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Direito Fiscal

Legislação:
- CRP
- CC
- Lei Geral Tributária

Coletânea de legislação de Direito Fiscal (Sistema Fiscal Português)


OU
Página autoridade tributária

- Manual de Direito Fiscal: perspetiva multinível, 3ª edição

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7.10

Qualquer estado pressupõe uma atividade financeira pública com a realização


de despesas de arrecadação de receitas.

Estabilizar esta matéria referente à noção de direito fiscal, à distinção entre os


vários tributos e ver alguns aspetos práticos.

Noção de direito fiscal

Ideia de que o povo em determinado momento se organiza sob a forma de


Estado e aí atribui-se ao Estado com os seus órgãos um conjunto de visões, de
tarefas que têm que desenvolver e que acabam por estar espelhadas depois
nas constituições.

1º especto fundamental- qualquer estado para desenvolver a sua atividade e


para desempenhar as tarefas que lhe foram confiadas necessita de recursos
financeiros suficientes; isto é, a existência de um Estado pressupõe uma

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atividade financeira pública de arrecadação de receita e de realização de
despesas, pelo meio temos as opções políticas de afetar o dinheiro público
mais para uma tarefa ou mais para outra e temos a atividade de gestão, mas
de forma simples temos esta atividade financeira pública compreendo a
arrecadação de receitas e rendição de despesas.

Alguns estados têm pelo menos em certas medidas receitas patrimoniais,


podem ser receitas provenientes de recursos naturais, por exemplo, exploração
de petróleo e isso pode fornecer alguma receita e ainda assim essa receita é
complementada com a receita fiscal, receita dos impostos.

A ideia inicial é que o titular da soberania (titular do poder soberano), na


linguagem da ciência política, é o povo; portanto é o povo que decide criar o
estado e no fundo transferir poderes para os órgãos do Estado e então o povo
ao fazer isso, ao decidir criar o Estado, que tem que desenvolver a tal atividade
financeira precisa de recurso, então o povo está a aceitar automaticamente
financiar o estado, isto é, abdicar de uma parcela dos seus recursos privados
para financiar a atividade do Estado. Temos aqui presente aquilo que é
designado por auto tributação, ou seja, se um povo decide criar um Estado
aceita auto tributar-se; é a lógica do condomínio, se viverem num prédio com
várias frações sabem que há um conjunto de despesas que são comuns, áreas
comuns, despesas comuns e todos os proprietários das várias frações têm que
contribuir para financiar as despesas dos elevadores e da empresa.

Ficamos já com a ideia de auto tributação que iremos ver mais adiante quando
falarmos dos princípios constitucionais que está na base do princípio da
legalidade fiscal, porque se é o povo que tem soberania, se é o povo que ao
criar um Estado aceita auto tributar-se tem que ser o povo a autorizar a criação
de impostos e a medida dos impostos, mas numa democracia representativa
isso é feito através do órgão de representação popular, ou seja, o Parlamento.
É este que detém este poder para criar impostos em nome do povo.

Tributação Princípio da Legalidade Fiscal

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Estamos a falar da indispensabilidade da atividade financeira pública que no
Estado de direito tem de ser enquadrada pelo direito; já tinha no fundo
transmitido alguma coisa acerca disto já tinha dito que o direito financeiro
Público é um ramo do direito muito vasto que compreende o direito das receitas
públicas, mas também o direito das despesas públicas (direito orçamental),
portanto foi havendo a necessidade de especializar o estudo de alguns
domínios do direito financeiro Público incluindo o que nos interessa, a área das
receitas, assim se destacou o direito tributário como parte do direito financeiro
público/ramo financeiro público que estabelece o regime jurídico dos tributos.

Quando falamos em tributos temos que os classificar e saber distinguir; a


classificação fundamental doutrinária e jurisprudenciais é entre impostos e
taxas, mas para além dos impostos e das taxas temos ainda de considerar as
demais contribuições financeiras, porque estão referidas quer na Constituição
(Art.165º, nº1, l i)) quer na lei geral tributária (Art.2º e 3º), portanto temos uma
classificação dos tributos que se distinguem entre impostos, taxas e
contribuições financeiras.

No direito fiscal estudamos os impostos porque são os tributos mais


importantes, quer do ponto de vista conceitual do regime jurídico quer do ponto
de vista prático porque é através dos impostos que o Estado consegue obter
maior parte das receitas.

QUEM TEM COMPETÊNCIA PARA CRIAR IMPOSTOS PODE CRIAR TAXAS,


MAS QUEM PODE CRIAR TAXAS NEM SEMPRE PODE CRIAR IMPOSTOS!
- Quem tem competência para criar impostos é em princípio o parlamento e o
governo com certa restrição.
- Os municípios podem criar taxas, mas não podem criar impostos.

Quais são os critérios decisivos para distinguir Impostos de Taxas?


Impostos: professor Teixeira Ribeiro “prestação pecuniária (dinheiro), coativa
(cobrada pela força, invadindo a esfera patrimonial se necessário) e unilateral
(contribuinte que paga o imposto não tem nenhum direito a obter uma
contrapartida específica pelo imposto que pagou; sem o caráter de sanção,
exigida pelo Estado com vista à realização de fins públicos”.

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Exemplo: Não podemos dizer que o fulano x pagou o imposto sobre o
rendimento, então tem direito a receber cuidados de saúde; os impostos hão de
servir para financiar a saúde, educação, mas não posso dizer “eu paguei o
imposto, paguei o IRS e, portanto, quero frequentar o programa de pós
doutoramento na universidade x” e aí dizem que não posso a não ser que
pague, “ah mas eu já paguei o imposto”, pagaste imposto porque tens a
obrigação de pagar o imposto, mas isso não te confere nenhum direito a
nenhuma contrapartida específica pelo imposto pago; esperamos apenas que
sirva para prosseguir o interesse geral e que os impostos não sejam desviados
em esquemas de corrupção ou sejam simplesmente desperdiçados em má
gestão, esperamos que realmente sirvam o interesse geral interesse mas não
há uma contrapartida específica.

Taxas: bilaterais- pagamos uma taxa para obter algo em troca, a tal
contrapartida específica, esse algo em troca pode ser o acesso a serviços de
saúde pública (consulta, cirurgia) pode ser uma taxa para obtenção de uma
licença (construção de imóvel), portanto eu pago a taxa e em troca tenho
alguma coisa ou serviço.

Existe uma contrapartida especial: quando falamos no caráter bilateral das


taxas não tem de haver uma correspondência económica entre o que se paga
e o que se recebe. Não tem de existir uma correspondência económica entre o
montante da taxa que se paga e o bem/serviço que é prestado em troca, por
exemplo, quando nós pagamos uma taxa moderadora na saúde dificilmente
cobre os custos reais daquela consulta ou daqueles cuidados de saúde,
portanto não tem que haver uma correspondência económica, não estamos a
falar de um preço. Temos aqui alguns exemplos, as taxas moderadoras na
saúde, as propinas do ensino superior, as taxas das portagens nas
autoestradas.

Contribuições Financeiras: não são exatamente taxas, mas também não


correspondem exatamente à figura dos impostos. Há contribuições financeiras
muito distintas, um aspeto que encontramos normalmente nas contribuições
financeiras é a existência daquilo que se poderá chamar de uma bilateralidade
difusa, por exemplo existem contribuições em vários setores específicos de
atividade económica, setores regulares (setores energéticos, no setor bancário,
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na indústria farmacêutica), há aí algumas contribuições financeiras, e algumas
destas entidades vêm contestar, por exemplo no setor energético dizem que
isto não é uma contribuição, mas sim um verdadeiro imposto e sendo imposto
nós estamos a ser duplamente tributados, porque já pagamos o IRC e agora
estamos a pagar um outro imposto que escapa aos princípios constitucionais
nos impostos.

O Tribunal Constitucional já foi chamado a pronunciar-se várias vezes sobre as


taxas no setor energético e noutros sectores e o que vem dizer no fundo é que
não há nenhuma bilateralidade, não retira nenhum benefício pagar a
contribuição ,portanto é claramente um imposto porque pago e não recebo
nada em troca e o que o Tribunal Constitucional vem dizer é em parte verdade
mas não é exatamente assim, é verdade que também não é uma bilateralidade
como se fosse uma taxa, mas levar esta ideia do Tribunal Constitucional, as
entidades que exercem uma atividade económica num setor regulado têm uma
entidade reguladora que assegura o bom funcionamento do mercado, o
respeito pelas regras da concorrência, pela transparência, entre outros, esse
funcionamento regular do mercado beneficia todas as entidades que atuam no
mercado e portanto ainda que não se possa dizer que é uma contra partida
direta há um beneficio difuso que a empresa obtém e decorre da regulação do
mercado que é financiada através da compra que decorre.

Setor bancário -> os vários bancos paga uma contribuição para o fundo de
resolução para financiar outro banco (espírito santo) - Financiamento publico

Segurança social -> São contribuições financeiras que poderá ser beneficiado
futuramente em aposentadoria.

Nas contribuições financeiras podem ter particularidades que mais se parece


com taxas e outras que parecem mais com importo.

Termo importante: direito e deveres na relação jurídica

Taxas em virtude da bilateralidade há uma relação jurídica sinalagmática


(compreende direito e deveres de ambas as partes)

Impostos temos uma relação jurídica não sinalagmática o contribuinte tem o


dever de pagar, mas não tem o direito de receber algo específico em troca.

Contribuições financeira -> especiais parecidas com o imposto

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Ex.: contribuições de melhoria (expo 98) decreto de lei autorizado pelo
parlamento que autorizou a cobrança dessa contribuição/imposto pela
valorização e investimento da área

Regime especial para os impostos - Especificidades do imposto no regime


jurídico:
Ex.: Município de Guimarães, circulação de veículos de publicidade, município
decidiu criar uma taxa de publicidade. A decisão do tribunal foi que estamos
perante um imposto. Não havendo contrapartida/beneficio que os que deveriam
pagar receberiam do município, portanto sendo um imposto o município não
tem competência para fazer e tudo que cobrou seria ilegal tendo
posteriormente que devolver aos contribuintes.

Lisboa Vila Nova de Gaia -> Criada uma taxa municipal de proteção civil, pago
pelo proprietário dos imoveis, com a justificativa de financiamento de serviços
de proteção civil que são chamados sempre que existam problemas
(catástrofes, prédios a ruir, incêndios...). Constitucionalidade requerida por um
grupo de deputados ao tribunal constitucional e vista pelo tribunal como
imposto, pois não havia uma contrapartida especifica, o fato de poder haver no
futuro algum evento que obrigue a intervenção das forças de proteção civil,
pode acontecer sempre e é para isso que servem os impostos, financiar o
estado que tem a função de garantir a segurança e intervir quando necessário;
há um imposto municipal sobre imoveis – pago pelos proprietários anualmente
que em certa medida existe para isso. Portanto é inconstitucional pois o
município não tem competência para isso.

12.10

Nenhum dos tributos tem caracter sancionatório, o não pagamento dentro do


prazo definido pode implicar alguma penalização, como o pagamento acrescido
de juros ou pagamento de coima e isso pode ser aplicado a todos os tributos.

Tributos – o que existe é um regime geral

Impostos – regime especial, mais específico, mais garantidor dos direitos


fundamentais, com várias particularidades que justificam a existência de um
ramo de direito o Direito fiscal/ tributário, direito dos impostos.

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HOJE:

Relações que estabelecem entre o direito fiscal e outros ramos do direito

Direito fiscal com Constitucional, finanças publicas, direitos económicos, direito


internacional, direito administrativo, direito da União europeia...

Conexões uteis para a compreensão do Direito Fiscal:

Direito constitucional – Direito fiscal = A obrigação de pegar o imposto é um


poder que invade esferas importantes da liberdade e propriedade do individuo
e liberdade económica. Direito constitucional vem limitar o poder para evitar
abusos e legitima a cobrança de impostos “no taxation without representation”.
Concretizando no texto constitucional os vários princípios e regras em matéria
fiscal.

- Alguns dos princípios gerais constitucionais como o princípio da


igualdade, princípio da legalidade, princípio da segurança jurídica tem
implicações fortíssimas no direito fiscal.
- No pondo de vista dos fundamentos, nos princípios, quer nas garantias
do direito fundamental há no direito constitucional uma relevância para o
direito fiscal.
- Os processos em tribunal a contestar impostos muito frequentemente os
particulares envolvem a violação de princípios constitucionais.

Direito internacional – Direito Fiscal = No direito internacional há 2 critérios


fundamentais para a obrigação de pagar o IRS:

1- Reside em Portugal ou

2- Possui fonte rendimento em Portugal.

Alguém que reside em Espanha e tem rendimento em Portugal ao mesmo


tempo não pode haver cobrança do mesmo imposto por 2 nações soberanas.
Um problema que o Direito Internacional vai resolver, através de tratados
internacionais específicos, que são as convenções para evitar a bitributação.

- Portugal tem 91 convenções para evitar a bilateralidade

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- Problema direito Internacional fiscal e é solucionado a través de
instrumento do direito Internacional = tratado Internacional, e tem uma
especificidade que é de evitar a bitributação feito por convenções.
- Essas convenções são tão importantes e abundantes que para facilitar
às negociações entre os Estados que pretendam celebrar esse tipo de
Tratado existem modeles internacionais (com estruturas, regras
fundamentais e princípios fundamentais já estabelecidos) de
convenções que os Estados podem seguir.
- Portugal segue o modelo da Convenção dá OCDE

O grande problema de fiscalidade internacional para além da bitributação hoje


é as grandes empresas multinacionais/digital que não são tributadas em
nenhum lado (nação).

A OCDE anunciou um acordo internacional quanto a cobrança dessas grandes


empresas para assegurar a aplicação de uma taxa efetiva de tributação de pelo
menos 15%.

Direito da União Europeia -> o pagamento do imposto fundamental no


contexto da UE cuja regras estão harmonizadas em estrutura, princípios, etc.
Imposto que contribui para financiar a UE.

IVA- Imposto geral sobre o consumo, imposto sobre o valor acrescentado, está
em disposição nas diretivas da UE. Foi uma condição para fazer parte da UE,
ter uma estrutura de tributação no consumo harmonizada com os países da
UE. Harmonização não é fixação os estados são livres para determinar preço.

Mesmo impostos sobre o rendimento IRS, onde a soberania continua sendo os


Estados; há um limite, as regras em matéria de impostos direto, não podem
restringir o mercado europeu e as liberdades fundamentais. Apesar dos
estados-membros serem soberano na definição de suas regras fiscais não
podem aprovar ou manter em vigor regras que colidam com essas liberdades
fundamentais e que restrinjam o mercado interno do mercado europeu.

Se isso ocorrer o tribunal de justiça da união europeia tem a possibilidade de


condenar membros e condená-los a alterar as regras.

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Pessoas que trabalham em Luxemburgo não residem em Luxemburgo, residem
nos países ao lado. O que acontecia é que um cidadão alemão que trabalhava
em Luxemburgo e obtinha todo rendimento em Luxemburgo considerou-se
discriminado e tratado de modo mais desfavorável em matéria fiscal daquele
que trabalhava e vivia em Luxemburgo que reduzia despesa em habitação,
educação, saúde, ter taxas progressivas. Quem não residia em Luxemburgo
não podia reduzir e por isso iniciou uma ação que chegou ao tribunal de justiça
da UE e foi dado ração a discriminação e fez com que o Estado fosse obrigado
a modificar a legislação.

Direito administrativo - Direito fiscal = Em matéria fiscal quem faz a


liquidação dos impostos (calcular imposto, estabelecer o preço), cobra os
impostos, fiscaliza o cumprimento das obrigações fiscais -> Administração
pública no órgão da Autoridade Tributária e Aduaneira.

Tribunal administrativo e tributário - estão em mesmo tribunal

Do ponto de vista do funcionamento, da operalização do sistema fiscal é


necessário um órgão da administração que assegure esse funcionamento.

