4

 Taxa ≠ Imposto

 Bilateral vs Unilateral

Quando pagamos uma taxa, estamos à espera de receber um certo bem ou serviço em
troca (uma contrapartida). Existe para uma das 3 contrapartidas:

o Utilização de um serviço público (Ex: taxa moderadora);


o Utilização de um bem de domínio público (Ex: Estacionar num local público)
o Remoção de um obstáculo jurídico (Ex: eu quero caçar e preciso de ter uma licença
de caça. Para obter a licença de caça necessito de pagar.)

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 Princípio de proporcionalidade vs De acordo com a capacidade contributiva

Segundo o Princípio de Proporcionalidade, as taxas não são sensíveis à capacidade


contributiva do cidadão, o valor da taxa a cobrar não vai depender da situação particular do
sujeito passivo. De acordo com a capacidade contributiva, cidadãos com diferentes capacidades
contributivas vão pagar diferentes valores de imposto.

 Princípio da equivalência jurídica

O valor da taxa não pode ser colocado às cegas, mas sim tem que ser equivalente à utilidade
que damos ao bem ou serviço. Isto é, a taxa tem que ter um valor proporcional ao valor do
bem, do serviço ou do obstáculo jurídico.

 Contribuições especiais

 De melhoria: sujeito pode ter que pagar mais por fazer uma melhoria de um serviço
público.
 Por maiores despesas: pago mais, porque exerço alguma atividade mais dispendiosa
para o estado.

Tributos parafiscais: não são exigidos pelo estado/autarquia, mas por uma entidade capaz de
cobrar e a totalidade desse montante vai para essa entidade (Ex: segurança social).

CLASSIFICAÇÃO DO IMPOSTO
1. Impostos sobre o rendimento: tributa algo que o sujeito passivo obteve
Imposto sobre o Património: podem ser estáticos – pago sem fazer nada, é exigido ao
Sujeito Passivo apenas por ser proprietário – ou dinâmicos – Implica vender/comprar/
doar etc.
Imposto sobre o consumo: tributa o consumo de um determinado bem.

2. Imposto Pessoal: aqueles que observam as características pessoais dos contribuintes


quando determinam/fixam da situação económica ou o lucro tributável.
Imposto Real: quando a matéria coletável ou o lucro tributável é objetivamente
determinado abstraindo-se da situação económica e social do contribuinte.

3. Imposto de Quota Fixa: todos pagam o mesmo


Imposto de Quota variável: o valor a pagar varia de contribuinte para contribuinte:
 Proporcional: o imposto a pagar varia em função da matéria coletável, na
medida em que a taxa é sempre a mesma.
 Progressiva: à medida que a meteria coletável aumenta, aumenta também a taxa
do imposto.
 Regressiva: à medida que a matéria coletável diminui, a taxa do imposto
também diminui ( não são admissíveis em Portugal – inconstitucional).

4. Imposto Direto: são aqueles que tributam a manifestação de riqueza de forma direta,
ou seja, o rendimento tributa na fonte.
Imposto Indireto: são aqueles que tributam o rendimento na sua utilização.

5. Imposto de Obrigação Única: é aquele em que o facto jurídico tributário nasce e se


extingue com a prática de um só ato.

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Imposto Periódico: A obrigação de pagar o imposto renova-se sucessivamente por
vários períodos fiscais.

6. Impostos Estaduais: o credor é o estado.


Impostos não Estaduais: o credor é outra entidade que não o estado com capacidade
para cobrar / exigir o imposto (Ex: autarquias).

7. Imposto Principal: é aquele que goza de autonomia, não precisa de qualquer outro
tributa para existir, existe por si só.
Imposto Acessório: não tem autonomia, não existe por si só, precisa de um imposto
principal para existir.

Adicionamento: o valor da sobretaxa incide sobre a materia coletável


Imposto Adicional: incide sobre o próprio valor do imposto a pagar,
sobre a coleta

PRINCIPIOS CONSTITUCIONAIS
1. Princípio da legalidade fiscal: não é exclusivo do direito fiscal, tudo o que acontece
tem de ter uma base legal, de acordo com a lei. Os impostos desde que nascem até à sua
liquidação tem de estar alinhados com a lei.

