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CASO PRÁTICO 1
• Vícios orgânicos e formais: remissão para a resposta anterior, com a identificação do elemento
essencial em causa – benefícios fiscais
c) A aplicação das aludidas alterações legislativas a todas as operações concretizadas desde 1
de janeiro de 2018;
Vício material: o princípio da segurança jurídica (i) a não retroatividade das normas tributárias
(artigo 103.º, n.º 3, da CRP, e artigo 12.º, da LGT); (ii) recondução do caso a uma situação de
retroatividade de 1.º grau.
d) Criação do “imposto do sal”, que passará a incidir sobre quaisquer alimentos que tenham
mais de um grama de sal por cada 100 gramas de produto, tendo em vista diminuir os
casos de aterosclerose e hipertensão em Portugal.
• Identificar o tipo de tributo, delimitando o conceito de taxa e o de imposto
• Ausência de uma contraprestação específica (não se verifica a bilateralidade) e de uma utilidade
divisível
• O tributo em causa é mais consentâneo com a figura do imposto
CASO PRÁTICO 2
No mês passado, por Portaria do Governo, foi criada a Taxa de Consolidação Financeira,
que passa a ser devida por todos os cidadãos de nacionalidade portuguesa que aufiram
rendimentos anuais superiores a € 2.500.
Resulta da aludida Portaria que a Taxa de Consolidação Financeira vigorará durante os
próximos dois anos. No entanto, este período poderá ser prorrogado ou não, em função dos
montantes de receita que vierem a ser arrecadados.
Na sequência desta medida, a Autoridade Tributária e Aduaneira emitiu ontem um ofício-
circulado, nos termos do qual determinou que a Taxa de Consolidação Financeira será apenas
devida por advogados, podendo a mesma ser-lhes exigida também em relação aos rendimentos
auferidos no ano de 2017, no caso de terem sido superiores a € 20.000.
Pronuncie-se sobre a medida referida à luz dos princípios jurídico-constitucionais de Direito
Fiscal.
CASO PRÁTICO 4
Está a existir, neste caso, tratamento desigual com as famílias numerosas, o que permite equacionar o
princípio da igualdade – art. 13º CRP, com ligação aos art. 5º/2 e 7º/3 LGT.
Violação do princípio da legalidade, na sua vertente de tipicidade, uma vez que o legislador não foi
devidamente exaustivo ao expor a medida fiscal, ao não especificar o número de filhos que permite
falar em família numerosa, não permitindo ao contribuinte saber ao certo aquilo a que está sujeito –
conexão com o princípio da segurança jurídica. Cabe então mencionar os vícios e
inconstitucionalidades em que o legislador incorre.
c) Aumento em 30% da taxa de IMT a aplicar a esses imóveis, incidente sobre todas as
respetivas transmissões ocorridas após 2010;
Os dois aspetos principais são o aumento da taxa e a incidência da taxa – equacionar princípio da
proporcionalidade, princípio da proteção da propriedade privada, princípio da segurança jurídica na
vertente da proibição da retroatividade da lei fiscal. É precisamente no contexto da segurança
jurídica que se encontra a proibição da retroatividade (art. 2º CRP), o que não é, de facto, o caso.
Estamos perante um caso de retroatividade em 1º grau – efeitos ex tunc; importa mencionar que
apesar de o legislador, na Constituição, apenas fazer referência aos impostos, a proibição vale para
qualquer tipo de tributo, que a proibição da retroatividade não existe se a lei nova for mais vantajosa
para o contribuinte.
Brevemente dar conta dos vários tipos de retroatividade, bem como os seus efeitos, a sua proibição
ou não – sabemos que a retroatividade da lei fiscal é proibida, exceto em situações de limite, de
acordo com a doutrina de Sérgio Vasques. A doutrina considera que a proibição da retroatividade
constitucionalmente consagrada se aplica aos dois tipos de retroatividade, enquanto outra parte da
doutrina considera apenas que a retroatividade em 1º grau esteva vedada. Quanto à retrospetividade,
em regra, é permitida, mediante o preenchimento de quatro pressupostos do Tribunal Constitucional.
