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Direito Fiscal I aulas práticas

Fiscalidade (Universidade Portucalense Infante D. Henrique)

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CONCEITO DE IMPOSTO
1) O imposto é uma prestação pecuniária.
“É uma prestação” logo tem subjacente uma obrigação. A relação jurídico-fiscal está associada à
matéria das obrigações, pelo que fica a noção de que o imposto se trata do cumprimento de uma
obrigação, e portanto estamos na área das obrigações e não dos direitos reais. Trata-se aqui de
uma relação jurídica obrigacional de natureza pecuniária, ou seja, traduz-se essencialmente num
pagamento em dinheiro. Na sua origem, os impostos não se traduziam numa quantia pecuniária,
mas sim na prestação de serviços ou de bens.

2) O imposto é uma prestação unilateral.


Esta característica do imposto é muito importante. Eu não tenho uma contrapartida direta e
imediata, mas recebo, sim, uma contrapartida indireta através da prestação de serviços do
Estado (segurança, saúde, justiça, educação, etc.).

3) O imposto é uma prestação definitiva.


O imposto serve para distinguir figuras como a requisição civil, que poderá não ser definitiva. Já
o pagamento do imposto é definitivo, não há uma devolução. Diferente é o caso do reembolso
do IRS, que não coloca em causa esta característica do imposto, pois o reembolso do IRS deve-
se ao facto de ter sido pago a mais o imposto sobre o rendimento das pessoas singulares.

4) O imposto é uma prestação coativa.


Coativa no sentido de que os impostos são, classicamente, uma das manifestações do poder de
soberania. O imposto é fixado ao abrigo do exercício do poder do ius imperium do Estado, e por
essa razão é coativo.

5) O imposto é uma prestação exigida pelo Estado ou por outros entes públicos.
O sujeito ativo, titular do direito exigido, no âmbito da relação obrigacional que tem subjacente
o pagamento de impostos é o Estado ou outros entes públicos.

6) O imposto é uma prestação sem caráter de sanção.


Da finalidade dos impostos está excluída necessariamente a finalidade sancionatória. Na
verdade, se com o imposto se pretende aplicar uma sanção, então estamos perante uma multa
(sanção pecuniária penal), uma coima (sanção pecuniária contraordenacional), um confisco
(sanção penal traduzida na apreensão e correspondente perda a favor do Estado do produto
obtido e dos instrumentos utilizados na prática de ato ilícito), uma indemnização (reparação do
prejuízo ou dano causado a outrem através de ato ilícito), etc., mas nunca perante um imposto.
Os impostos são obrigações impostas por lei que podem gerar sanções, mas não podemos

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confundir impostos como sendo sanções.

7) O imposto é uma prestação pecuniária para a realização de fins públicos.


Os impostos, atualmente, são a principal fonte de financiamento do Estado para cumprir com a
sua função de satisfação das necessidades coletivas.

DISTINÇÃO ENTRE IMPOSTO E TAXA


O que o imposto e a taxa têm de comum é o facto de que ambos são tributos – são prestações
pecuniárias fixadas coativamente pelo Estado. Os pressupostos dos tributos estão previstos no
artigo 4º da Lei Geral Tributária.

Imposto:
− O imposto é um tributo unilateral (não há uma contrapartida direta e imediata, mas sim
indireta);
− O imposto obedece ao princípio da legalidade fiscal;
− O imposto tem por base o princípio da capacidade contributiva (artigo 4º, nº 1 da Lei
Geral Tributária).

Taxa:
− A taxa é um tributo bilateral. Nas taxas eu tenho uma contrapartida direta e imediata
(por exemplo, eu pago uma taxa pelo registo predial do meu imóvel e, em contrapartida,
recebo o registo do respetivo; outro exemplo, pago uma portagem e usufruo do trajeto
percorrido).
− Há reserva de lei apenas quanto ao seu regime geral, ou seja, apenas o seu
enquadramento é reservado à Assembleia da República.
− A taxa assenta no princípio da proporcionalidade. A taxa até pode ser desproporcional,
mas não o pode ser de modo excessivo, caso contrário não se está a exigir a
contrapartida de um serviço público, mas está-se sim a atingir a capacidade contributiva
do contribuinte, e deste modo já será um imposto.

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
As contribuições especiais vêm previstas no artigo 4º, nº 3 da Lei Geral Tributária. Existem
dois tipos de contribuições fiscais neste artigo 4º, nº 3: 1) “contribuições que assentam na
obtenção pelo sujeito passivo de benefícios ou aumentos de valor dos seus bens em resultado de
obras públicas ou da criação ou ampliação de serviços públicos” e 2) “contribuições que
assentam no especial desgaste de bens públicos ocasionados pelo exercício de uma atividade”.
As contribuições especiais são verdadeiros impostos.

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No primeiro tipo temos a modalidade das contribuições de melhoria, que se verifica naqueles
casos em que é devida uma prestação, em virtude de uma vantagem económica particular
resultante do exercício de uma atividade administrativa, por parte de todos aqueles que tal
atividade indistintamente beneficia. Por exemplo, a contribuição especial incidente em geral
sobre o aumento do valor de prédios rústicos que, em virtude de obras de urbanização ou da
construção de infraestruturas, ficam aptos para a construção, encargo esse a liquidar e a cobrar
aquando da solicitação da respetiva licença de construção.

No segundo tipo temos as contribuições do maior desgaste ocasionado. A lógica adjacente é


que existem bens públicos que são usados por todos, mas há alguns que ocasionam um maior
desgaste e por esse motivo devem pagar um imposto acrescentado. Por exemplo, um camião
causa um maior desgaste na estrada e por isso o condutor/proprietário de um veículo pesado
paga um imposto (IUC – Imposto Único de Circulação) superior ao condutor/proprietário de um
automóvel ou de uma mota.

24 de março
Aula online

CONCEITO DE IMPOSTO
Iremos começar por tratar a matéria relativa ao imposto. O imposto, como vimos anteriormente
em aula, é uma prestação:
− Pecuniária porque tem características de natureza obrigacional e que se traduz no
pagamento em dinheiro.
− Unilateral porque não tem uma contrapartida direta.
− Definitiva pois o pagamento não pressupõe reembolso.
− Coativa no sentido de que os impostos são, classicamente, uma das manifestações do
poder de soberania; o imposto é fixado ao abrigo do exercício do poder do ius
imperium do Estado, e por essa razão é coativo.
− Exigida pelo Estado ou outros entes públicos.
− Sem carater de sanção pois visa atingir a capacidade contributiva.
− Para a realização de fins públicos.

DISTINÇÃO DO IMPOSTO DE TAXA


A distinção entre imposto e taxa tem relevância no sentido em que estas duas figuras pertencem
ao mesmo instituto: os tributos. Sendo estas duas figuras tributos, têm uma parte em comum –
prestações pecuniárias fixadas coativamente pelo Estado.

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Os pontos que as distinguem são os seguintes:


− O imposto é um tributo unilateral, não tem uma contrapartida direta, enquanto que a
taxa é bilateral, tem uma contrapartida direta (a prestação de serviço publico, a
permissão para utilizar espaço público, a remoção do limite jurídico – licenças, etc.).
− O imposto tem subjacente o princípio da legalidade fiscal, ao passo que a taxa tem uma
reserva de lei apenas quanto ao seu regime geral, ou seja, os impostos têm de ser
criados/autorizados pela AR (Assembleia da República), enquanto que as taxas podem
ser criadas pelos municípios.
− Os impostos têm também subjacente o princípio da capacidade contributiva que se
revela no património dos sujeitos, ao passo que a taxa assenta no princípio da
proporcionalidade que nos diz que as taxas não podem ser excessivamente
desproporcionadas ao serviço que prestam, à contrapartida.

CONTRIBUIÇÕES ESPECIAIS
− Contribuições de melhoria
− Contribuições do maior desgaste ocasionado
− São verdadeiros impostos

MOMENTOS DA VIDA DO IMPOSTO


Incidência
Este momento vai-nos dizer sobre quem é que incide o imposto e sobre o quê. Numa situação
concreta, tenho de averiguar o quê (incidência real ou objetiva) e quem (incidência pessoal ou
subjetiva) está sujeito ao pagamento de imposto – só com a reunião cumulativa destes dois
momentos é que definimos o âmbito da sujeição do imposto.

Lançamento
Note-se que esta expressão, em termos legislativos, caiu em desuso, todavia ainda é utilizada no
seio da doutrina. Nesta fase, vai-se determinar em concreto quem é que está abrangido pelo
imposto, qual o sujeito passivo da obrigação fiscal. Por outro lado, vai-se determinar a matéria
coletável (ou tributável). A matéria coletável é aquela matéria sujeita à coleta, ao apuramento do
imposto em concreto. É, no fundo, o montante sujeito a imposto. Por exemplo, José, no ano de
2019, teve um vencimento bruto de 10.000,00€ – isto é o rendimento sujeito a imposto. José vai
deduzir despesas de saúde, de educação, etc. pelo que, mediante determinados mecanismos, o
valor sujeito a taxas de imposto serão não os 10.000,00€, mas sim 5.000€.

Liquidação

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Em Direito Fiscal, a liquidação tem por objetivo apurar o montante de imposto a pagar. A
expressão “liquidação” vem de “tornar a obrigação certa, líquida”, logo exigível.

Cobrança
A cobrança desdobra-se de duas formas: pagamento voluntário, no sentido em que o pagamento
é feito dentro dos prazos fixados por lei; cobrança coerciva, no sentido em que não faço o
pagamento dentro dos prazos, e portanto vou ser forçado a pagar.

Estes momentos são aquilo que é a estrutura do CIRS.

CLASSIFICAÇÕES DOS IMPOSTOS


Impostos sobre o rendimento (atende à fonte produtora do rendimento).
● IRS – Imposto sobre rendimento das pessoas singulares
● IRC – Imposto sobre rendimento das pessoas coletivas

Impostos sobre o património (atende à transmissão e titularidade do património). Este conceito é


antigo, no sentido em que as questões que se colocavam relativamente à tributação do
património eram quanto aos imóveis.
● Transmissão
o Onerosa
▪ IMT – Imposto dos municípios sobre a transmissão onerosa do
património (receita municipal)
▪ IS – Imposto de selo (receita estadual)
(Quem revela a capacidade contributiva é aquele que transmite os bens)
o Gratuita
▪ IS (pessoas singulares)
▪ IRC (pessoas coletivas)
(Quem revela a capacidade contributiva é o beneficiário dos bens)
● Titularidade
▪ IMI

Impostos sobre o consumo (atende à riqueza no momento em que esta é gasta ou consumida).
Este é um imposto que visa a capacidade contributiva do consumidor.
● Geral – por definição, as normas de incidência abrangem toda e qualquer transmissão
onerosa de bens/prestação de serviços
▪ IVA – Imposto sobre o valor acrescentado

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● Especiais (IEC’s – impostos especiais sobre o consumo) – visam tributar realidades


muito específicas
▪ ISP – Imposto sobre produtos petrolíferos
▪ ISV – Imposto sobre veículos
▪ IST – Imposto sobre tabaco
▪ IABA – Imposto sobre álcool e bebidas alcoólicas
Importa diferenciar a “não sujeição” da “isenção”. “Não sujeição” significa que não está
abrangido pelas normas de incidência, e que portanto não esta sujeito a imposto; “Isenção”
significa está abrangido pelo âmbito de incidência, mas o legislador decidiu isentar.

*****

Impostos periódicos – a relação jurídica fonte da obrigação de imposto tem na sua base
situações estáveis, que se prolongam no tempo, renovam-se todos os anos (por exemplo: IRS,
IRC, IMI).

Impostos de obrigação única – a relação jurídica fonte de obrigação tem na sua base um facto ou
ato isolado (por exemplo: IMT, IS).

Principal importância prática: Contagem dos prazos de caducidade da liquidação e da prescrição


da obrigação do imposto.