A atividade da administração tributária pauta-se pelos princípios e regras gerais


do direito administrativo com algumas especificidades (normas especiais).

Ex.: Sermos notificado da liquidação com o resumo das contas e cálculos, isso
é assim porque estamos em um princípio que é o dever de fundamentar. Para
podermos ver e ter como questionar/agir caso houver erro.

O direito fiscal tem uma componente que é administrativa, de operalização do


sistema, do funcionamento, da prática de atos administrativos em matéria
tributária.

Da mesma forma que as garantias os contribuintes são garantias previstas no


direito administrativo, trata- se de ato administrativo, o poder reclamar da
pratica de um ato, recorrer a um superior hierárquico, podemos impugnar, etc.

Direito Civil – Direito fiscal = A regra para a interpretação das normas fiscais,
da lei fiscal, tem um artigo da LGT que diz que segue as regras gerais do

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direito civil, art.9° CC; há algumas especificidades, mas em princípio aplica-se
em direito fiscal as regras de interpretação do CC.

Relação jurídica e elementos da relação jurídica: sujeito, objeto, facto e


garantia. A relação jurídica tributária tem os mesmos elementos da relação
jurídica civil, são os mesmos em estrutura, mas tem suas especificidades.

Muitos conceitos que utilizamos em direito fiscal são os conceitos de direito


civil.

Ex.: Compra de uma casa, pagamos o imposto IMT, porque adquirem


propriedade na compra e os conceitos são os mesmos – conceito de
propriedade, compra e venda, contrato promessa, liberdade contratual... São
conceitos de direito civil relevante para direito fiscal.

Direito penal – Direito fiscal = aspetos sancionatórios em caso de


incumprimento das obrigações fiscais, pode ser um mero incumprimento
(deixou de cumprir a declaração no prazo - coima) ou podemos estar perante
crimes fiscais. Crimes de fraude fiscal com intenção de lesar o Estado não
declara imposto, ou oculta dinheiro, ou branqueia capital... isso já se configura
crime.

Há particularidades, existe um regime de infrações tributárias, mas há também


um regime de fraude e infrações tributaria onde diz o que é ou não é crime; as
condutas mais graves e menos graves; como são punidas; etc.

Os princípios fundamentais são de direito penal - proibição da retroatividade,


princípio de tipicidade, etc. No fundo a estrutura e os princípios do direito
sancionatório em matéria tributaria, do direito fiscal, são importados do direito
penal.

Direito das Sociedades Comerciais – Direito fiscal = Obvio no IRC,


tributação das empresas.

Importante percebermos o que é uma empresa, sociedade anonima ou outra,


agrupamento de empresas... Essas relações que se estabelecem (entre várias
empresas; várias sociedades; entre sociedade e acionistas) é relevante para o
direito fiscal.

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Ex.: Se uma empresa vive em sociedade anonima e tem lucros, esses lucros
vão ser tributados em IRC. Essa empresas quando tem lucros normalmente,
parte dos lucros é distribuído para os acionistas sob a forma de dividendo. Ao
receber esses dividendos esses passam a ser rendimento pessoal e será
tributado novamente na esfera jurídica pessoal. “Situação de bitributação”.

Isso é importante para o direito fiscal.

Direito do trabalho/ laboral – Direito fiscal = quem obtiver rendimento no


trabalho é obrigado a pagar imposto IRS, o rendimento do trabalho é citado no
código do IRS onde rendimento que resultem de uma relação jurídica de
trabalho. Sabemos disso também através do direito do trabalho.

No IRS temos várias normas especificas que também levam para o direito do
trabalho. Quem chega a acordo para cessar funções e recebe indemnização da
empresa que trabalhava tem uma parte isenta de imposto. Tendo que muitas
vezes ir ao direito do trabalho para verificar.

Para além dessas ligações o direito fiscal faz ligações com outras ciências
como o caso da economia, contabilidade... Na economia os impostos podem
ser usados com instrumentos políticos e económicos.

Ex.: Se quisermos estimular a atividade económica, com grandes investimentos


económicos e criação de empregos, é necessário para a atividade das
empresas para maior produção, investimento e trabalho a diminuição dos
impostos. O Que incentiva o trabalho, produção e investimento das empresas
no mercado.

Por outro lado, se fizermos isso, baixar os impostos para aumentar o


crescimento económico que é bem-sucedido, mas no ponto de vista das
finanças públicas baixar impostos é diminuir a receita fiscal, agravando o deficit
orçamental, que contribui para mais endividamento.

Temos dois lados da balança, economia e finanças, redução de impostos


estimula a atividade económica, mas pode desequilibrar as finanças publicas.
Portanto os impostos podem ser utilizados como instrumento de influente
económico.

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Ex.: Se queremos incentivar as pessoas a fazer poupanças para a reforma,
podemos prevê um benefício fiscal para os jurus dos planos de poupança
reforma, incentivando as pessoas a poupar.

- Isso mostra que os impostos podem ser utilizados em vários domínios,


para várias maneiras.

Ex.: Se os impostos para produtos petrolíferos são elevados tem uma razão,
pode ser para a diminuição do consumo desses materiais foceis.

Ex.: Tributação dos sacos plásticos, para incentivar a reutilização.

-> Impostos usados para mudar o comportamento das pessoas.

A contabilidade é muito importante pois nos permite atuar os montantes dos


impostos, sabendo exatamente que despesas foram suportadas; que impostos
as pessoas ou empresas tiveram, que rendimento tiveram; com base em todos
esses elementos sabemos o valor do imposto a pagas. Isso vale para os
impostos e para as finanças do Estado.

Norma contabilística para o deficit dos estados-membros é igual para todos,


porque se não cada um calculava de sua maneira.

Em matéria fiscal é a mesma coisa, há regras de contabilidade que a empresa


tem que seguir, em alguns casos pessoas coletivas também. Porque com base
na contabilidade organizada e na prova que é feita com documentos é possível
apurar os rendimentos e os custos e assim chegar ao montante do imposto.

13.10

DIREITO FISCAL MULTINÍVEL

Perspetiva onde olhamos para essa disciplina e procura capitar e compreender


suas diversas camadas (níveis).

Existem vários níveis de produção normativa, isso é, vários estratos de


emissão de normas jurídicas, não só, mas também normas de orientação
técnicas; atuação de atores não estaduais que influenciam a fiscalidade.

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Há também interação que se estabelecem nos vários níveis -> Estão ligados,
conectados, uma decisão tomada em um nível pode afetar outros.

Quais são esses níveis: {Finanças públicas}

Perspetiva (nível) nacional = Finanças públicas do Estado

Com o tempo as coisas evoluíram e tornaram-se complexas, com novas


perspetivas (níveis):

Nível Nacional, Estadual (Direito Fiscal do Estado)

- Para além das leis da república aplicada em todo o território (Português)


temos especificidades das regiões autónomas (Madeira e Açores) que
tem seu estatuto próprio com algumas especificidades, incluindo em
matéria fiscal.
- Ex.: tem seu próprio órgão administrativo, sobre qualquer administração
tributária, tem taxas de imposto diferente e temos ainda uma dimensão
local de organização.

Nível Local = Municipal -> que também tem relevo quando falamos de direito
fiscal multinível.

Nível Infraestaduais -> Organização territorial

Referente as regiões autónomas, Madeira e Açores, que tem especificidades,


tem seus estatutos, seus órgãos, seus governos regionais e assembleias
legislativas regionais; uma certa autonomia e, portanto, tem auto poder em
matéria tributária, designadamente fixar diferentes do território continental.

Nível Supraestaduais -> para além do Estado, acima do Estado, estrutura


jurídica; organizações

Nível Internacional -> Dimensão Europeia, com direito e instituições da união


europeia.

- Portugal é membro da união europeia assim como é membro da união


económica e monetária (adoção da moeda euro), seguindo exigência
acrescidas em matéria económica/financeira.

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- A dimensão europeia se impõe, se sobrepõem, a dimensão nacional
(Estadual).

Esses níveis Supraestaduais e Intraestaduais que podem em normas jurídicas


em matéria tributaria interagir entre elas e com a organização de um Estado.

Os Estados não estão isolados do mundo, há um conjunto de relações entre os


Estados e problemas jurídicos que se suscitam entre Estados ou mobilidade
dos cidadãos entre Estados que leva a ter normas de direito internacional em
matéria fiscal e instituições muito importantes atuar no direito fiscal a nível
internacional.

1°) Problema da dupla tributação, onde um sujeito que vive em um país e tenha
rendimento em outro; o país que reside diz que deve pagar imposto no país
porque vive no país e no país em que obtém rendimento diz que o sujeito
recebe rendimento no país e deve ser tributado no país.

Problema de dupla bitributação em que um contribuinte está confrontado com


decisão de 2 Estados que quer tributar. Esse problema vem sendo tratado pelo
direito internacional através de um instrumento chamado Convenções que
servem para evitar a dupla tributação.

Convenções = Tratados Internacionais, bilaterais (entre 2 Estados) com o


objeto específico, regras, para evitar a dupla tributação. Portugal tem 91
convenções desse tipo - esses Tratos definem qual critério prevalecerá o da
residência ou da fonte (renda).

Ao assinar esse Tratado é valido como lei de dimensão internacional aplicada


nos territórios dos Estados que assinaram, se impondo ao ordenamento
jurídico interno dos dois países.

2°) A pouco a OCDE divulgou que um pouco mais de 100 países chegaram a
acordo para se garantir uma tributação mínima de 20% para as grandes
multinacionais do setor digital. Na escala global são as empresas que
atualmente quase não pagam impostos, grande feito pois foi uma grande
maioria dos países.

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Muitos dos avanços em matéria de fiscalidade em escala global e europeia
vem surgido de trabalhos feitos na OCDE, Organização para Cooperação do
Desenvolvimento Economico. Portugal é membro e tem vários grupos de
trabalho.

O que se vem conseguindo são resultados importantes nos vários domínios de


ação da OCDE, sempre com grandes preocupações sociais e tem conseguido
vários avanços, esses avanços chega em trabalho conjunto e acordo entre
Estados. NÃO é por imposição.

3°) Direito da União Europeia é direito internacional e está em tudo para os


Estados membros. Está em direito do Ambiente, Direito fiscal, Direito da
Concorrência...

Ex.: Noticia sobre a Polonia – Polonia diz que seu direito constitucional
prevalece ao direito da UE, o que não condiz com as regras da União.

Os Tribunais Constitucionais dos Estados membros aceitam que o Direito da


UE prevaleça sobre o direito interno incluindo a constituição - Isso é aceito, a
constituição se adapta em alguns casos; mas há países que aceitam
parcialmente isso (Situação Polaca).

Que poder a União Europeia tem em matéria de impostos -> Importante


destituir 2 tipos de impostos:

- Impostos Indiretos

Ex.: IVA, imposto sobre o consumo; vários impostos especiais de consumo


como álcool, tabaco e produtos prolíficos. São impostos que tem uma forte
harmonização europeia, porque isso está expressamente previsto nos tratados.

Tratados sobre o funcionamento da união europeia que é o Tratado da União


Europeia.

Existe enormes tratados que os Estados se vincularam que se prevê


expressamente a harmonização de impostos indiretos.

O IVA que temos resultou de uma transposição de uma diretiva da união


europeia.

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- Impostos diretos/ Tributação direta

Ex.: Impostos sobre o rendimento das pessoas, das empresas, não existe
qualquer norma nos tratados que preveja essa tributação. Esse poder não foi
transferido pelos Estados membros para a União Europeia. O que significa que
continua a ser os Estados membros a ter o poder soberano de definir as regras
dos impostos diretos.

Mesmo nesses impostos em que os estados continuam a ser soberanos, a


tributação sobre o rendimento das pessoas singulares e coletivas há limites,
que tem sido atrelado muito claramente pelo tribunal de justiça da união
europeia.

Essas regras fiscais aprovadas pelos Estados Membros não podem restringir o
funcionamento do mercado interno (comum), mercado europeu onde existe um
conjunto de liberdades fundamentais – liberdade de circulação de pessoas,
mercadorias, capitais, de estabelecimento...

Se um Estado aprova uma norma fiscal, no qual é soberano em matéria IRC ou


IRS, mas que limita alguma dessas liberdades funcional, pode algum cidadão
que se sentiu prejudicado intentar uma ação no Tribunal Nacional ou se a
Comissão Europeia abrir um processo contra esse Estado; por uma via ou
outra pode o Tribunal de justiça chegar e dizer que a norma é incompatível com
o Direito da UE e deve ser eliminado.

Mesmo em uma área do direito fiscal em que a UE não tenha competência


competências expressamente atribuída, mas entra em conflito com outros
objetivos da UE, o bom funcionamento do mercado interno europeu e suas
liberdades fundamentais, pode o Tribunal de Justiça fazer com que a lei interna
do Estado seja alterada.

Perspetiva infraestadual

Nível Estadual – Tem a dimensão regional e local – No território nacional que


gozam de alguma autonomia que se reflete em diversos aspetos incluindo uma
lei de finanças regionais, uma representação fiscal própria, poder de definir
algumas regras fiscais incluindo definições de taxas.

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Nível Local – Refere-se a nível Municipal, os municípios não podem criar
impostos, mas podem criar taxas. Existem alguns impostos no ordenamento
jurídico português que são classificados como impostos municipais.

Ex.: Imposto municipal sobre imoveis, IMI; Imposto Municipal sobre as


transições onerosas (não são gratuitas) de Imoveis, IMT, são impostos
municipais.

Ser Imposto Municipal significa que as receitas desses impostos são receitas
municipais, mas precisamente são receitas dos municípios em cuja o território
se titula os imoveis.

Se comprarem uma casa em lisboa terá que pagar IMT (pago somente 1 vez
quando se adquire o imóvel), a receita desse imposto vai para o município de
lisboa e a partir disso passara a pagar anualmente IMI para o município de
lisboa – Esses impostos são muito importantes como fonte de financiamento
dos municípios.

Impostos municipais são definidos por legisladores (Parlamento ou governo


autorizado), porém o município tem poder/ competência, da definição de alguns
elementos do imposto? Se a taxa é menor ou maior, se confere deduções de
acordo com agregado familiar....

Há margem de poder para o município se o legislador prever isso em lei, definir


em lei todos os poderes que o município pode ter na definida matéria.

Ex.: IMI, há um intervalo para a definição das taxas pelos municípios, isso é a
lei define um valor mínimo e um valor máximo, e cada município tem o poder
para definir qual a taxa de IMI do seu município, tal como existe a possibilidade
de prever a dedução de um certo montante em euros no caso de família com
várias dependências (famílias numerosas).

Mesmo em matéria fiscal temos que falar dos municípios porque se beneficiam
diretamente de receita de alguns impostos e por terem algumas competências
na definição e aplicação de alguns impostos.

Perspetiva das finanças publicas -> Quando tivemos a crise financeira severa
de 2008 e seguintes, tivemos intervenção externa com o programa de

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assistência financeira internacional = Troica (FIM, Banco Central Europeu e
Comissão Europeia) foram os órgãos que emprestaram dinheiro para Portugal
e estabeleceram condições como corte de salários, corte de subsídios de férias
e Natal, aumento de impostos... Timos um órgão internacional que impuseram
medidas a Portugal, e Portugal para cumprir essas medidas e com a disciplina
orçamental veio impor regras também as regiões autónomas e aos municípios.

Os níveis estão interligados!!! Direito fiscal envolve outros ramos de direito e


outros níveis interligados.

14.10

TESTE: 18/11/2021 - Matéria até dia 11/11/2021

DIREITO CONSTITUCIONAL FISCAL -> Princípios fundamental da Fiscalidade


-> Princípio da legalidade, igualdade e segurança jurídica.