Por outro lado, a par dos outros dois princípios supramencionados, importa analisar se o requisito da
proporcionalidade está a ser respeitado ou não, mediante os pressupostos já conhecidos (idoneidade,
necessidade, proporcionalidade) – esta medida será à partida desproporcional (mas mais importante
será colocar o problema, não manifestar uma posição), uma vez que um aumento em 30% pode
facilmente ser considerado um atentado, difícil de suportar constitucionalmente, à propriedade
privada. Partindo da doutrina de Sérgio Vasques, diz-se que o direito fiscal se intromete na
propriedade privada dos cidadãos (rendimento), podendo o Estado intrometer-se ao cobrar impostos.
Não pode ele, contudo, extravasar aquilo que é constitucionalmente permitido – art. 62º CRP.
Art. 11º/4 LGT – as lacunas não podem ser resolvidas por analogia. Há uma diferencia entre
interpretação extensiva (a letra da lei ficou aquém do seu espírito) e lacuna (há um silencio da
normação). No segundo caso, procede-se de acordo com o Código Civil (analogia ou norma ad hoc).
No entanto, diz o legislador fiscal que a lacuna não pode ser ultrapassada por interpretação analógica
no caso de matéria fiscal de competência da Assembleia da República. Note-se que no caso dos
benefícios fiscais, a interpretação extensiva admite-se, para dar cobertura a situações em que não há
cobertura na lei, mas o espírito da lei tem em conta essas situações (art. 2º/2 Estatuto dos Benefícios
Fiscais). O mesmo não acontece especificamente no caso das isenções.
No nosso caso, a interpretação não é nem a favor da autoridade tributária nem a favor do contribuinte
(critérios não relevantes – in dubio pro fiscum, in dubio contra fiscum – porque são para efeitos de
prova e não de interpretação).
Caso prático 5
O princípio da legalidade tributária (artigo 103.º, n.ºs 2 e 3): a reserva de lei (em sentido absoluto e
em sentido relativo e em sentido formal e em sentido material); a prevalência de lei (artigo 266.º, n.º
2, da CRP); a precedência de lei (artigo 112.º, n.º 8, da CRP); - a inconstitucionalidade da portaria,
por não ser o meio adequado para a criação de um imposto (vício formal); - A competência
legislativa e administrativa do Governo em matéria tributária (artigos 165.º, n.º 1, alínea i), e 198.º,
n.º 1, alínea b), da CRP) - a incompetência do Governo, e em concreto, do ministro da Administração
interna para a criação de um imposto, sem a prévia autorização da Assembleia da República (vício
orgânico); - O princípio da capacidade contributiva e o princípio da igualdade tributária (artigo 13.º
da CRP e artigos 16.º, 5.º, n.º 2 e 7.º, n.º 3, da LGT) – uma vez que a “taxa de segurança rodoviária”
só seria exigida a um grupo em particular de condutores, de acordo com a faixa etária (o que por si
só é um fator discriminatório) (vício material).
Caso prático 6
No passado dia 19 de março de 2019, por decreto-lei simples, foi criada a “taxa sobre o digital”,
que veio sujeitar a tributação todos os serviços digitalmente prestados em Portugal. No
seguimento da publicação do aludido diploma, foi emitido um ofício circulado, que veio definir
os casos em que a “taxa sobre o digital” não será devida.
