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CONCEITO DE IMPOSTO
1) O imposto é uma prestação pecuniária.
“É uma prestação” logo tem subjacente uma obrigação. A relação jurídico-fiscal está associada à
matéria das obrigações, pelo que fica a noção de que o imposto se trata do cumprimento de uma
obrigação, e portanto estamos na área das obrigações e não dos direitos reais. Trata-se aqui de
uma relação jurídica obrigacional de natureza pecuniária, ou seja, traduz-se essencialmente num
pagamento em dinheiro. Na sua origem, os impostos não se traduziam numa quantia pecuniária,
mas sim na prestação de serviços ou de bens.
5) O imposto é uma prestação exigida pelo Estado ou por outros entes públicos.
O sujeito ativo, titular do direito exigido, no âmbito da relação obrigacional que tem subjacente
o pagamento de impostos é o Estado ou outros entes públicos.
Imposto:
− O imposto é um tributo unilateral (não há uma contrapartida direta e imediata, mas sim
indireta);
− O imposto obedece ao princípio da legalidade fiscal;
− O imposto tem por base o princípio da capacidade contributiva (artigo 4º, nº 1 da Lei
Geral Tributária).
Taxa:
− A taxa é um tributo bilateral. Nas taxas eu tenho uma contrapartida direta e imediata
(por exemplo, eu pago uma taxa pelo registo predial do meu imóvel e, em contrapartida,
recebo o registo do respetivo; outro exemplo, pago uma portagem e usufruo do trajeto
percorrido).
− Há reserva de lei apenas quanto ao seu regime geral, ou seja, apenas o seu
enquadramento é reservado à Assembleia da República.
− A taxa assenta no princípio da proporcionalidade. A taxa até pode ser desproporcional,
mas não o pode ser de modo excessivo, caso contrário não se está a exigir a
contrapartida de um serviço público, mas está-se sim a atingir a capacidade contributiva
do contribuinte, e deste modo já será um imposto.
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
As contribuições especiais vêm previstas no artigo 4º, nº 3 da Lei Geral Tributária. Existem
dois tipos de contribuições fiscais neste artigo 4º, nº 3: 1) “contribuições que assentam na
obtenção pelo sujeito passivo de benefícios ou aumentos de valor dos seus bens em resultado de
obras públicas ou da criação ou ampliação de serviços públicos” e 2) “contribuições que
assentam no especial desgaste de bens públicos ocasionados pelo exercício de uma atividade”.
As contribuições especiais são verdadeiros impostos.
No primeiro tipo temos a modalidade das contribuições de melhoria, que se verifica naqueles
casos em que é devida uma prestação, em virtude de uma vantagem económica particular
resultante do exercício de uma atividade administrativa, por parte de todos aqueles que tal
atividade indistintamente beneficia. Por exemplo, a contribuição especial incidente em geral
sobre o aumento do valor de prédios rústicos que, em virtude de obras de urbanização ou da
construção de infraestruturas, ficam aptos para a construção, encargo esse a liquidar e a cobrar
aquando da solicitação da respetiva licença de construção.
24 de março
Aula online
CONCEITO DE IMPOSTO
Iremos começar por tratar a matéria relativa ao imposto. O imposto, como vimos anteriormente
em aula, é uma prestação:
− Pecuniária porque tem características de natureza obrigacional e que se traduz no
pagamento em dinheiro.
− Unilateral porque não tem uma contrapartida direta.
− Definitiva pois o pagamento não pressupõe reembolso.
− Coativa no sentido de que os impostos são, classicamente, uma das manifestações do
poder de soberania; o imposto é fixado ao abrigo do exercício do poder do ius
imperium do Estado, e por essa razão é coativo.
− Exigida pelo Estado ou outros entes públicos.
− Sem carater de sanção pois visa atingir a capacidade contributiva.
− Para a realização de fins públicos.
CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
− Contribuições de melhoria
− Contribuições do maior desgaste ocasionado
− São verdadeiros impostos
Lançamento
Note-se que esta expressão, em termos legislativos, caiu em desuso, todavia ainda é utilizada no
seio da doutrina. Nesta fase, vai-se determinar em concreto quem é que está abrangido pelo
imposto, qual o sujeito passivo da obrigação fiscal. Por outro lado, vai-se determinar a matéria
coletável (ou tributável). A matéria coletável é aquela matéria sujeita à coleta, ao apuramento do
imposto em concreto. É, no fundo, o montante sujeito a imposto. Por exemplo, José, no ano de
2019, teve um vencimento bruto de 10.000,00€ – isto é o rendimento sujeito a imposto. José vai
deduzir despesas de saúde, de educação, etc. pelo que, mediante determinados mecanismos, o
valor sujeito a taxas de imposto serão não os 10.000,00€, mas sim 5.000€.
Liquidação
Em Direito Fiscal, a liquidação tem por objetivo apurar o montante de imposto a pagar. A
expressão “liquidação” vem de “tornar a obrigação certa, líquida”, logo exigível.
Cobrança
A cobrança desdobra-se de duas formas: pagamento voluntário, no sentido em que o pagamento
é feito dentro dos prazos fixados por lei; cobrança coerciva, no sentido em que não faço o
pagamento dentro dos prazos, e portanto vou ser forçado a pagar.
Impostos sobre o consumo (atende à riqueza no momento em que esta é gasta ou consumida).
Este é um imposto que visa a capacidade contributiva do consumidor.
● Geral – por definição, as normas de incidência abrangem toda e qualquer transmissão
onerosa de bens/prestação de serviços
▪ IVA – Imposto sobre o valor acrescentado
*****
Impostos periódicos – a relação jurídica fonte da obrigação de imposto tem na sua base
situações estáveis, que se prolongam no tempo, renovam-se todos os anos (por exemplo: IRS,
IRC, IMI).
Impostos de obrigação única – a relação jurídica fonte de obrigação tem na sua base um facto ou
ato isolado (por exemplo: IMT, IS).
*****
Impostos de quota fixa – a lei determina que o montante de imposto a pagar resulta de uma
importância fixa (por exemplo: contribuição audiovisual).
Impostos de quota variável
− Proporcionais – a taxa é fixa, mas o montante a pagar varia com a matéria coletável
(por exemplo: IRC, IMI, IS).
− Progressivos – a taxa aumenta consoante aumenta a matéria coletável, até a um limite
(por exemplo: IRS (progressividade por escalões)).
− Regressivos – a taxa diminui consoante aumenta a matéria coletável (não existe nenhum
exemplo atualmente no nosso sistema).
Artigo 6º, nos 1 e 3 da LGT – proíbe as discriminações desfavoráveis aos contribuintes casados
e com filhos face aos solteiros ou sem filhos.
