Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Sebenta - GESTÃO
Direito Fiscal 1º Teste
Comissão 2º Ano 2015-16
Novembro
Esta sebenta é apenas um apoio ao estudo, é importante ter em conta a matéria lecionada nas
aulas bem como outros materiais de estudo. Como é elaborada por alunos também do 2º ano,
está sujeita a gralhas ou falta de informação.
I – O DIREITO FISCAL
O direito financeiro regula a atividade financeira. E esta é a atividade desenvolvida pelo Estado
e por outros entes públicos, de obtenção e gestão de receitas, e, também, realização das
despesas públicas. As finanças são meios ou instrumentos financeiros, como o dinheiro ou o
crédito, que servem para aquisição de produtos/serviços ou como reserva de valor. O objeto
das finanças públicas é o estudo da atividade do Estado e Outros Entes Públicos para a
obtenção de meios financeiros, com vista à satisfação das necessidades.
Natureza:
o Direito público: o Estado intervém sendo um dos sujeitos da relação jurídica. O
direito fiscal é um direito público.
o Direito privado: regula a relação entre particulares
Autonomia: a autonomia do direito fiscal tem fins e interesses próprios, como por
exemplo, o imposto.
3
II – O IMPOSTO
O imposto é a prestação patrimonial definitiva e unilateral estabelecida pela lei a favor duma
pessoa coletiva pública de direito público, para realização de fins públicos e a qual não
constitui sanção de um ato ilícito. Pode ser uma prestação, uma relação jurídica ou um
instituto jurídico.
a. Liquidação
b. Cobrança
- Cobrança Coerciva
- Pagamento voluntário
4
4. Caráter definitivo da prestação: uma vez pago, o imposto não é devolvido.
5. Titularidade de entidades públicas para satisfazer os fins próprios: o imposto
destina-se a fins públicos (art 103º nº1 da Constituição).
6. Unilateralidade e falta de carácter de sanção: o imposto não depende da vontade das
partes, tem natureza coativa
Finalidades do imposto:
- Financeira: o imposto tem como finalidade gerar receitas de modo a cobrir as despesas. Um
conceito importante é o de imposto neutro. A neutralidade de um imposto depende do
critério adotado. Um imposto diz-se neutro quando não provoca excessivas modificações no
rendimento dos contribuintes, quando não discrimina os circuitos económicos longos face aos
curtos.
- Social: sob a forma de impostos progressivos, isto é, maior percentagem de imposto a quem
tem maiores rendimentos. O Estado faz, assim, uma redistribuição secundária dos
rendimentos.
- Unilateralidade: o imposto é uma prestação que não tem contrapartida. Quem paga o
imposto não recebe nada em troca.
- As taxas têm carácter bilateral, enquanto que o imposto tem carácter unilateral. No caso das
taxas, estabelece-se uma relação sinalagmática, isto é, uma relação em que há prestações
entre as 2 partes e estas contrapartidas são o respetivo uma da outra. Assim, a sua
bilateralidade traduz-se numa equivalência jurídica (a taxa paga não deve ultrapassar o custo
da atividade).
- Regime: enquanto que nas taxas o principio da legalidade se baseia na definição do regime
geral, em matéria de impostos, o principio da legalidade diz-nos que eles devem ser criados
por lei, e esta mesma lei deve definir os seus elementos essenciais (art 165º 1 i) da
Constituição e art 1º, 2º e 4º da Lei Geral tributária).
5
o Prestação de um serviço público;
o Utilização de bens do domínio público;
o Remoção de um limite jurídico à atividade dos particulares.
2. Tributos especiais – são prestações pecuniárias exigidas pelo estado e pagas pelo
contribuinte em virtude de uma vantagem patrimonial e concreta que este retira do
funcionamento de determinado serviço público ou da maior despesa que a sua
atividade provoca. Por vezes, o estado pretende satisfazer interesses gerais, mas vai
satisfazer os interesses concretos e individuais de determinados indivíduos (por
exemplo, ao constituir uma barragem, uma estrada…). Os tributos especiais
distinguem-se dos impostos pois é-lhes inerente uma utilização individual. Os tributos
especiais distinguem-se das taxas pois não lhes é inerente um direito de exigir e a
vantagem que se tem é meramente reflexiva. O seu regime é, no entanto, semelhante
ao dos impostos ( art.3º LGT). Os tributos podem assumir as seguintes formas:
a. Contribuição pela maior despesa ocasionada:por exemplo, o Estado constrói
estradas para todos circularem, com carros “normais”, não demasiado pesados
nem que provoquem estragos nas mesmas. Supondo que um particular tem um
carro muito pesado, tem que pagar mais pois provoca um desgaste anormal de
um bem público.
