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13/09/2022...................................................................................................................................4
15/09/2022...................................................................................................................................6
27/09/2022.................................................................................................................................10
29/09/2022.................................................................................................................................14
04/10/2022.................................................................................................................................17
06/10/2022.................................................................................................................................21
11/10/2022.................................................................................................................................24
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13/09/2022
1. Impostos para quê?
No entanto, num Estado de Direito tem de haver publicidade, e esta manifesta-se através
do Orçamento, e a sua aprovação está sujeita a reserva de lei- não há impostos sem
votação. Os tributos não podem ter fins sancionatórios. Trata-se de uma condição da
existência do próprio estado. Não há estado soberano e independente sem existirem
impostos suficientes para o seu financiamento. E esse é um dos desafios da atual
economia aberta, globalizada, com livres circulações.
É utopia falar neste momento de globalização no sentido em que se sonhava nos anos
90. No entanto, em termos económicos, ainda temos uma grande parte de livre
circulação, em termos monetários- isto é, é muito difícil captar os movimentos dos
contribuintes com maior capacidade contributiva, no sentido em que estes escolhem os
territórios onde não vão ser tributados ou onde vão sê-lo com uma carga baixa- o que se
chamava antigamente de paraísos fiscais.
É muito difícil conseguir captar impostos numa lógica de justiça, de quem mais
capacidade tem. Consta da CRP que o princípio da igualdade rege a tributação- quem
mais tem, mais deve pagar.
O Direito Fiscal é um ramo de direito, já com vários subramos. Implica uma relação de
facto entre a autoridade tributária e o contribuinte. O Direito Fiscal é um ramo
autónomo, com as suas próprias características, e estas advêm do facto de, apesar de ser
um ramo de Direito Público, a relação entre fisco e contribuinte reger-se por princípios
autónomos face aos outros ramos do Direito.
Tributos: receitas públicas que devem satisfazer necessidades públicas e que não têm
características sancionatórias. Este conceito está relacionado com 3 áreas de fiscalidade
stricto sensu, isto é:
1. Normas fiscais stricto sensu: são aquelas que dizem respeito a uma finalidade
de arrecadação de receitas, sejam primárias ou secundárias;
2. Parafiscalidade: surge com uma especialidade- as entidades que criam os
tributos não têm base territorial e não são entidades eleitas democraticamente.
Ex. segurança social e e suas contribuições dos trabalhadores e empregadores-
não são tributos criados através de uma entidade diretamente relacionada com
uma eleição; universidades e instituições reguladores- criam tributos para
financiamento de um grupo homogéneo. Quando os tributos visão o
financiamento de atividades de entidades diversas daquelas que o instituíram.
3. Extra fiscalidade: temos receitas públicas, cuja finalidade principal não é a
arrecadação de receitas, mas a orientação de comportamentos. Ex. tributo sobre
os sacos de plástico, que pretendem que deixemos de os utilizar- pretendem
mudar o nosso comportamento. E se o comportamento não se alterou? Ness
caso, a finalidade não foi alcançada. E se houver uma aparência de extra
fiscalidade, mas na verdade o que a AR quer é arrecadar impostos? Ex. impostos
sobre o tabaco- é duvidoso que o estado esteja preocupado com a nossa saúde.
O Direito Fiscal aparece no quadro do Estado de Direito. Surge em 1918 com a 1º lei
geral tributária, na Alemanha, e dá origem ao Direito Fiscal porque é a primeira vez que
se regulam os direitos e deveres dos contribuintes numa relação jurídica tributária.
1. Impostos:
Características:
Classificações
Impostos reais: incidem sobre o valor dos bens e, na sua pureza, têm objetivos
de neutralidade, não tendo objetivos de entender, em concreto, qual a
capacidade contributiva dos sujeitos, através de elementos pessoais. Isto é,
não interessa qual o tamanho do agregado familiar, se vive em economia e
comum, etc. Pagos também por sujeitos passivos, bem como os restantes.
2. Taxas
3. Contribuições financeiras
Impostos pessoais: direito fiscal é uma das áreas da tipificação, isto é, não
podemos dizer (lei, fisco, tribunais) caso a caso as pequenas distinções entre
contribuintes. O princípio da igualdade é dado pela capacidade contributiva, pelo
acréscimo patrimonial. Elementos pessoalizantes entram depois de apurar a coleta- a
aplicação da alipta do imposto à matéria tributável. Abatimentos- elementos
pessoalizantes que vão introduzir diferenças de acordo com uma lógica de Estado
social. Abatimentos relacionados com despesas de saúde, educação etc- há um máximo
até ao qual o sujeito pode deduzir essas despesas.