IRS
A Constituição, no seu artigo 104º, nº 1, impõe algumas características:
● Imposto único
● Imposto progressivo
● Conceito de rendimento tributável: rendimento-acréscimo – ao adotar este conceito,
aumenta-se o âmbito da incidência real, não ficando reduzido apenas aos rendimentos
do trabalho (como era o caso do rendimento-produto).
31 de março
Aula online
INCIDÊNCIA PESSOAL
Interessa-nos saber quem é que está sujeito ao imposto.
Artigo 18º do CIRS – Rendimentos obtidos em território português por não residentes
● Artigo 71º do CIRS – Taxas liberatórias
CATEGORIAS DE RENDIMENTOS
O IRS é um imposto único – abrange todos os rendimentos auferidos pelas pessoas singulares.
Isto levantou uma questão técnica, pois existem rendimentos de naturezas muito distintas. Como
é que se trata estes vários tipos de rendimentos? Segundo o artigo 1º do CIRS, o imposto sobre
o IRS incide sobre o valor anual dos rendimentos das categorias seguintes, mesmo quando
provenientes de atos ilícitos, depois de efetuadas as correspondentes deduções e abatimentos:
● Categoria A – Rendimentos do trabalho dependente;
● Categoria B – Rendimentos empresariais e profissionais (trabalho independente);
o Inserem-se nesta categoria as antigas Categorias C e D, suprimidas por força de
alterações legislativas ao CIRS.
● Categoria E – Rendimentos de capitais;
● Categoria F – Rendimentos prediais;
● Categoria G – Incrementos patrimoniais;
● Categoria H – Pensões.
A delimitação negativa dos rendimentos da Categoria A está prevista no artigo 2º-A do CIRS.
CATEGORIA H – PENSÕES
BASE DO IMPOSTO – artigo 11º do CIRS
Consideram-se rendimentos da Categoria H as pensões que, não sendo consideradas de trabalho
dependente, sejam pagas ou colocadas à disposição a título de pensão:
− De aposentação, de reforma, de velhice, de sobrevivência, de viuvez, rendas
temporárias ou vitalícias, prestações regulares e periódicas de PPR, de alimentos,
subvenções por doenças profissionais, por invalidez, prestações devidas no âmbito de
regimes complementares de S.S. em razão de contribuições da entidade patronal, não
consideradas de trabalho dependente.
− Rendas temporárias ou vitalícias.
− Prestações pagas no âmbito de regimes complementares de segurança social.
− Rendimento de capital financeiro.
14 de abril
Aula online
DEDUÇÕES ESPECÍFICAS
No âmbito do rendimento, o princípio da capacidade contributiva pretende tributar o
rendimento real, o rendimento efetivo, e não o rendimento bruto. O rendimento bruto não traduz
a nossa capacidade contributiva, daí que tenhamos de passar a uma fase de deduções específicas
para tornar este rendimento bruto em rendimento líquido.
CATEGORIA E
− Não há deduções específicas (artigo 40º do CIRS).
− Dupla tributação económica (artigo 40º-A do CIRS).
Este mesmo saldo, respeitante às transmissões efetuadas por residentes previstas nas alíneas a),
c) e d) do nº 1 do artigo 10º do CIRS (alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis,
alienação onerosa da propriedade intelectual ou industrial ou know-how quando o transmitente
não seja o seu titular originário, cessão onerosa de posições contratuais), é apenas considerado
em 50% do seu valor, bem como o saldo respeitante às operações previstas na alínea b) do nº 1
do artigo 10º do CIRS (alienação onerosa de partes sociais e de outros valores mobiliários)
relativo a micro e pequenas empresas não cotadas nos mercados da bolsa de valores, que será
igualmente considerado em 50% do seu valor.
Forma de determinação da mais valia – artigos 44º a 50º do CIRS. A mais-valia corresponderá
*****
O englobamento vem previsto no artigo 22º do CIRS e corresponde à soma dos rendimentos
líquidos de cada categoria auferidos em cada ano (obtemos assim o rendimento líquido global).
Feito este englobamento, depois de feitas as deduções e os abatimentos previstos no artigo 56º-
A do CIRS (que se restringem aos sujeitos passivos com deficiência) iremos obter o rendimento
coletável em IRS (montante ao qual vamos aplicar a taxa). Rendimento coletável é aquele ao
qual vamos a coleta.
21 de abril
Aula online
Temos um primeiro tipo de taxas – taxas liberatórias – que liberam obrigações futuras. Estas
taxas traduzem-se numa retenção na fonte, e por isso, quem recebe o rendimento (contribuinte)
fica liberado das obrigações futuras, quer a principal, quer as acessórias – é ao terceiro, àquele
que “retém na fonte”, que incumbe o cumprimento dessas obrigações. A taxa liberatória é de
28% e é fixa.
− É o caso dos rendimentos capitais; normalmente, nos rendimentos capitais (por
exemplo, juros), derivados da aplicação de capitais, não existem deduções específicas.
Rendimento bruto = rendimento líquido, o que propicia a aplicação das taxas
liberatórias.
− É também o caso dos rendimentos obtidos por não residentes.
− Opção pelo englobamento (artigos 22º, 71º, nos 6 e 7 e 119º, nº 3 do CIRS), embora
este só seja viável quando a taxa geral de imposto a aplicar seja inferior a 28% (nos
casos de rendimento coletável inferior a 10.700€)
O que distingue as taxas liberatórias das taxas especiais em sentido estrito é o facto de, enquanto
as primeiras dizem respeito a rendimentos em que o IRS é liquidado e cobrado por retenção na
fonte a título definitivo, não estando esses rendimentos sujeitos à declaração de rendimentos (a
não ser que se opte pelo seu englobamento), as segundas respeitam a rendimentos em que, por
não ter lugar qualquer retenção na fonte (como, por exemplo, no caso dos rendimentos da
categoria F – rendimentos prediais), se encontram sujeitos a declaração em anexo à declaração
anual de rendimentos.
TAXAS GERAIS
Quociente “familiar” (artigo 69º do CIRS)
Uma vez que as taxas gerais são progressivas, quando estamos perante sujeitos passivos casados
ou unidos de facto e que optem pela tributação conjunta, o rendimento é dividido por dois antes
da aplicação da taxa. Com este procedimento, evitamos uma maior tributação do que a que
teríamos sem esta divisão de rendimentos. O objetivo aqui não é beneficiar a família, mas evitar
que as famílias sejam prejudicadas (princípio da consideração fiscal da família).
Nos demais casos, multiplica-se por dois o resultado obtido pela aplicação das taxas ao
rendimento.
O rendimento líquido, por titular, não pode ser inferior ao valor anual da retribuição mínima
mensal (9,215€ em 2020).
Aquando da aplicação dos vários tipos de taxas ao rendimento coletável, obtemos a coleta.