Objetivo da Constituição (Lei fundamental do país):

 Limitação do poder político

Em um estado de direito é crucial garantir que não há nenhum órgão do estado


com excesso de poder, é comum nesse propósito o “Checks and Balances” =
“freios e contrapesos” = “equilíbrio de poderes”.

Temos um conjunto de interações entre os órgãos de soberania, uns controlam


os outros:

- Temos um parlamento eleito; O parlamento pode demitir o governo,


aprovando uma moção de censura ou rejeitando uma moção de
confiança
- Temos um presidente da república eleito que nomeia o primeiro-ministro
na sequência dos resultados eleitorais, esse presidente da república não
tem em Portugal funções executivas, mas exerce um controle importante
sobre os outros órgãos, pode demitir o governo, pode dissolver o
parlamento e convocar eleições antecipadas.

Os impostos são fundamentas, indispensáveis, para financiar o estado, mas


representam uma intromissão do Estado na esfera individual de cada cidadão,

18
em sua liberdade e em seu património. Portanto tudo que interfira com
liberdade dos cidadãos deve ser limitado, tendo um conjunto de garantias que
os cidadãos possam valer.

 Superioridade hierárquica da constituição

No ordenamento jurídico interno a constituição prevalece sobre as outras leis,


entrando em acordo com as leis internacionais e da união europeia, que se
sobrepõe/prevalece a constituição.

 Unidade da constituição

A Constituição não pode ser vista como “manta de retalhos” com artigos soltos,
a constituição deve ser com o um fio condutor com valores e princípios
estruturantes os quais se refletem em vário artigo, em várias partes da
constituição.

Quando estudamos a constituição fiscal, artigos da constituição dedicado a


matéria de impostos, devemos interpretá-los e compreendê-lo no contexto da
constituição (na mensagem constitucional - em seus valores e sentido). Deve
haver uma conexão de artigos.

Qualquer Estado necessita de recursos financeiros suficientes para realizar as


tarefas determinadas pela constituição, para dispor desses recursos financeiros
necessita de desenvolver uma atividade financeira publica, arrecadação de
receita e realização de despesas.

- Na maior parte dos casos a maior fonte de refeita são os Impostos.


- Há estados que ainda tem como parte significativa da receita = Receita
Patrimonial

ex. Angola Com receitas provenientes da exploração de recursos naturais


(petróleo, minérios, etc.) Mesmo nesse caso com esforço de diversificação das
fontes de receita, para o aumento do peso dos impostos em vez das receitas
patrimoniais que são inconstantes.

Estados financiados principalmente por impostos são conhecidos por Estados


fiscais

19
Estados financiados sobretudo por receitas patrimoniais são conhecidos por
Estados patrimoniais.

Com o aumento das receitas provenientes de taxa e contribuição financeiras os


Estados passam a ser conhecidos também por Estados tributários.

Em matéria de impostos é fundamental que os cidadãos autorizem a cobrança


de imposto = Autotributação, importante no princípio da legalidade. Um povo
que decide criar um Estado aceita autotributar-se = abidicar de uma parcela de
seu património/ rendimento, para financiar o Estado que tem um conjunto de
tarefas de interesse comum.

 No taxation without representation = Estado de direito que em sua


atividade financeira publica é disciplinada por normas jurídicas
correspondente ao direito financeiro público (amplo)

Em Portugal temos em vigor CRP de 1976 já com diversas revisões


constitucionais e nos dois primeiros artigos da CRP anuncia-nos os valores
fundamentais presentes ao longo do texto constitucional, incluindo valores
fundamentais da constituição fiscal.

Devemos compreender a constituição fiscal no contexto alargado da


constituição, olhando para o todo e compreendendo seus valores e seus
princípios do CRP

Artigo 1.º CRP - República Portuguesa

“Portugal é uma República soberana, baseada na dignidade da pessoa


humana e na vontade popular e empenhada na construção de uma sociedade
livre, justa e solidária.”

- Expressão em diversos preceitos/ princípios/ tarefas constitucionais


- A mensagem constitucional é de um Estado envolvido/ empenhado/
comprometido com a liberdade a justiça e a solidariedade.

Artigo 2.º CRP - Estado de direito democrático

20
“A República Portuguesa é um Estado de direito democrático, baseado na
soberania popular, no pluralismo de expressão e organização política
democráticas, no respeito e na garantia de efectivação dos direitos e liberdades
fundamentais e na separação e interdependência de poderes, visando a
realização da democracia económica, social e cultural e o aprofundamento da
democracia participativa.”
- Art.1° e 2° da CRP são núcleo fundamental de valores importantes para
matéria fiscal.

Artigo 103.º n°1 CRP - Sistema fiscal (2 finalidades)


“1. O sistema fiscal visa a satisfação das necessidades financeiras do Estado e
outras entidades públicas e uma repartição justa dos rendimentos e da
riqueza.”

- Repartição justa dos rendimentos e da riqueza remete a justiça e


igualdade fiscal e é coerente com os valores do art.1° e 2° CRP
- Os impostos são instrumento apto e importante de promoção da justiça
social e de igualdade.

Artigo 104.º CRP - Impostos (Classificação jurídica constitucional dos


Impostos)
“1. O imposto sobre o rendimento pessoal visa a diminuição das
desigualdades e será único e progressivo, tendo em conta as necessidades e
os rendimentos do agregado familiar.
2. A tributação das empresas incide fundamentalmente sobre o seu
rendimento real.

- Não há objetivo de ordem social, a tributação visa


arrecadar receita de acordo com os rendimentos
que a empresa tem.
- Aqui se tem em conta as questões de garantia da
concorrência, liberdade e iniciativa económica,
organização empresarial, etc.

3. A tributação do património deve contribuir para a igualdade entre os


cidadãos.

21
- Sintonia com o número 1

4. A tributação do consumo visa adaptar a estrutura do consumo à evolução


das necessidades do desenvolvimento económico e da justiça social, devendo
onerar os consumos de luxo.”

- A tributação do consumo está fortemente harmonizada com a UE e tem


sido suas diretivas a dizer a estrutura de tributação do consumo e taxas,
portanto está limitando para Estados em matéria de tributação do
consumo. Previsto no Tratado sobre funcionamento da UE e no Tratado
da UE.

 Art.104° CRP nos diz como os objetivos constitucionais vão se


prosseguir, como se arrecada receita e promove a justa repartição do
rendimento e da riqueza. Quais serão os impostos e para que cado um
serve.
 Tributação tripartida dos impostos (rendimento, património e consumo),
são formas de manifestação de capacidade contributiva = Capacidade
económica para pagar impostos.
 A Constituição diz com o que pertente com cada um desses impostos e
suas caraterísticas.

Para além dos impostos temos:

 TAXAS
 CONTRIBUIÇÕES FINANCEIRAS

Artigo 103.º n°2 CRP - Sistema fiscal

“2. Os impostos são criados por lei, que determina a incidência, a taxa, os
benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes.”

Artigo 165.º n°1, i) CRP - Reserva relativa de competência legislativa

“1. É da exclusiva competência da Assembleia da República legislar sobre as


seguintes matérias, salvo autorização ao Governo:

22
i) Criação de impostos e sistema fiscal e regime geral das taxas e demais
contribuições financeiras a favor das entidades públicas;”

PRINCIPIOS CONTITUCIONAIS: Estudo tecno-jurídico

Princípio da Legalidade

Princípio da Igualdade

Princípio da Proteção da confiança

- Ligando-se esses 3 princípios com subprincípios

REGRA X PRINCIPIOS:
Normas jurídicas, subdividisse em:

Princípios jurídicos = tem uma formulação menos precisa, são mais abertos e
permitem vários graus de concretização. Tem maior amplitude e flexibilidade
que permanecem como pilares e grandes orientações de caminhos a seguir.

Ex.: Princípio da igualdade em matéria fiscal, pode haver mais ou menos


igualdade, admite vários graus/ intensidades de concretização.

Regras jurídicas = são mais especificas de tal modo que ou são respeitadas
ou não são; ou valem ou não valem, não há meio termo.

Ex.: Velocidade da autoestrada ser 120 km/h é uma regra que não pode ser
mais ou menos 120 km/h.

20.10
Aula passada:

 Introdução ao direito constitucional fiscal


 Art.103° CRP
 Art.104° CRP
 Objetivo sistema fiscal português
 Estrutura do sistema fiscal (tipos de impostos na CRP)

23
 Objetivos dos tipos de impostos {Art.104° CRP}

Apesar dos impostos serem um instrumento de financiamento do estado eles


são também utilizados para a prossecução de objetivos não financeiros.

Art.103°, n°1 CRP - satisfação das necessidades financeiras do Estado. Nesse


mesmo artigo refere-se também a repartição justa dos rendimentos e da
riqueza. Significa que o legislador constitucional entende que os impostos são
instrumentos apitos a promoção da redistribuição do rendimento e da riqueza
na sociedade.

É através dos impostos que se procede a finalidade social de redistribuição do


rendimento e da riqueza, com a perspetiva de promoção da justiça social e
igualdade.

A constituição reflete preocupações sociais e de utilização de impostos como


instrumento para prossecução de objetivos sociais, na medida que liga ao
conceito de Estado Fiscal (Estado financiado principalmente por impostos) e o
conceito de Estado Social.

Estado social – Entre os direitos fundamentais vemos os chamados direitos


económicos sociais e culturais. Direito a educação, a saúde, etc.

Os impostos e Estado fiscal como indispensável para financiar o Estado além


de promover a justa repartição do rendimento e da riqueza.

Redistribuição do rendimento e da riqueza X Distribuição do rendimento e


da riqueza

Em uma economia de mercado como é feita a distribuição do rendimento e da


riqueza?
R: A riqueza gerada em 1 ano na economia (rendimento nacional) é distribuída
pelos cidadãos, de acordo com o mercado, oferta e procura. Recursos mais
procurados com menos oferta no mercado tendem a ser mais remunerado.
Fatores de produção - capital, terra, trabalho -> Remunerados em juros e lucro
(capital), renda (terra), salário (trabalho). Formas de distribuição do rendimento
nacional pelas pessoas através dessas formas juros e lucros, renda e salários.

24
Nessas economias em questões sociais procura-se de algum modo corrigir o
mercado em termos de igualdade e justiça na afetação dos rendimentos e
riqueza. A perspetiva jurídico-constitucional visa os valores de solidariedade,
igualdade e justiça, portanto o Estado sente a necessidade de promover a justa
repartição/ redistribuição do rendimento e da riqueza.

Quanto temos a Intervenção do Estado, este pode intervir para corrigir o


mercado em diversos aspetos: Falha do mercado, monopólios, oligopólios,
concentração excessiva de poder económico, quando há externalidades
negativas, desigualdade, injustiça, exclusão, etc.

- Intervenção do Estado no sentido de promove a justiça social na


afetação do rendimento e da riqueza.
- Retirar de onde tem mais e redistribuir onde/quem tem menos {logica
redistributiva}

A CRP apresenta um estado que é um Estado Social e um dos instrumentos


que está previsto para esse estado possa ser uma realidade são os impostos,
que são nos termos da constituição, são instrumentos apitos a promover a justa
repartição do rendimento e riqueza; isto não é universal varia de Estado para
Estado.

O simples facto de se cobrar mais impostos a quem tem mais rendimento e


riqueza não garante a redistribuição é preciso administração e políticas
publicas que beneficiem quem tem menos.

Se analisa a redistribuição ao analisar a despesa publica onde podermos ver e


avaliar a partir das políticas públicas e despesas públicas quem se beneficia
mais, os que mais necessitam.

 Vemos então a ligação forte entre Estado fiscal e Estado social, não
podemos deligá-los.

São necessários recursos financeiros para o cumprimento da constituição, para


garantir os direitos fundamentais e os princípios. Direitos humanos (grátis?) - é
também necessário para garantia desses direitos o financiamento (recursos
financeiros).

25
Ao falar de finanças publicas é frequente mencionar os aspetos financeiros
sem se pensar na finalidade das finanças públicas -> O para quer é para
financiar o Estado para este realizar a constituição, cumprir as tarefas que lá
estão, garantir os direitos e servir as pessoas, melhorando sua qualidade de
vida.

Olhar para o Direito e pensar quanto custam -> Ligação entre Estado fiscal e
Estado social, quando se determina na constituição que através dos impostos
vai se promover a repartição do rendimento e a riqueza. Por um lado, arrecada
impostos (Estado fiscal) a quem tem mais e por outro lado políticas sociais
(estado social) de integração, promoção da igualdade, de garantia de direitos
sociais, de dignidade, etc.

- Só há Estado fiscal por existir um Estado fiscal.

Dever fundamental implícito de pagamento dos Impostos (dever jurídico e


ético) - De acordo com a capacidade contributiva.

Há um problema de fraude e evasão fiscal e o Estado tem o deve de combater


- É a quebra do dever de pagar impostos.

Elisão ou Evasão fiscal -> Pessoas aproveitam de falhas na lei para obter
ganhos fiscais que não sendo claramente contra lei, são considerados abusivos
tendo alguns mecanismos que o Estado pode utilizar para tributar essas
pessoas por essa prática abusiva.

Fraude -> Violação clara e direta da lei

Outros objetivos extrafiscais dos impostos: O dever de pagar impostos não é só


a questão da redistribuição através dos impostos podem ser prosseguidos
outros objetivos que não são estritamente financeiros ou fiscais (não são de
obtenção de receita).

Ex.: Impostos de PIGOU, pigouviano.

Impostos ambientais de indústrias poluentes -> Economicamente é a tributação


ótima, onde há externalidades negativas em que a atuação do agente
económico produz efeitos negativos na esfera de outro agente económico. O

26
agente que produz os efeitos negativos não suporta todos os custos das suas
ações, poluem e quem suporta é também a população/ sociedade. Isso é uma
falha de mercado, que se corrige através dos impostos cobrados pelos agentes
poluentes, internalizando/suportando todos os cursos. Ao suportar todos os
curtos o agente que produz os efeitos negativos vai investir em novas
tecnologias para evitar a externalidade negativa e o pagamento de impostos,
saindo mais barato.

- Princípio do poluidor pagador

Os impostos podem ser usados, portanto como incentivo para mudança de


comportamento (ambientais, de saúde...) penalizando ou beneficiando o agente
externalizador.

Exemplo de mudança de comportamento é os impostos em sacos plásticos,


alimento em bebidas açucaradas, snacks de sal... Tudo isso para mudar o
comportamento em função do meio ambiente e saúde.

Finalidades do sistema fiscal em impostos para além da arrecadação de receita


para financiar o estado e a justa repartição do rendimento e das riquezas, tem
a possibilidade também de usar os impostos para objetivos extrafiscais de
incentivo e desincentivo influenciado o comportamento penalizando ou
beneficiando.

21.10
Canvas -> Slides

Os princípios constitucionais fiscais

Princípios gerais/fundamentais do Direito constitucional - Em que medida esse


princípio tem aplicabilidade em matérias fiscais de impostos e quais suas
implicações? Há várias consequências e previsões normativas em matéria de
impostos.

27
Artigo 12.º CRP - Princípio da universalidade
“1. Todos os cidadãos gozam dos direitos e estão sujeitos aos deveres
consignados na Constituição.
2. As pessoas colectivas gozam dos direitos e estão sujeitas aos deveres
compatíveis com a sua natureza.”
 Todas as pessoas (singulares e coletivas/físicas e jurídicas), membros
da sociedade, estão sujeitas/vinculadas ao dever de pagar impostos -
Princípio da universalidade
 Em um estado constitucional não é aceitável excluir certos grupos de
pessoas de pagar impostos – por isso TODOS a partida tem o dever de
pagar impostos- UNIVERSALIDADE
 Mas nem todos as pessoas pagam impostos, há isenções possíveis no
pagamento de impostos, situações que levam a que certas pessoas não
paguem impostos, mas não é pela exclusão do dever de pagar
impostos, essas pessoas beneficiam-se de um regime mais favorável
em função de algum interesse publico ou critérios constitucionais
admissíveis. {Remetendo-se ao art.13° CRP, princípio da igualdade}

Artigo 13.º CRP - Princípio da igualdade


“1. Todos os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei.
2. Ninguém pode ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado de qualquer
direito ou isento de qualquer dever em razão de ascendência, sexo, raça,
língua, território de origem, religião, convicções políticas ou ideológicas,
instrução, situação económica, condição social ou orientação sexual.”