Principio da Reserva formal da lei: os impostos só podem ser criados ou


alternados na sua essência se fore feitam através da lei (emitida pela
assembleia da república, pois o governo não cria leis, apenas cria decretos-
lei autorizados)

Principio da Reseva material da lei: quem cria o imposto tem de regular os


seus elementos essenciais, ou seja, a incidencia, a taxa, os beneficios fiscais
e as garantias dos contribuintes. Caso isto não ocorra, a lei é
inconstitucional.
Nota: Existem 3 tipos de poder: o poder jurisdicional (tribunais); o poder legislativo (AR) e o
poder executivo (governo).

Poder Executivo

Governo

- Tem alguma competência legislativa;


- Pode criar /alterar impostos ou elementos essenciais do imposto;
- A AR emite uma lei de autorização ao governo (DL Autorizado);
- O governo não poder fazê-lo sozinho. Se o fizer a lei será
inconstitucional.

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2. Princípio da proibição da retroatividade fiscal: a lei só se aplica para factos futuros,
ou seja, se aparece uma lei a meio do ano para factos ocorridos antes da sua vigência, à
partida, a retroatividade não é permitida.
a. Retroatividade de 1ºgrau: é a mais forte, a mais inconstitucional.
Determinaria a aplicação de uma lei fiscal a factos ocorridos, inteiramente no
domínio da lei antiga, ou seja, o imposto já teria sido liquidado e pago e surgiria
uma lei nova prevendo a criação adicional de um imposto a incidir sobre factos
tributários já ocorridos.
b. Retroatividade de 2ºgrau: os factos ocorreriam no domínio da lei antiga, mas
os seus efeitos ainda não teriam sido totalmente produzidos, ou seja, os factos
geradores já se teriam verificado, mas a liquidação e a cobrança ainda não
teriam sido efetuados.
c. Retroatividade de 3º grau: os próprios factos não ser verificam por completo
no domínio da lei antiga, prolongando-se a sua produção já ao abrigo da lei
nova, entretanto em vigor, como sucede, por exemplo, no caso dos impostos
periódicos.

! 2 EXCEÇÕES: ART 12/ nº3 LGT

As normas de aplicação procedimental / processual imediata:

 Estas normas não se aplicam se afetarem garantia, direitos ou interesses


legítimos anteriormente constituídos;
 Não se aplicam ainda se tiverem como função o desenvolvimento de normas de
incidência tributária.

3. Princípio da igualdade tributária: os impostos devem ser repartidos de forma justa e


equitativa (na medida certa) por cada um dos contribuintes (não é um valor igual). O
princípio da igualdade deve ser entendido não num sentido formal ( de igualdade
perante a lei ), mas sim num sentido material ( de igualdade na lei). Tem de haver na
sua base um critério objetivo e previamente decidido. “ Deve-se tratar de um modo
igual o que é igual e de modo diferente o que é diferente”. Este princípio implica a
proibição do arbítrio na aplicação de critérios diferentes a situações idênticas (ART 13
CRP).

4. Princípio da capacidade contributiva: todos temos de pagar impostos, mas nem todos
temos a mesma capacidade contributiva. Daí haver revisões todos os anos relativamente
a isenções/redução de taxa / redução de matéria coletável. Este princípio acaba por se
revelar como uma limitação, uma vez que, um contribuinte não paga além do que a sua
capacidade económica permite.

FONTES INTERNAS E EXTERNAS


Fontes internas: dentro do nosso país.

Fontes externas: fora do nosso país, mesmo sendo fora do nosso ornamento jurídico acaba por
nos influenciar.

1. FONTES INTERNAS
LEI CONSTITUCIONAL: fonte + importante do Direito Fiscal,
consagra normas e os princípios fiscais fundamentais que enquadram 5 o
sistema fiscal, procurando definir as competências legislativas, o tipo de
imposto e o recorte fundamental do sistema fiscal.
LEI ORDINÁRIA: lei – AR e Decreto-lei -
Governo
REGULAMENTOS: Emanados pelo governo são diplomas
que limitam, especificam aspetos que não são criados nas leis
ordinárias

2. DOUTRINA: são as opiniões científicas de todos os profissionais. A doutrina não é


vinculativa, ou seja, não obriga ninguém a seguir a linha de pensamento de outro.