DEDUÇÕES À COLETA
As deduções específicas têm subjacente o principio da capacidade contributiva. O princípio da
capacidade contributiva pretende tributar o rendimento real, o rendimento efetivo, e não o
rendimento bruto. O rendimento bruto não traduz a nossa capacidade contributiva, daí que
tenhamos de passar a uma fase de deduções específicas para tornar este rendimento bruto em
rendimento líquido. Já as deduções à coleta traduzem-se na dedução de despesas de natureza
familiar e têm subjacente o princípio da consideração fiscal da família e o desiderato do nº 1 da
104º da Constituição. O que se visa aqui é deduzir as despesas que são inerentes à vida e às
necessidades familiares.
O artigo 78º do CIRS enumera as várias deduções à coleta a efetuar pelos sujeitos passivos
residentes em território português:
− Valores fixos por cada dependente e ascendente (artigo 78º-A)
o Por cada dependente, o montante fixo a deduzir é de 600€.
o Por cada ascendente que viva efetivamente em comunhão de habitação com o
sujeito passivo, o montante fixo é de 525€.
Estas deduções não conferem direito a reembolso. As retenções na fonte e os pagamentos por
conta serão deduzidos depois de efetuadas as deduções atrás referidas e poderão originar
imposto a recuperar.
28 de abril
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RETENÇÃO NA FONTE – artigos 98º e seguintes do CIRS
De acordo com as regras estabelecidas nos artigos 99º a 101º do CIRS, a entidade que paga os
rendimentos está sujeita a fazer retenções na fonte de uma parte desse rendimento por conta do
imposto devido a final, ficando com a obrigação de entregar as quantias retidas ao Estado.
Todas as quantias que as entidades retenham têm de ser entregues ao Estado até ao dia 20 do
mês seguinte.
Todas as retenções na fonte têm natureza de pagamento por conta – são retenções com natureza
provisória porque são adiantamentos que se fazem ao Estado (por terceiro) por conta do imposto
devido a final. Por exemplo, imagine-se que eu, contribuinte, tenho de pagar um valor de
imposto anual de 2.000€ e, ao longo do ano, a entidade devedora fez-me retenções no valor de
2.500€. Neste caso, o Estado terá de me devolver 500€ de imposto (a título de IRS). Agora,
imaginando que os adiantamentos feitos pela entidade devedora foram insuficientes, eu terei de
pagar o remanescente em falta ao Estado.
NOTA: Só as retenções na fonte do artigo 71º do CIRS é que são feitas a título definitivo.
Há situações na Categoria B em que o contribuinte pode chegar ao final do ano sem que tenham
sido feitas retenções na fonte. Por exemplo, quando os advogados, que dirigem mais a sua
atividade aos particulares, recebem o pagamento, os particulares não fazem retenções na fonte
porque não têm contabilidade organizada. Se porventura todos os rendimentos dos advogados
vierem de particulares, estes chegam ao final do ano sem ter feito nenhum adiantamento.
Este artigo 102º do CIRS analisa a média dos últimos anos e, nos casos em que o contribuinte
tem poucas retenções na fonte, faz-se um cálculo para o pagamento por conta, tendo em conta a
média dos últimos anos – é estabelecido um montante e esse é dividido por três períodos no ano.
No caso da categoria A, não fazia sentido fazerem-se pagamentos por conta, uma vez que toda e
qualquer entidade tem de fazer retenções na fonte.
5 de maio
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CASO PRÁTICO 1
Gonçalo e Rita, casados, residentes em Braga, no ano em causa auferiram os rendimentos
seguintes:
a) Gonçalo, como gerente da sociedade “Transportes Aqui Vou, Lda.”, onde detém uma
quota de 60%:
a.1.) Remunerações ilíquidas: € 50.000
a.2.) Contribuições para a Segurança Social: € 5.500
a.3.) Retenções na Fonte: € 8.100
b) Rita no âmbito da atividade de advogada:
b.1.) Prestações de serviços: € 120.000
b.2.) Encargos gerais do escritório:€ 80.000
b.3) Retenções na fonte: € 14.000
b.4.) Pagamentos por conta: € 15.000
1.Defina incidência pessoal e real, e enquadre estes sujeitos passivos e os seus rendimentos
nas normas de incidência do IRS.
2. Explique como se determina o rendimento líquido de cada uma das categorias de IRS
presentes
1. Este momento da vida do imposto (incidência) vai-nos dizer sobre quem é que incide o
imposto e sobre o quê. Numa situação concreta, tenho de averiguar o quê (incidência real ou
objetiva) e quem (incidência pessoal ou subjetiva) está sujeito ao pagamento de imposto – só
com a reunião cumulativa destes dois momentos é que definimos o âmbito da sujeição do
imposto.
No âmbito da incidência pessoal (artigos 13º a 16º do CIRS), ficam sujeitas a IRS as pessoas
singulares que residam em território português – o que é o caso de Gonçalo e Rita – e as que,
nele não residindo, aqui obtenham rendimentos (artigo 13º, nº 1). Uma vez que Gonçalo e Rita
residem em Braga, o IRS incide sobre a totalidade dos seus rendimentos, incluindo os obtidos
fora desse território (artigo 15º, nº 1). Para efeitos do artigo 16º, nº 1, alínea a), são residentes
em território português as pessoas que, no ano a que respeitam os rendimentos, hajam nele
permanecido mais de 183 dias, seguidos ou interpolados, em qualquer período de 12 meses com
início ou fim no ano em causa. Sendo estes sujeitos casados, quando exista agregado familiar, o
imposto é apurado individualmente em relação a cada cônjuge, a não ser que seja exercida a
opção pela tributação conjunta (artigo 13º, nos 2 e 4, alínea a)) – havendo agregado familiar,
normalmente é mais vantajoso para os contribuintes optarem pela tributação conjunta dos
rendimentos.
Há que enquadrar agora a situação do caso em concreto no regime de incidência real do CIRS
(artigos 2º a 11º do CIRS). No âmbito da incidência real, temos que averiguar que tipo de
rendimentos é que temos e enquadrá-los nas diversas categorias. Quanto a Gonçalo, este reúne
as qualidades de gerente e de sócio da sociedade. As remunerações ilíquidas, contudo, resultam
da sua qualidade de gerente. Estes rendimentos integram-se na Categoria A, nos termos do
artigo 2º, nº 1, alínea a). Rita aufere rendimentos no âmbito da sua prestação de serviços
enquanto advogada, os quais se enquadram na Categoria B, nos termos do artigo 3º, nº 1,
alínea b).