*****

Impostos diretos – impostos sobre o rendimento e património


Impostos indiretos – impostos sobre o consumo

Critério prático de distinção:


− Classificação orçamental das receitas fiscais (critério da contabilidade nacional)
− Na Constituição, LGT e TUE:
o Impostos diretos – rendimento e património;
o Impostos indiretos – consumo.
− No artigo 736º, nº 1 do Código Civil:
o Impostos diretos – impostos periódicos
o Impostos indiretos: impostos de obrigação única

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Impostos de quota fixa – a lei determina que o montante de imposto a pagar resulta de uma
importância fixa (por exemplo: contribuição audiovisual).
Impostos de quota variável
− Proporcionais – a taxa é fixa, mas o montante a pagar varia com a matéria coletável
(por exemplo: IRC, IMI, IS).
− Progressivos – a taxa aumenta consoante aumenta a matéria coletável, até a um limite
(por exemplo: IRS (progressividade por escalões)).
− Regressivos – a taxa diminui consoante aumenta a matéria coletável (não existe nenhum
exemplo atualmente no nosso sistema).

LIMITES MATERIAIS DA TRIBUTAÇÃO


IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO PESSOAL

Principio da consideração fiscal da família: O Estado deve ter em consideração a figura da


“família” quando legisla sobre matéria fiscal, não para as beneficiar, mas para não as prejudicar.

Artigo 67º, nº 2, alínea f) da Constituição – diz-nos que incumbe ao Estado regular os


impostos e os benefícios sociais de harmonia com os encargos familiares.

Artigo 104º, nº 1 da Constituição – o imposto sobre o rendimento pessoal “será único e


progressivo, tendo em conta as necessidades e o rendimento do agregado familiar”.

Artigo 6º, nos 1 e 3 da LGT – proíbe as discriminações desfavoráveis aos contribuintes casados
e com filhos face aos solteiros ou sem filhos.

IRS
A Constituição, no seu artigo 104º, nº 1, impõe algumas características:
● Imposto único
● Imposto progressivo
● Conceito de rendimento tributável: rendimento-acréscimo – ao adotar este conceito,
aumenta-se o âmbito da incidência real, não ficando reduzido apenas aos rendimentos
do trabalho (como era o caso do rendimento-produto).
31 de março
Aula online

INCIDÊNCIA PESSOAL
Interessa-nos saber quem é que está sujeito ao imposto.

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Artigo 13º, nº 1 do CIRS – Âmbito da incidência pessoal


− Ficam sujeitas a IRS as pessoas singulares que residam em território português e as que,
nele não residindo, aqui obtenham rendimentos.
− O artigo 13º, nº 1 do CIRS remete-nos para o artigo 15º do CIRS, a propósito do
âmbito de sujeição.

Artigo 13º, nos 2 a 9 do CIRS – Agregado familiar


− Quando exista agregado familiar, o imposto é apurado individualmente em relação a
cada cônjuge ou união de facto, sem prejuízo do disposto relativamente aos
dependentes, a não ser que seja exercida a opção pela tributação conjunta (nº 2);
− Até 2015, estando os cônjuges casados, era obrigatória a tributação conjunta, e portanto
era uma exigência da doutrina permitir a possibilidade das pessoas casadas entregar o
IRS de forma independente. Hoje em dia, a regra é a tributação separada, podendo os
cônjuges optar pela tributação conjunta.
− O agregado familiar encontra-se definido nos termos do nº 4:
a) Os cônjuges não separados judicialmente de pessoas e bens, ou os unidos de
facto (artigo 14º do CIRS), e os respetivos dependentes;
b) Cada um dos cônjuges ou ex-cônjuges, respetivamente, nos casos de separação
judicial de pessoas e bens ou de declaração de nulidade, anulação ou dissolução
do casamento, e os dependentes a seu cargo;
c) O pai ou a mãe solteiros e os dependentes a seu cargo;
d) O adotante solteiro e os dependentes a seu cargo.
− Consideram-se dependentes, nos termos do nº 5:
a) Os filhos, adotados e enteados, menores não emancipados, bem como os
menores sob tutela;
b) Os filhos, adotados e enteados, maiores, bem como aqueles que até à
maioridade estiveram sujeitos à tutela de qualquer dos sujeitos a quem incumbe
a direção do agregado familiar, que não tenham mais de 25 anos nem aufiram
anualmente rendimentos superiores ao valor da retribuição mínima mensal
garantida – isto é, não podem auferir anualmente rendimentos de montante
superior a 8.890€ (635€ x 14 meses);
c) Os filhos, adotados, enteados e os sujeitos à tutela, maiores, inaptos para o
trabalho e para angariar meios de subsistência;
d) Os afilhados civis.

Artigo 13º, nos 12 a 15 do CIRS – Habitação própria permanente

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− Este conceito de habitação própria permanente é muito importante, no sentido em que


levanta algumas questões fiscais pertinentes: se eu adquirir um imóvel que vou destinar
para a minha habitação, terei uma isenção parcial do IRS; se eu vender o imóvel onde
residia, são excluídos da tributação os ganhos provenientes da transmissão onerosa de
imóveis destinados a habitação própria e permanente.
− O nº 12 deste artigo diz que o domicílio fiscal faz presumir a habitação própria e
permanente do sujeito passivo.

Artigo 14º do CIRS – União de facto


− A existência de identidade de domicílio fiscal dos sujeitos passivos durante o período
exigido por lei para verificação dos pressupostos da união de facto, e durante o período
de tributação, faz presumir a existência de união de facto quando esta seja invocada
pelos sujeitos passivos (nº 2).
− O período exigido por lei para verificação dos pressupostos da união de facto é de dois
anos.
− Existindo união de facto, poderão optar ou não pela tributação conjunta dos seus
rendimentos.

Artigo 15º do CIRS – Âmbito de sujeição


− O artigo 15º do CIRS estabelece a distinção entre residentes em território português e
não residentes em território português.
− Sendo as pessoas residentes em território português, o IRS incide sobre a totalidade dos
seus rendimentos, incluindo os obtidos fora desse território (nº 1)
− Tratando-se de não residentes, o IRS incide unicamente sobre os rendimentos obtidos
em território português (nº 2).
− Neste sentido, o artigo 16º do CIRS prevê quem se considera residente; o artigo 18º
do CIRS quais os rendimentos que se consideram obtidos em território português.

Artigo 16º do CIRS – Conceito de residência


● Nos termos deste artigo, serão considerados residentes em território português as
pessoas que, no ano a que respeitam os rendimentos, se subsumam nos critérios das
alíneas a) a d) do nº 1.

Artigo 18º do CIRS – Rendimentos obtidos em território português por não residentes
● Artigo 71º do CIRS – Taxas liberatórias

PROCESSO DE LIQUIDAÇÃO DO IRS

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● Rendimento bruto de cada categoria;


● Deduções específicas;
● Rendimento líquido de cada categoria;
● Soma dos rendimentos líquidos de cada categoria = Rendimento líquido global
(Englobamentos);
● Rendimento líquido global – Abatimentos = Rendimento Coletável;
● Rendimento Coletável x taxa = Coleta;
● Deduções à Coleta;
● Imposto a pagar.

CATEGORIAS DE RENDIMENTOS
O IRS é um imposto único – abrange todos os rendimentos auferidos pelas pessoas singulares.
Isto levantou uma questão técnica, pois existem rendimentos de naturezas muito distintas. Como
é que se trata estes vários tipos de rendimentos? Segundo o artigo 1º do CIRS, o imposto sobre
o IRS incide sobre o valor anual dos rendimentos das categorias seguintes, mesmo quando
provenientes de atos ilícitos, depois de efetuadas as correspondentes deduções e abatimentos:
● Categoria A – Rendimentos do trabalho dependente;
● Categoria B – Rendimentos empresariais e profissionais (trabalho independente);
o Inserem-se nesta categoria as antigas Categorias C e D, suprimidas por força de
alterações legislativas ao CIRS.
● Categoria E – Rendimentos de capitais;
● Categoria F – Rendimentos prediais;
● Categoria G – Incrementos patrimoniais;
● Categoria H – Pensões.

CATEGORIA A – RENDIMENTOS DO TRABALHO DEPENDENTE


O conceito de trabalho dependente, para efeitos fiscais, vai muito para além do trabalho por
conta de outrem (por exemplo, remuneração dos órgãos estatutários, remunerações acessórias,
gratificações não atribuídas pela entidade patronal, etc.).

Trabalho por conta de outrem: Equiparado:


● Contrato de trabalho; ● Remuneração dos membros de
● Contrato legalmente equiparado; órgãos estatutários (artigo 2º, nº 3,
● Contrato de aquisição de serviços; alínea a) do CIRS);
● Função, serviço ou cargo público; ● Remunerações acessórias (artigo 2º,
● Pré-reforma ou situação de reserva. nº 3, alínea b) do CIRS);
● Gratificações não atribuídas pela

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entidade patronal (artigo 2º, nº 3,


alínea g) do CIRS).
● Entre outros.

BASE DO IMPOSTO – artigo 2º do CIRS


Consideram-se rendimentos de trabalho dependente:
− REMUNERAÇÕES
o Ordenados, salários, vencimentos, abonos de reserva, pré-reforma, pré-
aposentação.
− SUBSÍDIOS OU PRÉMIOS
o De residência, de refeição (em parte), de férias, de Natal, para estudo, prémios.
− OUTROS
o Gratificações, percentagens, comissões, participações, senhas de presença,
participação em multas, emolumentos, ajudas de custo (em parte), benefícios e
regalias.

A delimitação negativa dos rendimentos da Categoria A está prevista no artigo 2º-A do CIRS.

CATEGORIA B – RENDIMENTOS PROFISSIONAIS E EMPRESARIAIS


BASE DO IMPOSTO – artigos 3º, 4º e 20º do CIRS
Consideram-se rendimentos empresariais e profissionais:
− Os lucros de atividades de natureza comercial, industrial, agrícola, silvícola e pecuária,
quando auferidos por pessoas singulares.
− As prestações de serviços, exercidas por conta própria, incluindo as de caráter
científico, artístico ou técnico.
− Os provenientes da propriedade intelectual ou industrial ou da prestação de informações
respeitantes a uma experiência adquirida no setor industrial, comercial ou científico,
quando auferidos pelo seu titular originário.
− Os rendimentos imputados por entidades sujeitas ao regime da transparência fiscal.

CATEGORIA E – RENDIMENTOS DE CAPITAIS


“Consideram-se rendimentos de capitais os frutos e demais vantagens económicas que obtenha,
qualquer que seja a sua natureza ou denominação (...)” – artigo 5º, nº 1 do CIRS.

BASE DO IMPOSTO – artigos 5º a 7º e 40º-A do CIRS


Constituem rendimentos de aplicação de capitais:
− Juros

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o Mútuos, abertura de crédito, reporte, depósitos, certificados de depósito, títulos


de dívida, suprimentos, conta corrente, dilação ou mora.
− Lucros
o Lucros e adiantamentos sobre lucros (atenção: artigo 40º-A).
− Valor da partilha
o Valor da partilha considerado de aplicação de capitais.
o Amortização de partes sociais sem redução de capital.
− Rendimentos
o Associação em participação, associação à quota, cessão temporária de direitos
de autor e de direitos de propriedade industrial e experiência adquirida quando
não auferidos pelo titular originário ou autor, uso, concessão ou cedência de
equipamentos e redes informáticas, seguros de vida, reembolso de PPR e PPA,
cessão de créditos, entre outros rendimentos.

Exclusão de tributação: Lucros colocados à disposição de sócios por sociedades sujeitas ao


regime de transparência fiscal.

CATEGORIA F – RENDIMENTOS PREDIAIS


No fundo, consideram-se rendimentos prediais todos os rendimentos que um imóvel pode geral
– exemplo paradigmático são as rendas que provêm da celebração de um contrato de
arrendamento.

BASE DO IMPOSTO – artigo 8º do CIRS


Constituem rendimentos prediais as rendas dos prédios rústicos, urbanos e mistos pagas ou
colocadas à disposição resultante de:
− Cedência do uso de prédio ou parte de prédio e dos serviços relacionados com aquela
cedência.
− Aluguer de maquinismos e mobiliários instalados no imóvel locado.
− Diferença positiva auferida pelo sublocador, entre a renda recebida do sublocatário e a
paga ao senhorio.
− Cedência do uso total ou parcial de bens imóveis para publicidade ou outros fins
especiais.
− Cedência do uso de partes comuns de prédios em regime de propriedade horizontal.
− Constituição a título oneroso de direitos reais de gozo temporários, ainda que vitalícios,
sobre prédios rústicos, urbanos ou mistos.

