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UNIVERSIDADE POLITÉCNICA
A POLITÉCNICA
CURSO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS
RESUMO
FICHA N.º 4
IV - TEORIA GERAL DO IMPOSTO
1. CONCEITO DE IMPOSTO
Tendo por base este conceito, três elementos caracterizadores e distintos se destacam:
o elemento objectivo, o elemento subjectivo e o elemento teleológico.
Deve-se entender o fim para que existe o imposto. De notar que o imposto é uma
forma de os contribuintes (sujeitos passivos) fazerem entrar dinheiro nos cofres do
Estado, com a finalidade de Este prosseguir determinados fins que podem ser
imediatos. Por esta razão, o fim para que existe o imposto deve condizer com os
objectivos da sociedade. Deste modo, pode-se afirmar que o fim do imposto está
em função das suas finalidades e objectivos, logo Receita Pública para a satisfação
das necessidades colectivas.
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d) O imposto não tem carácter de sanção, não se destina a punir actos ilícitos, o
que o distingue das multas.
Outras figuras em que há de certa forma uma distinção como o Imposto, pode-
se elencar as seguintes:
Taxa,
Empréstimos,
Requisição Administrativa,
Multa, e
Tributos Especiais.
No entanto, mais difícil é distinguir os Impostos das Taxas, já que nem sempre é
fácil ou pacífico, detectar a existência ou não da contraprestação por parte do
Sujeito Activo da obrigação fiscal.
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O Imposto é unilateral não havendo por isso reciprocidade nem contraprestação
e a Taxa em Direito Fiscal pretende corresponder à prestação da
actividade
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pública, a utilização do domínio e a remoção de um limite jurídico, e por
isso estas realidades e a Taxa que lhes corresponde encontram-se entre si
ligados por um eixo sinalagmático, em termos de uma se apresentar como
contraprestação da outra.
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FICHA N.º 5
A Relação Jurídica fiscal é toda a situação ou relação da vida social disciplinada pelo
Direito Fiscal e, como tal, susceptível de produzir consequências jurídicas
A relação jurídica fiscal é na sua essência uma relação juridica como outra qualquer,
formada por sujeitos (activo e passivo), ligados por um objecto que é a (prestação) que
decorre de uma situação prevista na lei ou contrato.
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Por sua vez a obrigação fiscal consiste numa prestação pecuniária, um dever de
pagar o imposto, contraposto ao direito subjectivo do Estado de exigir, como credor da
obrigação, ou seja, por um lado, temos um direito de crédito do Estado e por outro,
uma obrigação do contribuinte, devedor do imposto.
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Esta noção simples não abarca todo o conjunto das relações contratuais que se
desenvolvem entre os sujeitos da obrigação do imposto, pois, surgem ao lado da
realção obrigacional, vínculos de diferente natureza (deveres acessórios, direitos
potestativos, sujeições, ónus, etc.), todos eles ao serviço da realização do fim
obrigacional. Assim surge a noção de relação jurídico-fiscal, que abrange, além da
obrigação fiscal singular, todas estas obrigações e ou deveres acessórios do sujeito
passivo do imposto. (por exemplo, a obrigação de apresentar a declaração fiscal de
início de actividade, de escrituração, de emitir facturas de conformidade com a lei, etc.).
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1.2. OBRIGAÇÃO JURÍDICO - FISCAL ou JURÍDICA FISCAL e OBRIGAÇÕES CIVIS
Apesar da referência de que a relação juridica fiscal é como uma outra relação juridica,
no que concerne a sua distinção com as obrigações civis, a fiscal quanto à sua
estrutura fundamental não difere da obrigação civil, mas, quanto ao seu regime
jurídico, surgem caracteres de diferenciação que importa realçar:
a) A obrigação civil é moldada pelas partes, depende da vontade das partes - por sua
vez a obrigação fiscal é uma obrigação “ex. lege”, depende da lei.
b) Na obrigação civil o sujeito activo pode dispor do seu crédito, pode renunciar a ele
- ao contrário da obrigação fiscal que é indisponível e é irrenunciável.
Como já referimos a obrigação fiscal deriva da lei, isto não significa, obviamente, que a
obrigação nasce no momento da entrada em vigor da lei. Neste sentido, vamos analisar
duas doutrinas que podem ser a base dos sistemas fiscais (tratando-se de impostos
directos):
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segundo Pessoa Jorge, Curso de Direito Fiscal, pag. 172. “A partir da liquidação e
do momento em que o contribuinte é notificado do resultado desta, a obrigação
torna-se líquida e exigível. Mas não nasce apenas nessa altura, já nascera com a
concretização da hipótese legal”.