b. Contribuição de melhoria: Verifica-se naqueles casos em que é devida uma
prestação, em virtude de uma vantagem económica particular resultante do
exercício de uma atividade administrativa, por parte de todos aqueles que tal
atividade indistintamente beneficia. Ex: encargo de mais-valia – uma
contribuição especial incidente em geral sobre o aumento de valor de prédios
rústicos que, em virtude de obras de urbanização ou da construção de
infraestruturas, ficam aptos para a construção, encargo esse a liquidar aquando
da solicitação da respetiva licença de construção. 2) Tenho um terreno e só
tenho acesso para lá a pé demorando 2 horas de percurso. Mas, constrói-se
uma autoestrada para lá e o terreno tem uma valorização incrível. Então o
estado lança-me um tributo especial pelo aumento do valor do terreno. Note-
se que a vantagem aqui auferida é reflexa pois a estrada aparece para melhorar
a vida de todos, não é para beneficiar um indivíduo em especial. A estrada
passa perto de mim, mas não é dirigida a mim.
3. Tarifas: as tarifas são iguais ao preço do serviço, enquanto que as taxas são inferiores
ao preço do serviço. As tarifas são taxas economicamente equivalentes.
4. Empréstimos públicos forçados: é uma receita coativa sem carácter definitivo pois há
reembolso. Os impostos têm carácter definitivo pois não há reembolso.
6
Impostos Diretos e indiretos: há critérios jurídicos e económicos para distinguir estes
dois tipos de impostos.
Critérios económicos:
Critérios jurídicos:
A nossa lei usa o conceito de imposto direto e indireto na seguinte legislação: - 736º
nº1 no código civil - 254º nº1 da CRP - 92º e 93º do tratado de Roma - 6º nº1 e 2 da lei
geral tributária.
Em suma, os Impostos diretos incidem sobre o rendimento e património e os Impostos
indiretos – incidem sobre o consumo e despesa.
7
Impostos de prestação fixa ou variável: os Impostos de prestação fixa são os em que o
valor a pagar é sempre o mesmo (ex: antiga taxa militar, que apesar de se chamar taxa
era um imposto). Os Impostos de prestação variável são todos os impostos, ainda que
a taxa de mantenha após a matéria coletável
Impostos gerais e locais: Estão num âmbito de aplicação territorial. Exemplo de
impostos locais: IMI quanto à taxa (localidade é que escolhe taxas em função do
desenvolvimento da região). Os impostos gerais aplicam-se a todo o território.
Impostos principais e acessórios: Os impostos principais são aqueles que existem por
si, não dependendo nem da sua existência nem dos seus elementos nem dos outros
impostos. Os impostos acessórios são aqueles que dependem na existência ou dos
seus elementos ou de outros impostos. Os impostos acessórios podem ser:
o Adicionais: incidem sobre a coleta,
o Adicionamentos: incidem sobre a matéria coletável do imposto principal.
8
com a finalidade de promover ou obstar a certos comportamentos sociais e
económicos. São exemplos de impostos extrafiscais os impostos aduaneiros.
3º - O tributo deve na prática contribuir para a finalidade extrafiscal para a qual foi criado. São
impostos extrafiscais os chamados eco-impostos, que têm objetivos ambientais para uma
dupla via: primeira, limitando a verificação dos factos geradores do imposto, evitando que haja
poluição. Quando essa via falha (ou seja, quando há poluição) utilizam as receitas do imposto
para reparar os prejuízos da poluição, causados pela ocorrência do facto gerador.
Princípio da legalidade:
9
a definição dos elementos essenciais deixar de constar da lei da Assembleia da
República ou de decreto de lei por ela autorizado. A lei de autorização deve obedecer
aos requisitos a definir o objeto, sentido, extensão e duração e sujeitar-se às demais
regras previstas nos artigos 2 a 5 do art 165º da CRP.