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CATEGORIA G – INCREMENTOS PATRIMONIAIS


BASE DO IMPOSTO – artigo 9º do CIRS
Constituem incrementos patrimoniais, desde que não considerados rendimentos de outras
categorias:
− As mais-valias (artigo 10º do CIRS).
o Alienação onerosa de direitos reais;
o Alienação onerosa de partes sociais e de outros valores mobiliários;
o Alienação onerosa da propriedade intelectual ou industrial ou know-how,
quando o transmitente não seja o seu titular originário;
o Cessão onerosa de posições contratuais;
o Alienação de instrumentos financeiros
− As indemnizações que visem a reparação de danos não patrimoniais.
− As importâncias auferidas em virtude da assunção de obrigações de não concorrência.
− Acréscimos patrimoniais não justificados (artigos 87º, 88º e 89º-A da LGT).
− Indemnizações devidas por renúncia onerosa a posições contratuais ou outros direitos
inerentes a contratos relativos a bens imóveis.

Exclusão de tributação: Reinvestimento em imóvel destinado a habitação própria permanente.

CATEGORIA H – PENSÕES
BASE DO IMPOSTO – artigo 11º do CIRS
Consideram-se rendimentos da Categoria H as pensões que, não sendo consideradas de trabalho
dependente, sejam pagas ou colocadas à disposição a título de pensão:
− De aposentação, de reforma, de velhice, de sobrevivência, de viuvez, rendas
temporárias ou vitalícias, prestações regulares e periódicas de PPR, de alimentos,
subvenções por doenças profissionais, por invalidez, prestações devidas no âmbito de
regimes complementares de S.S. em razão de contribuições da entidade patronal, não
consideradas de trabalho dependente.
− Rendas temporárias ou vitalícias.
− Prestações pagas no âmbito de regimes complementares de segurança social.
− Rendimento de capital financeiro.

14 de abril
Aula online

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DEDUÇÕES ESPECÍFICAS
No âmbito do rendimento, o princípio da capacidade contributiva pretende tributar o
rendimento real, o rendimento efetivo, e não o rendimento bruto. O rendimento bruto não traduz
a nossa capacidade contributiva, daí que tenhamos de passar a uma fase de deduções específicas
para tornar este rendimento bruto em rendimento líquido.

O princípio da capacidade contributiva diz-nos que os rendimentos auferidos devem ser


tributados e, simultaneamente, diz-nos que todas as despesas que tivemos também devem ser
deduzidas.

As deduções específicas estão previstas nos artigos 25º e seguintes do CIRS.

CATEGORIA A (artigo 25º do CIRS)


Todos os trabalhadores que auferem rendimentos da Categoria A tem de fazer descontos para a
SS, que são feitos descontando 11% do vencimento. Suponhamos que eu tenho um ordenado
mensal de 1.000€. O rendimento anual bruto auferido é de 14.000€. Destes 14.000€, não vou
deduzir 11% deste valor (1.540€), mas sim 4.104€ (alínea a)). Se porventura as contribuições
para a SS forem superiores, é esse o valor que se deduz (alínea b)).

CATEGORIA B (artigos 28º a 39º do CIRS)


As formas de determinação dos rendimentos profissionais ou empresariais, são as seguintes:
− De acordo com as regras da Categoria A
− Com base na aplicação das regras decorrentes do regime simplificado
− Com base na contabilidade organizada

Regime simplificado (artigos 28º e 31º do CIRS)


Ficam abrangidos pelo regime simplificado os sujeitos passivos que:
− Obtenham rendimentos empresariais e ou profissionais;
− Tenham obtido, no exercício anterior, um rendimento ilíquido anual igual ou inferior a
200.000€;
− Não optem pelo regime de contabilidade organizada – regime geral de tributação.

Rendimento líquido a englobar


− O rendimento líquido obtém-se através dos coeficientes previstos no nº 1 do artigo 31º
do CIRS.
− Redução dos coeficientes no início de atividade – artigo 31º, nº 10 do CIRS.

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− Pressupostos documentais para a dedução ao rendimento que decorre da aplicação dos


coeficientes das alíneas a), b) e c) – artigo 31º, nº 13 do CIRS.

Regime de tributação normal – contabilidade organizada (artigos 33º a 35º do CIRS)


Na determinação dos rendimentos empresariais e profissionais não abrangidos pelo regime
simplificado, aplicam-se as regras estabelecidas no Código do IRC (artigo 32º do CIRS). Não
serão dedutíveis os encargos previstos no artigo 33º do CIRS.

CATEGORIA E
− Não há deduções específicas (artigo 40º do CIRS).
− Dupla tributação económica (artigo 40º-A do CIRS).

CATEGORIA F (artigo 41º do CIRS)


As deduções específicas estão previstas no artigo 41º do CIRS.

Aos rendimentos brutos referidos no artigo 8º do CIRS (Rendimentos da Categoria F),


deduzem-se:
− Gastos efetivamente suportados e pagos pelo sujeito passivo para obter ou garantir tais
rendimentos, com exceção dos mencionados no nº 1;
− IMI;
− Despesas de condomínio;
− Obras de conservação e manutenção suportadas nos 24 meses superiores.

CATEGORIA G (artigos 43º a 52º do CIRS)


O valor dos rendimentos qualificados como mais-valias é o correspondente ao saldo apurado
entre as mais-valias e as menos-valias realizadas no mesmo ano.

Este mesmo saldo, respeitante às transmissões efetuadas por residentes previstas nas alíneas a),
c) e d) do nº 1 do artigo 10º do CIRS (alienação onerosa de direitos reais sobre bens imóveis,
alienação onerosa da propriedade intelectual ou industrial ou know-how quando o transmitente
não seja o seu titular originário, cessão onerosa de posições contratuais), é apenas considerado
em 50% do seu valor, bem como o saldo respeitante às operações previstas na alínea b) do nº 1
do artigo 10º do CIRS (alienação onerosa de partes sociais e de outros valores mobiliários)
relativo a micro e pequenas empresas não cotadas nos mercados da bolsa de valores, que será
igualmente considerado em 50% do seu valor.

Forma de determinação da mais valia – artigos 44º a 50º do CIRS. A mais-valia corresponderá

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à diferença entre o valor da compra e o valor da venda.

CATEGORIA H (artigos 53º e 54º do CIRS)


Aos rendimentos brutos da Categoria H deduz-se o valor de 4.104€ (equiparada à categoria A).
Serão ainda deduzidas as contribuições obrigatórias na parte que exceda a dedução de 4.104€.

*****

O englobamento vem previsto no artigo 22º do CIRS e corresponde à soma dos rendimentos
líquidos de cada categoria auferidos em cada ano (obtemos assim o rendimento líquido global).

Feito este englobamento, depois de feitas as deduções e os abatimentos previstos no artigo 56º-
A do CIRS (que se restringem aos sujeitos passivos com deficiência) iremos obter o rendimento
coletável em IRS (montante ao qual vamos aplicar a taxa). Rendimento coletável é aquele ao
qual vamos a coleta.

21 de abril
Aula online

TAXAS LIBERATÓRIAS – artigo 71º do CIRS


Apesar de uma das características do IRS ser um imposto único, existem vários tipos de taxas
no IRS que são determinantes do ponto de vista jurídico.

Temos um primeiro tipo de taxas – taxas liberatórias – que liberam obrigações futuras. Estas
taxas traduzem-se numa retenção na fonte, e por isso, quem recebe o rendimento (contribuinte)
fica liberado das obrigações futuras, quer a principal, quer as acessórias – é ao terceiro, àquele
que “retém na fonte”, que incumbe o cumprimento dessas obrigações. A taxa liberatória é de
28% e é fixa.
− É o caso dos rendimentos capitais; normalmente, nos rendimentos capitais (por
exemplo, juros), derivados da aplicação de capitais, não existem deduções específicas.
Rendimento bruto = rendimento líquido, o que propicia a aplicação das taxas
liberatórias.
− É também o caso dos rendimentos obtidos por não residentes.
− Opção pelo englobamento (artigos 22º, 71º, nos 6 e 7 e 119º, nº 3 do CIRS), embora
este só seja viável quando a taxa geral de imposto a aplicar seja inferior a 28% (nos
casos de rendimento coletável inferior a 10.700€)

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TAXAS ESPECIAIS – artigo 72º do CIRS


São tributados à taxa de 28%
− Mais valias
− Outros rendimentos de capitais
− Rendimentos prediais

São tributadas à taxa de 10%


− Gratificações

São tributadas à taxa de 20%


− Pensões de alimentos

São tributados à taxa de 25%


− Não residentes em território português/Residentes não habituais

São tributados à taxa de 60%


− Acréscimos patrimoniais não justificados

O que distingue as taxas liberatórias das taxas especiais em sentido estrito é o facto de, enquanto
as primeiras dizem respeito a rendimentos em que o IRS é liquidado e cobrado por retenção na
fonte a título definitivo, não estando esses rendimentos sujeitos à declaração de rendimentos (a
não ser que se opte pelo seu englobamento), as segundas respeitam a rendimentos em que, por
não ter lugar qualquer retenção na fonte (como, por exemplo, no caso dos rendimentos da
categoria F – rendimentos prediais), se encontram sujeitos a declaração em anexo à declaração
anual de rendimentos.

TAXAS GERAIS
Quociente “familiar” (artigo 69º do CIRS)
Uma vez que as taxas gerais são progressivas, quando estamos perante sujeitos passivos casados
ou unidos de facto e que optem pela tributação conjunta, o rendimento é dividido por dois antes
da aplicação da taxa. Com este procedimento, evitamos uma maior tributação do que a que
teríamos sem esta divisão de rendimentos. O objetivo aqui não é beneficiar a família, mas evitar
que as famílias sejam prejudicadas (princípio da consideração fiscal da família).

Nos demais casos, multiplica-se por dois o resultado obtido pela aplicação das taxas ao
rendimento.

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TABELA GERAL DE TAXAS (artigo 68º do CIRS)

MÍNIMO DE EXISTÊNCIA (artigo 70º do CIRS)


É o montante até ao qual é entendido que o contribuinte, apesar de ter capacidade económica
(porque aufere rendimentos), não tem capacidade contributiva, porque o rendimento que aufere
é o mínimo essencial para fazer face às suas despesas, para satisfazer as suas necessidades de
sobrevivência.

Se os rendimentos englobados forem predominantemente originados em trabalho dependente,


em atividades previstas na Portaria a que se refere o artigo 151º do CIRS, com exceção de
“outras atividades exclusivamente de prestações de serviços”, ou em pensões (mais de 50%), da
aplicação da taxa não poderá resultar um rendimento líquido de IRS inferior a 1,5 x 14 x valor
do IAS (438,81€ em 2020).

O rendimento líquido, por titular, não pode ser inferior ao valor anual da retribuição mínima
mensal (9,215€ em 2020).

Aquando da aplicação dos vários tipos de taxas ao rendimento coletável, obtemos a coleta.

DEDUÇÕES À COLETA
As deduções específicas têm subjacente o principio da capacidade contributiva. O princípio da
capacidade contributiva pretende tributar o rendimento real, o rendimento efetivo, e não o
rendimento bruto. O rendimento bruto não traduz a nossa capacidade contributiva, daí que
tenhamos de passar a uma fase de deduções específicas para tornar este rendimento bruto em
rendimento líquido. Já as deduções à coleta traduzem-se na dedução de despesas de natureza
familiar e têm subjacente o princípio da consideração fiscal da família e o desiderato do nº 1 da
104º da Constituição. O que se visa aqui é deduzir as despesas que são inerentes à vida e às
necessidades familiares.

O artigo 78º do CIRS enumera as várias deduções à coleta a efetuar pelos sujeitos passivos
residentes em território português:
− Valores fixos por cada dependente e ascendente (artigo 78º-A)
o Por cada dependente, o montante fixo a deduzir é de 600€.
o Por cada ascendente que viva efetivamente em comunhão de habitação com o
sujeito passivo, o montante fixo é de 525€.