Crise do imposto social: com a mobilidade dos sujeitos passivos, quer a nível
global quer a nível da UE, e com a mobilidade dos rendimentos de capitais, passou a ser
muito difícil englobar todo o rendimento. Isto é, os rendimentos com maior mobilidade,
como os juros, dividendos, mais-valias, etc, facilmente são deslocados para países de
baixa tributação. Como os impostos assentam na soberania estadual- cada estado aprova
os seus impostos de acordo com a reserva de lei- isso significa que o desenho dos
impostos também é nacional. Isto coloca em crise o princípio da tributação global:
embora seja mais justo não distinguir entre categorias de rendimentos, os rendimentos
de capitais são tributados de forma muito mais favorável do que os rendimentos de
trabalho, e conseguem escapar à tributação.
Sinalagma jurídico
Sinalagma económico? O princípio da proporcionalidade ou do custo/benefício
Bens divisíveis
Quantificação pelo benefício
O regime geral das taxas nunca foi criado, logo na sua ausencia o TC deveria aplicar o
princípio do custo/beneficio de forma rigorosa.
Cobrança com base no serviço prestado é aceite pelo TC. Temos de distinguir se a
utilidade decorreria do ensino da disciplina ou se o pagamento da taxa tem a ver com o
serviço (Ex. exemplo de pagamento de taxa para inscrição e pagamento de taxa
novamente para mudar de optativa).
As contribuições financeiras não são unilaterais, logo não são impostos, mas
tambem não são bilaterais no sentido das taxas, não são prestações pagas por um
benefício individualizado. São cobradas em benefício de um grupo homogéneo (Ex.
entidade reguladora das telecomunicações – todas as operadoras em PT têm de pagar a
taxa reguladora e essa tem de ser usada em benefício das entidades reguladas).
Fiscalidade
Parafiscalidade – criada por entidades sem base democrática, legitimidade
democrática direta.
Extra fiscalidade – tributos cujo objetivo não é a título principal a arrecadação
de receitas, podem ser objetivos culturais, religiosos… ex. benefícios fiscais –
quando são feitos eliminam ou adiam o pagamento dos impostos. Os sujeitos ou
o objeto tributário cai na norma regra/de incidência, mas depois há uma outra
norma que vem excecionar aquela situação.
Benefícios fiscais
Caso em que os crentes dão donativos elevados a uma determinada igreja, vamos
supor que esses donativos são utilizados para investimento imobiliário – questão: o
donativo em si é um acréscimo patrimonial então à partida haveria tributo, mas há
algumas leis que isentam tributação a estes donativos, como serem doados com fins
religiosos. Como é que determinamos os fins religiosos, podem as igrejas investir esses
montantes? Há capacidade contributiva, a regra é a tributação, mas depois há uma
finalidade extrafiscal que vem dizer que afinal não paga. Para os benefícios fiscais
serem compatíveis com a CRP estes não podem ser PRIVILÉGIOS FISCAIS, porque
os privilégios fiscais são contrários ao princípio da igualdade.
Qual o critério que se usa? O benefício prosseguido com a exceção tem que ser um
benefício para toda a comunidade superior à violação da capacidade contributiva
(princípio do bem estar social).
Princípios:
1. Princípio do bem-estar social – não pode ser um benefício apenas para o bem
estar de um grupo, mas sim para toda a sociedade. Se houver uma isenção para
todas as igrejas entao teremos toda a comunidade satisfeita. A finalidade pode
ser também cultural ou económica ou pode ser diplomática.
2. Princípio da proporcionalidade
3. Princípio da necessidade económica das famílias
4. Princípio do ganho – recompensa de toda a comunidade (ex. tributação dos
jovens mais favorável com objetivo de manter os jovens em território portuges).
Finalidades:
Religiosa
Cultural – temos por vezes isenções quando as empresas investem em arte ou
financiam a arte.