3. JURISPRUDÊNCIA: decisões tomadas em tribunais em outros tribunais ou processos


iguais e que podem ser utilizadas para resolver um caso semelhante.

NOTA: A doutrina e a jurisprudência são fontes meramente imediatas, na medida em que não
constituem modos de formação das normas jurídicas, mas apenas contributos para a formação
das mesmas.

FONTES EXTERNAS

Convenções Direito da UE: ao fazer parte da UE,


Internacionais: tratados estamos condicionados pelas regras
que os países assinam entre jurídicas vinculativas para os Estados-
si Membros

Direito Originário: todos as Direito Derivado: instrumentos


normas do tratado são leis que EU produz e que vem
para nós condicionar os Estados Membros

Dentro do Direito Derivado podemos ter os regulamentos e as diretivas. Os


regulamentos são aplicáveis no seu todo, vale por si só, não há margem para criar regras
diferentes. As diretivas vincula os Estados-Membros quanto a um objetivo atingir, mas dá
liberdade na forma de o executar.

O Direito da UE está acima do Direito de Portugal e todos os outros Estados-Membros


(Princípio do Primado da UE).

RELAÇÕES ENTRE O DIREITO FISCAL E OUTROS DIREITOS


O direito fiscal precisa de outros ramos de direito para existir:

 Direito Constitucional: o direito fiscal deve obediência ao direito constitucional. O


legislador quando cria as leis tem de conhecer bem as leis constitucionais.

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 Direito Administrativo: regula todas as relações que são estabelecidos com a
administração pública do Estado. As ações dos agentes de administração fiscal são
regulamentadas em função do direito administrativo.
 Direito Aduaneiro: apresenta-se como um sub-ramo especial do direito fiscal, que
disciplina fundamentalmente os impostos aduaneiros. Este direito encontra-se
consagrado no Código Aduaneiro da União ( CAU ).
 Direito Civil: a construção do direito fiscal carece das normas do direito civil.
 Direito Penal: matérias que têm na sua base ilícitos fiscais, mas, que por vezes, dada a
gravidade não só é sancionado do ponto de vista fiscal, como também é sancionado do
ponto de vista penal (sanção penal).
 Direito Processual: serve para processualizar qualquer ramo de direito. Relações entre
o sujeito passivo e a AT.
 Direito Fiscal Internacional: é composto por acordos, tratados, convenções,
celebrações entre dois Estados.
 Direito Fiscal Europeu: O direito fiscal internacional disciplina os impostos europeus
propriamente ditos e alguns aspetos dos impostos estaduais para os quais a UE exige
uma harmonização, o que constitui o chamado direito europeu fiscal interestadual,
resultante fundamentalmente de diretivas (que necessitam de transposição do nível
interno) e de regulamentos da UE (de aplicação imediata)
 Direito da Segurança Social: o direito fiscal e o direito da segurança social regulam
relações jurídicas quer por obtenção de receitas, quer por finalidades extrafiscais.
 Direito do Ambiente: verifica-se uma certa proximidade entre o direito fiscal e o
direito do ambiente resultante de imperativos de ordem europeia, que têm levado o
legislador nacional a introduzir critérios ambientais no ordenamento fiscal português
que se manifestam, desde logo, na consagração do princípio do poluidor-pagador,
obrigando os indivíduos a suportar os custos que as suas opções pessoais refletem na
sociedade.
 Direito da Contabilidade: existe uma relação de dependência entre o direito fiscal e o
direito da contabilidade, que se manifesta principalmente no IRC, na medida em que o
lucro tributável das pessoas coletivas é determinado com base no resultado líquido do
exercício apurado pela contabilidade, a qual deve ser organizada de acordo com, as
normas contabilísticas legais em vigor. O lucro tributável pode ser objeto de correções
fiscais nos termos do CIRC, sendo certo que esta dependência não é total, dadas as
divergências entre as leis fiscais e as normas contabilísticas. São múltiplas as
divergências entre estas 2 áreas.

INTERPRETAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA LEI


A interpretação consiste na fixação do sentido e do alcance das normas que o legislador
quis ao criar a lei.