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− Despesas gerais familiares (artigo 78º-B)


− Despesas de saúde (artigo 78º-C)
− Despesas de educação e formação (artigo 78º-D)
− Encargos com imóveis (artigo 78º-E)
− Dedução pela exigência da fatura (artigo 78º-F)
− Crédito de imposto por dupla tributação internacional (artigo 81º)
− Pensões de alimentos (artigo 83º-A)
− Encargos com lares (artigo 84º)
− Pessoas com deficiência (artigo 87º)

Estas deduções não conferem direito a reembolso. As retenções na fonte e os pagamentos por
conta serão deduzidos depois de efetuadas as deduções atrás referidas e poderão originar
imposto a recuperar.

28 de abril
Aula online
RETENÇÃO NA FONTE – artigos 98º e seguintes do CIRS
De acordo com as regras estabelecidas nos artigos 99º a 101º do CIRS, a entidade que paga os
rendimentos está sujeita a fazer retenções na fonte de uma parte desse rendimento por conta do
imposto devido a final, ficando com a obrigação de entregar as quantias retidas ao Estado.
Todas as quantias que as entidades retenham têm de ser entregues ao Estado até ao dia 20 do
mês seguinte.

Categoria A – artigos 99º a 100º e tabelas de retenção de IRS (em Anexo)


− Vale igualmente para as pensões (Categoria H).
− Todas as pessoas que pagam rendimentos da Categoria A têm de fazer retenção na fonte.

Categoria B – artigo 101º, nº 1, alíneas a) a d)


− Só tem de fazer a retenção na fonte se a entidade que vai pagar dispõe de contabilidade
organizada.
− A retenção na fonte será de 16,5%, tratando-se de rendimentos da categoria B referidos
na alínea c) do nº 1 do artigo 3º do CIRS ou de incrementos patrimoniais previstos
nas alíneas b) e c) do nº 1 do artigo 9º do CIRS.
− A retenção na fonte será de 25%, tratando-se de rendimentos decorrentes das atividades
profissionais previstas na tabela a que se refere o artigo 151º do CIRS.

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− A retenção na fonte será de 11,5%, tratando-se de rendimentos da categoria B referidos


na alínea b) do nº 1 e nas alíneas g) e i) do artigo 3º do CIRS.
− A retenção na fonte será de 20%, tratando-se de rendimentos da categoria B auferidos
em atividades de elevado valor acrescentado, com caráter científico, artístico ou técnico,
definidas em portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças, por
residentes não habituais em território português.

Categoria E – artigo 101º, nº 1, alínea a)

Categoria F – artigo 101º, nº 1, alínea e)


− Os rendimentos prediais também estão sujeitos a uma retenção na fonte de 25%.

Categoria G – artigo 101º, nº 1, alínea a)

Todas as retenções na fonte têm natureza de pagamento por conta – são retenções com natureza
provisória porque são adiantamentos que se fazem ao Estado (por terceiro) por conta do imposto
devido a final. Por exemplo, imagine-se que eu, contribuinte, tenho de pagar um valor de
imposto anual de 2.000€ e, ao longo do ano, a entidade devedora fez-me retenções no valor de
2.500€. Neste caso, o Estado terá de me devolver 500€ de imposto (a título de IRS). Agora,
imaginando que os adiantamentos feitos pela entidade devedora foram insuficientes, eu terei de
pagar o remanescente em falta ao Estado.

NOTA: Só as retenções na fonte do artigo 71º do CIRS é que são feitas a título definitivo.

PAGAMENTOS POR CONTA – artigo 102º do CIRS


A retenção na fonte pressupõe uma relação triangular – entre o sujeito ativo, o substituto (sujeito
passivo) e o substituído (contribuinte). Os pagamentos por conta, contrariamente às retenções
com natureza de pagamento de contas, consistem em entregas antecipadas de imposto efetuadas
pelos próprios contribuintes, que se traduzem em adiantamentos por conta do imposto devido a
final. Ou seja, tanto as retenções na fonte como os pagamentos por conta são adiantamentos; a
diferença é que nos pagamentos por conta, o sujeito passivo é o próprio contribuinte, enquanto
que nas retenções na fonte o sujeito passivo é o substituto, o terceiro.

Em termos de IRS, só na Categoria B é que se fazem pagamentos por conta. A titularidade de


rendimentos da Categoria B determina, para os respetivos sujeitos passivos, a obrigatoriedade
de efetuarem três pagamentos por conta do imposto devido a final, até ao dia 20 de cada um dos
meses de julho, setembro e dezembro.

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Há situações na Categoria B em que o contribuinte pode chegar ao final do ano sem que tenham
sido feitas retenções na fonte. Por exemplo, quando os advogados, que dirigem mais a sua
atividade aos particulares, recebem o pagamento, os particulares não fazem retenções na fonte
porque não têm contabilidade organizada. Se porventura todos os rendimentos dos advogados
vierem de particulares, estes chegam ao final do ano sem ter feito nenhum adiantamento.

Este artigo 102º do CIRS analisa a média dos últimos anos e, nos casos em que o contribuinte
tem poucas retenções na fonte, faz-se um cálculo para o pagamento por conta, tendo em conta a
média dos últimos anos – é estabelecido um montante e esse é dividido por três períodos no ano.

No caso da categoria A, não fazia sentido fazerem-se pagamentos por conta, uma vez que toda e
qualquer entidade tem de fazer retenções na fonte.

5 de maio
Aula online

CASO PRÁTICO 1
Gonçalo e Rita, casados, residentes em Braga, no ano em causa auferiram os rendimentos
seguintes:
a) Gonçalo, como gerente da sociedade “Transportes Aqui Vou, Lda.”, onde detém uma
quota de 60%:
a.1.) Remunerações ilíquidas: € 50.000
a.2.) Contribuições para a Segurança Social: € 5.500
a.3.) Retenções na Fonte: € 8.100
b) Rita no âmbito da atividade de advogada:
b.1.) Prestações de serviços: € 120.000
b.2.) Encargos gerais do escritório:€ 80.000
b.3) Retenções na fonte: € 14.000
b.4.) Pagamentos por conta: € 15.000

1.Defina incidência pessoal e real, e enquadre estes sujeitos passivos e os seus rendimentos
nas normas de incidência do IRS.

2. Explique como se determina o rendimento líquido de cada uma das categorias de IRS
presentes

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1. Este momento da vida do imposto (incidência) vai-nos dizer sobre quem é que incide o
imposto e sobre o quê. Numa situação concreta, tenho de averiguar o quê (incidência real ou
objetiva) e quem (incidência pessoal ou subjetiva) está sujeito ao pagamento de imposto – só
com a reunião cumulativa destes dois momentos é que definimos o âmbito da sujeição do
imposto.

No âmbito da incidência pessoal (artigos 13º a 16º do CIRS), ficam sujeitas a IRS as pessoas
singulares que residam em território português – o que é o caso de Gonçalo e Rita – e as que,
nele não residindo, aqui obtenham rendimentos (artigo 13º, nº 1). Uma vez que Gonçalo e Rita
residem em Braga, o IRS incide sobre a totalidade dos seus rendimentos, incluindo os obtidos
fora desse território (artigo 15º, nº 1). Para efeitos do artigo 16º, nº 1, alínea a), são residentes
em território português as pessoas que, no ano a que respeitam os rendimentos, hajam nele
permanecido mais de 183 dias, seguidos ou interpolados, em qualquer período de 12 meses com
início ou fim no ano em causa. Sendo estes sujeitos casados, quando exista agregado familiar, o
imposto é apurado individualmente em relação a cada cônjuge, a não ser que seja exercida a
opção pela tributação conjunta (artigo 13º, nos 2 e 4, alínea a)) – havendo agregado familiar,
normalmente é mais vantajoso para os contribuintes optarem pela tributação conjunta dos
rendimentos.

Há que enquadrar agora a situação do caso em concreto no regime de incidência real do CIRS
(artigos 2º a 11º do CIRS). No âmbito da incidência real, temos que averiguar que tipo de
rendimentos é que temos e enquadrá-los nas diversas categorias. Quanto a Gonçalo, este reúne
as qualidades de gerente e de sócio da sociedade. As remunerações ilíquidas, contudo, resultam
da sua qualidade de gerente. Estes rendimentos integram-se na Categoria A, nos termos do
artigo 2º, nº 1, alínea a). Rita aufere rendimentos no âmbito da sua prestação de serviços
enquanto advogada, os quais se enquadram na Categoria B, nos termos do artigo 3º, nº 1,
alínea b).

2. Para determinarmos o rendimento líquido de Gonçalo, há que fazer deduções específicas ao


seu rendimento bruto. Nos termos do artigo 25º, nº 1, alínea a) do CIRS, aos rendimentos
brutos da Categoria A deduzem-se, até à sua concorrência, e por cada titular que os tenha
auferido, 4.104€. Porém, se as contribuições obrigatórias para regimes de proteção social e para
subsistemas legais de saúde excederem o limite fixado na alínea a), aquela dedução é pelo
montante total dessas contribuições (artigo 25º, nº 2 do CIRS). Uma vez que Gonçalo fez
contribuições para a Segurança Social no valor de 5.500€, o seu rendimento líquido será de

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50.000€ – 5.500€ = 44.500€.

Já quanto aos rendimentos profissionais auferidos por Rita, estes são determinados com base na
aplicação das regras decorrentes do regime simplificado ou com base na contabilidade (artigo
28º, nº 1 do CIRS). Ficam abrangidos pelo regime simplificado os sujeitos passivos que, no
exercício da sua atividade, não tenham ultrapassado no período de tributação imediatamente
anterior um montante anual ilíquido de rendimentos desta categoria de 200.000€ (artigo 28º, nº
2 do CIRS), o que se verifica, aliás, neste caso. Todavia, podem optar pela determinação dos
rendimentos com base na contabilidade (artigo 28º, nº 3 do CIRS) – com base na contabilidade
organizada, vamos ter em conta os custos efetivos e apuramos o lucro real para determinar o
rendimento líquido, que seria neste caso de 40.000€ (120.000€ – 80.000€). Aplicando o regime
simplificado (artigo 28º, nº 1, alínea a) do CIRS), a determinação do rendimento tributável
obtém-se através da aplicação do coeficiente de 0,75, uma vez que estamos perante rendimentos
de atividades profissionais especificamente previstas no artigo 151º (artigo 31º, nº 1, alínea b)
do CIRS). Assim sendo, o seu rendimento líquido seria de 120.000€ x 0,75 = 90.000€.

12 de maio
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CASO PRÁTICO 2

1. Ana e Bruno são casados e residem em Gondomar. No ano em causa obtiveram


os seguintes rendimentos:
Ana: 35.000 € - salários como trabalhadora por conta de outrem numa seguradora.
Bruno 80.000 € - ganhos como contabilista por conta própria.
Casal – 5.000 € rendas de um imóvel arrendado a Carla.
Sabendo que:
- As contribuições para a Segurança Social de Ana foram de 4,500 euros
- Bruno teve 20.000 euros de despesas com a atividade e fez pagamentos por
conta de 4.000 euros.
- Ana teve despesas de educação de 2000 euros.
- O casal gastou 1500 euros em obras no imóvel arrendado a C.

1.1. Defina incidência pessoal e real, e enquadre estes sujeitos passivos e os seus
rendimentos nas normas de incidência do IRS.

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1.2. Refira como se determina a coleta “bruta” do casal

1.3. Diga se algum dos valores referidos no enunciado pode ser deduzido à coleta do casal.

1. Este momento da vida do imposto (incidência) vai-nos dizer sobre quem é que incide o
imposto e sobre o quê. Numa situação concreta, tenho de averiguar o quê (incidência real ou
objetiva) e quem (incidência pessoal ou subjetiva) está sujeito ao pagamento de imposto – só
com a reunião cumulativa destes dois momentos é que definimos o âmbito da sujeição do
imposto.