Económica – isenções ou reduções relativamente a atividades económicas que
possam contribuir para o desenvolvimento de uma região ou a criação de
emprego
Política ou diplomática – convenção de viena com o princípio de reciprocidade
(se fizerem o mesmo com os nossos diplomatas no exterior) em que as
embaixadas situadas em território PT não pagam IMI nem os funcionários
diplomáticos pagam IRS relativamente á sua atividade diplomática.
Tatbestand de imposto
An:
Incidência – objeto + sujeito passivo (tem direitos e deveres na relação
tributária que podem ser materiais e formais)
Incidência em sentido amplo – implica a quantificação do tributo. Os proveitos
menos gastos são as deduções ou rendimento bruto. A lei vai definir quais são os
gastos dedutíveis (estao relacionados com a atividades) e depois aplicamos o ad
valorem (a taxa), e objetemos a coleta (resulta da aplicação da taxa à matéria
tributada).
No caso do IRS temos a abatimentos que não estão relacionados com o
rendimento, mas estão relacionados com elementos pessoalizantes (ex. despesas
de educação, saude) e eliminação de duplas tributações. Essas duplas tributações
são deduções à coleta pois já não são pessoalizantes.
Quantum
29/09/2022
Caso das isenções totais – sujeito ou objeto que não pagam imposto.
Sujeito passivo:
Contribuinte
Substituto
Responsável
Estes esquemas estão elencados desde o decreto lei 29/2008 – implica que os
utilizadores são os advogados, solicitadores ou os consultores fiscalistas. Têm de
comunicar ao fiscos estes temas de planeamento. Desta forma, tornam-se sujeitos
passivos.
Dois deveres:
Retenção
Entrega
1
Quando estudarmos o princípio do rendimento real a professora vai insistir no ponto de que a
contabilidade e organizada é uma condição dos estados para o rendimento presumido porque só assim é
que o fisco consegue controlar efetivamente os gastos, os proveitos e todas as outras operações. Também
aqui na substituição tributária só recai esta responsabilidade no caso de ter contabilidade organizada.
Responsabilidade tributária
Situação 1: Foi feita retenção corresponde a um salário, mas não foi entregue ao estado
– nesse caso vamos ter responsabilidade tributária por parte do substituto. Isto é o
fisco pode existir ao substituto o pagamento do imposto retido e não entregue no prazo,
com todas as consequencias, como juros ou coimas se existir uma infração tributária.
Neste exemplo o substituido fica liberto de qualquer obrigação tributária, porque o
imposto foi retido quando ele recebeu, pois recebeu o montante líquido, e não controla
nem sabe o que é que foi feito daquele montante, libertou-se daquela obrigação.
A responsabilidade tributária é uma figura autonoma da responsabilidade criminal e da
responsabilidade civil, pois é sempre uma responsabilidade pela divida tributária de
outrem.
Situação 2: Vamos supor que não houve retenção nem entrega. O substituido
(trabalhador) recebeu um salário bruto indevidamente, ou seja, deveria ter recebido
salário tipico do imposto, mas não recebeu. IRS categoria A recai sobre o salário então é
ele que tem de suportar esse imposto. Então o substituido vai ser chamado em
primeiro lugar. Em termos rigorosos o substituido NÃO É RESPONSÁVEL, porque a
obrigação tributária é dele.
Situação 3: Vamos agora supor que não tem património suficiente para pagar essa
divida – entao vamos ter responsabilidade subsidiária por parte do substituído. Isto
significa que vai haver uma reversão da execução fiscal contra o substituto, neste caso
a entidade empregadora que não fez a retenção do imposto. O substituido tem direito de
regresso – direito de regresso privado, questão entre os dois.
1. Trabalhadores – substituídos
2. Sociedade – entidade substituta
3. Gestores e administradores que tomaram decisão de não entregar imposto retido
ao estado
O substituido, trabalhador, fica liberto pois houve retenção. Não foi entregue e significa
que vai haver uma execução fiscal contra a sociedade que é o substituto. Mas a
sociedade não tem património suficiente – neste caso é preciso saber quem tomou a
decisão de não entrega do imposto retido ao estado. Duas hipóteses:
Facto monetário ocorre segundo a lei – decorre da lei, não é preciso ação por
parte do fisco
Indisponibilidade do crédito tributário Não é possível ao fisco dispor através de
um acordo com um contribuinte do crédito – o imposto tem origem na lei e não
pode haver acordos sobre essas condições por causa do PRINCÍPIO DE
IGUALDADE.