Isto implica uma tipicidade legal, devendo o imposto ser estabelecido na lei de forma
suficientemente determinada sem margem para desenvolvimento regulamentar ou
para discricionariedade administrativa ou margem de livre apreciação. Tendo em
consideração essa tipicidade legal dos impostos, não podem existir impostos que não
tenham sido criados pela lei e a lei não pode conter normas elásticas (de sentido
dúbio), devendo o conteúdo dessa lei ser especificado para não dar qualquer margem
de aplicação às autoridades administrativas que aplicam a lei.
Violaria o princípio da legalidade uma lei que determinasse que a taxa do imposto
seria entre 10 e 15% conforme a autoridade administrativa decidisse.
- Discricionariedade administrativa: é a margem deixada pelo legislador ao aplicador
do direito de escolher de entre várias soluções possíveis qual a mais adequada a
satisfazer interesses públicos.
- Margem de livre apreciação: margem deixada pelo legislador ao aplicador de
escolher e encontrar a única solução que satisfaça os interesses públicos.
No direito fiscal, não é permitido nem a discricionariedade administrativa nem a
margem de livre apreciação.
Em suma, do princípio da tipicidade resulta que os impostos são apenas previstos na lei e que
as normas tributárias devam ter um grau de determinação conceitual tao elevada que não seja
possível introduzir quaisquer critérios subjetivos de interpretação para se proceder à respetiva
aplicação.
10
Princípio da Igualdade (art. 13º e 35º CRP)
Generalidade – significa que todos estão obrigados ao pagamento dos impostos sem
qualquer distinção e raça, descendência, sexo, etc… (como disposto no art 13º da CRP)
Uniformidade – todos devem pagar impostos segundo o mesmo critério, o critério da
capacidade contributiva. Esta capacidade é a capacidade de pagar, medida pela
capacidade de gastar. Esta última, por sua vez, mede-se pelo sacrifício que representa
para cada um o pagamento dos impostos.
Assim, o Princípio da igualdade traduz-se não só numa igualdade formal (formal no sentido de
sermos todos iguais perante a lei) mas sobretudo numa igualdade através da lei, isto é, a lei
tem de tratar de forma desigual o que é desigual para compensar as desigualdades fácticas. A
igualdade através da lei é tributar mais a quem ganha mais, com o intuito de uma
redistribuição secundária do rendimento.
A cobrança dos impostos tem que ser anualmente autorizada pelo parlamento, para que o
imposto seja devido não basta que uma lei o tenha criado, é necessário também que a sua
cobrança tenha sido prevista no orçamento do ano respetivo, de acordo com o princípio da
autorização parlamentar anual da cobrança do imposto.
Não pode haver cobrança de impostos sem inscrição orçamental. Este princípio pertence à
constituição material. Na falta de inscrição orçamental dum imposto num certo ano, não
implica a revogação da lei que o criou, mas apenas a suspensão da sua eficácia. Igualmente, se
a lei criar um imposto, o mesmo não será eficaz enquanto não for inscrito no orçamento.
11
Existem 3 graus de retroatividade:
1º Grau: lei nova aplica-se a um facto ocorrido na lei anterior e que esgotou no
domínio da lei anterior todos os seus efeitos (efeitos: liquidação e cobrança).
Ex: A paga imposto em 2008 e já foi liquidado. Em 2010 sai lei que diz que os
rendimentos de 2008 sofrem agravamento de taxa de 0,5%.
2º Grau:lei nova vai aplicar-se aos factos que ocorreram no domínio da lei antiga
todavia os efeitos desse facto prolongaram-se pela vigência da lei nova.
Ex: IRC de 2009. A liquidação é até finais de Maio de 2010. Em Janeiro de 2010
aparece uma lei nova e manda alterar a taxa. O facto já ocorreu mas ainda não
houve liquidação, ainda não houve cobrança. Quando se faz a liquidação já está
em vigor a lei nova.
3º Grau: O facto tributário ocorre no domínio da lei nova e da lei velha. Começa a
surgir no domínio da lei velha, mas só se forma completamente já no domínio da
lei nova. São factos tributários de formação sucessiva, como por exemplo, os
impostos periódicos.
O sistema fiscal nos termos do artigo 103º nº1 da CRP visa a satisfação das necessidades
financeiras do estado e outras entidades públicas e uma repartição justa dos rendimentos e da
riqueza.