 Os preceitos especificamente se referem ao imposto fazem referência a


igualdade através dos impostos, Art.104°, n°1 e n°3 CRP
 Ninguém pode ser obrigado a pagar mais ou menos impostos em função
de alguns desses critérios mencionados no Art.13°, n°2 CRP
 Princípio da igualdade tem várias dimensões: proibição da
discriminação, proibição do arbítrio, promoção de igualdade de
oportunidades, etc.

PRINCÍPIO DA IGUALDADE:

28
 Proibição da discriminação e do arbítrio: exigência de critérios materiais
legítimos de diferenciação

Em um Estado de direito as pessoas não devem ser tratadas de forma


discriminatória nem arbitrária.

A luz do Estado social existe a ideia de promoção da igualdade de


oportunidades, o Estado deve através da sua ação permitir mesmo as pessoas
mais desfavorecidas, aqueles em situação mais frágil possam ter iguais
oportunidades de sucesso (acesso a educação, saúde, trabalho, etc.)

 Igualdade perante os encargos públicos

Na perspetiva financeira é igualdade perante os encargos públicos, significa


que se o funcionamento do Estado tem custo esses custos devem ser
suportados por todos.

 O princípio da capacidade contributiva como critério operativo de


concretização do princípio da igualdade e da justiça fiscal

O que a CRP exige é uma igualdade material/substancial/real e não uma


igualdade meramente formal/aparente.

Ex.: salários 20.000; 5.000 e 1.000 - para ser respeitado o princípio da


igualdade todos devem pagar o mesmo valor de imposto sobre rendimento =
300 euros {Igualdade formal} isso seria uma igualdade aparente pois as
pessoas estão em situações diferentes, o custo para alguém que recebe 1000
é mais difícil, sacrificante, de se desprender de 300 euros.

Para se conseguir a igualdade material pretendida quem está em situação igual


deve ser tratado de modo igual e quem está em situação diferente deve ser
tratado de modo diferenciado.

A CRP através do princípio da igualdade não pretende uma igualdade absoluta,


pelo contrário o Estado Social procura redistribuir o rendimento e a riqueza,
procura auxiliar os mais desfavorecidos e proporcionar condições de vida
digna, etc.

29
Em matéria de impostos como se garante a igualdade material? O critério
legitimo de diferenciação é a capacidade contributiva - Princípio da capacidade
contributiva, concretizando o princípio da igualdade fiscal em sentido material.

Capacidade económica diferente e, portanto, a medida do imposto exigida a


cada um deverá ser diferente, se fosse igual seria uma situação de injustiça
fiscal e desigualdade.

No Art.4° Lei Geral Tributaria vemos o critério da capacidade contributiva:

Artigo 4.º, n°1 LGT- Pressupostos dos tributos (vemos o critério da capacidade
contributiva)

“1 - Os impostos assentam essencialmente na capacidade contributiva,


revelada, nos termos da lei, através do rendimento ou da sua utilização e do
património.”

O princípio da universalidade e igualdade não se excluem, mas pode acontecer


que por força do princípio da universalidade (TODOS tem o dever de pagar o
imposto) e uma pessoa sem capacidade contributiva e, portanto, no momento
pode não pagará impostos, tem o dever universal de pagar os impostos, mas
não tem a capacidade no momento -> Significa uma concretização do princípio
da igualdade em sentido material.

+ Qualquer benefício ou desagravamento fiscal que possa ser aplicado por


certas pessoas ou certas entidades deve ter um fundamento legitimo,
válido/aceitável (caso dos benefícios fiscais).

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA


Artigo 103.º, n°2 CRP - Sistema fiscal
“2. Os impostos são criados por lei, que determina a incidência, a taxa, os
benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes.”

- “incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes”


CRP nessa parte determina os elementos essenciais dos impostos.
- “Os impostos são criados por lei”, sentido de aprovação/competência
legislativa (Art.165°, n°1, i) CRP) Reserva relativa de competência

30
legislativa = Assembleia da República tanto o Governo (perante lei de
autorização da AR) tem competência legislativa em matéria de impostos.

Artigo 165.º, n°1 CRP - Reserva relativa de competência legislativa


“1. É da exclusiva competência da Assembleia da República legislar sobre as
seguintes matérias, salvo autorização ao Governo:
i) Criação de impostos e sistema fiscal e regime geral das taxas e demais
contribuições financeiras a favor das entidades públicas;”

- Em matéria de impostos (Art.165°, n°1, i) CRP) insere-se no âmbito da


RESERVA RELATIVA, Assembleia da República tanto o Governo
(perante lei de autorização da AR) tem competência legislativa.
- Essa lei de autorização é aprovada no parlamento e tem limites e regras
especificados, ficando o Governo AUTORIZADO a criar/alterar através
de um Decreto de lei matéria de impostos.

OBS:

▫ Quando a CRP não diz nada ambos são órgãos competente para
legislar nas diversas matérias (competência concorrencial) - Regra geral.
▫ Porém a CRP diz que em algumas matérias (art.164° CRP) = SÓ a
Assembleia da República tem competência para legislar (reserva
absoluta).

Princípio da legalidade tributária:


 Prevalência da lei
 Precedência de lei
 Reserva de lei - Fiscal AR (Art.165°, n°1, i) CRP)
 Tipicidade

21.10

ELEMENTOS ESSENCIAIS DOS IMPOSTOS

Art.103°, n°2 CRP - “...incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias


dos contribuintes.”

31
Regras de incidência são regras de impostos que nos diz o que é tributado e
quem é tributado.

- Incidência objetiva ou real: descrevem aquilo que é tributado, o que é


tributado, factos sujeitos a imposto.

Ex.: Quando o imposto diz que a compra de um imóvel (facto sujeito a imposto)
está sujeita a IMT = Regra de incidência objetiva ou real.

- Incidência subjetiva ou pessoal: diz quem é o sujeito do imposto,


quem tem que cumprir a obrigação fiscal.

Ex.: A obrigação de pagar imposto é de quem adquire o imóvel = Regra de


incidência subjetiva ou pessoal

Benefícios fiscais devem ser aprovados por lei, na medida que representa uma
exceção/especialidade no regime jurídico fiscal.

Garantias dos contribuintes são garantias que o contribuinte tem perante a


administração tributária, como eles podem reagir/reivindicar seus direitos e
fazer valer seus direitos perante a administração pública.

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE TRIBUTÁRIA:

 Prevalência da lei – falamos aqui de hierarquia da lei, a lei prevalece


sobre os regulamentos e atos da administração tributária.

A Adm. Pública também pode emitir normas com carater geral e abstrato, mas
não tem força de lei, são regulamentos administrativos, estão abaixo da lei em
termos hierárquicos.

Em matéria tributária pode haver regulamento, determinadamente portarias em


matéria tributária; pode também acontecer da administração tributaria emiti
circulares, para vários serviços dispersos pelo país, dizendo como que a norma
deve ser interpretada, por existir duvidas interpretativas.

Tanto o regulamento tanto as circulares são subordinadas a lei, valendo


somente para os serviços da administração tributaria e não aos contribuintes,
esse não são obrigados a aceitar como boa a interpretação que a autoridade
tributária faz da lei.
32
Se o legislador não disser não pode a administração tributária através de
regulamento ou outra forma interpretativa vir dizer o que o legislador não disse
(o que não está na lei), acrescentando, alterando ou retirando. Se o legislador
falta com algumas coisas na lei cabe a ele (legislador) e somente a ele a
alteração da lei, para que inclua tudo que gostaria de dizer e não disse.

Portanto, aquilo que prevalece é a lei, prevalece sobre os regulamentos,


orientações administrativas, atos administrativos, então aquilo que o
contribuinte está vinculado é somente a lei.

 Precedência de lei – mesmo em emissão de regulamentos só é


possível se a lei permitir. Tem que haver uma lei que habilita a
administração a emitir regulamento em certa matéria.

Veremos em normas fiscais onde o legislador diz ex. Está sujeito a IRS os
subsídios de refeição nos montantes que ultrapassem o valor definido por
portaria. O valor definido por portaria é um valor definido por regulamento, a
própria legislação fiscal que prever que certo valor que é relevante para efeitos
fiscais venha ser definido por regulamento.

Não pode ser a administração por sua livre iniciativa, quando o legislador não
diz nada, não permite, não autoriza criar regulamento sobre a material. É
necessário um fundamento legal para emissão de regulamento, ou
genericamente se a autoridade em causa tiver poder regulamentar em matéria
que sejam definidas ou especificamente que a lei preveja possibilidade de
aprovação de regulamento.

 Reserva de lei – Reserva de lei fiscal (Art.165°, n°1, i) CRP) - já visto.


 Tipicidade – Princípio da tipicidade da lei fiscal
Fundamental para o direito penal, sendo considerado crime apenas o que está
na lei (Tipificação dos fatos que configura crime)
A Tipicidade da Lei Fiscal, em matéria de imposto a obrigação de pagar
impostos é de acordo com a tipificação em lei. Se a lei não disser não se é
obrigado a pagar.

33
PRINCÍPIOS DA SEGURANÇA JURÍDICA E DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA
DOS CIDADÃOS
O princípio da segurança jurídica e da proteção da confiança dos cidadãos, não
se encontra em nenhum artigo determina da CRP, esse princípio resulta de
várias disposições e entendimento jurisprudencial da constituição.
Coordenadas fundamentais firmadas pelo Tribunal Constitucional em vários
acórdãos sobre esse princípio:

 Estabilidade da lei fiscal


 Previsibilidade – ter acesso e poder conhecer antes de praticar o facto
 Clareza da lei fiscal
 Publicidade – poder conhecer, ser publicas
 Proibição da retroatividade autêntica das normas fiscais desfavoráveis
(art.103. º, n.º 3, da CRP)

O Estado de direito aponta para uma certa estabilidade e previsibilidade do


ordenamento jurídico, a ideia é de que os cidadãos devem poder conhecer as
regras (publicidade) antecipadamente para poder respeitá-las (previsibilidade)
e se manter em vigor durante algum tempo (estabilidade), sendo redigida de
forma a ser compreendida pelos destinatários (clareza).

O princípio da segurança jurídica e da proteção da confiança dos cidadãos são


as ideias de estabilidade; boa-fé, transparência, previsibilidade, clareza,
publicidade, etc.

Isso tem várias aplicações no direito fiscal:

Ex.: Proposta do orçamento para 2022 (está em discussão) e há várias


medidas/proposta em matéria fiscal, quanto a progressividade do IRS (proposta
para aumentar a progressividade dos escalões) e outras propostas. A ideia é
que na lei do orçamento que venha a ser aprovada para 2022 se anunciem ao
cidadão quais serão as regras “do jogo” fiscal para 2022, com antecedência,
antes do ano começar. Isso para que as pessoas possam conhecer as normas
fiscais antes de vigorar em 2022 e esperamos que essa regras vigorem durante
todo o ano (estabilidade).

34
Artigo 103.º, n°3 CRP - Sistema fiscal

3. “Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos que não hajam sido criados
nos termos da Constituição, que tenham natureza retroativa ou cuja liquidação
e cobrança se não façam nos termos da lei”.

Princípio da constitucionalidade e da legalidade, supremacia da CRP e da lei,


sendo as pessoas obrigadas a pagar os impostos nos termos da CRP e da lei.

“Ninguém pode ser obrigado a pagar impostos que tenham natureza retroativa”:

Normalmente as normas jurídicas são aprovadas, promulgadas, publicadas e


produzem efeitos para o futuro, no caso de o legislador não definir, produzem
efeitos PROSPECTIVOS (para o futuro)

Em alguns casos o legislador pode determinar que certa lei produza efeitos
para o passado -> efeito RETROACTIVO

Ex.: no meio do ano há uma alteração no estatuto dos professores


universitário, ganhando maior salário (aprovada em março), mas validos desde
1 de janeiro. Recebendo reajuste ao longo do ano incluindo o valor de janeiro e
fevereiro - Retroatividade autêntica, produz efeitos para o passado.

- Em matéria favorável pode ser aplicada a retroatividade.

Retroatividade inautêntica = RETROSPETIVIDADE -> a norma para o futuro,


ex. publicada hoje e produz efeitos para o futuro, tal como nas normas
prospetivas. Porém aplica-se a situação já iniciadas no passado e se mantes
hoje, ao longo do tempo.
- Normas que produzem efeito para o futuro, mas que se aplicam há
situações iniciadas no passado.

Ex.: Se altera a idade da reforma para 80 anos, essa alteração podia ser feita
de 2 formas:

É alterada a idade da reforma sendo uma norma prospetiva, para o futuro, e só


aplicada a quem está começando sua carreira contributiva agora. Ou;

35
É alterada a idade da reforma para todos, os que já começaram sua carreira
contributiva e os que ainda vão começas tornando-se uma norma
RETROSPETIVA.

Exemplo em matéria fiscal:

Ex.1: Imagina a publicação em novembro 2021 de uma lei de agravo do IRS


para 2020, ano passado. Estamos perante uma norma retroativa autêntica da
lei fiscal, que pretende produzir efeitos para o passado, IRS de rendimentos já
declarados e tributados. Situação desfavorável ao contribuinte, inconstitucional
Art. 103°, n°3 CRP, tornando a retroatividade autêntica sempre proibida.

 Normais fiscais retroativas favoráveis ao contribuinte, sendo um


benefício fiscal retroativo ou desagravamento fiscal retroativo, a CRP
não se opõe, sendo permitida.

Ex.2: Imagina a publicação em novembro 2021 de uma lei de agravo do IRS


para 2021, ano que está a decorrer, a lei (as regras do jogo) foi modificada no
meio/final do ano. Estamos perante uma norma retroativa inautêntica da lei
fiscal, uma retrospetividade.

 O Art. 103°, n°3 CRP não proíbe a Retroatividade inautêntica =


Retrospetividade, em princípio não são proibidas, só será considerada
incompatível com a constituição uma norma fiscal retrospetiva que seja
considerada excessiva para um estado de direito {Juízo que o TC fará –
a luz do princípio da proporcionalidade}.

Ex.: Caso real de 2010 – Nesse período ocorreu o início da crise financeira
global, o governo português por conta da crise decide agravar os impostos de
IRS (no meio do ano de 2010), chegando a questão ao Tribunal constitucional
por meio de um grupo de deputados que invocou a inconstitucionalidade por
intender ser uma norma retroativa (pois atingiam rendimentos já aferidos no
passado – início do ano, antes da lei ser aprovada) ou mesmo que se
entendesse retrospetiva era excessiva. O TC entendeu que o IRS é um
imposto anual e sendo assim a matéria coletável, sujeita a imposto, só se
conhece no final do ano (31 de dezembro) sendo liquidada somente depois e
como tal qualquer alteração de IRS no decurso do ano não se pode considerar

36
uma alteração retroativa, pois se diz respeito ao IRS do mesmo ano. O TC
considerou então que se tratada de uma norma fiscal retrospetiva, norma para
o futuro atingindo o passado, não sendo excessivo ou injustificável por conta da
crise, sendo adotando essa medida de alteração.