Já quanto aos rendimentos profissionais auferidos por Rita, estes são determinados com base na
aplicação das regras decorrentes do regime simplificado ou com base na contabilidade (artigo
28º, nº 1 do CIRS). Ficam abrangidos pelo regime simplificado os sujeitos passivos que, no
exercício da sua atividade, não tenham ultrapassado no período de tributação imediatamente
anterior um montante anual ilíquido de rendimentos desta categoria de 200.000€ (artigo 28º, nº
2 do CIRS), o que se verifica, aliás, neste caso. Todavia, podem optar pela determinação dos
rendimentos com base na contabilidade (artigo 28º, nº 3 do CIRS) – com base na contabilidade
organizada, vamos ter em conta os custos efetivos e apuramos o lucro real para determinar o
rendimento líquido, que seria neste caso de 40.000€ (120.000€ – 80.000€). Aplicando o regime
simplificado (artigo 28º, nº 1, alínea a) do CIRS), a determinação do rendimento tributável
obtém-se através da aplicação do coeficiente de 0,75, uma vez que estamos perante rendimentos
de atividades profissionais especificamente previstas no artigo 151º (artigo 31º, nº 1, alínea b)
do CIRS). Assim sendo, o seu rendimento líquido seria de 120.000€ x 0,75 = 90.000€.
12 de maio
Aula online
CASO PRÁTICO 2
1.1. Defina incidência pessoal e real, e enquadre estes sujeitos passivos e os seus
rendimentos nas normas de incidência do IRS.
1.3. Diga se algum dos valores referidos no enunciado pode ser deduzido à coleta do casal.
1. Este momento da vida do imposto (incidência) vai-nos dizer sobre quem é que incide o
imposto e sobre o quê. Numa situação concreta, tenho de averiguar o quê (incidência real ou
objetiva) e quem (incidência pessoal ou subjetiva) está sujeito ao pagamento de imposto – só
com a reunião cumulativa destes dois momentos é que definimos o âmbito da sujeição do
imposto.
No âmbito da incidência pessoal (artigos 13º a 16º do CIRS), ficam sujeitas a IRS as pessoas
singulares que residam em território português – o que é o caso de Ana e Bruno – e as que, nele
não residindo, aqui obtenham rendimentos (artigo 13º, nº 1). Uma vez que Ana e Bruno
residem em Gondomar, o IRS incide sobre a totalidade dos seus rendimentos, incluindo os
obtidos fora desse território (artigo 15º, nº 1). Para efeitos do artigo 16º, nº 1, alínea a), são
residentes em território português as pessoas que, no ano a que respeitam os rendimentos, hajam
nele permanecido mais de 183 dias, seguidos ou interpolados, em qualquer período de 12 meses
com início ou fim no ano em causa. Sendo estes sujeitos casados, quando exista agregado
familiar, o imposto é apurado individualmente em relação a cada cônjuge, a não ser que seja
exercida a opção pela tributação conjunta (artigo 13º, nos 2 e 4, alínea a)) – havendo agregado
familiar, normalmente é mais vantajoso para os contribuintes optarem pela tributação conjunta
dos rendimentos.
Há que enquadrar agora a situação do caso em concreto no regime de incidência real do CIRS
(artigos 2º a 11º do CIRS). No âmbito da incidência real, temos que averiguar que tipo de
rendimentos é que temos e enquadrá-los nas diversas categorias. Quanto a Ana, os seus
rendimentos integram-se na Categoria A, nos termos do artigo 2º, nº 1, alínea a). Os
rendimentos que Bruno aufere enquadram na Categoria B, nos termos do artigo 3º, nº 1, alínea
b). As rendas do imóvel arrendado a Carla enquadram-se nos rendimentos de Categoria F, nos
termos do artigo 8º, nº 1 e nº 2, alínea a) do CIRS.
subsistemas legais de saúde excederem o limite fixado na alínea a), aquela dedução é pelo
montante total dessas contribuições (artigo 25º, nº 2 do CIRS). Uma vez que Ana fez
contribuições para a Segurança Social no valor de 4.500€, o seu rendimento líquido será de
35.000€ – 4.500€ = 30.500€.
Já quanto aos rendimentos profissionais auferidos por Bruno, estes são determinados com base
na aplicação das regras decorrentes do regime simplificado ou com base na contabilidade
(artigo 28º, nº 1 do CIRS). Ficam abrangidos pelo regime simplificado os sujeitos passivos
que, no exercício da sua atividade, não tenham ultrapassado no período de tributação
imediatamente anterior um montante anual ilíquido de rendimentos desta categoria de 200.000€
(artigo 28º, nº 2 do CIRS), o que se verifica, aliás, neste caso. Todavia, podem optar pela
determinação dos rendimentos com base na contabilidade (artigo 28º, nº 3 do CIRS).
Aplicando o regime simplificado (artigo 28º, nº 1, alínea a) do CIRS), a determinação do
rendimento tributável obtém-se através da aplicação do coeficiente de 0,75, uma vez que
estamos perante rendimentos de atividades profissionais especificamente previstas no artigo
151º (artigo 31º, nº 1, alínea b) do CIRS) em Anexo, nomeadamente a verba 4013. Assim
sendo, o seu rendimento líquido seria de 80.000€ x 0,75 = 60.000€.
Passaremos agora à soma dos rendimentos líquidos de cada teoria, de forma a obter o
rendimento líquido global (englobamento). O englobamento vem previsto no artigo 22º, nº 1 do
CIRS e corresponde à soma dos rendimentos líquidos de cada categoria auferidos em cada ano.
Feitas as deduções e os abatimentos ao englobamento, obtemos o rendimento coletável. Ora, ao
somar o rendimento da Categoria A (30.500€) e o rendimento da Categoria B (60.000€),
obtenho um rendimento coletável de 90.500€, montante ao qual vou aplicar a taxa. No que
respeita à categoria F, os rendimentos prediais (3.500€) não são englobados para efeitos da sua
tributação (artigo 22º, nº 3, alínea b) do CIRS) e são tributados a uma taxa autónoma de 28%
(artigo 72º, nº 1, alínea e) do CIRS). Assim sendo, 3.500€ x 28% = 980€, que corresponde à
coleta bruta dos rendimentos da categoria F.
temos que aplicar as taxas constantes da tabela prevista no artigo 68º, nº 1 do CIRS:
45.250€
36.967€36.967€ x 0,28838 (Média [B]) = 10.660,54€
08.283€8.283€ x 0,45 (Normal [A]) = 3.727,35€
00Total: 14.387,89€
3. As despesas de educação estão previstas nos artigos 78º, nº 1, alínea d) e 78º-D do CIRS.
Nos termos do nº 1 do artigo 78º-D, à coleta do IRS é dedutível um montante correspondente a
30% do valor suportado a título de despesas de educação. Uma vez que Ana teve despesas de
educação no valor de 2.000€, o casal poderia deduzir à sua coleta 2.000€ x 30% = 600€.