No âmbito da incidência pessoal (artigos 13º a 16º do CIRS), ficam sujeitas a IRS as pessoas
singulares que residam em território português – o que é o caso de Ana e Bruno – e as que, nele
não residindo, aqui obtenham rendimentos (artigo 13º, nº 1). Uma vez que Ana e Bruno
residem em Gondomar, o IRS incide sobre a totalidade dos seus rendimentos, incluindo os
obtidos fora desse território (artigo 15º, nº 1). Para efeitos do artigo 16º, nº 1, alínea a), são
residentes em território português as pessoas que, no ano a que respeitam os rendimentos, hajam
nele permanecido mais de 183 dias, seguidos ou interpolados, em qualquer período de 12 meses
com início ou fim no ano em causa. Sendo estes sujeitos casados, quando exista agregado
familiar, o imposto é apurado individualmente em relação a cada cônjuge, a não ser que seja
exercida a opção pela tributação conjunta (artigo 13º, nos 2 e 4, alínea a)) – havendo agregado
familiar, normalmente é mais vantajoso para os contribuintes optarem pela tributação conjunta
dos rendimentos.

Há que enquadrar agora a situação do caso em concreto no regime de incidência real do CIRS
(artigos 2º a 11º do CIRS). No âmbito da incidência real, temos que averiguar que tipo de
rendimentos é que temos e enquadrá-los nas diversas categorias. Quanto a Ana, os seus
rendimentos integram-se na Categoria A, nos termos do artigo 2º, nº 1, alínea a). Os
rendimentos que Bruno aufere enquadram na Categoria B, nos termos do artigo 3º, nº 1, alínea
b). As rendas do imóvel arrendado a Carla enquadram-se nos rendimentos de Categoria F, nos
termos do artigo 8º, nº 1 e nº 2, alínea a) do CIRS.

2. Depois de apurarmos o rendimento bruto de cada categoria, vamos fazer as deduções


específicas para obter o rendimento líquido de cada categoria.
Para determinarmos o rendimento líquido de Ana, há que fazer deduções específicas ao seu
rendimento bruto. Nos termos do artigo 25º, nº 1, alínea a) do CIRS, aos rendimentos brutos
da Categoria A deduzem-se, até à sua concorrência, e por cada titular que os tenha auferido,
4.104€. Porém, se as contribuições obrigatórias para regimes de proteção social e para

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subsistemas legais de saúde excederem o limite fixado na alínea a), aquela dedução é pelo
montante total dessas contribuições (artigo 25º, nº 2 do CIRS). Uma vez que Ana fez
contribuições para a Segurança Social no valor de 4.500€, o seu rendimento líquido será de
35.000€ – 4.500€ = 30.500€.

Já quanto aos rendimentos profissionais auferidos por Bruno, estes são determinados com base
na aplicação das regras decorrentes do regime simplificado ou com base na contabilidade
(artigo 28º, nº 1 do CIRS). Ficam abrangidos pelo regime simplificado os sujeitos passivos
que, no exercício da sua atividade, não tenham ultrapassado no período de tributação
imediatamente anterior um montante anual ilíquido de rendimentos desta categoria de 200.000€
(artigo 28º, nº 2 do CIRS), o que se verifica, aliás, neste caso. Todavia, podem optar pela
determinação dos rendimentos com base na contabilidade (artigo 28º, nº 3 do CIRS).
Aplicando o regime simplificado (artigo 28º, nº 1, alínea a) do CIRS), a determinação do
rendimento tributável obtém-se através da aplicação do coeficiente de 0,75, uma vez que
estamos perante rendimentos de atividades profissionais especificamente previstas no artigo
151º (artigo 31º, nº 1, alínea b) do CIRS) em Anexo, nomeadamente a verba 4013. Assim
sendo, o seu rendimento líquido seria de 80.000€ x 0,75 = 60.000€.

As deduções específicas da Categoria F estão previstas no artigo 41º do CIRS. No caso em


concreto, o casal gastou 1.500€ em obras no imóvel arrendado a C, obras estas destinadas a
obter ou garantir os rendimentos referidos no artigo 8º do CIRS, isto é, as rendas. Assim sendo,
ao rendimento bruto (5.000€) iremos deduzir 1.500€, o que perfaz um rendimento líquido de
3.500€.

Passaremos agora à soma dos rendimentos líquidos de cada teoria, de forma a obter o
rendimento líquido global (englobamento). O englobamento vem previsto no artigo 22º, nº 1 do
CIRS e corresponde à soma dos rendimentos líquidos de cada categoria auferidos em cada ano.
Feitas as deduções e os abatimentos ao englobamento, obtemos o rendimento coletável. Ora, ao
somar o rendimento da Categoria A (30.500€) e o rendimento da Categoria B (60.000€),
obtenho um rendimento coletável de 90.500€, montante ao qual vou aplicar a taxa. No que
respeita à categoria F, os rendimentos prediais (3.500€) não são englobados para efeitos da sua
tributação (artigo 22º, nº 3, alínea b) do CIRS) e são tributados a uma taxa autónoma de 28%
(artigo 72º, nº 1, alínea e) do CIRS). Assim sendo, 3.500€ x 28% = 980€, que corresponde à
coleta bruta dos rendimentos da categoria F.

Nos termos do artigo 69º, nº 1 do CIRS, as taxas aplicáveis são as correspondentes ao


rendimento coletável dividido por dois, ou seja, 90.500€/2 = 45.250€. Chegado a este valor,

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temos que aplicar as taxas constantes da tabela prevista no artigo 68º, nº 1 do CIRS:

45.250€
36.967€36.967€ x 0,28838 (Média [B]) = 10.660,54€
08.283€8.283€ x 0,45 (Normal [A]) = 3.727,35€
00Total: 14.387,89€

As taxas fixadas no artigo 68º aplicam-se ao quociente do rendimento coletável, multiplicando


por dois o resultado obtido para se apurar a coleta do IRS (artigo 69º, nº 3 do CIRS). A coleta
do IRS do quociente do rendimento coletável das Categorias A e B será de 28.775,79€. A coleta
do IRS da Categoria F é de 980,00€. A coleta total será de 29.775,79€.

3. As despesas de educação estão previstas nos artigos 78º, nº 1, alínea d) e 78º-D do CIRS.
Nos termos do nº 1 do artigo 78º-D, à coleta do IRS é dedutível um montante correspondente a
30% do valor suportado a título de despesas de educação. Uma vez que Ana teve despesas de
educação no valor de 2.000€, o casal poderia deduzir à sua coleta 2.000€ x 30% = 600€.

Ou seja, considerando as deduções à coleta no valor de 600€ e os pagamentos por conta no


valor de 4.000€, o imposto a pagar seria de 25.155,79€.

19 de maio
Aula online

CASO PRÁTICO 3

Francisco e Ana são casados, moram no Porto, com a sua filha Susana, de 3 anos. No ano
em causa auferiram os seguintes rendimentos:
- Francisco, 55.000 € como diretor administrativo e financeiro na sociedade Xeque, Lda.;
- Ana, professora desempregada, 12.000 € por explicações de matemática (em sua casa);
- 1.000 € de dividendos distribuídos à Susana por ações de uma sociedade anónima que lhe
foram oferecidas pelo seu padrinho aquando do seu nascimento;

Considere ainda que no mesmo ano:


- O casal despendeu com a sua filha Susana um valor anual de 3.500€ de propina do
infantário;
- 2.000€ numa cirurgia de correção de um problema de visão da Ana;

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- 2.000€ numa cirurgia a que foi submetido o pai de Francisco e que este entendeu assumir,
dadas as suas dificuldades financeiras.

1.Considere as situações descritas e aprecie em sede de I.R.S., justificando legalmente as


suas respostas:
– Incidência real e incidência pessoal;
– Relevância para efeitos de cálculo da obrigação de imposto dos diversos “encargos”
suportados;
–Suponha que, quanto ao Francisco, a sociedade Xeque, Lda. no ano em causa não efetuou
as retenções na fonte
a que estava legalmente obrigada. Aprecie esta situação no âmbito do regime da
responsabilidade tributária

1. Incidência real e incidência pessoal


No âmbito da incidência pessoal (artigos 13º a 16º do CIRS), ficam sujeitas a IRS as pessoas
singulares que residam em território português – o que é o caso de Ana e Francisco – e as que,
nele não residindo, aqui obtenham rendimentos (artigo 13º, nº 1). Uma vez que Ana e Francisco
são pessoas singulares e residem no Porto, o IRS incide sobre a totalidade dos seus rendimentos,
incluindo os obtidos fora desse território (artigo 15º, nº 1). Para efeitos do artigo 16º, nº 1,
alínea a), são residentes em território português as pessoas que, no ano a que respeitam os
rendimentos, hajam nele permanecido mais de 183 dias, seguidos ou interpolados, em qualquer
período de 12 meses com início ou fim no ano em causa. Sendo estes sujeitos casados, quando
exista agregado familiar, o imposto é apurado individualmente em relação a cada cônjuge, a não
ser que seja exercida a opção pela tributação conjunta (artigo 13º, nº 2). Para efeitos do artigo
13º, nº 4, alínea a), o agregado familiar é constituído pelos cônjuges Ana e Francisco e a sua
filha Susana, dependente nos termos do artigo 13º, nº 5, alínea a) (é uma menor, não
emancipada). Havendo agregado familiar, será mais vantajoso para os contribuintes optarem
pela tributação conjunta dos rendimentos, em que o imposto é devido pela soma dos
rendimentos das pessoas que constituem o agregado familiar, considerando-se como sujeitos
passivos aquelas a quem incumbe a sua direção – neste caso, Ana e Francisco ( artigo 13º, nº 3).
Uma vez que Susana faz parte do agregado familiar, os seus rendimentos – porque ela pode,
obviamente, auferir rendimentos – são tributados em conjunto.

Há que enquadrar agora a situação do caso em concreto no regime de incidência real do CIRS
(artigos 2º a 11º do CIRS). No âmbito da incidência real, temos que averiguar que tipo de
rendimentos é que temos e enquadrá-los nas diversas categorias. Quanto a Francisco, os seus
rendimentos como diretor administrativo e financeiro integram-se na Categoria A, nos termos

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do artigo 2º, nº 1, alínea a). Os rendimentos que Ana aufere enquanto explicadora enquadram-
se na Categoria B, nos termos do artigo 3º, nº 1, alínea b) (“prestação de serviços”). Os
dividendos distribuídos à Susana por ações de uma sociedade anónima enquadram-se nos
rendimentos de Categoria E, nos termos do artigo 5º, nº 2, alínea h) (a alínea h) só utiliza a
expressão “lucros”, mas entende-se que estão aqui abrangidos também os dividendos nas
sociedades anónimas).

2. Relevância para efeitos de cálculo da obrigação de imposto dos diversos “encargos”


suportados (Nesta pergunta é suposto atendermos às deduções específicas e às deduções à
coleta)
Deduções especificas:
Nos termos do artigo 25º, nº 1, alínea a) do CIRS, aos rendimentos brutos da Categoria A
deduzem-se, até à sua concorrência, e por cada titular que os tenha auferido, 4.104€. Porém, se
as contribuições obrigatórias para regimes de proteção social e para subsistemas legais de saúde
excederem o limite fixado na alínea a), aquela dedução é pelo montante total dessas
contribuições (artigo 25º, nº 2 do CIRS). Neste caso, vai-se deduzir 4.104€ aos 55.000€
auferidos por Francisco.

Quanto aos rendimentos da Categoria B, estes são determinados com base na aplicação das
regras decorrentes do regime simplificado ou com base na contabilidade (artigo 28º, nº 1 do
CIRS). Ficam abrangidos pelo regime simplificado os sujeitos passivos que, no exercício da sua
atividade, não tenham ultrapassado no período de tributação imediatamente anterior um
montante anual ilíquido de rendimentos desta categoria de 200.000€ (artigo 28º, nº 2 do
CIRS), o que se verifica, aliás, neste caso. Todavia, podem optar pela determinação dos
rendimentos com base na contabilidade (artigo 28º, nº 3 do CIRS). Aplicando o regime
simplificado (artigo 28º, nº 1, alínea a) do CIRS), a determinação do rendimento tributável
obtém-se através da aplicação do coeficiente de 0,75, uma vez que estamos perante rendimentos
de atividades profissionais especificamente previstas no artigo 151º (artigo 31º, nº 1, alínea b)
do CIRS) em Anexo, nomeadamente a verba 8010. Assim sendo, o seu rendimento líquido
seria de 12.000€ x 0,75 = 9.000€.