Princípio da proporcionalidade salvaguarda a excessividade da retrospetividade


onde o TC vai dizer que a CRP não proíbe, mas pelo fator excessivo que
ofende os valos do Estado de Direito vai fundamentar sua proibição

PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE- Princípio da proporcionalidade como


princípio constitucional é importante como auxiliar para aplicação de outros
princípios

A retrospetividade é aceitável a menos que seja excessivo de acordo com a


proporcionalidade, ver se a medida é adequada, necessária e proporcional em
sentido restrito.

 Adequação
 Necessidade
 Proporcionalidade em sentido estrito

-------------> A proibição do confisco

25.10
Revisão da aula passada:

Princípio da igualdade Tributária


Dimensões:
A igualdade que se pretende e que a CRP exige é uma igualdade em sentido
material/real/substantiva, que se distingue numa igualdade meramente formal
ou?? 2.46

As situações iguais devem ser tratadas de modo igual e as situações diferentes


devem ser tratadas de modo diferente.
É igual ou diferente em relação a quê? É um conjunto de critérios que não são
admissíveis perante a diferenciação entre as pessoas.

37
Critérios do art.13°, nº2 CRP, não podemos dizer designadamente em matéria
fiscal “quem é da religião X paga estes impostos e quem é da outra paga
outros”, não podemos discriminar em função da religião, sexo…

Quando falamos em igualdade existem os seguintes critérios:


Critério legítimo de diferenciação entre as pessoas para fins fiscais
 Capacidade contributiva- consiste na capacidade económica para pagar
impostos, ou seja, através deste critério podemos determinar quem paga
mais ou menos impostos. Não está escrito na CRP, mas resulta de uma
interpretação da constituição e está escrita na LGT (art.4°, nº1 LGT).

Mesmo lendo este preceito da LGT dizemos que há uma certa moderação de
sentido o que significa que sendo o principal critério ele não é único, não é
exclusivo.

 Critério do benefício que está normalmente associado às taxas- o


contribuinte paga a taxa e recebe em troca algum benefício, algo em troca.
Não está só ligado às taxas, antes do critério da capacidade contributiva
assumir preponderância chegou a entender-se que deveria pagar mais
impostos quem beneficiasse em maior medida da atuação do estado. ->
Discussão em torno do que é justo em matéria de impostos.
A lógica era, se a atividade do Estado implica custos e se esses custos são
distribuídos por todos é justo que pague mais quem beneficie mais da
atividade do Estado. Esta lógica levada até às últimas consequências
implicaria o agravamento da desigualdade, que no fundo seriam os mais
desfavorecidos a serem sobrecarregados com impostos.
Ainda assim, há impostos que têm por base o critério do benefício embora
tenha por hábito o critério da capacidade contributiva, que é o caso dos
impostos sobre o património (IMI), no sentido de quem é proprietário de um
imóvel beneficia especialmente das infraestruturas públicas, então o
legislador entende que é justo exigir que o proprietário tenha um imposto por
esse benefício que tiram das infraestruturas e proteção da propriedade.
O critério do benefício continua a ter algum relevo e alguma expressão em
matéria fiscal designadamente na área da tributação do património.

38
Quando falamos em igualdade existem os critérios da capacidade contributiva
e do benefício e devemos formar uma opinião sobre o que é bom ou mau e
quais os argumentos. Um desses argumentos que sequentemente gera
controvérsia é o que se refere à progressividade ou proporcionalidade dos
impostos, enquanto instrumento da igualdade e justiça fiscal.
104°, n°1 CRP– define e impõe ao legislador algumas caraterísticas
fundamentais para a tributação do rendimento das pessoas singulares (IRS).

“Único e progressivo” -> o IRS é um imposto progressivo por imposição da


CRP, (mesmo o IMT para aquisição de habitação também tem taxas
progressivas).
Quando dizemos que um imposto tem taxas progressivas significa que quanto
mais for elevado o rendimento do sujeito maior é a taxa aplicada, ou seja,
quanto maior for a matéria/rendimento coletada (valor sobre o qual incide a
taxa), maior é a taxa (alíquota) aplicada.

Impostos proporcionais- a taxa é sempre a mesma, ou seja, não varia com a


matéria coletada (IVA).
Há quem critique esta opção e admissibilidade de impostos progressivos, e há
quem defenda convictamente. No nosso caso, o IRS é uma imposição
constitucional, isto é, tem de ser progressivo apesar de haver exceções.
Porque é que se defende a progressividade? Diz-se que o imposto progressivo
é mais apto a promover a justa redistribuição do rendimento e da riqueza,
porque tributa mais pesadamente quem tem rendimentos elevados e com taxas
menores os que têm menos rendimentos. -> Posição Mais pro-social
Posição Mais liberal -> há quem diga que os impostos progressivos “são o
roubo legalizado” penalizando quem trabalha e declara seus impostos, sendo
um desincentivo a trabalhar e a produzir.

Art.68° CIRS – tabela com vários escalões de rendimento com várias taxas
crescentes
Taxa média X Taxa marginal
Imaginemos que o nosso rendimento é até 50.000 euros, mas não significa que
o valor vá ser todo tributado à taxa indicada para os 50.000 euros, significa que

39
até 7.000 a taxa é 0%, dos 7.000 aos 14.000 é 10%...só aquele bocadinho dos
45.000 aos 50.000, vamos supor, é que vai ser tributado à taxa de %.
(Exemplo)

Há quem como alternativa à progressividade fiscal defenda a Flat tax (taxa


proporcional) – imposto proporcional sobre o rendimento-> a ideia é um
imposto moderado igual para todos, 20%, para todos os que têm rendimento.
Em Portugal a quantidade de pessoas/famílias que paga IRS é
aproximadamente 50%.

27.10

Aula passada: Tópicos fundamentais quando discutimos igualdade e justiça


fiscal, critérios da capacidade contributiva e de benefício, como estes
concretizam certas ideias de justiça fiscal e a proporcionalidade e
progressividade.

Evasão e fraude fiscal

É um tópico fundamental quando discutimos a igualdade tributária e a justiça


tributária, porque podemos discutir se é melhor um imposto progressivo ou
proporcional, mas para além desta discussão se aqueles que já pagam
impostos, no caso, os que pagam IRS, há uma outra discussão que é a dos
que escapam da tributação, isto é, um problema de fuga aos impostos e que
tem levado os Estados a adotar certas medidas de combate à evasão e fraude
fiscal.

Frequentemente ouvimos falar da fraude e evasão fiscal ou elisão fiscal. O que


é?
 Tax evasion (Evasão fiscal) – comportamentos contra legem (contrário à lei).
 Tax avoidance (Elisão fiscal) – condutas/comportamentos extra legem, isto
é, são comportamentos que não violando frontalmente a lei, aproveitam-se
de lacunas, imperfeições e oportunidades da lei. O problema é que aqui
estamos numa área cinzenta onde não podemos dizer que é um
comportamento ilegal, mas também não podemos dizer que é legal, ou seja,
é a zona de fronteira entre o ilícito e lícito. A doutrina e a jurisprudência têm

40
procurado fundamentos para combater estas práticas e dizer que não são
aceitáveis; que são comportamento de abuso de direito ou se refira em
fraude à lei fiscal/ elisão fiscal/ evitação fiscal/ evasão fiscal.
 Tax fraud (Fraude fiscal) - fraude fiscal no sentido de crime fiscal.

# Denominação segundo as diretivas europeias, anti-elisão fiscal.

# Outros autores traduzem tax avoidance por evasão fiscal e a tax fraud por tax
evasion.

Pág. 475 e seguintes- livro professor

Com base em várias construções teóricas foram aprovadas normas anti-abuso


para combater a tax avoidance (elisão fiscal), então existe uma norma no
nosso ordenamento jurídico que é controversa, mas muito importante
denominada de cláusula geral anti-abuso, em Portugal. Art.38°, n°2 LGT
A ideia do legislador é: a autoridade tributária perceber que o contribuinte
celebra determinado contrato de uma determinada forma por ter mais
vantagem tributária.
A cláusula geral anti-abuso vem permitir à autoridade tributária tributar o sujeito
não pelo contrato que celebrou, mas aquele que em condições normais teria
celebrado, considerando o verdadeiro contrato que queria realizar.

Relacionando o Princípio da legalidade com esta matéria- tipicidade


(obrigatoriedade de pagar impostos tipificados na lei) -> se os impostos não
estão tipificados na lei ninguém é obrigado a pagar e a autoridade tributária não
pode cobrar, ou seja, aumenta a segurança e certeza jurídicas. Por outro lado,
abre caminhos para o abuso e para a fraude, isto é, se o contribuinte sabe que
só podem cobrar determinados factos significa que o legislador não se pode
esquecer de nada e por isso tem de ser completo. Se o legislador tem de
escrever tudo exaustivamente é normal que haja falhas/lacunas, mas se
pudessem existir normas jurídicas do estilo “quem tiver rendimentos está
sujeito a IRS” iam surgir dúvidas sobre o que seriam ou não rendimentos, por
isso temos normas como o art.2º do IRS que só para dizer o que são
rendimentos do trabalho fiscal ocupam várias páginas especificando
detalhadamente pela exigência de tipicidade, segurança e certeza jurídica, mas

41
sobretudo para que esteja tudo e não deixar nada em aberto para que haja
abusos, por isto a lei tributaria é tão complexa.

28.10

Princípio da legalidade:
- Princípio de reserva de lei fiscal: aquilo que está sujeito a reserva de lei é a
definição de um regime geral de taxas e contribuições financeiras é o regime
geral que está em causa quando falamos da reserva de lei e não a criação de
uma taxa ou contribuição financeira específica.
- Forma: forma do ato da criação de imposto (se é lei ou decreto de lei) e
seus órgãos competentes.
- Orgânica: quem é o órgão competente.
 Art.103°, n°2 CRP (remissão para o Art.165º, nº1, i)) – os impostos são
criados por lei que define a incidência, as taxas, os benefícios fiscais e as
garantias dos contribuintes.
 Art.165°, n°1, i) – a criação de impostos e a definição dos seus elementos
essenciais, são matéria de reserva relativa competência legislativa da
Assembleia da República.
 Reserva de lei fiscal -> só existe reserva de lei fiscal quanto a esses
elementos essenciais dos impostos {criação, incidência, taxa, benefícios
fiscais e garantia dos contribuintes}, mas nem tudo o que se refere a
impostos, normas jurídico-fiscais, estão sujeitas a reserva de lei.
 Outros aspetos dos impostos que não estão definidos no art.103° CRP o
Governo pode legislar, não estando em reserva de lei. -> ex.: forma e prazos
de cumprimento das obrigações de pagamento de impostos.
 Isso tem implicações importantes, para interpretação da lei fiscal.

O legislador por vezes prevê na lei infraconstitucionais/ordinária que resultam


da constituição para clarificar, acrescentar ou esclarecer alguns conceitos.

Exemplos:

Art.4°n°1 LGT - os impostos assentam essencialmente na capacidade


contributiva revelada no termo da lei, através do rendimento.

42
Art.8° LGT – princípio da legalidade tributaria, além de ter consagração na CRP
tem consagração infraconstitucional (hierarquicamente inferior a CRP) = LGT

Art.8°, n°1 LGT -> estão sujeitos ao PLT a incidência, a taxa, os benefícios
fiscais, as garantias dos contribuintes, a definição dos crimes fiscais e o geral
das contraordenações fiscais (acrescenta elementos para além do art.103°, n°2
CRP).

Art.8°, n°2 LGT -> acrescenta dimensões constitucionais, mas não especifica
se é ou não reserva de lei, pois não se pode acrescentar nada a CRP. Aqui
está em causa matérias que podem não estar em reserva de lei, mas precisam
de definição de ato legislativo.

Mas ainda assim a LGT mesmo falando do princípio é só uma lei, com valor
inferior a CRP. Não podendo ser uma lei com valor de CRP, não sendo norma
constitucional, tem base constitucional, mas só tem valor legal.

A abordagem dos princípios tem a base na CRP, porém não impede o


desenvolvimento e clarificação desses princípios constitucionais pelo
legislador, porém não tem valor constitucional. Norma materialmente
constitucional.

Esclarecer art.165°, n°1, i) CRP -> está sujeita a reserva de lei a aprovação de
regime geral das taxas e demais contribuições financeiras.

Não é a criação de taxa ou contribuição financeira, está sujeita a aprovação do


REGIME GERAL DAS TAXAS E DEMAIS CONTRIBUIÇÕES FINANCEIRAS,
por lei da AR ou DL autorizado.

Mas não existe entre nós uma lei de regime geral de taxas e demais
contribuições financeiras, nunca foi aprovado.

O problema disso teoricamente é se nunca foi aprovado um regime geral das


taxas e demais contribuições financeiras a criação de taxa e contribuições
financeira seria inconstitucional por omissão?? Problema teórico que gera
discussão.

28.10

43
Princípio da legalidade
 Tipicidade da Lei Fiscal (Art.103°, n°3 CRP)
A lei deve tipificar o facto tributário- é uma situação da vida social descrita na
lei cuja verificação obriga ao pagamento de imposto. A lei tem que descrever e
detalhar de forma exaustiva as situações e factos que caso ocorram obrigam
ao pagamento de certo imposto.
Ex.: Art.2° Código do IRS diz-nos o que são rendimentos do trabalho
dependente {extenso e detalhado}

A formulação de uma norma não pode ser demasiado vaga, imprecisa e


ambígua e não é admitida na obrigação de impostos, pois haveria grandes
discussões entre autoridade tributária e contribuintes, poderia haver abuso por
parte da autoridade tributária.

O que pretende com a lei “exaustiva” é limitar o poder da autoridade tributária.

O próprio tribunal constitucional vem dizem que em princípio sempre que


possível o legislador fiscal deve evitar a utilização de conceitos vagos e
indeterminados. Deve procurar ser o mais preciso e claro possível, pois caso
contrário mais dúvidas surgem quanto à lei fiscal. É uma forma de prevenir a
discricionariedade administrativa de elementos fiscais dos impostos e do
arbítrio. Quanto mais vago e impreciso for ocorrerá grandes dúvidas na sua
aplicação.

Por um lado, escrever todos os factos de modo a prever a situação promove a


segurança e certeza jurídica- o contribuinte sabe com o que contar- por outro
lado, este elevado grau de detalhe da lei fiscal cria complexidade na lei fiscal e
ao mesmo tempo propicia a elisão e evasão fiscal.

Publicidade da lei fiscal – em um estado de direito espera o cumprimento da lei,


mas para isso devem conhecê-la, necessitando a sua publicação. Pela sua
complexidade e mudança constantemente radical, o legislador tem de ir além
da publicação da norma e por isso obriga a autoridade tributária à publicação
no seu site a legislação atualizada, além de regulamento e ofícios circulares,
documentos que a autoridade tributária assume certa interpretação da lei fiscal.

44
Às vezes, a autoridade tributária sente necessidade de expor a sua
interpretação da lei fiscal por todos os seus serviços, isto é, servem para que a
lei seja aplicada de forma uniforme para não haver o risco de várias versões e
para que a lei seja possível aplicar de igual modo para todos os contribuintes-
entendimento centralizado gera segurança jurídica. Os ofícios circulados e
interpretações só vinculam os seus próprios serviços, sendo apenas de caráter
informativo para o contribuinte. Os contribuintes estão vinculados à lei-
princípio da legalidade. A interpretação autêntica só o legislador pode fazer, ou
seja, neste caso estas leis feitas pelo legislador são vinculativas para todos.

2.11

(revisões)

Art.8 nº2 da LGT- estão ainda sujeitos ao PLT:

a) A liquidação e cobrança dos tributos, incluindo os prazos de prescrição e


caducidade;
b) A regulamentação das figuras da substituição e responsabilidade tributárias;
c) A definição das obrigações acessórias;
d) A definição das sanções fiscais sem natureza criminal;
e) As regras de procedimento e processo tributário.