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Devemos perfilhar a doutrina da eficácia declarativa da liquidação, porque esta
permite a defesa do princípio da não retroactividade em direito fiscal. Quer a
determinação do sujeito passivo quer a da matéria colectável devem reporta-se ao
momento em que se realiza a situação ou facto que as leis fiscais prevêem, isto é, o
facto gerador do imposto.
Segundo Dr. Brás Teixeira, a lei aplicável aos elementos essencias da obrigação é a lei
em vigor na altura da ocorrência do pressuposto do facto e não a que vigora na altura
da liquidação.
a) Sujeito Activo
De acordo com a Lei Geral Tributária - LGT, sujeito activo “(…) é a entidade de direito
público, titular do direito de exigir o cumprimento das obrigações tributárias, quer
directamente, quer através de representante.”) - artigo - 13. Nesta definição o Estado é
definido como o credor e titular do direito de exigir a prestação tributária, assim com
outros entes públicos.
O sujeito activo não é a entidade que cria o imposto, não é também a entidade que
realiza as operações de lançamento e cobrança do imposto, mas aquela pessoa de
direito público em benefício da qual é estabelecido o imposto e que tem o poder de
exigir ou pretender o seu pagamento, portanto, o Estado.
b) Sujeito passivo
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Por vezes, “ab initio”, a lei obriga ao pagamento do imposto pessoas diferentes
daquelas em relação as quais se verificam os pressupostos da tributação. Portanto,
torna-se importante distinguir entre sujeitos passivos originários e sujeitos passivos não
originários.
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Importa referir que há casos em que o devedor do imposto é um sujeito passivo por
débito alheio cuja lei impõe-lhe a obrigação de entregar o imposto distinguindo-o do
próprio contribuinte, ou seja, do sujeito passivo por débito próprio - aquele que suporta
de facto o encargo patrimonial: é a figura da substituição fiscal.
Temos também a sucessão fiscal que surge nos casos em que nascida a obrigação
do imposto, vêm outras pessoas a ocupar o lugar do sujeito passivo, assim como para
reforçar a garantia de cumprimento das obrigações fiscais que é o caso da
responsabilidade fiscal.
Quando o imposto não é pago pelo substituto, a este será instaurado a execução fiscal,
havendo responsabilidade subsidiária do substituído.
A responsabilidade dos herdeiros vai apenas até ao valor dos bens herdados, nos
termos do artigo 2071.º do Código Civil. É o princípio da limitação da dívida às forças
da herança e não havendo herdeiros, mas apenas legatários, a solução é a prevista na
lei civil: os legatários serão obrigados ao pagamento dos impostos na proporção dos
legados (artigo 2277.º do Código Civil); existindo herdeiros e legatários, estes só
respondem na insuficiência dos bens recebidos por aqueles.
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A responsabilidade fiscal é para reforçar a garantia do cumprimento da obrigação
fiscal, como é o caso da responsabilidade dos administradores, gerentes e membros do
conselho fiscal das sociedades (previsto na Lei de Bases do Sistema Tributário e nos
Códigos de Impostos) e, ainda, a responsabilidade dos testamenteiros e cabeças-de-
casal (prevista no Código do Imposto sobres as Sucessões e Doações), etc.
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Nas relações entre os responsáveis e o devedor do imposto, o responsável goza do
benefício da execução, isto é, os seus bens só responderão depois de excutidos os
bens do originário devedor.
Por vezes a pessoa colectiva de direito público, sendo sujeito activo do imposto
preenche os requisitos para ser sujeito passivo do mesmo imposto, tal entidade não
pode considerar-se sujeito passivo da obrigação fiscal, dado que a coincidência entre o
titular activo e o titular passivo do imposto faz extinguir a obrigação fiscal por
confusão, figura que vamos abordar mais adiante.
b) Entes de facto
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material e serve os interesses do próprio ente de facto – contribuinte - permitindo-lhe,
como uma só pessoa, intervir no processo administrativo de liquidação dos impostos e,
depois, reclamar ou impugnar juridicamente, se necessário”.
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Há, portanto, que reconhecer capacidade tributária passiva a todos os entes com uma
autonomia económica. Assim, dispõe o Código do IRPC, aprovado pela Lei nº 34/2007
de 31 de Dezembro, moçambicano na alínea b) do seu artigo 2, que considera sujeitos
passivos de IRPC “as entidades desprovidas de personalidade jurídica (…)”.