a) Diga se a “taxa sobre o digital” representa uma verdadeira taxa e avalie se na criação da mesma e
na definição dos casos em que não será devida foram respeitados os princípios jurídico-
constitucionais relevantes. (5 valores)
- Qualificação jurídico-tributária da “taxa sobre o digital”
- Identificação das espécies tributárias - impostos, taxas, contribuições especiais e contribuições
financeiras - 4.º da LGT
-Recondução da “taxa sobre o digital” a alguma das espécies tributárias - em especial, a
problematização da sua possível qualificação como imposto ou como taxa - análise dos principais
critérios de distinção: ausência de uma contração específica (não se verifica a bilateralidade) e de
uma utilidade divisível
- A não recondução, de uma forma óbvia, da “taxa sobre o digital” a nenhum dos tipos de taxa
previstos no artigo 4.º, n.º 2, da LG
- O tributo em causa será mais consentâneo com a figura do imposto
- Princípios jurídico-constitucionais relevantes:
> princípio da legalidade tributária: i. princípio da reserva de lei (em sentido absoluto e em sentido
relativo e em sentido formal e em sentido material); ii. princípio da prevalência de lei (artigo 266.º,
n.º 2, da CRP); iii. princípio da precedência de lei (artigo 112.º, n.º 8, da CRP)
- Os elementos essenciais dos impostos: incidência, taxa, benefícios fiscais e garantias dos
contribuintes (artigo 103.º, n.º 2, da CRP, e artigo 8.º da LGT) – recondução da isenção aos
benefícios fiscais – a necessidade de autorização legislativa
- A competência do Governo em matéria tributária – em especial, as competências legislativas
(artigos 198.º e 165.º, n.º 1, alínea i), da CRP) - A impossibilidade de adoção de Decreto Lei sem
autorização legislativa para a criação de impostos (artigos 165.º, n.º 1, alínea i), e 198.º, n.º 1, alínea
b), da CRP)
- A competência da Administração Tributária e Aduaneira em matéria tributária – as ordens internas
- A impossibilidade de serem disciplinadas matérias essenciais dos impostos (em concreto,
benefícios fiscais) por ofício-circulado
Suponha agora que, de acordo com o aludido decreto-lei, a “taxa sobre o digital” incidirá
sobre todos os serviços digitalmente prestados desde 19 de março de 2018.
b) A “Publicidade Digital, Lda.” é uma sociedade comercial que presta digitalmente serviços de
publicidade em Portugal desde janeiro de 2018. O que diria ao gerente desta sociedade se este lhe
perguntasse se deveria pagar esta “taxa sobre o digital” relativamente aos serviços prestados no
passado?
- O princípio da segurança jurídica e a proteção da confiança: (i) a não retroatividade das normas
tributárias (artigo 103.º, n.º 3, da CRP, e artigo 12.º, da LGT); (ii) recondução do caso a uma situação
de retroatividade de 1.º grau
c) Sabendo que a “Publicidade Digital, Lda.” presta ainda serviços de publicidade através de
cartazes em papel colocados na via pública, poderá a Autoridade Tributária entender que também
deverá ser cobrada a “taxa sobre o digital” relativamente a estes serviços?
- A interpretação das normas tributárias (artigo 11.º da LGT)
- Os princípios da segurança jurídica e da tipicidade fechada (traços fundamentais) – a
inadmissibilidade da interpretação extensiva em relação a matéria de incidência (a “taxa sobre o
digital” sujeitava a tributação todos os serviços prestados digitalmente - e não serviços de colocação
de cartazes em papel na via pública)
- A inadmissibilidade da interpretação das normas tributárias à luz dos brocardos in dubio pro
fiscum e in dubio contra fiscum
CASO PRÁTICO I
Para evitar que as previsões mais pessimistas acerca do défice orçamental se verifiquem, a
Assembleia da República aprovou uma lei através da qual introduziu as seguintes medidas:
a) Aumento da taxa de IRC para 50% quando a matéria coletável é superior a € 12 500;
b) Eliminação da possibilidade de fazer deduções relativas à saúde e educação para
indivíduos cujos rendimentos obtidos se possam reconduzir, na sua maioria, à categoria
dos rendimentos de capitais;
c) Fim das deduções relativas à aquisição de equipamentos novos para a utilização de
energias renováveis;
d) Abaixamento do limite máximo permitido de deduções à coleta por despesas de educação
de famílias numerosas, compensando assim os maiores encargos que geram para o Estado;
e) Possibilidade de interpretar as normas fiscais extensivamente, sempre que por essa via se
favoreçam os interesses da Administração Fiscal;
f) Estabelecimento de uma taxa única de 40%, no domínio do IRS;
Logo após a entrada em vigor do diploma, um grupo de deputados solicitou ao Tribunal
Constitucional a declaração de inconstitucionalidade, com força obrigatória e geral das suas normas.