Isto significa que, o legislador entende que são elementos suficientemente


importantes para estarem ao abrigo da LGT.
Um legislador Ordinário/infraconstitucional não pode alargar o âmbito da
reserva fiscal que está na CRP.
Isto significa que estas matérias necessitam de serem reguladas através de ato
legislativo, não necessariamente de lei, mas pode ser um DL.
Quando falamos da PRF, ele significa que a criação de impostos e a definição
dos elementos essenciais dos impostos tem de ser feita por lei da AR, ou no
caso de haver autorização, ao governo através de Decreto-Lei (DL) autorizado.
Fora das matérias reservadas à AR, o governo também pode legislar, aliás é
regra geral, quando se trata de matérias não reservadas à AR, pelo ART 164
em termos absolutos, quer pelo ART 165 em termos relativos estamos perante
matérias que podem ser legisladas quer pelo governo quer pela AR, é

45
chamada competência concorrencial. No fundo está a dizer que estas matérias
não podem ser reguladas meramente por um regulamento administrativo, têm
de ser reguladas por ato legislativo. Quando falamos em regulamentos
administrativos, são atos normativos da administração, isto é, são normas, com
caracter geral, caracter abstrato, só que não atos legislativos não têm força de
lei, são regulamentos e por isso são hierarquicamente inferiores às leis e aos
DL.

Artigo 12.º LGT

Aplicação da lei tributária no tempo

1 - As normas tributárias aplicam-se aos factos posteriores à sua entrada em


vigor, não podendo ser criados quaisquer tributos retroativos. (Redação da Lei
n.º 7/2021, de 26/02)

2 - Se o facto tributário for de formação sucessiva, a lei nova só se aplica ao


período decorrido a partir da sua entrada em vigor.

3 - As normas sobre procedimento e processo são de aplicação imediata, sem


prejuízo das garantias, direitos e interesses legítimos anteriormente
constituídos dos contribuintes.

4 - Não são abrangidas pelo disposto no número anterior as normas que,


embora integradas no processo de determinação da matéria tributável, tenham
por função o desenvolvimento das normas de incidência tributária.

Estilo de perguntas para o teste:

(responda de forma sucinta, mas fundamentada às seguintes questões)


- Poderá um imposto ter como fundamento o critério do benefício?
Não. (Falar do critério do benefício, critério da capacidade contributiva)

- O Governo pode prever através de regulamento determinadas obrigações


acessórias que devam ser cumpridas pelos contribuintes?
(falar órgão competente, forma admissível para aquele fim- se é lei ou decreto-
lei; conteúdo, se pode ou não pode)

46
O Governo pode legislar em todas as matérias que não estejam abrangidas
pela reserva da lei fiscal, as que estão abrangidas são as taxas, incidências,
direito dos contribuintes e benefícios fiscais (art.103, nº2; art.165º), neste caso
as leis acessórias são matérias sujeitas ao princípio da legalidade tributária
(art.8º, nº2, c) LGT) pelo que teriam que ser reguladas por decreto-lei, isto é ato
legislativo do Governo e não poderia ser por regulamento.
- A retroatividade da lei fiscal é sempre proibida?
(distinção entre retroatividade autêntica e inautêntica, distinção entre normas
favoráveis e desfavoráveis)
Nem sempre a retroatividade da lei fiscal é proibida, primeiro a CRP o que
proíbe é a retroatividade autêntica da lei fiscal (art.103º, nº3), contudo só é
assim se se tratar de normas desfavoráveis para o contribuinte, por outro lado
a CRP não proíbe a chamada retroatividade inautêntica, isto é, normas que
produzam normas para o futuro mas que atinjam factos que se iniciaram no
passado.

- Imagine que um município decide instituir uma “taxa municipal de proteção


civil” que incide sobre pessoas singulares ou coletivas, proprietárias de prédios
situados na respetiva circunscrição territorial, a qual constituirá a contrapartida
pela prestação de serviços de proteção civil.
Poderá fazê-lo? Justifique.

4.11

A todo o momento um jurista fiscal interpreta e aplica a norma.

Art. 11° LGT - Interpretação e integração de lacunas

1 – “Na determinação do sentido das normas fiscais e na qualificação dos


factos a que as mesmas se aplicam são observadas as regras e princípios
gerais de interpretação e aplicação das leis.”

Remete ao Art.9° CC – Interpretação da lei

A norma jurídica não corresponde necessariamente ao texto, há outros


elementos que através dos quais chegamos à norma.

47
Para chegar na norma não basta o texto (Art.9°, n°1 CC)

Unidade do sistema jurídico – os artigos interligam-se

Circunstâncias em que a lei foi elaborada – elemento histórico


Condições especificas do tempo em que é aplicada – condições em que foi
criada.

Art.9°, n°2 CC

O texto não é tudo mas é a base, ponto de partida para o mínimo de


correspondência para com o espírito do legislador.

Art. 9°, n°3 CC

Podemos presumir que o legislador se expressou corretamente, não podemos


dizer que o legislador disse uma coisa, mas não era aquilo que queria dizer.

Elementos da interpretação:

- Textual/gramatical

- Histórico/genético

- Lógico/sistemático (sistema de colocação no ordenamento)

- Teleológico/racional (finalístico, finalidade, o que se pretende, o objetivo)

Ajuda a clarificar com o que se pretendeu com a norma

Art.11° LGT – Interpretação e integração de lacunas


2 – “Sempre que, nas normas fiscais, se empreguem termos próprios de outros
ramos de direito, devem os mesmos ser interpretados no mesmo sentido
daquele que aí têm, salvo se outro decorrer diretamente da lei.”

O Direito fiscal tem contacto com muitas matérias, que nos obriga a ir a outro
ramo do direito (outra lei).
O Direito fiscal lida com muitos conceitos dispersos em leis diferentes, o
legislador diz que para efeitos de aplicação da lei fiscal esses termos têm o
mesmo sentido do ramo do direito retirado.

Art. 11°, n° 3 LGT

48
3 – “Persistindo a dúvida sobre o sentido das normas de incidência a aplicar,
deve atender-se à substância económica dos factos tributários.”

Critério da substância económica


Prevalência da substância sob a forma, resultado/realidade económica que ali
está.
O objeto real que se pretende com a norma.

Art.11, n°4 LGT

4 – “As lacunas resultantes de normas tributárias abrangidas na reserva de lei


da Assembleia da República não são suscetíveis de integração analógica.”

1. Relevo da delimitação do âmbito da reserva de lei fiscal

Este artigo é uma exceção que vigora no direito civil.

Nem tudo no direito fiscal está sujeito a reserva de lei, mas fora disto em lei
não há reserva de lei fiscal.
Existindo lacunas na lei fiscal em matérias abrangidas pela reserva de lei o
intérprete está proibido de aplicar analogia a outras normas; isto é assim
porque o direito fiscal tem como caraterística causa a tipicidade da lei fiscal.

Tipicidade – o legislador fiscal tem que expressamente dizer quais são os


factos sujeitos a tributação. Isso leva a que a lei tenha de ser muito detalhada,
para não deixar de fora factos que quer tributar. Se o legislador se esquecer de
certo facto a administração tributária não pode vir aplicar analogia.
A administração tributária não pode dizer que o legislador não disse, mas disse
algo similar; “ou o legislador disse ou não disse” – a única forma de incluir algo
esquecido é mudar a lei.
Isto só é assim para as matérias abrangidas pela reserva de lei fiscal, fora esse
caso é possível a analogia.

A INTERPRETAÇÃO DA LEI FISCAL PELA ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA:


· Importância da interpretação uniforme da lei fiscal pela Autoridade Tributária;
· Eficácia meramente interna dos despachos, instruções, circulares e outros
atos similares;
· Prevalência da lei;

49
· O problema dos conceitos vagos e indeterminados;
· Divergências interpretativas e garantias dos contribuintes: a importância da
tutela jurisdicional efetiva.

É frequente a AT emitir ofícios circulares que servem para uniformizar a


aplicação da lei fiscal pelos seus vários serviços e localidades, esclarecendo
qual é o sentido de certa norma e impõe-se somente como orientação para os
serviços; só vinculam os serviços da AT, não tem valor de lei, portanto não
vinculam o contribuinte.
Em última instância quem vai decidir, havendo oposição interpretativa, são os
tribunais. A AT tem paridade com o contribuinte na interpretação, podendo o
contribuinte reagir indo a tribunal, sendo peso apenas o argumento. O
legislador deve evitar conceitos demasiado vagos, imprecisos e
indeterminados, porque quanto mais vaga e imprecisa for a lei maior poder a
AT vai ter para fazer como entende, ou seja, quanto mais precisa for a lei
menos margem a AT tem para interpretar num sentido que não seja
coincidente com o do contribuinte.

4.11

Páginas 225 a 235/89

A interpretação da lei em conformidade com fontes hierarquicamente


superiores:
· A interpretação em conformidade com a Constituição;
· A interpretação em conformidade com o Direito da União Europeia;
· A interpretação em conformidade com o Direito Internacional.

Se o intérprete chegar a 2 sentidos possíveis, 1 conforme com a CRP e outro


desconforme, deve prevalecer o sentido mais conforme com a CRP ou o único
conforme a CRP. Isto resulta da superioridade hierárquica da constituição face
à lei e traduz também uma ideia de aproveitamento da norma, isto é, antes de
concluirmos que a norma é inconstitucional (sentido 1), devemos ver se não é
possível chegar a um sentido (sentido 2) para aquela norma que a torne
compatível com a CRP.

50
Se há uma via possível de não concluir pela inconstitucionalidade então é essa
a interpretação adotada. – Critério da interpretação em conformidade com a
Constituição

O que estamos a dizer para a CRP vale também para o DUE e para o DI, isto
é, fontes hierarquicamente superiores; se temos uma lei que tem de respeitar a
CRP, o DUE e o DI e há mais do que um sentido possível devemos concluir
pelo sentido mais conforme não só com a CRP, mas também com o DUE e o
DI sob pena de chegarmos à conclusão de que a norma é inválida.
# válido para todas as áreas do direito

Conjugação da retroatividade com a interpretação da lei; saber se é possível a


interpretação autêntica na norma fiscal.
LEIS FISCAIS INTERPRETATIVAS:
· A problemática da (in)admissibilidade das normas fiscais interpretativas;
· A questão dos efeitos retroativos das normas interpretativas.

O legislador diz qual o sentido da interpretação da norma, e é o único que pode


fazer uma interpretação autêntica em matéria fiscal.
O legislador fixa um certo sentido interpretativo para determinado texto.
O problema é que as leis interpretativas se integram nas leis interpretadas o
que significa que na prática esta norma interpretativa em matéria fiscal vai
pretender produzir efeitos desde a entrada em vigor da norma interpretada.
(art.13° CC)
A norma interpretativa produz efeitos desde a entrada em vigor da norma que
se refere (norma interpretada).

Na realidade, estamos a falar de efeitos retroativos o que gera uma discussão


enorme entre a doutrina e a jurisprudência.
Na jurisprudência mais recente o Tribunal Constitucional tem recusado esses
efeitos retroativos das leis interpretadas, exceto se for favorável ao contribuinte,
caso contrário só pode produzir efeitos para o futuro.

Art.103, n°3 CRP -> Inconstitucional retroatividade. Retroatividade é proibida


por este artigo, exceto se for favorável.

51
Estas normas interpretativas em matéria fiscal surgem quando há normas
legais em matéria fiscal mal feitas ou em que o resultado é contrário ao
pretendido, em que a AT vai perdendo os processos todos em tribunal e a
forma do Estado ganhar os processos é dizer que aquilo que realmente se quis
com a norma era outra coisa. Procura-se de certa forma através de uma lei
interpretativa forçar a mão do legislador, portanto faz todo o sentido que a lei
deve valer para o futuro.

As leis fiscais verdadeiramente interpretativas (clarificação da norma confusa) ≠


falsas leis interpretativas (para que seja alterada, não perda de processos) ->
problema de segurança jurídica

A RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA (2° teste)

Art. 1°, n°2 LGT - Relação jurídica tributária

2 – “Para efeitos da presente lei, consideram-se relações jurídico-tributárias as


estabelecidas entre a administração tributária, agindo como tal, e as pessoas
singulares e coletivas e outras entidades legalmente equiparadas a estas.”

Relação jurídica entre administração tributária e as pessoas singulares e


coletivas em matéria tributária.

Elementos da relação jurídica tributária:


 Sujeitos (art.15° a 29° da LGT)
Administração tributária e as pessoas singulares e coletivas
- Personalidade tributária
- Capacidade tributaria
- Sujeito ativo
- Sujeito passivo: contribuinte; substituto; responsável

 Objeto
 Facto
 Garantia

10.11

52
1ªs 3 partes da matéria para o teste

Noção e âmbito do Direito Fiscal


1. Conceito de Direito Fiscal
2. Os tributos: distinção conceitual e classificação
3. Relações do Direito fiscal com outros ramos do direito
4. Relações do Direito fiscal com outras disciplinas
5. Direito fiscal multinível: as dimensões nacional, europeia e internacional do
Direito Fiscal

II. Direito Constitucional Fiscal


1. Fundamentos constitucionais da tributação
2. O sistema fiscal: estrutura e objetivos
3. Princípios constitucionais de direito fiscal

III. Interpretação da lei fiscal


1. A aplicação das regras e princípios gerais de interpretação à lei fiscal
2. O critério da substância económica
3. Integração de lacunas e analogia
4. A interpretação da lei fiscal pela Administração Tributária
5. A interpretação em conformidade com a Constituição, com o Direito da União
Europeia e com o Direito internacional

2. A retroatividade da lei fiscal é sempre proibida?


3. Imagine que um município decide instituir uma “taxa municipal de proteção
civil” que incide sobre pessoas singulares ou coletivas, proprietários de
prédios situados na respetiva circunscrição territorial, à qual constituirá a
contrapartida pela prestação de serviços de proteção civil.
Poderá fazê-lo? Justifique.

103º, nº2 crp


Ao abrigo do Art.165º, nº1, i) da crp a camara municipal não tem
competência para a criação da taxa referida uma vez que tal competência
diz respeito à AR, salvo com autorização do governo, no respetivo caso
tal autorização não é mencionada.
53
Tributo designado taxa, mas não se vê bilateralidade porque não há uma
contrapartida direta; os proprietários estão a pagar um tributo para um eventual
acontecimento futuro que vai obrigar a intervenção dos serviços de proteção
civil.
Não há uma contrapartida direta, é uma contrapartida eventual, hipotética e
futura.
A proteção civil é uma função do Estado não podendo estar sujeito ao
pagamento de uma taxa. O Município não tem competência para criar taxas,
mas não tem competência para criar impostos. Não havendo contrapartida da
“taxa” estamos perante um verdadeiro imposto e não tendo competência para
criar imposto não poderia fazê-lo.
Quem tem competência na criação de impostos é a AR ou o Governo se
autorizado art.103°, n°2 conjugado com 165°, n°1, i) CRP.
Aqui há uma violação de um princípio constitucional da Legalidade, da reserva
de lei fiscal.
Porque são os proprietários de imoveis a financiar a proteção civil? Não deveria
ser os cidadãos, sociedade em geral, que beneficiam? O estado não é quem
deveria prover isso?
O imposto cobrado indevidamente pode esses cidadãos que pagaram recorrer
a TC para reaver os montantes pagos indevidamente.

Acórdão do Tribunal Constitucional - N.º 751/2020


Esse acórdão centra-se na Interpretação da lei fiscal em articulação com a
proibição da retroatividade da lei fiscal desfavorável para o contribuinte.

Ponto de vista processual, como chegamos a decisão do tribunal


constitucional?

------------------------

Se ele acha que a norma é inconstitucional não a pode aplicar

Art. 204º CRP

54
Uma determinada norma que esta a ser aplicada nos tribunais e é
inconstitucional em pelo menos 3 casos concretos, o Ministério Público pode
recorrer ao tribunal constitucional e pode declarar a inconstitucionalidade
com força obrigatória geral da norma.
Se se declarar a inconstitucionalidade com força obrigatória geral significa
que a norma deixa de valer (não pode ser aplicada) no ordenamento jurídico.