TIPOS DE INTERPRETAÇÃO

 Interpretação económica: consiste na maximização de receitas para fazer face às


necessidades publicas.
 Interpretação funcional: primeiro há que ver qual a função para qual esta lei foi
criada. Em razão da função faz-se a interpretação a favor ou conta.
 Interpretação Literal: a interpretação das normas de direito fiscal é aquela que resulta
do texto da lei/ da letra da lei.

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 Interpretação Extensiva: a letra da lei ficou aquém do espírito do legislador (+curta).
Como tal, é necessário estender a letra da lei, ou seja, têm de ser igual ao espírito do
legislador.
 Interpretação Restritiva: a letra da lei ficou além do espírito do legislador. Então, é
necessário encurtar a letra da lei.
 Interpretação analógica: consiste em aplicar a um caso que está ainda por decidir e
que ainda não tem lei que se aplique a uma cas análogo.

Como a lei não pode regular tudo, surgem as lacunas. A justiça não pode ser negada e
por isso, o interprete deve integrar uma lacuna por analogia. Se não houver uma analogia
possível cria-se uma norma especifica para o caso.

!
No direito fiscal não é exatamente igual. No domínio fiscal existe uma
exceção à regra (ART11/nº4 LGT), ou seja, as lacunas dentro da reserva
da lei não são suscetíveis de integração analógica (elementos essenciais do
imposto – incidência, taxa, benefícios fiscais, garantias dos contribuintes,
crimes e contraordenações fiscais)

RELAÇÃO JURIDICA TRIBUTÁRIA


RELAÇÃO JURIDICA FISCAL: relação de natureza obrigacional ou creditícia, que visa a
obtenção de receitas, independentemente de qualquer outro vínculo jurídico e que não cria
qualquer obrigação especifica ou contra prestação para o sujeito ativo.

ELEMENTOS DE UMA RELAÇÃO JURIDICA

 Sujeito;
 Objeto;
 Facto Jurídico;
 Garantia.

SUJEITOS

ATIVO: no âmbito da relação jurídica-tributária, o sujeito ativo será aquela pessoa do direito
público com a legitimidade para exigir a obrigação tributária. Por vezes, o titular ativo pode
exigir um comportamento negativo (traduz-se numa inação) ou um comportamento positivo
(traduz-se numa ação).

PASSIVO: pessoa singular ou coletiva, que está obrigado à prestação tributária seja enquanto
contribuinte, responsável ou substituto.

 Contribuinte ≠ Sujeito Passivo

Eu posso ser um sujeito passivo de um imposto e não ser contribuinte (tenho um


imposto para pagar ao estado, isto diz respeito a mim e não ao que sai de mim).

Ex: quando há retenções na fonte, eu sou o contribuinte, mas a minha empresa retém
parte do meu ordenado para entregar ao estado e funciona como sujeito passivo, quando
entrega a retenção diretamente ao estado sem nunca passar por mim.

A título de pagamento por conta: não representa o montante


RETENÇÃO NA exato que tenho de pagar, carece de ajuste no ano seguinte
FONTE 8
A título definitivo: o valor que me é retido é exatamente o que
tenho a pagar (não carece de ajustamento)
 Responsável tributária: posso ser responsável por uma divida que não é minha (Ex: ao
nível fiscal o gerente/administrador) são obrigados a responder por dividas da empresa.
A empresa é o sujeito Passivo, mas não é o contribuinte.)
 Contribuinte: é a pessoa relativamente à qual se verifica capacidade contributiva. É
aquele que acarreta o encargo do imposto a pagar sobre o rendimento, o património ou
o consumo.
o De direito: pessoa a quem juridicamente é exigível a prestação de facto (=SP)
o De facto: aquele para quem o contribuinte de direito transfere o encargo de
pagar o imposto, não sendo este 3ªpessoa a quem juridicamente é exigível a
prestação. São aqueles que suportam economicamente o imposto.
 Devedor do imposto: é a quem deve satisfazer a obrigação do imposto perante o credor
fiscal, ou seja, é aquele sobre quem recai o dever de cumprir a prestação tributária
o Originário (principal): pessoa a quem o imposto diz respeito
o Não Originário
 Substituição Tributária (ART 20 LGT):
o Substituto: alguém que se coloca no lugar do contribuinte na obrigação de
pagar o imposto. Na prática, ocorre quando há retenção na fonte.