Os impostos têm todos uma componente extra fiscal, isto porque não podem existir impostos
extra fiscais puros (com a extra fiscalidade tenta-se adocicar o imposto).
A eficácia do sistema fiscal consiste na sua capacidade para atingir os fins que lhe estão
constitucionalmente destinados.
Estes fins são: o tradicional (obtenção de receitas para a actividade financeira do estado e
outras entidades públicas) e o fim extra fiscal.
12
tendo em consideração o nível possível das receitas públicas. O segundo objectivo do sistema
fiscal (objectivo igualitário) constitui uma das incumbências prioritárias do estado no âmbito
económico e social. (ver artigo 81 alínea B). Nos termos do artigo 67 nº 2 f incumbe ao Estado,
para protecção da família, regular os impostos e os benefícios sociais em harmonia com os
encargos familiares – ordens de conceito programáticas, ou seja, obrigam apenas o legislador e
a administração a desenvolver os meios para atingir estes fins.
Princípio da eficiência fiscal – pressupõe a racionalização dos meios a utilizar pelos serviços
(art 267º5 CRP). Tem em consideração os custos com a cobrança de impostos. Este princípio
baseia-se na comparação, por um lado, nas receitas arrecadas e os objetivos extra fiscais
prosseguidos, e por outro lado, na totalidade dos custos suportados para o efeito, custos esses
financeiros e não financeiros. Enquanto a eficácia respeita à capacidade do sistema fiscal para
alcançar objetivos fiscais e extra fiscais, a eficiência tem em consideração a relação entre os
subjetivos e os custos implicados pela prossecução desses objetivos. Os custos têm a ver não
só com aqueles suportados com o Estado, mas também pelos contribuintes. Um imposto é
ineficiente se os custos por ele implicados não forem compatíveis com os objetivos do sistema
fiscal.
É orgânica porque deveria ser feita pela AR (ou Governo), e formal porque deveria ser lei da Ar
e é outro (regulamento, entre outros).
Lei – no sentido da AR, decreto de Lei e decretos legislativos regionais das assembleias
regionais.
Nº 1 – todas estas matérias são tributadas através de Lei da AR e Decreto de Lei autorizado.
Nº2 – Uma vez que não são elementos essenciais fiscais, podem ser tributárias através de um
decreto de lei não autorizado (no mínimo).
13
como todas as demais matérias previstas no artigo 8º nº2 da Lei geral Tributária. Quanto aos
decretos legislativos regionais, ver artigos 227º 1i), 166 nº 2 e 164 alínea r) da Constituição.
Doutrina – a doutrina vale pela autoridade de quem profere essas opiniões. Por
exemplo, a doutrina dos manuais de direito fiscal, aquela que imana da própria
jurisprudência – valem pela razão de ciência de quem as profere. A doutrina é uma
fonte mediata (não tem relevância no Direito Fiscal).
Instruções
Circulares
Oficio circulares
Despaches normativos
Regulamentos
Pareceres
14
Direito Internacional Geral ou comum – faz parte da lei portuguesa, não necessita de
retificação.
Direito Internacional Convencional – depende de prévia retificação e publicação no
Diário da república. Assume especial importância as convenções internacionais em
matéria da dupla tributação económica.
Direito Comunitário
o Fiscal Próprio – disciplina os impostos comunitários próprios, em que temos a
tributação que suporta a união aduaneira concretizada na pauta aduaneira
comum (PAC); os impostos niveladores agrícolas, a tributação anti-dumping, e
a tributação compensadora. Temos ainda os impostos sobre os funcionários
europeus.
o Fiscal Interestadual
A disciplina dos impostos indiretos, baseada nos artigos 92 e 93.
A disciplina de alguns impostos de alguns aspetos avulsos da
tributação direta das empresas baseada no artigo 94.
No âmbito da tributação indireta, temos o caso do IVA – por exemplo, não há harmonização
quanto à dedução do IVA. No entanto, há harmonização total quanto à incidência pessoal e
incidência reais.
Por fim, os contratos fiscais/acordos não são fonte de direito – ver estatutos dos benefícios
fiscais: art. 36; 41.
Regras de Interpretação (interpretar uma lei é procurar o sentido com que ela deve ser feita
valer). Para interpretar as normas tributárias (art. 11º LGT) temos que ir buscar o sentido das
normas ao código civil, e se persistir a dúvida sibe o sentido das normas de incidência a aplicar,
deve atender-se à substância económica dos factos tributários.