Quanto aos rendimentos da Categoria E, não há deduções específicas a fazer, e portanto o


rendimento bruto é igual ao rendimento líquido (artigo 40º do CIRS). Mas pode acontecer que
nos rendimentos de capitais, nomeadamente a distribuição dos lucros, haja retenção na fonte.
Susana estaria sujeita à taxa liberatória fixa de 28% e receberia 720€ (artigo 71º, nº 1, alínea a)
do CIRS). Estas taxas traduzem-se numa retenção na fonte, e por isso, quem recebe o
rendimento (contribuinte) fica liberado das obrigações futuras, quer a principal, quer as

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acessórias – é ao terceiro, àquele que “retém na fonte”, que incumbe o cumprimento dessas
obrigações.

Todavia, no caso dos lucros, os contribuintes têm duas opções: ou aceitam a taxa liberatória de
28% ou optam por fazer o englobamento. No caso de opção pelo englobamento (artigo 40º-A,
nº 1), os lucros são considerados em apenas 50% do seu valor; no fundo, é como se houvesse
uma dedução especifica de 50%, pelo que em vez de englobar 1.000€, englobava apenas 500€.

Deduções à coleta:
Sendo Susana dependente do agregado familiar, é deduzido à coleta o montante de 600€, nos
termos dos artigos 78º, nº 1, alínea a) e 78º-A, nº 1, alínea a) do CIRS.

É referido no caso prático que o casal despendeu 2.000€ numa cirurgia de correção de um
problema de visão de Ana. Nos termos dos artigos 78º, nº 1, alínea c) e 78º-C, nº 1 do CIRS,
pode ser deduzido um montante correspondente a 15% do valor suportado a título de despesas
de saúde por qualquer membro do agregado familiar, com o limite global de 1.000€. Neste caso,
será deduzido o montante de 300€ a título de despesas de saúde.

É nos dito que o casal assumiu uma despesa de 2.000€ relativa a uma cirurgia do pai do
Francisco, por este ter dificuldades económicas. Isto é dedutível para efeitos de IRS ou não?
Não. O pai de Francisco não é membro do agregado familiar, e portanto esta despesa não é
subsumível no âmbito da norma do artigo 78º-C do CIRS. não é dedutível para efeitos do IRS.

Nos termos do artigo 78º-D, nº 2 do CIRS, consideram-se despesas de educação e formação os


encargos com o pagamento de creches, jardins-de-infância, lactários, escolas, estabelecimentos
de ensino e outros serviços de educação. Assim, nos termos dos artigos 78º, nº 1, alínea d) e
78º-D, nº 1 do CIRS, é dedutível um montante correspondente a 30% do valor suportado a
título de despesas de educação e formação por qualquer membro do agregado familiar, com o
limite global de 800€. Neste caso, uma vez que 3.500€ x 30% = 1.050€ ultrapassa o limite
global, será deduzido o montante de 800€ a título de despesas de educação e formação.

3. Suponha que, quanto ao Francisco, a Sociedade Xeque, Lda. no ano em causa não
efetuou as retenções na fonte a que estava legalmente obrigada. Aprecie esta situação no
âmbito do regime da responsabilidade tributária.
Os rendimentos de Francisco integram-se na Categoria A. Existem dois tipos de retenções na
fonte: as retenções a título de pagamento por conta do imposto devido a final e as retenções na
fonte a título definitivo.

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Só as retenções na fonte do artigo 71º do CIRS é que são feitas a título definitivo, pelo que
todas as restantes são feitas a título de pagamento por conta. No caso concreto, apenas os
dividendos – Categoria E – estavam sujeitos a taxas liberatórias, e portanto sujeitos a retenção
na fonte a título definitivo; todos os outros rendimentos estão sujeitos a retenção na fonte a
título de pagamentos por conta.

A substituição tributária verifica-se sempre que a lei impõe o dever de pagamento do imposto,
não à pessoa sobre quem recaem os pressupostos de facto da tributação (substituído), mas a uma
terceira pessoa (substituto). Deste modo, temos sempre uma relação tripartida, composta pelo
sujeito ativo, pelo sujeito passivo (substituto) e pelo contribuinte (substituído). A substituição
tributária é efetivada através do mecanismo da retenção na fonte (artigo 20º, nº 2 da LGT).

A responsabilidade tributária (artigos 22º e seguintes da LGT) é uma figura que surge numa
fase patológica do desenvolvimento da relação jurídica tributária. O artigo 28º da LGT prevê a
responsabilidade em caso de substituição tributária. Quando a retenção tem a natureza de
pagamento por conta, cabe ao substituído (contribuinte Francisco) a responsabilidade originária
pelo imposto não retido e cabe ao substituto (sujeito passivo Sociedade Xeque, Lda.) a
responsabilidade subsidiária, ficando ainda a sociedade a única responsável pelos juros
compensatórios pelo atraso na liquidação (nº 2).

CASO PRÁTICO 4
Miguel e Luísa são casados desde 2010, residindo desde então em Guimarães
Têm uma filha de 17 anos e um filho de 20 anos, ambos a estudar.
No ano em causa obtiveram os seguintes rendimentos:
- A Luísa 35.000 € como administrativa na sociedade MMM, Lda.;
- O Miguel auferiu 54.000 € como vendedor de automóveis, por conta própria;
- 1.000 € de juros de um depósito a prazo;
- 12.000 € provenientes de um arrendamento de uma loja de que são proprietários no
centro de Guimarães à
sociedade FFF, Lda..
Sabendo que:
- À Luísa foi-lhe deduzido a título de retenção na fonte o montante de 3.500 € e a título de
descontos para a segurança social o montante de 3.025 €.
- A família teve ainda as seguintes despesas:
- 300 € com a saúde;
- 300 € com o IMI da loja;

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- 400 € de obras necessárias no imóvel onde habitam.


Considere as situações descritas e aprecie em sede de I.R.S., justificando legalmente as
suas
respostas:

1.1 Incidência real e incidência pessoal;

1.2 Relevância para efeitos de cálculo da obrigação de imposto dos diversos “encargos”
suportados;

1.3 Suponha que, quanto à Luísa, a sociedade MMM, Lda. no ano em causa efetuou as
retenções na
fonte a uma taxa inferior à legalmente obrigada a tal. Aprecie esta situação no âmbito do
regime da
responsabilidade tributária.

1. Incidência real e incidência pessoal


No âmbito da incidência pessoal (artigos 13º a 16º do CIRS), ficam sujeitas a IRS as pessoas
singulares que residam em território português – o que é o caso de Miguel e Luísa – e as que,
nele não residindo, aqui obtenham rendimentos (artigo 13º, nº 1). Uma vez que Miguel e Luísa
são pessoas singulares e residem em Guimarães, o IRS incide sobre a totalidade dos seus
rendimentos, incluindo os obtidos fora desse território (artigo 15º, nº 1). Para efeitos do artigo
16º, nº 1, alínea a), são residentes em território português as pessoas que, no ano a que
respeitam os rendimentos, hajam nele permanecido mais de 183 dias, seguidos ou interpolados,
em qualquer período de 12 meses com início ou fim no ano em causa. Sendo estes sujeitos
casados, quando exista agregado familiar, o imposto é apurado individualmente em relação a
cada cônjuge, a não ser que seja exercida a opção pela tributação conjunta ( artigo 13º, nº 2).
Para efeitos do artigo 13º, nº 4, alínea a), o agregado familiar é constituído pelos cônjuges
Miguel e Luísa e os seus filhos de 17 e 20 anos, dependentes nos termos do artigo 13º, nº 5,
alíneas a) e b), respetivamente. Havendo agregado familiar, será mais vantajoso para os
contribuintes optarem pela tributação conjunta dos rendimentos, em que o imposto é devido
pela soma dos rendimentos das pessoas que constituem o agregado familiar, considerando-se
como sujeitos passivos aquelas a quem incumbe a sua direção – neste caso, Miguel e Luísa
(artigo 13º, nº 3).

Há que enquadrar agora a situação do caso em concreto no regime de incidência real do CIRS

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(artigos 2º a 11º do CIRS). No âmbito da incidência real, temos que averiguar que tipo de
rendimentos é que temos e enquadrá-los nas diversas categorias. Quanto a Luísa, os seus
rendimentos como administrativa integram-se na Categoria A, nos termos do artigo 2º, nº 1,
alínea a). Os rendimentos que Miguel aufere enquanto vendedor de automóveis enquadram-se
na Categoria B, nos termos dos artigos 3º, nº 1, alínea a) e 4º, nº 1, alínea a). Os juros de um
depósito a prazo enquadram-se nos rendimentos de Categoria E, nos termos do artigo 5º, nº 2,
alínea a). As rendas da loja de que são proprietários enquadram-se nos rendimentos da
Categoria F, nos termos do artigo 8º, nos 1 e 2, alínea a).

2. Relevância para efeitos de cálculo da obrigação de imposto dos diversos “encargos”


suportados (Nesta pergunta é suposto atendermos às deduções específicas e às deduções à
coleta)
Deduções especificas:
Nos termos do artigo 25º, nº 1, alínea a) do CIRS, aos rendimentos brutos da Categoria A
deduzem-se, até à sua concorrência, e por cada titular que os tenha auferido, 4.104€. Porém, se
as contribuições obrigatórias para regimes de proteção social e para subsistemas legais de saúde
excederem o limite fixado na alínea a), aquela dedução é pelo montante total dessas
contribuições (artigo 25º, nº 2 do CIRS). Neste caso, vai-se deduzir 4.104€ aos 35.000€
auferidos por Luísa, uma vez que apenas fez descontos para a Segurança Social no montante de
3.025€.

Quanto aos rendimentos da Categoria B, estes são determinados com base na aplicação das
regras decorrentes do regime simplificado ou com base na contabilidade (artigo 28º, nº 1 do
CIRS). Ficam abrangidos pelo regime simplificado os sujeitos passivos que, no exercício da sua
atividade, não tenham ultrapassado no período de tributação imediatamente anterior um
montante anual ilíquido de rendimentos desta categoria de 200.000€ (artigo 28º, nº 2 do
CIRS), o que se verifica, aliás, neste caso. Todavia, podem optar pela determinação dos
rendimentos com base na contabilidade (artigo 28º, nº 3 do CIRS). Aplicando o regime
simplificado (artigo 28º, nº 1, alínea a) do CIRS), a determinação do rendimento tributável
obtém-se através da aplicação do coeficiente de 0,15, uma vez que estamos perante vendas de
mercadorias e produtos (artigo 31º, nº 1, alínea a) do CIRS). Assim sendo, o seu rendimento
líquido seria de 54.000€ x 0,15 = 8.100€.

Quanto aos rendimentos da Categoria E, não há deduções específicas a fazer, e portanto o


rendimento bruto é igual ao rendimento líquido (artigo 40º do CIRS).
Nos termos do artigo 41º do CIRS, aos rendimentos brutos da Categoria F, deduzem-se,
relativamente a cada prédio, todos os gastos efetivamente suportados e pagos pelo sujeito

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passivo para obter ou garantir tais rendimentos (com exceção dos de natureza financeira, dos
relativos a depreciações e dos relativos a mobiliário, eletrodomésticos e artigos de conforto ou
decoração), IMI, despesas de condomínio e obras de conservação e manutenção suportadas nos
24 meses superiores. Neste caso, será deduzido o montante de 300€ pago a título de IMI.

Deduções à coleta:
Sendo os filhos dependentes do agregado familiar, será deduzido à coleta o montante de 600€
por cada um deles, nos termos dos artigos 78º, nº 1, alínea a) e 78º-A, nº 1, alínea a) do CIRS.