!
E se o empregador (substituto) retém o imposto e não o entrega ao estado? A quem pode ser
exigido o imposto? Nestes casos, ART28/nº1 LGT, o substituto fica desonerado.

E se o substituto nem deteve o imposto? Depende do tipo de retenção, se for a título de


pagamento por conta, o substituto responde subsidiariamente e o substituído como 1º
responsável e se for a título definitivo, o substituto responde como 1º responsável e o
substituído subsidiariamente.

APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO

1. Convenções de dupla tributação: elimina a dupla tributação – Estados negoceiam para


chegarem a estas convenções, isto é, para decidirem em que país se deve tributar o
imposto.
a. Método de isenção: o Estado da residência renuncia à tributação dos
rendimentos de fonte estrangeira e exclui-os do lançamento do imposto
i. Isenção integral: o rendimento produzido no estrangeiro que não seja
tido em consideração na determinação da taxa de imposto a aplicar nos
restantes rendimentos do contribuinte ( tributado no país onde o
rendimento surge).
ii. Isenção com progressividade: o rendimento apesar de isento, é
considerado conjuntamente com os outros rendimentos para efeitos de
determinação da taxa a aplicar aos rendimentos não isentos do
contribuinte (rendimentos tributados onde são obtidos, mas há uma
progressividade).
b. Método de imputação/credito de imposto: o estado de residência calcula o
imposto sobre a globalidade dos rendimentos do contribuinte, seja qual for a
sua origem, deduzindo o imposto pago no estado da origem ou da fonte de
rendimentos.

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i. Imputação integral: determina que o imposto efetivamente pago no
país de origem seja deduzido, na totalidade, no país de residência.
ii. Imputação normal/ordinária: a dedução permitida no país de
residência seja limitada à fração do seu próprio imposto, calculado
antes da dedução, correspondente aos rendimentos de fonte estrangeira.
2. Elementos de conexão: permite perceber a quê que o legislador deu importância no
momento de tributar.
a. Imposto sobre o rendimento: os elementos de conexão são:
i. Residência do beneficiário do rendimento: este conduz à tributação
do rendimento global do contribuinte, independentemente da sua
origem, de acordo com o princípio da tributação universal ou do
rendimento mundial – CRITÉRIO DA RESIDENCIA.
ii. Local de produção do rendimento: leva a uma tributação limitada dos
rendimentos produzidos no território nacional, como ocorre em regra
em relação à tributação dos não residentes que aufiram rendimentos em
Portugal, baseando-se a respetiva tributação no CRITÉRIO DA
FONTE (Residentes – Universal e os Não Residentes – Fonte).
b. Imposto sobre o consumo: os elementos de conexão são a origem ou o destino
dos bens transacionados. A regra, a este respeito, é a de que os impostos sobre o
consumo devem ser lançados no país onde são consumidos os bens ou no país
onde as prestações de serviços são materialmente executadas (ART 6 CIVA).
c. Imposto sobre o património: sejam impostos sobre património detidos, sejam
impostos sobre a transmissão de património, aplica-se a “lex rei sitae”, ou seja,
a lei do local da situação dos bens patrimoniais.

RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA

! Nesta situação, ART 24/nº1 LGT, “ os administradores, diretores, gerentes e outras pessoas
que exerçam, ainda que somente de facto, funções de administração ou gestão em pessoas
coletivas e estes fiscalmente equiparados são subsidiariamente responsáveis em relação a
estas e solidariamente entre si…”

Subsidiariamente: primeiro, esgota-se o património da sociedade e caso não seja suficiente ou


caso não haja património, o Estado, como credor, ataca um dos gerentes/administradores, a
título subsidiário (isto não acontece se forem meramente sócios).

Solidariamente (ART 513 CC): qualquer gerente/administrador a partir do momento em que


se esgota o património, pode responder pela totalidade da divida. Quem paga a totalidade do
montante pode exigir aos restantes a sua parte da divida, isto é, pode depois exercer o direito de
regresso em relação ao credor originário, nos termos do direito civil.

