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Direito Fiscal

Aula 3 – 28.02.23

Distinção entre taxa e imposto

Sabemos já que impostos são prestações unilaterais, patrimoniais, definitivas e coativas, exigidas por
quem exerce funções publicas a quem manifeste capacidade contributiva. Visam a prossecução do
interesse público e não tem fim sancionatório.

Mas o que são taxas?

São prestações essencialmente pecuniárias impostas por uma autoridade pública e nas quais existe
um nexo entre o que se paga e o que se recebe.

 Prestação: existe uma obrigação positiva


 Pecuniária: recorrentemente pagas em dinheiro
 Criadas por lei: falamos aqui em lei em sentido material, uma vez que apenas o Regime
Geral de Taxas tem que ser criado por lei formal da Assembleia da República ou por Decreto-
Lei autorizado do Governo
 A favor de entidades públicas para realização de fins públicos: como a taxa se desenvolve
com base numa ideia de divisibilidade da utilidade, os fins públicos aqui referidos estão
essencialmente orientados para cada individuo que paga a respetiva taxa
 Não tem caracter sancionatório: não tem como objetivo ou fim sancionar determinada
atividade ou comportamento
Assim, existem dois critérios que a distinguem do imposto:

-A bilateralidade, ou seja, a prestação está associada a uma contraprestação, e é possível


estabelecer um nexo direto entre a prestação e a contraprestação.

-O Princípio da proporcionalidade ou equivalência, isto é, a taxa é fixa em função da utilidade


prestada pelo que é equivalente ao custo da utilidade prestada.

Nota: Independentemente da capacidade contributiva, a taxa é paga por quem quer beneficiar da
contraprestação que do pagamento resulta.

Nota: Em regra o valor da taxa é inferior ao custo da utilidade prestada (na verdade se for superior
colocamos em causa aa proporcionalidade uma vez que não reflete o custo da atividade ou serviço.

Embora, estes sejam os critérios fulcrais de distinção entre taxa e imposto existem outros
complementares.

-Voluntariedade

As taxas são em regra voluntárias, no entanto existem exceções como por exemplo o registo civil
(obrigatório)

-Divisibilidade

A utilidade prestada como contraprestação do pagamento da taxa é uma utilidade divisível que é
atribuída a cada sujeito, isto é, decorrente do pagamento da taxa existe uma utilidade divisível que é
suscetível de ser atribuida a um sujeito concreto.

De facto, a divisibilidade implica a bilateralidade uma vez que só se consegue estabelecer um nexo
entre prestação e contraprestação se a utilidade for divisível.

Nota: Implica um juízo de preponderância, ou seja, se a utilidade tiver sido primordialmente pensada
para o individuo então dizemos que é individual pelo que se trata de uma taxa. Se pelo contrário a
utilidade tiver sido pensada para a coletividade independentemente dos reflexos individuais que daí
advenham é coletiva pelo que se trata de um imposto.

-Consignação

As taxas são consignadas à prestação da utilidade por elas prestada.

Nota: os impostos geralmente não são consignáveis, ou seja, não podem ser consignados para
determinado fim. Existe, no entanto, exceções como por exemplo os impostos ambientais, nos quais
parte do valor reverte para fundos ambientais.

Tipos de Taxas

No artigo 4º nº2 da Lei Geral Tributária vemos referidos os diversos tipos de taxas:

 Prestação de um serviço público


o Exemplos: propinas, taxa de justiça, taxa moderadora, certidões, taxas de saúde
o O objetivo aqui não é corresponder ao valor total do serviço, mas condicionar o
acesso ao mesmo
 Utilização de um bem de domínio público
o Exemplos: circulação em autoestradas, estacionamento, pagamento de entrada em
parques naturais, utilização do aeroporto
 Remoção de um obstáculo jurídico ao comportamento dos particulares
o Exemplos: licenças.

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