2.3. Objecto
A prestação é uma regra precedida de uma actividade para a sua concretização que é
o lançamento e é determinada pela aplicação de uma taxa à matéria colectável, que é
a liquidação.
2.5. Garantia
A garantia geral das obrigações fiscais como também a das obrigações civis é o
património do devedor, que é a garantia geral que a lei concede ao credor. Por outro
lado, existem também garantias especiais que podem consistir na afectação do
património de outras pessoas responsabilizadas pelo cumprimento da obrigação
(garantias pessoais), sendo a responsabilidade fiscal, a principal ou na afectação de
determinada espécie de bens (garantias reais), como por exemplo:
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serem pagos com preferência a outros. Melhor dizendo, ainda, é a
faculdade que a lei concede a certos credores, independentemente do
registo, de serem pagos com preferência a outros.
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Privilégios mobiliários, sendo gerais abrangem o valor de todos os
bens móveis existentes no património do devedor à data da penhora
ou de acto equivalente e são especiais, quando compreendem só o
valor de determinados bens móveis; e
O Estado e as autarquias locais têm privilégio imobiliário geral para a garantia dos
créditos por impostos directos e indirectos inscritos para a cobrança no ano corrente,
na data da penhora e nos respectivos orçamentos, bem como nos dois anos anteriores.
Exclui-se deste privilégio a sisa e o imposto sobre as sucessões e doações e outros
que gozam de privilégio especial.
(ii) Hipoteca é a garantia que confere ao credor o direito de ser pago pelo
valor de certas coisas imóveis pertencentes ao devedor. A hipoteca, para
produzir efeitos, tem de ser registada.
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FICHA N.º 6
O imposto nasce quando surge uma norma legal que confere ao Estado a posição de
credor do imposto e ao cidadão a situação de devedor do mesmo.
Como se pode constatar nesta definição há que considerar dois aspectos na incidência:
o que é que está sujeito a imposto (incidência real ou material, ou objectiva) e quem
está sujeito a imposto (incidência pessoal ou subjectiva) e para a sua concretização
temos três fases do imposto que são:
o lançamento em que se identifica-se o sujeito passivo do imposto e se fixa a
matéria colectável,
a liquidação, que consiste no cálculo da colecta, aplicando a matéria colectável
à taxa do imposto, e
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a cobrança , que é o conjunto de operações destinadas à arrecadação do
imposto.
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3.1.1. Lançamento
3.1.2 Liquidação
A liquidação está sujeita a caducidade que é de cinco anos. Este prazo não é o da
prescrição. Daí que, tendo havido liquidação, não se encontre necessariamente
prescrito o direito à cobrança dos impostos, cujo prazo é de dez anos ( Lei Geral
Tributária).
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3.1.2.1 Liquidação Adicional
Será feita oficiosamente quando, por motivos imputáveis aos serviços, tenha sido
liquidado imposto superior ao devido, ou em virtude de decisão judicial que o confirme.
3.1.3. Cobrança
Determinado o montante do imposto a pagar é necessário proceder à arrecadação do
imposto. Neste processo podemos efectuar a cobrança extraindo o conhecimento de
cobrança que é debitado ao Recebedor de Fazenda, que por sua vez fica com a
obrigação de cobrar – a chamada cobrança virtual.
a) Cumprimento
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Esta é principal forma do pagamento do imposto pelo sujeito passivo que permite a
extinção da obrigação do mesmo.
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O pagamento à boca de cofre é efectuado durante um certo prazo de vencimento,
fixado para cada imposto (em regra, um mês).
Pagamento com juros de mora é o realizado após este período e durante os prazos
que precedem o relaxe. (em Moçambique nos impostos de cobrança virtual é de 60
dias)
O pagamento a prestações, tem a sua previsão na LGT, no seu artigo 148. O não
pagamento de uma prestação implica o vencimento imediato de toda a divida.
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O prazo de prescrição das dívidas tributárias conta-se do início do ano seguinte
àquele em que tiver ocorrido o facto tributário. Na legislação moçambicana, como já
nos referimos, o prazo de prescrição é de 10 anos, salvo o disposto em lei especial
(artigo 48 da LGT).
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Compensação: No caso de anulação da liquidação é precessado o título de
anulação.
O contribuinte, nos casos em que tenha outra obrigação do mesmo imposto, poderá
compensá-la com o crédito representado no título. A obrigação, neste caso, extinguir-
se-á “por encontro com título de anulação”. Vidé as Técnicas de Reembolso na Lei
de Bases do Sistema Tributária –Art.º 33 - Lei n° 15/2002, de 26 de Junho.
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