Proibição de moratória – devido ao PRINCÍPIO DA IGUALDADE
165º/1 al. i)
103º/2
227º/1 al. i)
232º/1
238º/4
COMPONENTE COMPETENCIAL
1. Definição do objeto
2. Extensão da lei da aplicação legislativa – em que amplitude poderá o governo
legislar naquela matéria
3. O sentido – quais as diretrizes subjacentes à autorização legislativa
4. Duração – periodo atribuido à possibilidade do governo legislar sobre
determinada matéria
Nem todas as normas fiscais estao sujeitas ao princípio da legalidade, são os elementos
do 165º/1 al. i). Este artigo é densificado então vemos no art 103º/2 uma concretização
do 165º. Relativamente aos impostos quais são os elementos essenciais que têm de
constar de lei formal – que elementos são estes?
O princípio da legalidade não significa que não passa haver uma margem de indefinição
(conceitos indeterminados – significa necessidade de densificação por parte dos
tribunais nacionais).
11/10/2022
PROIBIÇÃO DA RETROATIVIDADE FISCAL (103º/3)
O TC tem distinguido:
Este também pode ser encontrado no art 12º/2 da LGT – não tem qualquer valor
reforçado e destina-se a desenvolver a nossa CRP. Prevê neste artigo regras relativas à
aplicação da lei no tempo. Prevê que até meio do ano aplica-se determinada taxa (taxa
em vigor até alteração da lei) e com a alteração aplica-se a nova taxa que entra em vigor
ex. entra em vigor em julho, até julho a taxa é 20%, a partir de julho aplica-se a nova
taxa de 25%. TODAVIA este artigo não serve para nada porque não é esta a conceção
do TC – a conceção do TC é que se aplica a taxa nova para o ano todo.
A CRP só proibe os impostos retroativos, mas não refere outros tributos – mas a LGT
que passou a dizer que são proibidos os TRIBUTOS RETROATIVOS. Saber como
perante isto vamos resolver a situação, se vamos fazer prevalecer a CRP ou se vamos ter
a LGT em conta. Esta disposição é recente então os tribunais ainda não têm
jurisprudência.
Ex. taxa de esgotos que a câmara todos os anos manda – se agora recebemos uma
notificação que as taxas iriam passar de 100 para 500 €. Não há resolução para isto na
lei, sem ser na LGT, que é uma lei infraconstitucional.
Alterações:
Situação 1: tributação autónoma - tributar despesas. Ex. empresa que tens
despesas não documentadas, essa despesa fica sujeita a tributação autónoma.
Normalmente tributa-.se sobre o rendimento e não a despesa, então questiona-se
o valor desta tributação. Quando tributo despesa esta é um facto isolado no
tempo. No acórdão 18/2011 veio dizer que a tributação autonoma como estava
inserida no código do IRC como estamos a falar de factos de tributação
sucessiva, a sua alteração a meio do ano seria apenas uma situação de
retroatividade inautêntica e como tal não era inconstitucional. No acórdão
seguinte o tribunal veio dizer exatamente o contrário porque era um facto
tributário de obrigação única – SALTOS JURÍDICOS o que não traz segurança
nenhuma ao contribuinte.
Acórdão 610/2012 veio finalmente dizer que estávamos perante um facto
tributário de obrigação única e que, portanto, estariamos numa situação de
retroatividade autêntica.
Situação 2: Mais valias - Alterou-se as taxas das mais valias – dizia-se que estas
mais valias não estavam sujeitas a tributação a não ser que não tivessem mais de
um ano. Em 2010 alterou-se a lei a dizer que haveria tributação
independentemente da sua data de aquisição – questionou-se se isto seria
retroatividade autêntica e inautêntica (sucessiva ou única).
Regente: facto tributário de formação continua – o que está em causa é o
momento em que é determinada a matéria coletável.
Situação 3: lei olhar para o futuro quando ainda não há um facto tributário mas
pode usar as expectativas juridicas.
13/10/2022
RETORNO AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Reserva de lei tem finalidade a previsibilidade quanto ao imposto que se vai pagar –
esta previsibilidade não tem de ser previsibilidade de um leigo, é dada por quem aplica a
lei. Reserva de lei significa que votamos no partido que supostamente vai preencher as
nossas preferências ou gosto e significa que possamos prever um montante em si.