19 de maio
Aula online
CASO PRÁTICO 3
Francisco e Ana são casados, moram no Porto, com a sua filha Susana, de 3 anos. No ano
em causa auferiram os seguintes rendimentos:
- Francisco, 55.000 € como diretor administrativo e financeiro na sociedade Xeque, Lda.;
- Ana, professora desempregada, 12.000 € por explicações de matemática (em sua casa);
- 1.000 € de dividendos distribuídos à Susana por ações de uma sociedade anónima que lhe
foram oferecidas pelo seu padrinho aquando do seu nascimento;
- 2.000€ numa cirurgia a que foi submetido o pai de Francisco e que este entendeu assumir,
dadas as suas dificuldades financeiras.
Há que enquadrar agora a situação do caso em concreto no regime de incidência real do CIRS
(artigos 2º a 11º do CIRS). No âmbito da incidência real, temos que averiguar que tipo de
rendimentos é que temos e enquadrá-los nas diversas categorias. Quanto a Francisco, os seus
rendimentos como diretor administrativo e financeiro integram-se na Categoria A, nos termos
do artigo 2º, nº 1, alínea a). Os rendimentos que Ana aufere enquanto explicadora enquadram-
se na Categoria B, nos termos do artigo 3º, nº 1, alínea b) (“prestação de serviços”). Os
dividendos distribuídos à Susana por ações de uma sociedade anónima enquadram-se nos
rendimentos de Categoria E, nos termos do artigo 5º, nº 2, alínea h) (a alínea h) só utiliza a
expressão “lucros”, mas entende-se que estão aqui abrangidos também os dividendos nas
sociedades anónimas).
Quanto aos rendimentos da Categoria B, estes são determinados com base na aplicação das
regras decorrentes do regime simplificado ou com base na contabilidade (artigo 28º, nº 1 do
CIRS). Ficam abrangidos pelo regime simplificado os sujeitos passivos que, no exercício da sua
atividade, não tenham ultrapassado no período de tributação imediatamente anterior um
montante anual ilíquido de rendimentos desta categoria de 200.000€ (artigo 28º, nº 2 do
CIRS), o que se verifica, aliás, neste caso. Todavia, podem optar pela determinação dos
rendimentos com base na contabilidade (artigo 28º, nº 3 do CIRS). Aplicando o regime
simplificado (artigo 28º, nº 1, alínea a) do CIRS), a determinação do rendimento tributável
obtém-se através da aplicação do coeficiente de 0,75, uma vez que estamos perante rendimentos
de atividades profissionais especificamente previstas no artigo 151º (artigo 31º, nº 1, alínea b)
do CIRS) em Anexo, nomeadamente a verba 8010. Assim sendo, o seu rendimento líquido
seria de 12.000€ x 0,75 = 9.000€.
acessórias – é ao terceiro, àquele que “retém na fonte”, que incumbe o cumprimento dessas
obrigações.
Todavia, no caso dos lucros, os contribuintes têm duas opções: ou aceitam a taxa liberatória de
28% ou optam por fazer o englobamento. No caso de opção pelo englobamento (artigo 40º-A,
nº 1), os lucros são considerados em apenas 50% do seu valor; no fundo, é como se houvesse
uma dedução especifica de 50%, pelo que em vez de englobar 1.000€, englobava apenas 500€.
Deduções à coleta:
Sendo Susana dependente do agregado familiar, é deduzido à coleta o montante de 600€, nos
termos dos artigos 78º, nº 1, alínea a) e 78º-A, nº 1, alínea a) do CIRS.
É referido no caso prático que o casal despendeu 2.000€ numa cirurgia de correção de um
problema de visão de Ana. Nos termos dos artigos 78º, nº 1, alínea c) e 78º-C, nº 1 do CIRS,
pode ser deduzido um montante correspondente a 15% do valor suportado a título de despesas
de saúde por qualquer membro do agregado familiar, com o limite global de 1.000€. Neste caso,
será deduzido o montante de 300€ a título de despesas de saúde.
É nos dito que o casal assumiu uma despesa de 2.000€ relativa a uma cirurgia do pai do
Francisco, por este ter dificuldades económicas. Isto é dedutível para efeitos de IRS ou não?
Não. O pai de Francisco não é membro do agregado familiar, e portanto esta despesa não é
subsumível no âmbito da norma do artigo 78º-C do CIRS. não é dedutível para efeitos do IRS.
3. Suponha que, quanto ao Francisco, a Sociedade Xeque, Lda. no ano em causa não
efetuou as retenções na fonte a que estava legalmente obrigada. Aprecie esta situação no
âmbito do regime da responsabilidade tributária.
Os rendimentos de Francisco integram-se na Categoria A. Existem dois tipos de retenções na
fonte: as retenções a título de pagamento por conta do imposto devido a final e as retenções na
fonte a título definitivo.
Só as retenções na fonte do artigo 71º do CIRS é que são feitas a título definitivo, pelo que
todas as restantes são feitas a título de pagamento por conta. No caso concreto, apenas os
dividendos – Categoria E – estavam sujeitos a taxas liberatórias, e portanto sujeitos a retenção
na fonte a título definitivo; todos os outros rendimentos estão sujeitos a retenção na fonte a
título de pagamentos por conta.
A substituição tributária verifica-se sempre que a lei impõe o dever de pagamento do imposto,
não à pessoa sobre quem recaem os pressupostos de facto da tributação (substituído), mas a uma
terceira pessoa (substituto). Deste modo, temos sempre uma relação tripartida, composta pelo
sujeito ativo, pelo sujeito passivo (substituto) e pelo contribuinte (substituído). A substituição
tributária é efetivada através do mecanismo da retenção na fonte (artigo 20º, nº 2 da LGT).
A responsabilidade tributária (artigos 22º e seguintes da LGT) é uma figura que surge numa
fase patológica do desenvolvimento da relação jurídica tributária. O artigo 28º da LGT prevê a
responsabilidade em caso de substituição tributária. Quando a retenção tem a natureza de
pagamento por conta, cabe ao substituído (contribuinte Francisco) a responsabilidade originária
pelo imposto não retido e cabe ao substituto (sujeito passivo Sociedade Xeque, Lda.) a
responsabilidade subsidiária, ficando ainda a sociedade a única responsável pelos juros
compensatórios pelo atraso na liquidação (nº 2).
CASO PRÁTICO 4
Miguel e Luísa são casados desde 2010, residindo desde então em Guimarães
Têm uma filha de 17 anos e um filho de 20 anos, ambos a estudar.
No ano em causa obtiveram os seguintes rendimentos:
- A Luísa 35.000 € como administrativa na sociedade MMM, Lda.;
- O Miguel auferiu 54.000 € como vendedor de automóveis, por conta própria;
- 1.000 € de juros de um depósito a prazo;
- 12.000 € provenientes de um arrendamento de uma loja de que são proprietários no
centro de Guimarães à
sociedade FFF, Lda..
Sabendo que:
- À Luísa foi-lhe deduzido a título de retenção na fonte o montante de 3.500 € e a título de
descontos para a segurança social o montante de 3.025 €.