1º Os pressupostos da fiscalização abstrata sucessiva da


constitucionalidade da norma julgada inconstitucional em três casos
concretos.

Se uma lei interpretativa pode ser retroativa, o

Pág. 9, parag. 3º, 8º Acórdão


Pág. 11, antes do 9
Prg 4, 10
11
III decisão
2 declarações de voto diferentes

11.11

Elementos da relação jurídica tributária:

 Sujeitos (art.15° a 29° da LGT)

Administração tributária e as pessoas singulares e coletivas


- Personalidade tributária (art.15º LGT)
- Capacidade tributária (art.16º, nº2 LGT)
- Sujeito ativo (art.18, nº1 LGT)
- Sujeito passivo (art.18, nº3 LGT) está do lado dos deveres e obrigações
tributárias: contribuinte direto- aquele sobre quem imediatamente recai
obrigação de pagar o imposto. No IRS o contribuinte direto é o titular do
rendimento, isto é, o trabalhador; no IVA é o consumidor; no IMI é o
proprietário do imóvel; substituto- instituto da substituição tributária, prevista

55
art.20º, 34º LGT, isto é, um salário de 2000 euros alguém que é trabalhador
por conta de outrem e ganha este valor não recebe 2000, pois 11% é para a
segurança social, outra percentagem vai para o IRS. A entidade que paga os
rendimentos está obrigada a reter uma parte por conta do salário do
trabalhador (retenção na fonte) e a entregá-la à autoridade tributária como
pagamento antecipado do IRS daquele trabalhador. Este mecanismo é de
retenção da fonte e pagamento antecipado do IRS; se não existisse este
mecanismo iriamos pagar tudo no final do ano seguinte. Também é uma
forma do estado se financiar antecipadamente. O substituto tributário será a
entidade patronal. Esta retenção na fonte e a título de pagamento por conta
do imposto devido a final, isto é, retenção da fonte a título de pagamento por
conta. Substituição parcial, porque a entidade patronal não vai fazer o
pagamento completo.
Exemplo: depósito a prazo, que rende 100 euros. O banco por imposição da
lei vai aplicar uma percentagem de 28% que é o IRS que tem de ser pago,
então pega nesses 28 euros e entrega à AT como pagamento do IRS do
cliente. O banco substitui-se ao cliente. Esta taxa já é a da tributação e o
cliente não tem de declarar no IRS, porque este valor foi retido na fonte, ou
seja, o banco substituiu totalmente o cliente. Retenção na fonte a título
definitivo; responsável- instituto da responsabilidade tributaria,

 Objeto
- Direitos, direito à dedução, reembolso…
- Deveres/obrigações- Obrigação principal- pagamento de dividida
tributária; obrigações acessórias- apresentação de declarações, exibição
de documentos fiscalmente relevantes e a prestação de informações.
 Facto (art.36º a 49º LGT) – é decisivo, é a situação da vida social
descrita na lei, cuja verificação faz nascer a obrigação tributária.
- Constituição da relação jurídica tributária;
- Permanência e alteração da relação jurídica tributária- quando se
verifica um facto tributário determinado, seja auferir um salário ou obter
juros de um depósito a prazo, mas quando se verifica aquele facto
determina um conjunto de implicações jurídicas e não pode qualquer

56
uma das partes nem a administração nem o sujeito passivo alterar nem
mudar.
- Condicionamento e contratualização- há casos em que a lei permite
celebração de contratos fiscais, por exemplo, o Estado através do
Governo pode celebrar um contrato fiscal com uma grande empresa que
se instala em Portugal, criar postos de trabalho, entre outros, é possível
o Governo português, se a lei previr e seguindo os termos da lei, para
fixar esse investimento conceder um benefício fiscal.
- Extinção (pagamento- via normal; caducidade do direito à liquidação-
exceção; prescrição da dívida/ prestação tributária- exceção)
 Garantia

24.11

Dia 30, depois de drt público

Correção do teste

Grupo I

1. falar dos tributos


2. globalização, dupla tributação, a não tributação
3. Não, tem efeitos internos e tem como finalidade uniformizar os serviços
que há em diversas localidades, só é vinculativa na ordem interna.

Grupo II- Retrospetividade autêntica e inautêntica

Grupo III- taxas de um imposto são os elementos fundamentais dos impostos,


portanto são uma matéria reserva da AR e quem tem competência é a AR e
não o Governo, a não ser que tenha autorização. Art.165º.

25.11

Responsabilidade tributária (art.21º ss da LGT)


- Responsabilidade originária
- Responsabilidade subsidiária- art.23, o responsável subsidiário só responde
numa 2ª linha ou num 2º momento pela dívida tributaria, ou seja, quem

57
responde 1 e o responsável originário e só se este não pagar a divida e
comprovadamente não tiver meios para pagar a divida (património, dinheiro…)
e que é chamado a responder o responsável subsidiário E uma ordem de
precedência, 1º o originário e depois o subsidiário. Se um contribuinte não
pagar a AT vai instaurar um processo de execução fiscal para obrigar o
devedor a pagar, se ele não paga voluntariamente mesmo que seja com atraso
só resta a AT ir verificar se aquele devedor fiscal dispõe de rendimento ou de
património que possa penhorar para dispor dos meios correspondentes ao
valor em divida. Se a AT constata que o devedor não tem património que possa
responder pela divida fiscal e se acontecer está em condições de chamar o
responsável subsidiário. Significa que o processo de execução fiscal corria
contra o devedor originário passa a correr contra o devedor subsidiário, ou
seja, o processo reverte-se “reversão do processo de execução fiscal”.
- Responsabilidade solidária- art.21º LGT, quando 2 ou mais pessoas
respondem ao mesmo tempo pela totalidade da dívida, exemplo: existem vários
coproprietários de um imóvel, quem vai pagar o IMI são todos os
coproprietários. Exemplo, se não pagarem, a AT pode exigir que alguém pague
e é obvio que será o que terá dinheiro, esse que paga pode depois exigir aos
outros coproprietários que lhe paguem o que devem.

Art.22 LGT

Várias situações de responsabilidade (art.24º e ss LGT)


- Art.28º LGT (responsabilidade em caso de substituição tributária)

nº1- empresa que faz retenção na fonte, mas não paga às finanças

30.11

A EXTINÇÃO DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA

Em vias normais é através do pagamento:


Ex.: Verifica-se o facto tributário, em virtude disso tem a obrigação de pagar o
imposto e ao pagar o imposto essa relação jurídica se extingue.

Porém há outras vias possíveis de extinção da relação jurídica tributária:

58
O que caduca é o direito, e o que prescreve é a divida ou prestação tributária
(art.45º LGT).
Quem faz a liquidação, regra geral, é a AT.

Liquidação do imposto é o apuramento do montante do imposto, é o cálculo do


imposto. Só se pode pagar depois da liquidação, do quanto devemos pagar.
Quem faz a liquidação, regra geral, é a Autoridade Tributária.
Se por alguma razão a Autoridade tributária não proceder a liquidação do
imposto no prazo que tem para efeito e deixar transcorrer o prazo de 4 ANOS
(art. 45°, n°1 LGT) sem notificar o contribuinte da liquidação de certo imposto o
direito que a AT tem de fazer essa liquidação CADUCA.

OBS:

- A morte não extingue a relação jurídica tributária, o património que


houver até o limite da herança a divida tem que ser paga.
- A insolvência também não extingue a relação jurídica tributária.

Art.45º (caducidade)
1- Exemplo, passavam 4 anos e o contribuinte não recebe a notificação,
entretanto a AT enviava uma nota de liquidação e que tinha sido um erro,
neste caso o contribuinte não era obrigado a pagar porque o prazo caducou.
4- Impostos periódicos (IMI, IRS), a partir do final do ano a que o imposto diz
respeito, ou seja, a partir do termo do ano que os impostos dizem respeito.

Impostos únicos, começa a contar na data de verificação do facto tributário.

PRESCIÇÃO - O sujeito passivo sabe quanto tem que pagar, mas não paga.
Não pagando a AT instaura um processo de execução fiscal para identificar e
penhorar bens do contribuinte se necessário, mas o contribuinte pode não ter
bens em seu nome e a AT não conseguindo encontrar bens ou rendimento que
permita cobrar os montantes devido tem o prazo limite de 8 ANOS para
concluir esse processo de cobrança. Passados 8 anos e a AT não conseguiu

59
fazer essa cobrança considera-se a dívida tributária PRESCRITA, extinguindo-
se dessa forma a relação jurídica tributária.
O prazo contado para impostos de obrigação única e para impostos periódicos
são iguais, na prescrição de 8 anos é contando também a partir da data de
verificação do facto tributário.

Art.48º LGT (prescrição)


1- 8 anos para a AT conseguir cobrar, se passarem 8 anos e a AT não
conseguir fazer essa cobrança considera-se a divida tributária prescrita.
Os 8 anos contam-se nos impostos periódicos, a partir do termo do ano que
os impostos dizem respeito.
Impostos únicos a partir do momento da verificação

OBS: O prazo de 4 anos da caducidade e os 8 anos do prazo de prescrição


correm em simultâneo.

GARANTIA DA RELAÇÃO JURÍDICA TRIBUTÁRIA (último elemento da


relação jurídica tributária) (Art.50º e ss LGT)

Uma das vias que a AT tem a sua disposição são as chamadas providências
cautelares, para garantir a cobrança dos montantes em divida. São garantias
que protegem a AT enquanto credor daqueles montantes.

Art.51º LGT
A AT pode adotar certas providencias cautelares (não confundir providências
cautelares administrativas com as providências cautelares judiciais).
1- Quando podem adotar providências cautelares.
2- Não devem ser excessivas, tem limites.
3- Em que podem consistir essas providências (apreensão de bens, direitos…).

Art.52º e 53º LGT

Caso prático

Hipótese: António é trabalhador da empresa X. Esta, estava obrigada a reter na


fonte uma percentagem do salário pago a António. Todavia não o fez, pelo que

60
António recebeu sempre ao longo do ano de 2020 a totalidade do rendimento
ilíquido (ou bruto) definido no seu contrato de trabalho.

1 – No presente caso, existe substituição tributária?

2 – Quem é o responsável principal pelo montante em dívida?

3 – Poderá haver mais algum responsável? Se sim, como e em que condições?

1) Sim, pois a empresa é obrigada nos termos da lei a substituir-se ao


trabalhador no cumprimento das suas obrigações tributárias em matéria
de IRS, através do mecanismo da retenção na fonte. A empresa não
cumprir não significa que não haja substituição.
2) António, de acordo com o art. 28º nº 2 da LGT. Pois a mesma não fez a
retenção, mas fez a entrega dos montantes a António na sua totalidade.
3) Sim, a empresa. A empresa tem responsabilidade subsidiaria, e só
poderia ser chamada a pagar a dívida em caso de António não poder
cumprir, através da reversão do processo de execução fiscal, nos
termos do art. 23º nº 1 da LGT.

02.12

A TRIBUTAÇÃO DO RENDIMENTO

Já nos referimos ao rendimento como uma das manifestações de capacidade


contributiva.
Neste caso, há uma referência importante na CRP que é o art.104º e é válido
tanto para o IRC como para o IRS, que é a ideia de tributação de rendimento
real.
Tributação do rendimento real- deve-se procurar tributar o rendimento apurado
com base na contabilidade, só excecionalmente é que se admite a tributação
de rendimentos presumidos com base em outros indicadores. Em princípio o
rendimento tributado é o rendimento apurado, esse rendimento é o rendimento
líquido (contraposição é o rendimento bruto ou ilíquido).

Rendimento líquido- o que se pretende tributar são os acréscimos líquidos de


capacidade contributiva e não tributar todos os rendimentos, ou seja, brutos.

61
Uma empresa aufere rendimentos ao longo do ano por diversas vias, mas não
vamos tributá-la considerando apenas o que ela recebe, pois, a empresa tem
gastos, não fazendo sentido tributar tudo que é rendimento não levando em
conta os custos necessário para a atividade, sendo tributado apenas o
rendimento líquido.
Um trabalhador que tem seu trabalho, mas não recebe sua totalidade, por ter
uma parte um custo obrigatório para as suas obrigações profissionais, sendo
tributado apenas o líquido e não o bruto.

Rendimento líquido= rendimento ganho - custos (gastos)

Tanto o IRS como no IRC a lógica é tributar rendimento real, ou seja,


rendimento efetivamente apurado com base nos elementos declarativos e
contabilísticos e considerando apenas o rendimento líquido, isto é, aquilo que
ganho (bruto) – despesas inerentes à atividade. Portanto, o que se tributa é o
rendimento líquido.

Real- apurado com base nas declarações que os sujeitos entregam à AT com
base nos elementos da contabilidade e dos custos que suportou.

IRS (Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares)

Caraterização

Direto- atinge diretamente a capacidade contributiva independente da utilização


que lhe dê.
Periódico- anual, declarado, liquidado e pago todos os anos.
Único- todos os rendimentos das pessoas singulares são tendencialmente
tributados em IRS; o legislador acaba por definir algumas exceções
(rendimento dos jogos, lotarias).
Progressivo- tendencialmente progressivo, quanto mais elevado o rendimento
maior é a taxa aplicada; Exceção- rendimento de capitais são tributados com
uma taxa proporcional de 28%.
Pessoal- toma em linha de conta rendimentos e as necessidades do sujeito
passivo e do respetivo agregado familiar, por isso são dedutíveis as despesas
de saúde, educação…

62
Art. 104º, nº1 CRP

Incidência Real ou Objetiva (art.1º e ss CIRS) - o que é tributado; s ublinhar


“valor anual”, “categorias” e “deduções e abatimentos”.
Rendimentos são tributados em IRS, categorizando os tipos de rendimento
categoria A rendimento do trabalho dependente, B rendimentos empresariais e
profissionais, E rendimentos de capitais, F rendimentos prediais, G incrementos
patrimoniais, H pensões.
Incidência Pessoal ou Subjetiva (art.13º e ss CIRS) - quem é tributado
Nº1- critério de residência, critério da fonte (que não residem aqui, mas que
detém rendimentos em Portugal)

Art.15º CIRS- um residente em Portugal tem de declarar tudo em Portugal


E os não residentes, nº2 só incide sobre os rendimentos obtidos em Portugal

Esquema Simplificado de liquidação do IRS

1- Rendimento bruto de cada categoria


2- Abatimentos e deduções especificas
3- Rendimento líquido de cada categoria
4- Englobamento (art22º)
5- Rendimento líquido global
6- Dedução de perdas (art.55º)
7- Rendimento coletável
8- Quociente familiar (art.69º)
9- Taxas gerais (art.68º CIRS)
10- Coleta
11- Deduções à coleta (art.78 e ss)
12- Imposto a pagar e a receber
A aplicação das taxas gerais- progressividade das taxas (art.68º, nº2 CIRS)

OUTRAS TAXAS NO CIRS

 Taxa liberatórias - art.71° (rendimentos de capitais)


 Taxas especiais – art.72° (rendimentos prediais)
 Taxas de tributação autónoma - art.73°

63
DEDUÇÕES À COLETA art.78° e ss. Do CIRS

Acerto de contas

Declaração de rendimentos, liquidação e pagamento do imposto

- Entrega da declaração de rendimentos: por transmissão eletrónica de dados,


de 1 de abril a 30 de junho- art.60, nº1 CIRS
- Liquidação, até 31 julho- art.77, nº1, a) CIRS
- Pagamento, art.97º, nº1, a)

15.12

Garantias

Suponha que António recebeu uma notificação para pagar um valor de IR muito
acima do que esperava. Analisando a nota de liquidação que recebeu,
percebeu que havia um erro, cometido pela AT. Reclamou do ato, mas não lhe
foi dada razão. Assim sendo, decidiu impugnar judicialmente o ato de
liquidação. António entende que não tem de pagar o montante em causa, mas
gostaria de saber quais são as consequências se não o fizer. Gostaria também
de saber se tem alguma alternativa que possa ponderar.