O que pretendemos:
Previsibilidade
Segurança juridica
Saber até que ponto é que podemos exigir à lei que seja determinada – a totalmente
determinada só acontece com quantificação ex. quando temos uma taxa de 15%. Todos
os outros conceitos vão gerar dúvidas – CASOS DÍFICEIS. A última palavra dos casos
difíceis está nos tribunais – se o fisco fizer uma interpretação este está também
vinculado à lei.
OU SEJA:
Margem de livre apreciação – faz o catálogo para casos em que não exista
discricionariedade stricto sensu há uma margem porque não é possivel chegar a uma
vinculação absoluta.
No direito fiscal podemos falar de uma margem de livre apreciação, mas não num juizo
individualizado, tem de ser construido por um conjunto de casos. A jurisprudência
contribui para a diminuição dos conceitos vagos.
Determinação legal não é o mesmo que leis muito detalhadas. A opção essencial política
quanto ao an e o quantum tem que ser da AR.
104º:
Imposto único
A forma como foi desenhado o imposto pessoal no início do século XX apontava para
um imposto único3 – não se discriminasse categorias de rendimento, não se privilegiasse
categorias em detrimento de outras. Imposto pessoal está assim relacionado com a
unicidade (um só imposto sobre rendimentos sem haver a discriminação).
Para não haver discriminação antes têm de ser tratados com a mesma taxa – só o
englobamento é que vai permitir que os sujeitos estejam submetidos ao mesmo escalão.
Este imposto pessoal na prática perante a legislação muitas vezes não é assegurado, a
exigência constitucional não é cumprida porque há partida a unicidade implicaria
englobamento.
Imposto dual
Os estados para não perderem muitas receitas entao resolveram não se converter os
rendimentos com maior globalidade às taxas progressivas – tentaram manter a poupança
no seu país, pois poupança é igual a investimento. Logo resolveram criar o sistema à
parte sem englobamento e progressividade, com taxas mais baixas. Essa opção foi feita
deste o início pelo legislador portugues o que significa que temos um problema perante
CRP, pois o 104º faz referência ao imposto único e progressivo.
O código do IRS segundo a regente não respeitou desde início o 104º/1 da CRP.
Duas hipóteses:
a. tributação autónoma
b. não permitir a dedução de certos bens
c. impor limites à dedução.
São categorias autónomas para não haver comunicação para as despesas por ex. de livro
e computadores só podem ser deduzíveis relativamente à categoria B; se houver
prejuizo na atividade de advocacia o prejuizo não se submete à categoria A, o prejuizo é
só no quadro da categoria B. A autonomia das categorias visa evitar comunicação e
abuso fiscal entre elas.
Esta definição é seguida por exemplos padrão. Não existe tipicidade fechada porque
temos dois princípios constitucionais: reserva de lei e o princípio da capacidade
contributiva. Isto significa que:
Pode acontecer que certos rendimentos que à partida parecem rendimentos de capitais,
sejam rendimento de trabalho dependente ex. caso dos gestores e administradores de
empresas que frequentemente e para além do salário base são atribuidos prémios e
outros tipos de pagamentos por exemplo as ações com opção de venda. Como
qualificamos os rendimentos? Entende-se normalmente que está na nossa lei, a categoria
A, então são rendimentos de trabalho dependente.
Mais valias (art. 9º/1 al. a) – diferença positiva entre o valor de venda e valor de
aquisição de um ativo móvel e imóvel. São tributadas através do apuramento do
salvo (42º e 43º) – se tiver vários ativos e mais valia em relação a alguns deles e
menos valias em relação a outros. As mais valias na forma como são desenhadas
constituem um elemento integrante do IRS como imposto apurado no final do
ano (não é imposto de obrigação única). O STA entendeu que se trata de
obrigação única e a regente entende que é de obrigação sucessiva.