 ART 24/nº1 a) ≠ ART 24/ nº1 b)  Tratamentos jurídicos diferentes

Segundo o ART 24/nº1 a), era gerente quando a dívida se criou, mas já não era quando
a divida tinha de ser paga. A falta de liquidez para pagar a divida deveu-se a algo que o gerente
fez (é preciso determinar que a culpa foi dele).

Segundo o ART 24/nº1 b), o que interessa à lei é quem esteja a exercer no momento do
pagamento das dividas cujo prazo terminou enquanto exerciam funções. A culpa é “minha” até
que prove o contrário

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ART 24/nº2 - A responsabilidade aplica-se aos membros dos órgãos de fiscalização e revisores
oficiais de contas nas pessoas coletivas em que os houver, desde que se demonstre que a
violação dos deveres tributários destas resultou do incumprimento das suas funções de
fiscalização.

ART 24/nº3 - A responsabilidade aplica-se aos contabilistas certificados desde que se


demonstre a violação dolosa dos deveres de assunção de responsabilidade pela regularização
técnica nas áreas contabilística e fiscal ou de assinatura de declarações fiscais, demonstrações
financeiras e seus anexos.

TRANSMISSÃO DA OBRIGAÇÃO FISCAL

Art.º 577 do CC - cessão de créditos: não tem de pedir consentimento ao credor, apenas tem de
o informar.

Art.º 595 do CC - assunção de dívida: tem de pedir consentimento ao credor.

Nas obrigações fiscais vigora a impossibilidade de transmissão.

Segundo o art.º 29 da LGT, a obrigação fiscal é indisponível e irrenunciável, logo os


créditos e as dívidas tributárias são, em princípio, insuscetíveis de transmissão.

! EXCEÇÕES

 Transmissão pelo lado ativo – art.º 41, nº2 da LGT: a posição de credor numa
posição fiscal pode ser transmitida para terceiros, existe sub-rogação (substituir e
colocar-se no lugar do estado), desde que se tenha cumprido cumulativamente os 3
requisitos seguintes:
o Prazo de pagamento voluntário do imposto tenha sido ultrapassado
o O terceiro sub-roga-se na posição do credor e passa ele a ser o credor do
devedor em âmbito da situação tributaria
o O terceiro ter obtido autorização do devedor do imposto ou prove um interesse
legítimo no pagamento.
 Transmissão pelo lado passivo – transmissão entre vivos não é possível segundo o
art.º 29, nº1. Mas é possível a transmissão das obrigações fiscais por morte/ transmissão
mortis causa (art.º 29, nº2  art.º 2071 do CC)

Ex: Alberto faleceu e deixou um património de 5000 euros, mas possuía uma dívida de 50.000
euros. Os filhos ao aceitarem a herança do pai vão estar a aceitar a dívida também.

Existem 2 tipos de aceitação:

 Aceitação a título de inventário (faz uma lista dos bens todos e repartem entre eles) 
só vão responder para cobrir a dívida os bens recebidos de cada herdeiro. Neste caso
eles só iriam responder com os 5.000 euros a uma dívida de 50.000 euros. O credor tem
que provar que existem mais bens do que aqueles que os herdeiros dizem ter (ónus da
prova a cargo do credor)
 Aceitação pura e simples (sem listagem de inventário)  neste caso os herdeiros têm
que provar que a herança não é suficiente para cobrir as dívidas, arriscando-se a ter que
pagar com o seu património (ónus da prova a cargo dos herdeiros).

OBJETO DA RELAÇÃO JURIDICA

A obrigação principal de pagar o imposto (ART 31/nº1 LGT) tem 4 características


legais:

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1. Obrigação legal: é uma obrigação “ex lege”, que resulta entre o facto tributário e a sua
subsunção à lei, ou seja, é uma obrigação que decorre da lei.
2. Obrigação executiva: a AT goza do privilégio da execução prévia, podendo executar-
se coercivamente a dívida tributária findo o prazo para pagamento voluntário através do
processo de execução fiscal, sem necessidade de sentença declarativa da existência da
divida.
3. Obrigação irrenunciável e indisponível: significa que as partes não podem dispor da
dívida e o credor não pode perdoar a dívida.
4. Obrigação especialmente garantida: art.º736 do CC, significa que o crédito é
privilegiado, ou seja, porque o estado é o primeiro a receber.