- A família teve ainda as seguintes despesas:
- 300 € com a saúde;
- 300 € com o IMI da loja;
1.2 Relevância para efeitos de cálculo da obrigação de imposto dos diversos “encargos”
suportados;
1.3 Suponha que, quanto à Luísa, a sociedade MMM, Lda. no ano em causa efetuou as
retenções na
fonte a uma taxa inferior à legalmente obrigada a tal. Aprecie esta situação no âmbito do
regime da
responsabilidade tributária.
Há que enquadrar agora a situação do caso em concreto no regime de incidência real do CIRS
(artigos 2º a 11º do CIRS). No âmbito da incidência real, temos que averiguar que tipo de
rendimentos é que temos e enquadrá-los nas diversas categorias. Quanto a Luísa, os seus
rendimentos como administrativa integram-se na Categoria A, nos termos do artigo 2º, nº 1,
alínea a). Os rendimentos que Miguel aufere enquanto vendedor de automóveis enquadram-se
na Categoria B, nos termos dos artigos 3º, nº 1, alínea a) e 4º, nº 1, alínea a). Os juros de um
depósito a prazo enquadram-se nos rendimentos de Categoria E, nos termos do artigo 5º, nº 2,
alínea a). As rendas da loja de que são proprietários enquadram-se nos rendimentos da
Categoria F, nos termos do artigo 8º, nos 1 e 2, alínea a).
Quanto aos rendimentos da Categoria B, estes são determinados com base na aplicação das
regras decorrentes do regime simplificado ou com base na contabilidade (artigo 28º, nº 1 do
CIRS). Ficam abrangidos pelo regime simplificado os sujeitos passivos que, no exercício da sua
atividade, não tenham ultrapassado no período de tributação imediatamente anterior um
montante anual ilíquido de rendimentos desta categoria de 200.000€ (artigo 28º, nº 2 do
CIRS), o que se verifica, aliás, neste caso. Todavia, podem optar pela determinação dos
rendimentos com base na contabilidade (artigo 28º, nº 3 do CIRS). Aplicando o regime
simplificado (artigo 28º, nº 1, alínea a) do CIRS), a determinação do rendimento tributável
obtém-se através da aplicação do coeficiente de 0,15, uma vez que estamos perante vendas de
mercadorias e produtos (artigo 31º, nº 1, alínea a) do CIRS). Assim sendo, o seu rendimento
líquido seria de 54.000€ x 0,15 = 8.100€.
passivo para obter ou garantir tais rendimentos (com exceção dos de natureza financeira, dos
relativos a depreciações e dos relativos a mobiliário, eletrodomésticos e artigos de conforto ou
decoração), IMI, despesas de condomínio e obras de conservação e manutenção suportadas nos
24 meses superiores. Neste caso, será deduzido o montante de 300€ pago a título de IMI.
Deduções à coleta:
Sendo os filhos dependentes do agregado familiar, será deduzido à coleta o montante de 600€
por cada um deles, nos termos dos artigos 78º, nº 1, alínea a) e 78º-A, nº 1, alínea a) do CIRS.
É referido no caso prático que o casal despendeu 300€ com a saúde. Nos termos dos artigos
78º, nº 1, alínea c) e 78º-C, nº 1 do CIRS, pode ser deduzido um montante correspondente a
15% do valor suportado a título de despesas de saúde por qualquer membro do agregado
familiar, com o limite global de 1.000€. Neste caso, será deduzido o montante de 45€ a título de
despesas de saúde.
A família teve ainda despesas com obras no imóvel onde habitam no valor de 400€. No entanto,
estas despesas não são dedutíveis para efeitos de IRS, uma vez que não se enquadram no âmbito
do artigo 78º-E do CIRS.
3. Suponha que, quanto à Luísa, a Sociedade MMM, Lda., no ano em causa, efetuou as
retenções na fonte a uma taxa inferior à legalmente obrigada a tal. Aprecie esta situação
no âmbito do regime da responsabilidade tributária.
O artigo 28º da LGT prevê a responsabilidade em caso de substituição tributária. Quando a
retenção tem a natureza de pagamento por conta, cabe ao substituído (contribuinte Luísa) a
responsabilidade originária pelo imposto não retido e cabe ao substituto (sujeito passivo
Sociedade MMM, Lda.) a responsabilidade subsidiária, ficando ainda a sociedade a única
responsável pelos juros compensatórios pelo atraso na liquidação (nº 2). Esta responsabilidade,
contudo, será relativa à diferença de imposto não retida, e não à totalidade do imposto.
26 de maio
Aula online
CASO PRÁTICO 5
Bernardo e Manuela são casados no regime de separação de bens, residindo em Lisboa
desde 1990, conjuntamente com o filho do casal, Antonio de 22 anos. Bernardo trabalha na
sociedade YYY, S.A., como arquiteto. onde aufere o ordenado bruto anual de segurança
social.
Paralelamente tem um escritório em casa, trabalhando por conta própria, o que lhe
permitiu auferir um valor anual de 25.000 no exercício da profissão de arquiteto,
suportando 1.000 de despesas em consumíveis informáticos.
Manuela recebe rendimentos provenientes de vários imóveis herdados do seu pai. No ano
em causa recebeu 43.000 de rendas tendo gasto 4.500 na conservação do telhado de um
imóvel, 2.000 na pintura da moradia onde reside e 2.700 em condomínios. Antonio estuda
direito na Universidade.
No ano em causa o Bernardo obteve ainda os seguintes rendimentos:
- 10 que havia comprado por 15.000 um ano antes. - Manuela recebeu 15.000 que foram
distribuídos por uma sociedade a título de
dividendos.
a) No âmbito da incidência pessoal (artigos 13º a 16º do CIRS), ficam sujeitas a IRS as
pessoas singulares que residam em território português – o que é o caso de Bernardo e Manuela
– e as que, nele não residindo, aqui obtenham rendimentos (artigo 13º, nº 1). Uma vez que
Bernardo e Manuela são pessoas singulares e residem em Lisboa, o IRS incide sobre a
totalidade dos seus rendimentos, incluindo os obtidos fora desse território (artigo 15º, nº 1).
Para efeitos do artigo 16º, nº 1, alínea a), são residentes em território português as pessoas que,
no ano a que respeitam os rendimentos, hajam nele permanecido mais de 183 dias, seguidos ou
interpolados, em qualquer período de 12 meses com início ou fim no ano em causa. Sendo estes
sujeitos casados, quando exista agregado familiar, o imposto é apurado individualmente em
relação a cada cônjuge, a não ser que seja exercida a opção pela tributação conjunta (artigo 13º,
nº 2). Para efeitos do artigo 13º, nº 4, alínea a), o agregado familiar é constituído pelos
cônjuges Bernardo e Manuela e o seu filho, António, de 22 anos, considerado dependente nos
termos do artigo 13º, nº 5, alínea b). Havendo agregado familiar, será mais vantajoso para os
contribuintes optarem pela tributação conjunta dos rendimentos, em que o imposto é devido
pela soma dos rendimentos das pessoas que constituem o agregado familiar, considerando-se
como sujeitos passivos aquelas a quem incumbe a sua direção – neste caso, Bernardo e Manuela
(artigo 13º, nº 3).