R: Para esse caso utilizamos a LGT -> Artigos relevantes – art.50° a 53° LGT
Direito administrativo útil para esse caso, relação com a AT (órgão da
administração) e seus instrumentos como reclamação e recurso hierárquico,
instrumentos ao dispor em relação com órgãos da administração publica.
Ao praticar atos administrativos que nos afeta podemos reclamar para o órgão
que praticou esse ato, a especificidade desse caso é ser um ato de liquidação,
ato praticado pela AT no âmbito da relação jurídica tributária, outra
possibilidade, é apresentar um recurso hierárquico, recorrer para o superior
hierárquico do órgão que praticou o ato. Relacionando com as garantias da
relação jurídica tributária com as garantias do contribuinte.
-> O António ao não concordar com o valor liquidado em seu IRS, tem a
possibilidade de fazer uma reclamação interna e para o superior hierárquico do
órgão da AT, como não foi dando-lhe razão António partiu para um via judicial
para poder impugnar esse ato de liquidação. António entende que não tem que

64
pagar o montante em causa e gostaria de saber as consequências de não o
fizer.
Art.52° LGT fala da garantia da cobrança da prestação tributária. António tem
duas possibilidades:
Se António pagar e o tribunal vir dar razão o que o contribuinte pagou
indevidamente é devolvido acrescido de juros ou se António não pagou mas
prestou a garantia (essa garantia no banco também tem um custo) e o tribunal
mais tarde vier lhe dar razão, não há nada a devolver porque o contribuinte não
pagou, mas a AT vai estar obrigado nos termos do art.53° LGT a indenizar o
contribuinte pelos custos que suportou com aquela garantia.
Se por hipótese António não tiver meios de prestar essa garantia deve requerer
a dispensa da prestação de garantia e fazer prova de não tem meios ou de que
a prestação de tão garantia lhe causaria um dano desproporcional. {Aspeto que
pode ser levado em conta}

IRS

1) Maria tem um conjunto de aplicações financeiras que, ao longo de 2021 lhe


renderam €20.000 de rendimentos de capitais, os quais já foram tributados (por
retenção na fonte a título definitivo) no momento da respetiva colocação à
disposição na sua conta bancária. Maria postaria de saber se tem que declarar
esses rendimentos na sua declaração anual de IRS, e também gostaria de ser
esclarecida sobre o que acontece se não declarar ou se declarar esses
rendimentos.

R: Relevante para esse caso a especifica forma de tributação de rendimentos


de capitais no IRS, contrariamente com o que sucede com a generalidade dos
rendimentos e que são somados e sujeitas as taxas gerais, progressivas do
art.68° CIRS esses rendimentos de capitais são tributados por retenção da
fonte a título definitivo, por aplicação a taxa de 28% que está prevista no art.71°
CIRS
Maria coloca a questão de alguém que teve esses rendimentos, mas não sabe
se é obrigada ou não a declarar, mesmo sabendo que houve a retenção na
fonte ou se tem que incluir na declaração anual de IRS e suas consequências
de declarar ou não.

65
Linkar esse caso a retenção da fonte a título definitivo e a substituição tributária
no IRS.
A taxa de 28% referida no art.71° CIRS tem um nome “taxa liberatória”
significado associado ao conceito de retenção na fonte.
Dica: art71°, n°8 CIRS
Englobamento da generalidade dos rendimentos (regra geral do IRS) art.22°,
n°1 CIRS
Alguns rendimentos não são englobados nos ternos do art.22°, n°3, alinha b
CIRS, relevante para o caso.
Saber declarar ou não é diferente de incluir ou não incluir na declaração, de ter
englobamento ou não englobamento na declaração de IRS e a consequências.
Assume-se que Maria é residente de Portugal relevante porque se não fosse
não poderia optar pelo englobamento dos rendimentos.
Art.71°, n°5 e art.22°, n°3, alinha b CIRS são para residentes do território
português.
IRS = Imposto único, pessoal, progressivo – Regra geral são somados,
englobados para ser sujeito as taxas gerais progressivas do art.78° CIRS
Temos depois a possibilidade de deduzir ao resultado obtido (despesas de
saúde, educação, etc.)
Quando temos exceções como essa da tributação de rendimentos de capitais
não há englobamento, não há aplicação das taxas progressivas e não há
quaisquer reduções que poderiam ser feitas a esses rendimentos. Forma
simples de tributar que apresenta uma exceção quer a progressividade quer a
pessoalidade do IRS.
A Maria tem ou não que declarar esses rendimentos, na declaração anual de
IRS? Não tem a obrigação de declarar segundo o art.22° CIRS do
englobamento, esses rendimentos já tem uma retenção na fonte a título
definitivo que paga um imposto não gerando a obrigação de declarar.
Relação jurídica tributária -> Sujeitos -> substituição tributária total -> retenção
na fonte a título definitivo.
Juros de um depósito a prazo que são rendimentos tributados na fonte a título
definitivo pela entidade bancária que dessa forma substitui totalmente o
contribuinte no cumprimento das obrigações fiscais relativamente aquele
rendimento, portanto o cliente fica exonerado, não tem qualquer obrigação de

66
declarar aquele rendimento pois já foi declarado e pago pela instituição
bancária, taxa de 28%.
- Exceção as características fundamentais do IRS: imposto progressivo e
pessoal
Quando esses rendimentos, juros de um depósito a prazo, são tributados são
por uma taxa proporcional (não progressivo) e não é feita qualquer dedução.
Se Maria exercer a opção que lhe é conferida pela lei, art.71°, n°8 ICRS de
declarar (não obrigatória) ao preencher a declaração de IRS e incluir um anexo
sobre os rendimentos de capitais no fundo está a dizer que pretende que esse
rendimento seja englobado, somado, considerados juntamentos com outros
rendimentos que possa ter e sujeitos a regras gerais do IRS. Taxas gerais do
artigo 78° IRS, as deduções pessoais, etc -> Consequências de declarar o
rendimento
O que já foi pago vai ser deduzido, descontado no IRS que venha ser
calculado, se esses forem englobados.
Se não declarar não acontece nada porque esses rendimentos já foram
tributados.
OBS: Único caso de rendimento de IRS que pode não ser incluídos
Rendimentos de capitais (art.5° CIRS - os diferentes tipos) as quais são
aplicáveis as taxas do art.71° CIRS, sempre que haja retenção a título
definitivo.
A regra geral é declarar todos os rendimentos a exceção são os rendimentos
de capitais já tributados por essa via que vimos.
Só é vantajoso englobar esses rendimentos se houver poucos rendimentos
somados, permitindo situando nos escalos mais baixos do IRS do art.78° CIRS.
Ex.: se esse rendimento de capital for englobado e somados for um rendimento
coletável de 7.000 euros a taxa segundo art.78° CIRS é de 14%, menor que a
tava de 28% cobrados pelo rendimento de capital, sendo vantajoso declará-lo
pois voltaria para ela o valor pago a mais.

2) Suponha que António obteve, em 2021, um rendimento coletável de 40.000


euros. Calcule a coleta. António poderá deduzir as despesas de saúde e
educação que suportou ao longo do ano? E os pagamentos já feitos por via de
RF a título de pagamento por conta, são tidos em consideração? Como?

67
R: Rendimento coletável é valor que incidi sobre as taxas art.68°, n°2 CIRS diz
que o valor de 40.000 euros é dividido em 2 partes:

28,838%x36.967euros=10.660,54euros
40.000-36.967=3.033
45%x3.033=1.364,85euros
Total:12.025,39

Deduções a coleta, art.78° e ss. CIRS tem 2 situações dedutíveis a coleta


(saúde,educação...)
Pessoalidade do IRS sendo considerado despesas como {direitos sociais
fundamentais}art.78°,n°1“c”e“d”CIRS
Retenção na fonte a título de pagamento por conta, os montantes já pago de
IRS vão ser tidos em consideração da declaração da liquidação do IRS da
coleta podendo o imposto se {quitado, reembolsado ou cobrado}. Deduções a
coleta é como deduzimos os montantes vemos no art.78°, n°2 CIRS

16.12

IRC

Imposto pessoal na medida em que respeita aos rendimentos das pessoas


coletivas (empresas, sociedades); imposto direto que incide sobre
manifestações diretas de capacidade contributiva, tal como o IRS é periódico
(anual) e incide sobre o rendimento real no rendimento líquido, que entra em
linha de conta com as despesas que a empresa suporta no exercício da sua
atividade.

Quer no caso do IRS como no do IRC pretende-se tributar rendimento real


(rendimento efetivamente obtido e apurado de acordo com as declarações e
com a contabilidade dos sujeitos), portanto só em casos Excecionais é que
podemos presumir outros rendimentos ou aplicar certos coeficientes que a lei
prevê.

O IRS é por imposição constitucional um imposto progressivo.

68
X

IRC em princípio e um imposto proporcional onde é aplicada uma taxa geral


aos rendimentos tributáveis das empresas; a taxa geral é atualmente 21%
(Art.87º CIRC) (independentemente do rendimento que tenham), no entanto,
ao longo do tempo foram sendo introduzidas pelo legislador algumas normas
especiais (pequenas e médias empresas até 25.000€ e a partir de 25.000€
serão 21%; derrama estadual- incide no agravamento do IRC para as
entidades com um lucro tributário maior, pretende-se que as grandes empresas
que tenham lucro tributável superior a 1.500.000€ por ano, para além da taxa
de 21% a que estão sujeitas paguem um imposto adicional que é a derrama
estadual que está previsto no Art.88º CIRC) que acabam por fazer com que
exista também alguma progressividade no IRC o que não era suposto) e pode
suscitar alguns problemas no ponto de vista constitucional. Não há uma
imposição constitucional no que diz respeito à progressividade, mas também
não há uma proibição.

Derrama estadual- foi criada no momento da crise financeira severa que se


fazia sentir no mundo e em Portugal (TROIKA) e tiveram de ser adotadas
várias medidas restritivas quer da contenção da despesa quer de aumento da
receita; uma dessas medidas fiscais para aumentar a receita foi a receita foi a
derrama estadual, mas quando foi criada com o objetivo de criar receita, ideia
de transitoriedade (temporário) e havia apenas uma taxa, mas os anos foram
passando e Portugal saiu do programa de ajuda externa e voltou à
normalidade. O imposto que era suposto desaparecer manteve-se como foi
agravado e passou a ter uma estrutura progressiva, passaram a existir vários
escalões de rendimentos também na derrama estadual com taxas diferentes
em função do valor do lucro tributado.

O IRC é um imposto complexo, uma das questões que se discute é saber quais
os gastos que as empresas podem deduzir aos seus ganhos e quais não
podem.

IVA

Imposto diferente dos outros com uma série de particularidades.

69
Caraterização:
- Imposto geral sobre o consumo, só se consumirmos é que pagamos IVA;
- Imposto indireto;
- Imposto de obrigação única, consumimos um café e pagamos o preço do café
incluindo o IVA;
- Imposto proporcional (com efeitos regressivos), penaliza mais quem tem
menos rendimentos porque tributa todos;
- Imposto real, não entra em linha de conta com as circunstâncias pessoais e
familiares do contribuinte (quando vamos ao supermercado comprar bens é
irrelevante se recebemos muito ou não, se estamos desempregados ou não…);
- Imposto harmonizado no âmbito da EU- transposição das Diretivas, o imposto
sobre o consumo tem uma grande harmonização, pois foi imprescindível para a
sedimentação do mercado; era difícil concebermos um mercado interno no
espaço da UE com livre circulação de pessoas e bens se cada estado tivesse o
seu próprio imposto sobre consumo com regras diferentes;
- Financiamento da UE, IVA é uma das receitas da UE;
- Neutralidade Fiscal do IVA: a importância do direito à dedução (art.19º ss
CIVA), Ex: advogado presta os seus serviços e cobra IVA, para ele prestar
serviços teve de adquirir bens e o próprio suportou o IVA; quando o advogado
compra livros, impressora...paga IVA em bens essenciais para a sua atividade;
recebe IVA e paga IVA; o que os profissionais recebem de IVA, o imposto
arrecadado é para entregar ao Estado;
- Regime de isenções, há quem esteja isento de IVA, como por exemplo quem
tenha volume de negócios inferior ou até 10.000€ no ano passado está
dispensado;
- Regimes especiais, em algumas áreas como vendas em 2ª mão.

3 níveis diferentes de taxas dependendo dos bens (Art.18º CIVA):


- Taxa máxima- 23%
- Taxa intermédia- 13%
- Bens essenciais- 6%

Declaração periódica do IVA (Art.41º CIVA) - Nota: importância da distinção


entre contribuinte e sujeito passivo do IVA.

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b) Ex: IVA cobrado em outubro, novembro e dezembro, tenho de liquidar até ao
dia 15 de fevereiro.

PROCEDIMENTO TRIBUTÁRIO

O procedimento tributário dispõe dos Art.54º e seguintes da LGT para além do


código do procedimento e processo tributário, que contem algumas normas. O
que é o Procedimento tributário? Encontramos essa definição no art.54º, n1, o
procedimento tributário compreende toda a sucessão de atos dirigida à
declaração de direitos tributários. Designadamente:

a) As ações preparatórias ou complementares de informação e fiscalização


tributária;
b) A liquidação dos tributos quando efetuada pela administração tributária;
c) A revisão, oficiosa ou por iniciativa dos interessados, dos atos tributários;
d) O reconhecimento ou revogação dos benefícios fiscais;
e) A emissão ou revogação de outros atos administrativos em matéria
tributaria;
f) As reclamações e os recursos hierárquicos;
8) A avaliação direta ou indireta dos rendimentos ou valores patrimoniais;
h) A cobrança das obrigações tributárias, na parte que não tiver natureza
judicial.

Princípios do Procedimento Tributário Art.55º, que significa que a AT esta


vinculada à observância destes princípios quando intervém num procedimento.
 Prossecução do interesse público
 Legalidade
 Proporcionalidade
 Justiça
 Imparcialidade
 Celeridade
 Respeito pelas garantias dos contribuintes e demais obrigados tributários.

Princípio da Decisão Art.56º

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1) A administração tributária está obrigada a pronunciar-se sobre todos os
assuntos da sua competência que lhe sejam apresentados por meio de
reclamações, recursos, representações, exposições, queixas ou quaisquer
outros meios previstos na lei pelos sujeitos passivos ou quem tiver interesse
legitimo.
1. Não existe dever de decisão quando:
a) A administração tributária se tiver pronunciado há menos de dois anos sobre
pedido do mesmo autor com idênticos objeto e fundamentos;
b) Tiver sido ultrapassado o prazo legal de revisão do ato tributário.

Princípio do Inquisitório Art.58º


 A administração tributária deve, no procedimento, realizar todas as
diligências necessárias à satisfação do interesse público e à descoberta da
verdade material, não estando subordinada à iniciativa do autor do pedido.

Princípio da Colaboração Art.59º


1. Os órgãos da administração tributária e os contribuintes estão sujeitos a um
dever de colaboração recíproco.
2. Presume-se a boa-fé da atuação dos contribuintes e da administração
tributária.

Início do Procedimento Art.89º


1. O procedimento inicia-se nos prazos e com os fundamentos previstos na lei,
por iniciativa dos interessados ou da administração tributária,
2. O início do procedimento dirigido ao apuramento de qualquer situação
tributaria e comunicado aos interessados, salvo quando a comunicação
possa pôr em causa os efeitos úteis que visa prosseguir ou o procedimento
incida sobre situações tributarias em que os interessados não estão ainda
devidamente identificados.

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