Indemnização para reparação de danos não patrimoniais, exceto se fixadas
judicialmente (9º/1 al. b)
Importâncias auferidas em virtude da assunção de obrigação de não concorrencia
(9º/1 al. c)
Acréscimos patrimoniais não justificados (9º/1 al. d)
Art. 10º - “ganhos que não sendo rendimentos de capitais ou prediais resultem de” Mas
no art. 5º diz-se o mesmo na parte final, há uma inconsistência. Temos de fazer a
melhor interpretação e é dizer que esta categoria dos elementos patrimoniais é a
categoria residual.
a. As obrigações de cupão zero na altura em que isto foi objeto de litígio era um
instrumento financeiro novo. Houve rendimentos de obrigações, esses dão
origem a uma remuneração certa e previsível (os juros) – quando alguém
subscreve a obrigações sabe à partida quanto vai receber a remuneração e
quando recebe o capital de volta.
b. O U-TURN é o instrumento que ao invés de ser pago periodicamente os juros,
os juros eram acumulados com o capital investido e só no final do investimento
é que eram pagos conjuntamente com o pagamento. Então tinhamos instituições
financeiras a vender este produto e essas fariam eventualmente a retenção de
imposto (substituo tributário) no momento de pagamento do rendimento.
c. Vamos supor que o vencimento dos juros ocorre dia 31 de dezembro, o que
aconteceu? Verificou-se num planeamento generalizado em que os sujeitos
passivos constituíam remunerações e essas eram isentas de pagamento de
imposto pela lei. Então no dia 30 de dezembro antes do vencimento do juro o
sujeito passivo A vendia as ações à fundação e recebia um determinado
montante, e era o montante total menos 1 dia.
d. No dia 1 de janeiro a fundação revendia ao sujeito passivo A, ou seja, chama-se
a isto o UTURN, h+a uma venda e depois uma volta ao sujeito passivo inicial.
e. Não há dúvida que a fundação no momento em que venceram os juros estava
isenta, o que acontece relativamente aquela venda ente A e B, porque houve um
ganho? A pergunta é será que foi o juro ou será que foi uma mais valia?
As instituições qualificaram este montante como uma má valia pois a legislação
isentava as mais valias nesgas situações no IRS – então não gouve imposto
nenhum.
f. O fisco considerou as instituições como responsáveis para tributar. O STA veio
dizer e a regente concorda que aquela venda de A para B tinha dado origem a
juros e que deviam ter sido tributados ao abrigo da categoria E. Porquê?
A forma de calculo do montante que foi pago era uma forma tipica do
apuramento de juros.
Qual a diferença entre juros e mais valias?
2 — São sempre havidas como residentes em território português as pessoas que constituem o
agregado familiar, desde que naquele resida qualquer das pessoas a quem incumbe a direcção do
mesmo.
3 — A condição de residente resultante da aplicação do disposto no número anterior pode ser
afastada pelo cônjuge que não preencha o critério previsto na alínea a) do n.º 1, desde que efectue
prova da inexistência de uma ligação entre a maior parte das suas actividades económicas e o
território português, caso em que é sujeito a tributação como não residente relativamente aos
rendimentos de que seja titular e que se considerem obtidos em território português nos termos do
artigo 18.º
4 — Sendo feita a prova referida no número anterior, o cônjuge residente em território
português apresenta uma única declaração dos seus próprios rendimentos, da sua parte nos
rendimentos comuns e dos rendimentos dos dependentes a seu cargo segundo o regime aplicável às
pessoas na situação de separados de facto nos termos do disposto no n.º 2 do artigo 59.º
5 — São ainda havidas como residentes em território português as pessoas de nacionalidade
portuguesa que deslocalizem a sua residência fiscal para país, território ou região, sujeito a um
regime fiscal claramente mais favorável constante de lista aprovada por portaria do Ministro das
Finanças, no ano em que se verifique aquela mudança e nos quatro anos subsequentes, salvo se o
interessado provar que a mudança se deve a razões atendíveis, designadamente exercício naquele
território de actividade temporária por conta de entidade patronal domiciliada em território
4
Nacionalidade não interessa.
português.
6 — Consideram-se residentes não habituais em território português os sujeitos passivos que,
tornando-se fiscalmente residentes nos termos dos n.ºs 1 ou 2, não tenham sido residentes em
território português em qualquer dos cinco anos anteriores.
7 — O sujeito passivo que seja considerado residente não habitual adquire o direito a ser
tributado como tal pelo período de 10 anos consecutivos a partir do ano, inclusive, da sua inscrição
como residente em território português.
8 — O sujeito passivo deve solicitar a inscrição como residente não habitual no ato da
inscrição como residente em território português ou, posteriormente, até 31 de março, inclusive, do
ano seguinte àquele em que se torne residente nesse território.
9 — O gozo do direito a ser tributado como residente não habitual em cada ano do período
referido no n.º 7 depende de o sujeito passivo ser, nesse ano, considerado residente em território
português.