Há que enquadrar agora a situação do caso em concreto no regime de incidência real do CIRS
(artigos 2º a 11º do CIRS). No âmbito da incidência real, temos que averiguar que tipo de
rendimentos é que temos e enquadrá-los nas diversas categorias. Quanto a Bernardo, os seus
rendimentos como arquiteto integram-se na Categoria A, nos termos do artigo 2º, nº 1, alínea
a) e os rendimentos que aufere a trabalhar por conta própria integram-se na Categoria B, nos
termos do artigo 3º, nº 1, alínea b). Os rendimentos que obteve com a venda de ações e com a
venda do terreno são mais-valias e por isso inserem-se na Categoria G, nos termos dos artigos
9º, nº 1, alínea a) e 10º, nº 1, alíneas a) (quanto ao produto da venda do bem imóvel) e b)
(quanto à alienação onerosa das participações sociais). Os rendimentos provenientes de imóveis
que Manuela aufere enquadram-se na Categoria F, nos termos do artigo 8º, nos 1 e 2, alínea a).
Quanto aos dividendos que lhe foram distribuídos, enquadram-se nos rendimentos de Categoria
E, nos termos do artigo 5º, nº 2, alínea h).
Nos termos do artigo 25º, nº 1, alínea a) do CIRS, aos rendimentos brutos da Categoria A
deduzem-se, até à sua concorrência, e por cada titular que os tenha auferido, 4.104€. Porém, se
as contribuições obrigatórias para regimes de proteção social e para subsistemas legais de saúde
excederem o limite fixado na alínea a), aquela dedução é pelo montante total dessas
contribuições (artigo 25º, nº 2 do CIRS). Neste caso, vai-se deduzir 4.950€.
Quanto aos rendimentos da Categoria B, estes são determinados com base na aplicação das
regras decorrentes do regime simplificado ou com base na contabilidade (artigo 28º, nº 1 do
CIRS). Ficam abrangidos pelo regime simplificado os sujeitos passivos que, no exercício da sua
atividade, não tenham ultrapassado no período de tributação imediatamente anterior um
montante anual ilíquido de rendimentos desta categoria de 200.000€ (artigo 28º, nº 2 do
CIRS), o que se verifica, aliás, neste caso. Todavia, podem optar pela determinação dos
rendimentos com base na contabilidade (artigo 28º, nº 3 do CIRS). Aplicando o regime
simplificado (artigo 28º, nº 1, alínea a) do CIRS), a determinação do rendimento tributável
obtém-se através da aplicação do coeficiente de 0,75, uma vez que estamos perante rendimentos
de atividades profissionais especificamente previstas na tabela em anexo a que se refere o
artigo 151º (artigo 31º, nº 1, alínea b) do CIRS), nomeadamente a verba 1001. Assim sendo, o
seu rendimento líquido seria de 25.000€ x 0,75 = 18.750€.
Nos termos do artigo 41º do CIRS, aos rendimentos brutos da Categoria F, deduzem-se,
relativamente a cada prédio, todos os gastos efetivamente suportados e pagos pelo sujeito
passivo com o fim de obter ou garantir tais rendimentos. Neste caso, será deduzido o montante
de 4.500€ + 2.700€, no pressuposto de que estes gastos foram suportados para a conservação do
imóvel onde obteve os rendimentos. Não são contabilizados os 2.000€ gastos com a pintura da
moradia onde Manuela reside, desde logo porque os rendimentos prediais que obteve não são
respeitantes à moradia onde reside.
Os rendimentos que Bernardo obteve com a venda de ações e com a venda do terreno são mais-
valias, e por isso inserem-se na Categoria G. A mais-valia resulta da diferença entre o valor de
realização e o valor de aquisição (artigo 10º, nº 4, alínea a) do CIRS).
− No caso da venda de ações, temos uma menos-valia no valor de 5.000€ (10.000€ –
15.000€). Uma vez que da diferença entre o valor de realização e o valor de aquisição
resulta um saldo negativo, não há rendimento líquido e não aplicamos a taxa especial
de 28% do artigo 72º, nº 1, alínea c) do CIRS. Não procedemos a uma correção
monetária porque Bernardo teria de ficar na posse da participação social durante mais
de 24 meses (artigo 50º, nº 1 do CIRS).
− No caso da venda do terreno, temos uma mais-valia no valor de 15.000€ (70.000€ –
55.000€). Há que proceder a uma correção monetária ao valor de aquisição nos termos
do artigo 50º, nº 1 do CIRS: uma vez que Bernardo adquiriu o terreno em 2010,
procedemos à correção monetária da seguinte forma: 50.000€ x 1,10 = 55.000€. Este
saldo é apenas considerado em 50% do seu valor (artigo 43º, nº 2, b) do CIRS), ou
seja, o valor a englobar é de 7.500€, que estará sujeito à aplicação das taxas do artigo
68% do CIRS.
líquido global). Feito este englobamento, iremos obter o rendimento coletável em IRS (montante
ao qual vamos aplicar a taxa).
Nos termos do artigo 22º, nº 3, alínea b) do CIRS, não são englobados os rendimentos
referidos nos artigos 71º e 72º do CIRS, sem prejuízo dos contribuintes poderem, no entanto,
exercer a opção que englobar esses mesmos rendimentos.
2 de junho
Aula online
Caso Prático 6
Ricardo e Ana são casados no regime de comunhão de bens desde 2001 e desde aí
residentes em Ermesinde, sendo que com eles residem também dois filhos, João de 23 e a
Isabel de 26 anos, ambos ainda estudantes.
A Ana exerce funções de administradora na sociedade Leyland, S.A., pelo qual recebeu
49.000€ de rendimentos e uma gratificação de 5.000€. Tendo-lhe sido descontado 5.940€
para a segurança social e 14.455€ a título de retenção na fonte.
1. No âmbito da incidência pessoal (artigos 13º a 16º do CIRS), ficam sujeitas a IRS as pessoas
singulares que residam em território português – o que é o caso de Ricardo e Ana – e as que,
nele não residindo, aqui obtenham rendimentos (artigo 13º, nº 1). Uma vez que Ricardo e Ana
são pessoas singulares e residem em Ermesinde desde 2001, o IRS incide sobre a totalidade dos
seus rendimentos, incluindo os obtidos fora desse território (artigo 15º, nº 1). Para efeitos do
artigo 16º, nº 1, alínea a), são residentes em território português as pessoas que, no ano a que
respeitam os rendimentos, hajam nele permanecido mais de 183 dias, seguidos ou interpolados,
em qualquer período de 12 meses com início ou fim no ano em causa. Sendo estes sujeitos
casados, quando exista agregado familiar, o imposto é apurado individualmente em relação a
cada cônjuge, a não ser que seja exercida a opção pela tributação conjunta ( artigo 13º, nº 2).