Além da obrigação principal de efetuar o pagamento do tributo (art.º31, nº1), a relação


jurídica impõe obrigações acessórias que visam acautelar o cumprimento da obrigação
principal (art.31º, nº2).

Existem 3 tipos de Juros:

 Juros de mora/moratórias (art.º44 LGT): são devidos quando o sujeito passivo


não pague o imposto devido no prazo legal. A taxa de juro de mora é definida na lei
geral e varia todos os anos (Aviso 369/2021)
 Juros compensatórios (art.º35,n1 LGT): ainda não houve liquidação do imposto,
por culpa do sujeito passivo. A taxa de juros compensatórios é igual à taxa civil de
4%.
 Juros indemnizatórios (art.º 43, nº1 LGT): houve um erro na liquidação de
imposto e vou ser recompensado – mesma taxa dos juros compensatórios de 4%.

FACTO JURIDICO

O facto jurídico é um acontecimento que preenche quer a incidência pessoal, quer a


incidência real.

Pagar imposto é uma obrigação legal e não voluntária.

O facto jurídico dá origem à relação tributária (art.º36, n1).

FORMAS DE EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA

 Pagamento: feito em dinheiro. Pode ser voluntário ou coercivo/involuntário;


 Dação em pagamento (LGT art.º40, n2 e CC art.º837): feita através da entrega de um
bem e exige sempre o consentimento do credor;
 Compensação (LGT art.º40, n2 e CC art.º847): ocorre por iniciativa de uma das partes
desde que verificados os seguintes pressupostos:
o Duas pessoas sejam reciprocamente credor e devedor, assumem posições
opostas;
o O crédito seja exigível judicialmente, quer por um, quer por outro;
o Duas obrigações tenham por objeto coisas fungíveis (coisas de fácil
substituição, por exemplo o dinheiro) da mesma espécie e qualidade.
 Caducidade do direito à liquidação: a obrigação tributária pode extinguir-se. O
código civil prevê para vários tipos de dividas vários prazos de prescrição para que haja
uma segurança jurídica. Existem dois tipos de prazos para que o imposto possa ser
exigido:

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o Prazo de caducidade: prazo que a lei prevê para o imposto ser liquidado
(art.º45, n1 LGT)  todos os tributos têm de ser liquidados no prazo de 4 anos
(a contagem dos anos depende do tipo de impostos que temos  art.º45, n2
LGT)
o Prazo de prescrição: prazo dentro do qual o imposto deve ser exigido ao
sujeito passivo. As dívidas tributárias prescrevem no prazo de 8 anos(art.º48,
n1)

Nota: Basta que um destes prazos seja ultrapassado, para a obrigação tributária deixar de existir.

GARANTIA

GARANTIA: serve para garantir que a obrigação vai ser cumprida

 Garantia geral: o património geral constitui a garantia geral dos créditos tributários;
 Garantias especiais:
o Garantia pessoal – na relação a dois surge uma nova pessoa na relação que
aparece para assegurar o cumprimento de uma dívida (ex.: uma fiança 
art.º627 CC)
o Garantia real:
 Privilégios creditórios(art.º 627 CC): concedem a certos credores o
direito se serem pagos com preferência
 Penhor e Hipoteca: o penhor (bens móveis)--art.º50, n2 e hipoteca
(bens imóveis) – art.º666 CC
 Direito de retenção (art.º 758 e 759 CC): permite que um credor se
recuse a cumprir a sua obrigação de restituir uma coisa de outro,
enquanto não tiver sido pago.
 Prestação de caução: art.º 623 e seguintes

PROVIDÊNCIAS CAUTELARES DA AT

 Providência antecipatória: antes do dano ocorrer


 Providência conservatória: o perigo já está a ocorrer

NOTA: Art.º 51/nº1: Arresto (há uma apreensão) -136 a 139 CPPT e o Arrolamento (não
há apreensão, mas é feito um rol/lista de todos os bens que o devedor tem) - 140 a 142
CPPT

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