10 — O sujeito passivo que não tenha gozado do direito referido no número anterior em um
ou mais anos do período referido no n.º 7 pode retomar o gozo do mesmo em qualquer dos anos
remanescentes daquele período, a partir do ano, inclusive, em que volte a ser considerado residente
em território português.
11 — Enquadra-se no disposto na alínea d) do n.º 1 o exercício de funções de deputado ao
Parlamento Europeu.
25/10/2022
Se a permanência em território português for inferior a 83 dias vamos para o segundo
critério para perceber se há casa de moradia e intenção de o manter – esta intenção passa
pela procura de indícios concretizadores.
Art. 16º - agregado familiar estar em Portugal não indica que o sujeito passivo esteja
também em território português. Não é uma presunção inilidível.
Art. 17º - Nas RA quando há mais do que um critério de residência há um risco de
abuso fiscal.
Art. 17º-A – residência virtual: se tivermos na situação de um não residente, mas que
90% da totalidade dos seus rendimentos são auferidos em Portugal, há uma opção de ser
tratado como residente para efeitos tributados.
Acórdão do Tribunal de Justiça da EU:
Senhor schumaker que residia na Bélgica, para efeitos fiscais, mas que
trabalhava na Alemanha. O imposto pessoal é único (englobamento) e
progressivo – o seu imposto pessoal era na bélgica, todavia nem ele nem a
mulher tinha rendimentos na bélgica, decorriam todos da Alemanha logo ele não
podia deduzir despesas pessoalizantes (Ex. saúde na bélgica porque não tinha
rendimentos), mas também não podia deduzi-los na Alemanha (porque não era
lá residente).
Quem tributava era a Alemanha a título de não residente, como um imposto real
e isto decorria de um tratado bilateral, logo era a Alemanha que tinha
competência. Foram os tribunais alemães que reenviaram para o TJ o caso e
invocou uma discriminação ao abrigo do tratado – a livre circulação de pessoas,
e o TJ veio-lhe dar razão no sentido que a Alemanha tinha de estender os
benefícios dados aos residentes, aos não residentes que obtivessem a maior parte
dos rendimentos em território alemão, logo, se o senhor quisesse ser tratado
como residente tinha que assumir todas as consequencias e tem que declarar
todos os rendimentos na Alemanha (englobamento) – ISTO É, não pode querer
só os aspetos bons como a dedução das despesas e não se submeter a outros
aspetos.
Chegou-se à conclusão que tinha menos carga tributária se não fosse residente –
vigorou a teoria do ato claro: se a norma ou a decisão do tribunal de justiça são
claras ou foi clarificado então os outros tribunais nacionais já não precisam de
reenviar casos semelhantes para o TJ e consequentes os acórdãos do TJ têm um
efeito multilateral, ou seja, vinculam todos os EM e todos tiveram de adotar a
sua legislação á doutrina Schumacker, incluindo Portugal.
Esta doutrina é aplicada aos trabalhadores transfronteiriços, e Portugal só tem
Espanha.
13º/2 – agregado familiar: existe uma opção quanto aos sujeitos passivos residentes, dos
sujeitos serem tributados individualmente ou conjuntamente com o agregado familiar.
O legislador interpretou a última parte do 104º/1 parte final como uma obrigação de
englobamento dos rendimentos conjugais. TODAVIA, o imposto pessoal deve ser um
imposto individual, porque só assim se consegue perceber a capacidade contributiva de
cada pessoa. Logo, como se deve interpretar o 104º/1 parte final? É respeito o disposto
através do imposto individual, mediante a introdução de deduções à coleta do agregado
familiar.
Há englobamento de rendimentos EXCETO:
Taxas liberatórias (art. 71º) – são as retenções na fonte que são feitas a título
definitivo, não é preciso apresentar declaração anual e englobar ex. juros pagos
por um depósito. Liberta-se o substituido de apresentar aqueles rendimentos.
(REGENTE: dá-se ainda assim opção de englobamento, mas tal serve apenas
para fingir que estamos a respeitar a constituição).
Taxas especiais (art. 72º) – dá-se a opção de englobamento. 28º para
rendimentos, mais valias, capitais. 20% para residentes não habituais – nunca se
questionou o princípio da igualdade.
Um cidadão deixa de ser visto como não residente se tiver um estabelecimento estável
em Portugal – é tributado de acordo com o seu rendimento liquido.