Modalidades:
o Interpretação autêntica: Feita pelo legislador para complementar/esclarecer
(através da lei) – força vinculativa total;
o Interpretação jurisprudencial: Feita pelos juízes, com força vinculativa limitada
para as partes envolvidas;
o Interpretação doutrinal: Não tem força vinculativa.
Resultados:
o Interpretação declarativa: O sentido literal coincide com o espírito de lei;
o Interpretação extensiva: Sentido literal ≠ Espírito de lei – o legislador disse
menos do que aquilo que queria dizer
15
Regras:
1ª) Atualmente, as leis fiscais aplicam-se conforme uma lei geral – artigo 9º do código civil –
valem os princípios gerais de interpretação.
2ª) Quando a lei fiscal utilize conceitos próprios de outros ramos de direito, qual é o sentido
que valem no direito fiscal? – Valem com o sentido que tiverem nesse outro ramo de direito, a
não ser que outro resulte da lei. Exemplo: Conceito de Venda vale como no direito civil, exceto
quando o direito fiscal mencione: em direito fiscal, venda significa.
Problema: O legislador não consegue regular certas situações, mas que deveriam
estar, daí surgem as lacunas.
Lacunas: Não há regras jurídicas para certas situações do quotidiano.
o A necessidade de preenchimento da lacuna – Art. 8º CC.
Resolução do problema: Art. 10º 1/3 CC
A analogia está excluída em matérias de criação de impostos e
definição de elementos essenciais, ou seja, aqueles em que existe
reserva de competência legislativa da Assembleia da Republica –
artigo 8 nº 16 da LGT e artigos da Constituição. Princípio da proibição
da analogia (Art. 11º/4 LGT).
Norma ad hoc – Criada pelo intérprete como se a criasse para a legislação.
As cláusulas antiabuso: Previnem e reprimem práticas evasivas.
As normas tributárias aplicam-se aos factos posteriores à sua entrada em vigor, não podendo
ser criados impostos retroativos. Se o facto tributário for de formação sucessiva (caso dos
impostos periódicos que se formam aos bocados), a lei nova só se aplica ao período decorrido
da sua entrada em vigor.
O artigo 13º nº1 consagra o princípio da territorialidade das leis fiscais. Pode ser entendido
este princípio em sentido:
Negativo, que significa que as leis fiscais estrangeiras não se aplicam no território
português.
16
de estabelecimento permanente, etc. Temos, assim, uma territorialidade em sentido pessoal
ou em sentido real.
Dupla tributação – existe dupla tributação quando o mesmo facto se integra na previsão de
duas ou mais normas de imposto (normas fiscais) distintas, dando origem a mais do que uma
obrigação de imposto. Se as normas tributárias pertencerem ao mesmo ordenamento, a dupla
tributação é interna. Se pertencerem a ordenamentos tributários distintos, a dupla tributação
é internacional.
A dupla tributação económica ocorre quando o facto, no seu elemento objetivo, integra a
previsão de normas fiscais distintas, mas a identidade do facto já não se verifica quanto ao
elemento subjetivo.
Na dupla tributação jurídica exige-se cumulativamente com a identidade do facto na
dimensão objetiva a identidade do facto na dimensão subjetiva, isto é, tem que existir
identidade do facto e identidade do contribuinte. Já na dupla tributação económica,
apenas é necessária a identidade do facto quanto ao elemento objetivo, ainda que o
subjetivo não se mantenha. Haverá dupla tributação ainda que o mesmo facto seja
tributado por impostos diversos, quer quanto à designação, quer quanto à origem, quer
quanto à estrutura, quer quanto ao objeto.
A dupla tributação distingue-se da duplicação da coleta, por quanto, nesta última, não
existe uma pluralidade de normas, mas antes uma pluralidade de aplicações da mesma
norma. A duplicação da coleta está consagrada, em termos conceptuais, no artigo 205 do
CPPT.
– A empresa A SA tem como sócios B e C SA, que por sua vez B tem como sócios D e E SA,
e C F e G SA. Se A obtiver um rendimento de 1000€, pagará imposto (a título de exemplo, a
um a taxa de 10%) 100€. Por sua vez, os 900€ iriam ser distribuídos a B e C, (cada uma
receberia 450€), que novamente iriam ser tributados, e assim sucessivamente – dupla
tributação económica. Para que exista Duplicação da Coleta é necessário que exista:
identidade do facto, do imposto e do período.