É referido no caso prático que o casal despendeu 300€ com a saúde. Nos termos dos artigos
78º, nº 1, alínea c) e 78º-C, nº 1 do CIRS, pode ser deduzido um montante correspondente a
15% do valor suportado a título de despesas de saúde por qualquer membro do agregado
familiar, com o limite global de 1.000€. Neste caso, será deduzido o montante de 45€ a título de
despesas de saúde.

A família teve ainda despesas com obras no imóvel onde habitam no valor de 400€. No entanto,
estas despesas não são dedutíveis para efeitos de IRS, uma vez que não se enquadram no âmbito
do artigo 78º-E do CIRS.

3. Suponha que, quanto à Luísa, a Sociedade MMM, Lda., no ano em causa, efetuou as
retenções na fonte a uma taxa inferior à legalmente obrigada a tal. Aprecie esta situação
no âmbito do regime da responsabilidade tributária.
O artigo 28º da LGT prevê a responsabilidade em caso de substituição tributária. Quando a
retenção tem a natureza de pagamento por conta, cabe ao substituído (contribuinte Luísa) a
responsabilidade originária pelo imposto não retido e cabe ao substituto (sujeito passivo
Sociedade MMM, Lda.) a responsabilidade subsidiária, ficando ainda a sociedade a única
responsável pelos juros compensatórios pelo atraso na liquidação (nº 2). Esta responsabilidade,
contudo, será relativa à diferença de imposto não retida, e não à totalidade do imposto.

26 de maio
Aula online

CASO PRÁTICO 5
Bernardo e Manuela são casados no regime de separação de bens, residindo em Lisboa
desde 1990, conjuntamente com o filho do casal, Antonio de 22 anos. Bernardo trabalha na
sociedade YYY, S.A., como arquiteto. onde aufere o ordenado bruto anual de segurança

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social.

Paralelamente tem um escritório em casa, trabalhando por conta própria, o que lhe
permitiu auferir um valor anual de 25.000 no exercício da profissão de arquiteto,
suportando 1.000 de despesas em consumíveis informáticos.

Manuela recebe rendimentos provenientes de vários imóveis herdados do seu pai. No ano
em causa recebeu 43.000 de rendas tendo gasto 4.500 na conservação do telhado de um
imóvel, 2.000 na pintura da moradia onde reside e 2.700 em condomínios. Antonio estuda
direito na Universidade.
No ano em causa o Bernardo obteve ainda os seguintes rendimentos:
- 10 que havia comprado por 15.000 um ano antes. - Manuela recebeu 15.000 que foram
distribuídos por uma sociedade a título de
dividendos.

a) Aprecie a incidência pessoal e real na hipótese acima descrita;

b) Explique como se determina o rendimento líquido por categoria de cada


um dos membros do agregado familiar.

c) Determine o rendimento coletável do casal, no pressuposto que


apresentam declaração conjunta.
As operações deverão ser efetuadas com referência ao ano de 2019

a) No âmbito da incidência pessoal (artigos 13º a 16º do CIRS), ficam sujeitas a IRS as
pessoas singulares que residam em território português – o que é o caso de Bernardo e Manuela
– e as que, nele não residindo, aqui obtenham rendimentos (artigo 13º, nº 1). Uma vez que
Bernardo e Manuela são pessoas singulares e residem em Lisboa, o IRS incide sobre a
totalidade dos seus rendimentos, incluindo os obtidos fora desse território (artigo 15º, nº 1).
Para efeitos do artigo 16º, nº 1, alínea a), são residentes em território português as pessoas que,
no ano a que respeitam os rendimentos, hajam nele permanecido mais de 183 dias, seguidos ou
interpolados, em qualquer período de 12 meses com início ou fim no ano em causa. Sendo estes
sujeitos casados, quando exista agregado familiar, o imposto é apurado individualmente em
relação a cada cônjuge, a não ser que seja exercida a opção pela tributação conjunta (artigo 13º,
nº 2). Para efeitos do artigo 13º, nº 4, alínea a), o agregado familiar é constituído pelos
cônjuges Bernardo e Manuela e o seu filho, António, de 22 anos, considerado dependente nos
termos do artigo 13º, nº 5, alínea b). Havendo agregado familiar, será mais vantajoso para os

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contribuintes optarem pela tributação conjunta dos rendimentos, em que o imposto é devido
pela soma dos rendimentos das pessoas que constituem o agregado familiar, considerando-se
como sujeitos passivos aquelas a quem incumbe a sua direção – neste caso, Bernardo e Manuela
(artigo 13º, nº 3).

Há que enquadrar agora a situação do caso em concreto no regime de incidência real do CIRS
(artigos 2º a 11º do CIRS). No âmbito da incidência real, temos que averiguar que tipo de
rendimentos é que temos e enquadrá-los nas diversas categorias. Quanto a Bernardo, os seus
rendimentos como arquiteto integram-se na Categoria A, nos termos do artigo 2º, nº 1, alínea
a) e os rendimentos que aufere a trabalhar por conta própria integram-se na Categoria B, nos
termos do artigo 3º, nº 1, alínea b). Os rendimentos que obteve com a venda de ações e com a
venda do terreno são mais-valias e por isso inserem-se na Categoria G, nos termos dos artigos
9º, nº 1, alínea a) e 10º, nº 1, alíneas a) (quanto ao produto da venda do bem imóvel) e b)
(quanto à alienação onerosa das participações sociais). Os rendimentos provenientes de imóveis
que Manuela aufere enquadram-se na Categoria F, nos termos do artigo 8º, nos 1 e 2, alínea a).
Quanto aos dividendos que lhe foram distribuídos, enquadram-se nos rendimentos de Categoria
E, nos termos do artigo 5º, nº 2, alínea h).

b) Feitas as deduções específicas de cada categoria, obtemos o rendimento líquido de cada


categoria.

Nos termos do artigo 25º, nº 1, alínea a) do CIRS, aos rendimentos brutos da Categoria A
deduzem-se, até à sua concorrência, e por cada titular que os tenha auferido, 4.104€. Porém, se
as contribuições obrigatórias para regimes de proteção social e para subsistemas legais de saúde
excederem o limite fixado na alínea a), aquela dedução é pelo montante total dessas
contribuições (artigo 25º, nº 2 do CIRS). Neste caso, vai-se deduzir 4.950€.

Quanto aos rendimentos da Categoria B, estes são determinados com base na aplicação das
regras decorrentes do regime simplificado ou com base na contabilidade (artigo 28º, nº 1 do
CIRS). Ficam abrangidos pelo regime simplificado os sujeitos passivos que, no exercício da sua
atividade, não tenham ultrapassado no período de tributação imediatamente anterior um
montante anual ilíquido de rendimentos desta categoria de 200.000€ (artigo 28º, nº 2 do
CIRS), o que se verifica, aliás, neste caso. Todavia, podem optar pela determinação dos
rendimentos com base na contabilidade (artigo 28º, nº 3 do CIRS). Aplicando o regime
simplificado (artigo 28º, nº 1, alínea a) do CIRS), a determinação do rendimento tributável
obtém-se através da aplicação do coeficiente de 0,75, uma vez que estamos perante rendimentos
de atividades profissionais especificamente previstas na tabela em anexo a que se refere o

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artigo 151º (artigo 31º, nº 1, alínea b) do CIRS), nomeadamente a verba 1001. Assim sendo, o
seu rendimento líquido seria de 25.000€ x 0,75 = 18.750€.

Nos termos do artigo 41º do CIRS, aos rendimentos brutos da Categoria F, deduzem-se,
relativamente a cada prédio, todos os gastos efetivamente suportados e pagos pelo sujeito
passivo com o fim de obter ou garantir tais rendimentos. Neste caso, será deduzido o montante
de 4.500€ + 2.700€, no pressuposto de que estes gastos foram suportados para a conservação do
imóvel onde obteve os rendimentos. Não são contabilizados os 2.000€ gastos com a pintura da
moradia onde Manuela reside, desde logo porque os rendimentos prediais que obteve não são
respeitantes à moradia onde reside.

Os rendimentos que Bernardo obteve com a venda de ações e com a venda do terreno são mais-
valias, e por isso inserem-se na Categoria G. A mais-valia resulta da diferença entre o valor de
realização e o valor de aquisição (artigo 10º, nº 4, alínea a) do CIRS).
− No caso da venda de ações, temos uma menos-valia no valor de 5.000€ (10.000€ –
15.000€). Uma vez que da diferença entre o valor de realização e o valor de aquisição
resulta um saldo negativo, não há rendimento líquido e não aplicamos a taxa especial
de 28% do artigo 72º, nº 1, alínea c) do CIRS. Não procedemos a uma correção
monetária porque Bernardo teria de ficar na posse da participação social durante mais
de 24 meses (artigo 50º, nº 1 do CIRS).
− No caso da venda do terreno, temos uma mais-valia no valor de 15.000€ (70.000€ –
55.000€). Há que proceder a uma correção monetária ao valor de aquisição nos termos
do artigo 50º, nº 1 do CIRS: uma vez que Bernardo adquiriu o terreno em 2010,
procedemos à correção monetária da seguinte forma: 50.000€ x 1,10 = 55.000€. Este
saldo é apenas considerado em 50% do seu valor (artigo 43º, nº 2, b) do CIRS), ou
seja, o valor a englobar é de 7.500€, que estará sujeito à aplicação das taxas do artigo
68% do CIRS.

Quanto aos rendimentos de capitais da Categoria E, no caso de opção pelo englobamento,


serão considerados em apenas 50% do seu valor (artigo 40º-A do CIRS) e ficarão sujeitos à
aplicação da tabela das taxas gerais (artigo 68º do CIRS). Caso não optem pelo englobamento,
não há deduções específicas a fazer (rendimento bruto = rendimento liquido) e os dividendos
são tributados a uma taxa liberatória de 28% sobre a totalidade dos rendimentos de capitais
(artigo 71º, nº 1, alínea a) do CIRS).

c) O englobamento vem previsto no artigo 22º, nº 1 do CIRS e corresponde à soma dos


rendimentos líquidos de cada categoria auferidos em cada ano (obtemos assim o rendimento

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líquido global). Feito este englobamento, iremos obter o rendimento coletável em IRS (montante
ao qual vamos aplicar a taxa).

Nos termos do artigo 22º, nº 3, alínea b) do CIRS, não são englobados os rendimentos
referidos nos artigos 71º e 72º do CIRS, sem prejuízo dos contribuintes poderem, no entanto,
exercer a opção que englobar esses mesmos rendimentos.

Neste caso, englobam-se os rendimentos das Categorias A e B e as mais-valias obtidas com a


alienação onerosa do imóvel – a soma destes rendimentos dá-nos o rendimento coletável para
efeitos da aplicação da tabela das taxas gerais do artigo 68º do CIRS. Os restantes rendimentos,
por defeito, não são englobados. Mas poderão ser, conforme a vontade manifestada do
contribuinte nesse sentido. Caso esses rendimentos sejam englobados, aplicam-se as taxas gerais
do artigo 68º do CIRS. Não tendo sido englobados, aplicam-se autonomamente as taxas dos
artigos 71º (relativamente aos rendimentos de capitais – nº 1, alínea a)) e 72º (relativamente às
mais-valias obtidas com a alienação de participações sociais e aos rendimentos prediais).

2 de junho
Aula online

Caso Prático 6
Ricardo e Ana são casados no regime de comunhão de bens desde 2001 e desde aí
residentes em Ermesinde, sendo que com eles residem também dois filhos, João de 23 e a
Isabel de 26 anos, ambos ainda estudantes.
A Ana exerce funções de administradora na sociedade Leyland, S.A., pelo qual recebeu
49.000€ de rendimentos e uma gratificação de 5.000€. Tendo-lhe sido descontado 5.940€
para a segurança social e 14.455€ a título de retenção na fonte.

Ricardo, engenheiro na Camara Municipal de Valença, recebeu um salário bruto anual de


38.000€, dos quais 10.260€ ficaram retidos na fonte e 4.180€ foram descontados a título de
segurança social.
Paralelamente, Ricardo tem o seu gabinete de engenharia, no qual obteve 5.000€ de
rendimentos prestados a particulares e 18.000€ de uma avença com uma sociedade no
âmbito da prestação de serviço técnicos.
O casal auferiu, ainda, 15.000€ de rendimentos provenientes de rendas de uma loja que
arrendaram a uma sociedade comercial. Relativamente a este imóvel pagaram no ano em
causa 300€ de IMI e 1.000€ em obras de conservação. Finalmente, auferiram 1.000€ de

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juros resultantes de aplicação em obrigações do tesouro.