Despesas não documentadas – tributadas a 50%. É a tributação autónoma. A ideia de
rendimento acréscimo exige que o sujeito passivo colabore com a administração
pública. Como o IRS, que tem contabilidade organizada, então tem que manter a sua
documentação disponível para fiscalização da autoridade tributária e quer deduzir aas
despesas – se não há documentação a provar que aquelas despesas foram feitas
(despesas ilícitas, corrupção), então há tributação autónoma. REGENTE: considera que
isto é inconstitucional pois tem uma vertente penalizadora.
Deduções à coleta (art 78º) – saúde, seguros de vida, educação, pensões de alimentos,
encargos com lares, dupla tributação internacional, benefícios fiscais.
De uma tributação da aplicação das taxas pode resultar: rendimento líquido inferior ao
valor anual da retribuição mínima mensal + 20% = devem ser coordenados com a
segurança social, sendo que isto não é uma isenção/benefício fiscal porque temos a
aplicação do princípio da capacidade contributiva.
27/10/2022
Problema do nómada digital:
Saber se eles são considerados residentes para efeitos do art. 10º/6 do código do
IRS. Podiamos ver qual é o minimo de permanência ou se há casa da família.
Se o empregador está fora do território português então como é que o nosso
ordenamento vai vincular o empregador que está por exemplo na indonésia a
fazer retenção na fonte para o estado português.
Do ponto de vista do trabalhador fica numa situação precária porque pode não estar a
pagar impostos como residente em lado nenhum (não consegue por exemplo ter
segurança social em lado nenhum).
Isto significa que a questão dos nómadas digitais em última análise vai colocar
problemas ao próprio trabalhador, aquilo que parecem vantagens, como há lacunas
legislativas isto significa uma desproteção5.
IRC
Art. 104º/2 CRP – as empresas são tributadas fundamentalmente pelo rendimento real.
Significa que é apurado a diferença entre proveitos e gastos admitidos na lei fiscal. Esta
tributação implica deveres de cooperação pelo contribuinte que são fundamentalmente:
Organização da contabilidade
E outra documentação associada a essa contabilidade organizada.
5
Quando Portugal introduz uma política de atação dos nómadas digitais, está a pensar em curto
prazo, não está a pensar nos trabalhadores e nos riscos a este associados.
Esta tributação entende-se que é mais justa em termos de apuramento da capacidade
contributiva porque se há rendimentos brutos as despesas relacionadas com a obtenção
desses rendimentos devem ser deduzidas.
O rendimento real é um conceito normativo e não fáctico, ou seja, por isso as despesas
dedutíveis são aquelas consideradas como tais pela lei fiscal – juizo normativo que não
tem de coincidir com as regras de contabilidade.
Enquanto neste momento a CRP exige que a tributação seja fundamentalmente sobre o
rendimento real, ANTES da reforma eram aplicados métodos presuntivos.
O rendimento real não é um método perfeito porque traz custos de cumprimento muito
elevado para o contribuinte – organizar toda a contabilidade, contratar técnicos de
contas, ter sempre documentação em dia porque isto se trata de verdadeiros deveres
jurídicos.
Objeto
Porque é que a sociedade iria querer dar a entender que era residente numas ilhas e não
Portugal? Se a sociedade for portuguesa será tributada pelo rendimento global e
universal, se não for residente vai ser tributada apenas pelo rendimento obtido em
território português.
Entidades sem personalidade juridica que não sejam tributáveis em IRS e sem
transparência fiscal – Quando existe transparência fiscal?
Sociedade de advogados não é tributada em IRC, mas existe uma
tributação á transparência, são tributados os sócios diretamente por IRS;
Uma sociedade familiar com dois sócios, não é tributada em IRC, mas
existe transparência, vao ser tributados os sócios em IRS.
Qual a explicação?
Se for tributado o lucro de IRC depois o que pode acontecer é uma dupla
tributação – tributação em IRC e depois dos dividendos em IRS.
A transparência fiscal pretende:
a. evitar a dupla tributação económica – os mesmos rendimentos serem
tributados duas vezes.
b. Evitar o planeamento fiscal – de forma a sociedade ficar submetida a
uma taxa mais baixa de IRC e não se distribuem dividendos para
evitar cair *
Não residentes não tributáveis em IRS