Para efeitos do artigo 13º, nº 4, alínea a), o agregado familiar é constituído pelos cônjuges
Ricardo e Ana e o seu filho, João, de 23 anos, considerado dependente nos termos do artigo 13º,
nº 5, alínea b). Uma vez que Isabel, de 26 anos, não se subsume em nenhuma das alíneas do nº
5, podemos constatar que não faz parte do agregado familiar para efeitos do IRS. Havendo
agregado familiar, será mais vantajoso para os contribuintes optarem pela tributação conjunta
dos rendimentos, em que o imposto é devido pela soma dos rendimentos das pessoas que
constituem o agregado familiar, considerando-se como sujeitos passivos aquelas a quem
incumbe a sua direção – neste caso, Ricardo e Ana (artigo 13º, nº 3).
Há que enquadrar agora a situação do caso em concreto no regime de incidência real do CIRS
(artigos 2º a 11º do CIRS). No âmbito da incidência real, temos que averiguar que tipo de
rendimentos é que temos e enquadrá-los nas diversas categorias. Quanto a Ana, os seus
rendimentos como administradora na Sociedade Leyland, S.A. integram-se na Categoria A, nos
termos do artigo 2º, nº 3, alínea a), bem assim a gratificação recebida no valor de 5.000€
(artigo 2º, nº 2). Os rendimentos que Ricardo aufere a trabalhar enquanto engenheiro integram-
se igualmente na Categoria A (artigo 2º, nº 1, alínea a)). Já os rendimentos que aufere em
paralelo a trabalhar por conta própria no seu gabinete de engenharia integram-se na Categoria B,
nos termos do artigo 3º, nº 1, alínea b). Os rendimentos que o casal auferiu com as rendas da
loja enquadram-se na Categoria F, nos termos do artigo 8º, nos 1 e 2, alínea a). Quanto aos
juros, estes são o rendimento de capital por excelência e por isso enquadram-se nos rendimentos
da Categoria E, nos termos do artigo 5º, nº 2, alínea c).
2. Nos termos do artigo 25º, nº 1, alínea a) do CIRS, aos rendimentos brutos da Categoria A
deduzem-se, até à sua concorrência, e por cada titular que os tenha auferido, 4.104€. Porém, se
as contribuições obrigatórias para regimes de proteção social e para subsistemas legais de saúde
excederem o limite fixado na alínea a), aquela dedução é pelo montante total dessas
contribuições (artigo 25º, nº 2 do CIRS). Neste caso, Ana efetua contribuições para a
segurança social no valor de 5.940€, e portanto vai ser esse o valor a deduzir. O mesmo sucede
com Ricardo, que irá deduzir o valor de 4.180€.
Quanto aos rendimentos da Categoria B, estes são determinados com base na aplicação das
regras decorrentes do regime simplificado ou com base na contabilidade (artigo 28º, nº 1 do
CIRS). Ficam abrangidos pelo regime simplificado os sujeitos passivos que, no exercício da sua
atividade, não tenham ultrapassado no período de tributação imediatamente anterior um
montante anual ilíquido de rendimentos desta categoria de 200.000€ (artigo 28º, nº 2 do
CIRS), o que se verifica, aliás, neste caso. Todavia, podem optar pela determinação dos
rendimentos com base na contabilidade (artigo 28º, nº 3 do CIRS). Aplicando o regime
simplificado (artigo 28º, nº 1, alínea a) do CIRS), a determinação do rendimento tributável
obtém-se através da aplicação do coeficiente de 0,75, uma vez que estamos perante rendimentos
de atividades profissionais especificamente previstas na tabela em anexo a que se refere o
artigo 151º (artigo 31º, nº 1, alínea b) do CIRS), nomeadamente a verba 1003. Assim sendo, o
seu rendimento líquido seria de 23.000€ x 0,75 = 17.250€.
Nos termos do artigo 41º do CIRS, aos rendimentos brutos da Categoria F, deduzem-se,
relativamente a cada prédio, todos os gastos efetivamente suportados e pagos pelo sujeito
passivo com o fim de obter ou garantir tais rendimentos. Neste caso, será deduzido o montante
de 300€ + 1.000€, no pressuposto de que estes gastos foram suportados para a conservação do
imóvel onde obteve os rendimentos. Desta forma, o rendimento líquido será de 13.700€.
Quanto aos rendimentos prediais da Categoria F, estes estão sujeitos a uma taxa especial de
28% (artigo 72º, nº 1, alínea e)). A coleta, neste caso, seria de 3.836€. Todavia, importa não
esquecer que existe uma opção pelo englobamento destes rendimentos, nos termos do artigo
72º, nº 13. Ao optar-se pelo englobamento, estes rendimentos da Categoria F iriam somar-se aos
99.130€ e seria aplicada uma taxa de 45%, para efeitos da aplicação da tabela das taxas gerais.
Não faria pois muito sentido englobar estes rendimentos da Categoria F neste caso.
Nos termos do artigo 69º do CIRS, as taxas aplicáveis são as correspondentes ao rendimento
coletável dividido por dois (99.130€/2). As taxas fixadas no artigo 68º do CIRS aplicam-se ao
quociente do rendimento coletável, multiplicando-se por dois o resultado obtido para se apurar a
coleta do IRS.
3. De acordo com as regras estabelecidas nos artigos 99º a 101º do CIRS, a entidade que paga
os rendimentos está sujeita a fazer retenções na fonte de uma parte desse rendimento por conta
do imposto devido a final, ficando com a obrigação de entregar as quantias retidas ao Estado.
Todas as quantias que as entidades retenham têm de ser entregues ao Estado até ao dia 20 do
mês seguinte.
Quanto aos rendimentos prediais da Categoria F, a retenção na fonte será feita também à taxa
de 25% (artigo 101º, nº 1, alínea e) do CIRS). Esta retenção teria também a natureza de
retenção na fonte a título de pagamento por conta de imposto, pelas razões explanadas supra a
propósito dos rendimentos da Categoria B.
Quanto aos rendimentos de capitais da Categoria E, estes estão sujeitos a retenção na fonte a
título definitivo, à taxa liberatória de 28% (artigo 71º, nº 1, alínea a) do CIRS).
4. No caso em concreto, estamos perante um caso de dívidas tributárias cujo prazo legal de
pagamento ou entrega terminou no período do exercício do seu cargo (artigo 24º, nº 1, alínea
b) da LGT). Deste modo, Ana, administradora da sociedade, tinha o ónus de demonstrar que
não lhe era imputável a falta de pagamento das dívidas.