Considerando os factos do enunciado, aprecie, justificando legalmente:

1 - Aprecie a “incidência” do IRS relativamente a todos os personagens e


rendimentos mencionados no enunciado.

2 – Tendo em conta as várias opções de tributação legalmente permitidas, refirase ao


regime de determinação da coleta “bruta” dos vários rendimentos
mencionados.

3 – Refira-se ao regime de retenção na fonte aplicável aos rendimentos auferidos


pelo Ricardo, relacionando-os com o respetivo regime de responsabilidade
tributária em caso de incumprimento

4 – Em que termos é que a Ana, enquanto administradora da sociedade Leyland, S.A.,


poderá ser responsabilizada pelos impostos devidos por esta sociedade que não tenham
sido atempadamente pagos no prazo de pagamento voluntário.

1. No âmbito da incidência pessoal (artigos 13º a 16º do CIRS), ficam sujeitas a IRS as pessoas
singulares que residam em território português – o que é o caso de Ricardo e Ana – e as que,
nele não residindo, aqui obtenham rendimentos (artigo 13º, nº 1). Uma vez que Ricardo e Ana
são pessoas singulares e residem em Ermesinde desde 2001, o IRS incide sobre a totalidade dos
seus rendimentos, incluindo os obtidos fora desse território (artigo 15º, nº 1). Para efeitos do
artigo 16º, nº 1, alínea a), são residentes em território português as pessoas que, no ano a que
respeitam os rendimentos, hajam nele permanecido mais de 183 dias, seguidos ou interpolados,
em qualquer período de 12 meses com início ou fim no ano em causa. Sendo estes sujeitos
casados, quando exista agregado familiar, o imposto é apurado individualmente em relação a
cada cônjuge, a não ser que seja exercida a opção pela tributação conjunta ( artigo 13º, nº 2).
Para efeitos do artigo 13º, nº 4, alínea a), o agregado familiar é constituído pelos cônjuges
Ricardo e Ana e o seu filho, João, de 23 anos, considerado dependente nos termos do artigo 13º,
nº 5, alínea b). Uma vez que Isabel, de 26 anos, não se subsume em nenhuma das alíneas do nº
5, podemos constatar que não faz parte do agregado familiar para efeitos do IRS. Havendo
agregado familiar, será mais vantajoso para os contribuintes optarem pela tributação conjunta
dos rendimentos, em que o imposto é devido pela soma dos rendimentos das pessoas que
constituem o agregado familiar, considerando-se como sujeitos passivos aquelas a quem
incumbe a sua direção – neste caso, Ricardo e Ana (artigo 13º, nº 3).

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Há que enquadrar agora a situação do caso em concreto no regime de incidência real do CIRS
(artigos 2º a 11º do CIRS). No âmbito da incidência real, temos que averiguar que tipo de
rendimentos é que temos e enquadrá-los nas diversas categorias. Quanto a Ana, os seus
rendimentos como administradora na Sociedade Leyland, S.A. integram-se na Categoria A, nos
termos do artigo 2º, nº 3, alínea a), bem assim a gratificação recebida no valor de 5.000€
(artigo 2º, nº 2). Os rendimentos que Ricardo aufere a trabalhar enquanto engenheiro integram-
se igualmente na Categoria A (artigo 2º, nº 1, alínea a)). Já os rendimentos que aufere em
paralelo a trabalhar por conta própria no seu gabinete de engenharia integram-se na Categoria B,
nos termos do artigo 3º, nº 1, alínea b). Os rendimentos que o casal auferiu com as rendas da
loja enquadram-se na Categoria F, nos termos do artigo 8º, nos 1 e 2, alínea a). Quanto aos
juros, estes são o rendimento de capital por excelência e por isso enquadram-se nos rendimentos
da Categoria E, nos termos do artigo 5º, nº 2, alínea c).

2. Nos termos do artigo 25º, nº 1, alínea a) do CIRS, aos rendimentos brutos da Categoria A
deduzem-se, até à sua concorrência, e por cada titular que os tenha auferido, 4.104€. Porém, se
as contribuições obrigatórias para regimes de proteção social e para subsistemas legais de saúde
excederem o limite fixado na alínea a), aquela dedução é pelo montante total dessas
contribuições (artigo 25º, nº 2 do CIRS). Neste caso, Ana efetua contribuições para a
segurança social no valor de 5.940€, e portanto vai ser esse o valor a deduzir. O mesmo sucede
com Ricardo, que irá deduzir o valor de 4.180€.

Quanto aos rendimentos da Categoria B, estes são determinados com base na aplicação das
regras decorrentes do regime simplificado ou com base na contabilidade (artigo 28º, nº 1 do
CIRS). Ficam abrangidos pelo regime simplificado os sujeitos passivos que, no exercício da sua
atividade, não tenham ultrapassado no período de tributação imediatamente anterior um
montante anual ilíquido de rendimentos desta categoria de 200.000€ (artigo 28º, nº 2 do
CIRS), o que se verifica, aliás, neste caso. Todavia, podem optar pela determinação dos
rendimentos com base na contabilidade (artigo 28º, nº 3 do CIRS). Aplicando o regime
simplificado (artigo 28º, nº 1, alínea a) do CIRS), a determinação do rendimento tributável
obtém-se através da aplicação do coeficiente de 0,75, uma vez que estamos perante rendimentos
de atividades profissionais especificamente previstas na tabela em anexo a que se refere o
artigo 151º (artigo 31º, nº 1, alínea b) do CIRS), nomeadamente a verba 1003. Assim sendo, o
seu rendimento líquido seria de 23.000€ x 0,75 = 17.250€.

Nos termos do artigo 41º do CIRS, aos rendimentos brutos da Categoria F, deduzem-se,
relativamente a cada prédio, todos os gastos efetivamente suportados e pagos pelo sujeito
passivo com o fim de obter ou garantir tais rendimentos. Neste caso, será deduzido o montante

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de 300€ + 1.000€, no pressuposto de que estes gastos foram suportados para a conservação do
imóvel onde obteve os rendimentos. Desta forma, o rendimento líquido será de 13.700€.

Quanto aos rendimentos da Categoria E, não há deduções específicas a fazer, e portanto o


rendimento bruto é igual ao rendimento líquido = 1.000€ (artigo 40º do CIRS).

O englobamento vem previsto no artigo 22º, nº 1 do CIRS e corresponde à soma dos


rendimentos líquidos de cada categoria auferidos em cada ano (obtemos assim o rendimento
líquido global). Feito este englobamento, iremos obter o rendimento coletável em IRS (montante
ao qual vamos aplicar a taxa). Nos termos do artigo 22º, nº 3, alínea b) do CIRS, não são
englobados os rendimentos referidos nos artigos 71º e 72º do CIRS, sem prejuízo dos
contribuintes poderem, no entanto, exercer a opção que englobar esses mesmos rendimentos.

Neste caso, englobam-se sempre os rendimentos das Categorias A e B – a soma destes


rendimentos (99.130€) dá-nos o rendimento coletável para efeitos da aplicação da tabela das
taxas gerais do artigo 68º do CIRS. Os restantes rendimentos, por defeito, não são englobados.
Mas poderão ser, conforme a vontade manifestada do contribuinte nesse sentido. Caso esses
rendimentos sejam englobados, aplicam-se as taxas gerais do artigo 68º do CIRS.

Quanto aos rendimentos prediais da Categoria F, estes estão sujeitos a uma taxa especial de
28% (artigo 72º, nº 1, alínea e)). A coleta, neste caso, seria de 3.836€. Todavia, importa não
esquecer que existe uma opção pelo englobamento destes rendimentos, nos termos do artigo
72º, nº 13. Ao optar-se pelo englobamento, estes rendimentos da Categoria F iriam somar-se aos
99.130€ e seria aplicada uma taxa de 45%, para efeitos da aplicação da tabela das taxas gerais.
Não faria pois muito sentido englobar estes rendimentos da Categoria F neste caso.

Quanto aos rendimentos de capitais da Categoria E, no caso de opção pelo englobamento,


serão considerados em apenas 50% do seu valor (artigo 40º-A do CIRS) e ficarão sujeitos à
aplicação da tabela das taxas gerais (artigo 68º do CIRS). Caso não optem pelo englobamento,
não há deduções específicas a fazer (rendimento bruto = rendimento liquido) e os juros são
tributados a uma taxa liberatória de 28% sobre a totalidade dos rendimentos de capitais (artigo
71º, nº 1, alínea a) do CIRS). A coleta seria de 280€.

Nos termos do artigo 69º do CIRS, as taxas aplicáveis são as correspondentes ao rendimento
coletável dividido por dois (99.130€/2). As taxas fixadas no artigo 68º do CIRS aplicam-se ao
quociente do rendimento coletável, multiplicando-se por dois o resultado obtido para se apurar a
coleta do IRS.

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3. De acordo com as regras estabelecidas nos artigos 99º a 101º do CIRS, a entidade que paga
os rendimentos está sujeita a fazer retenções na fonte de uma parte desse rendimento por conta
do imposto devido a final, ficando com a obrigação de entregar as quantias retidas ao Estado.
Todas as quantias que as entidades retenham têm de ser entregues ao Estado até ao dia 20 do
mês seguinte.

Os rendimentos da Categoria A são tributados nos termos do artigo 99º-C, nº 1 do CIRS – a


retenção é efetuada sobre as remunerações mensalmente pagas, mediante a aplicação das taxas
que lhes correspondam.

Quanto aos rendimentos da Categoria B, o artigo 101º, nº 1 do CIRS só obriga à retenção na


fonte se a entidade que vai pagar dispõe de contabilidade organizada. Os 5.000€ que Ricardo
auferiu não estão sujeitos a retenção na fonte, desde logo porque a entidade (particulares) que
pagou a Ricardo não dispõe de contabilidade organizada. Mas o 18.000€ já estariam sujeitos a
retenção na fonte, uma vez que a sociedade dispõe de contabilidade organizada. Neste caso, a
retenção na fonte será feita à taxa de 25% (artigo 101º, nº 1, alínea b) do CIRS), dado tratar-se
de rendimentos decorrentes das atividades profissionais previstas na tabela a que se refere o
artigo 151º do CIRS. Esta retenção teria a natureza de pagamento por conta de imposto devido
a final, desde logo por se tratar de rendimentos que não estão previstos no artigo 71º do CIRS.

Quanto aos rendimentos prediais da Categoria F, a retenção na fonte será feita também à taxa
de 25% (artigo 101º, nº 1, alínea e) do CIRS). Esta retenção teria também a natureza de
retenção na fonte a título de pagamento por conta de imposto, pelas razões explanadas supra a
propósito dos rendimentos da Categoria B.

Quanto aos rendimentos de capitais da Categoria E, estes estão sujeitos a retenção na fonte a
título definitivo, à taxa liberatória de 28% (artigo 71º, nº 1, alínea a) do CIRS).

O regime da responsabilidade em caso de substituição tributária encontra-se previsto no artigo


28º da LGT. A substituição tributária é efetivada através do mecanismo da retenção na fonte do
imposto devido (artigo 34º da LGT ex vi artigo 20º, nº 2 da LGT). Em caso de
incumprimento, isto é, quando as retenções com natureza de pagamento por conta do imposto
devido a final não tiverem sido efetuadas (artigo 28º, nº 2 da LGT), cabe ao substituído a
responsabilidade originária pelo imposto não retido e cabe ao substituto a responsabilidade
subsidiária, ficando este ainda o único responsável pelos juros compensatórios pelo atraso na
liquidação.

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4. No caso em concreto, estamos perante um caso de dívidas tributárias cujo prazo legal de
pagamento ou entrega terminou no período do exercício do seu cargo (artigo 24º, nº 1, alínea
b) da LGT). Deste modo, Ana, administradora da sociedade, tinha o ónus de demonstrar que
não lhe era imputável a falta de pagamento das dívidas.

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