17
Dupla tributação Internacional: resulta de todos os Estados quererem tributar. Se fosse
aplicado o princípio da territorialidade, não haveria problemas de dupla tributação. No
entanto, existe um confronto entre: O país de residência (capitalista) e o país de origem
(em vias de desenvolvimento).A dupla tributação internacional prejudica o movimento
internacional de capitais e pessoas. A remuneração do investimento, tal como a do
trabalho, depende também do imposto que for pago após a obtenção dos ganhos e
remunerações. Ora, sendo dupla tributação nociva a esses movimentos, importa que a
mesma seja eliminada. O ónus da eliminação cabe ao estado da residência, devendo o
estado da fonte limitar-se a cumprir o princípio da territorialidade, no sentido de
territorialidade real, tributando apenas os rendimentos aí gerados.
Composto Positivo de Normas – o mesmo facto tem duas ou mais normas distintas.
Composto Negativo de Normas – quando o facto não se integra em nenhuma norma onde
se devia integrar – surge invasão fiscal – não existe norma para a tributação do
rendimento. Assim, o País de Residência invoca o Princípio da igualdade.
18
Ponto de vista da eficácia – o método da isenção permite eliminar a dupla tributação de forma
mais completa e eficaz que o método da imputação. Este último tem a desvantagem de que o
imposto pago num Estado só poder ser imputado no outro estado num Imposto similar, o que
acarreta vários inconvenientes quando os sistemas fiscais são muito diferentes. O método da
imputação, quando o imposto estrangeiro excede o montante imposto nacional em que é
imputado, mantém a dupla tributação (em regra geral, este não costuma acontecer).
Ponto de vista do custo – o método da isenção é o mais simples, quer para a administração
fiscal, quer para o contribuinte, mas é o mais oneroso para o estado de residência, pois implica
uma maior perda de receitas. No entanto, quando os fluxos de pessoas e bens forem idênticos
nos dois sentidos, os sacrifícios financeiros suportados por ambos os estados são semelhantes.
Quando assim não acontece, os sacrifícios fiscais do estado da fonte (subdesenvolvido)
convertem-se em fonte de receita do estado de residência.Para evitar que as finanças do
estado da fonte fiquem ao dispor das taxas do estado de residência, quando é utilizado este
método, utilizam-se outros métodos que estabelecem montante de imputação superiores ao
imposto efetivamente pago no Estado de Residência.
19
As convenções destinadas a evitar a dupla tributação de rendimento e do património
celebradas segundo o modelo da OCDE elegem como elementos de conexão subjetivos a
nacionalidade, a residência, o domicílio e o estabelecimento permanente. E como elementos
de conexão objetivos elegem a fonte do rendimento e a situação do bem. Quanto aos
elementos de conexão subjetivos, a nacionalidade tem pouca relevância, sendo a maior
relevância dada ao elemento residência (referente a pessoas singulares) e ao elemento
sede/estabelecimento estável/permanente (referente a pessoas coletivas). Se uma pessoa for
considerada residente simultaneamente em 2 países, utilizam-se os seguintes critérios
subsidiários:
1º - habitação permanente
3º - permanência habitual
4º - nacionalidade
A convenção atribui o direito de tributar a um ou ambos os estados. Neste última caso, para
evitar/eliminar a tributação, as convenções celebradas segundo o modelo da OCDE consagram
métodos para eliminação dessa dupla tributação.
Quem aqui permanecer mais do que um determinado nº de dias – 183 pelo código do
IRS – artigo 16º.
20
Juros – são tributados no Estado da Residência, mas o estado da fonte também pode
tributar, mas se quem os recebe for o beneficiário efetivo, o Estado da fonte só pode
tributar até 10%.
Royalites – artigo 12º - são tributados no estado de residência.
Regra comum aos dividendos, os juros e às Royalites - se quem recebe os dividendos,
os juros ou as Royalites exercer no Estado contratante donde provêem esses
rendimentos actividade comercial ou industrial através de EE aí situado, e o crédito
gerador desses rendimentos estiver ligado a esse EE, são aplicadas as regras do artigo
7º.
21