Diga que decisão tomaria se estivesse na posição de juiz do Tribunal Constitucional.
Resposta:
Medida a)
A primeira questão que surge é saber o que está aqui em causa, sobretudo se é ou não matéria
essencial do imposto. De facto, a taxa do imposto é um elemento essencial do imposto, pelo que
sabemos que tal exige, em termos de princípio da legalidade, deve ser uma lei da Assembleia da
República ou Decreto-lei autorizado. Deste modo, não há inconstitucionalidade do ponto de vista da
reserva de lei formal (art. 103º/2 e 165º CRP e art. 8º/1 LGT). Em princípio, também não existirão
vícios materiais de inconstitucionalidade. É possível invocar também o princípio da proibição do
excesso e até mesmo a proteção da propriedade privada e das legitimas espectativas dos cidadãos.
Medida b)
O que está em causa é, de novo, matéria essencial dos impostos, cujo enquadramento da medida é
semelhante àquele que se trata na alínea a). Aquilo que há de novo é uma clara discriminação dos
rendimentos suscetíveis de serem enquadrados nos rendimentos de capitais, que pode ser justificada
ou não e, consequentemente, suportada ou afastada. Estará em causa uma discriminação não
justificada, contrariamente àquilo considerado por Teixeira Ribeiro (que, em determinadas situações,
será justificada uma discriminação do rendimento, de caráter qualitativo - os rendimentos do trabalho
podiam ser discriminados positivamente. A fonte do trabalho é limitada, não é uma fonte perpétua
como é o caso do rendimento de capital, não envolvendo o esforço do sujeito passivo, por exemplo).
Esta discriminação não é sustentável, uma vez que apenas considera os rendimentos da categoria E,
deixando de fora rendimentos semelhantes, como por exemplo os de categoria F. Seria
excecionalmente concebível esta discriminação negativa em situações de limite, mas essa não
poderia recair apenas sobre os de categoria E, mas também sobre outros de equivalente natureza (ex.
rendimentos de imóveis), devendo ser equilibrada. Importa aqui o art. 13º CRP, articulado com o art.
15º/2 e o art. 7º/3 LGT.
NOTAS FINAIS: No plano teórico, é possível sugerir vários argumentos. Ex.: O capital gera
rendimentos por si, logo a discriminação é justificada. Sérgio Vasques diria que a discriminação
poderia ser no máximo ser qualitativa, pois a natureza dos rendimentos o permite – no entanto, esta
limitação não poderia cingir-se aos rendimentos de categoria E, mas também a rendimentos de
natureza análoga – mais valias, rendimentos de imóveis etc. No entanto, o professor não acha a
posição sustentável, visto que estamos a falar dos rendimentos de categoria E.
Medida c)
Novamente, aplica-se a questão da reserva de lei formal, estando em causa elementos essenciais
dos impostos, pelo que não há violação do princípio da legalidade e se analisa nos termos das alíneas
anteriores. Contudo, há uma violação do princípio da proteção do ambiente (art. 66º/1/h) CRP).
Medida d)
Na vertente formal, não há qualquer violação nos termos da CRP e do princípio da legalidade.
Ora, na vertente material (a componente que tem a ver com a liberdade ou a margem de decisão que
deve ter o aplicador), existem alguns vícios, nomeadamente, o conceito de famílias numerosas
chocar com o grau da determinação da conduta, uma vez que é um conceito indeterminado. Deste
modo, viola-se o princípio da legalidade na sua vertente da reserva de lei absoluta, bem como o
próprio princípio da tipicidade que é o próprio desenvolvimento material desta reserva. Avançando
para a questão da igualdade, retira-se que este princípio é posto em causa desde logo pelo tratamento
diferenciado das várias famílias e pela discriminação dos sujeitos passivos com famílias mais
numerosas. A consideração fiscal da família também não é devidamente observada. Art. 67º/2/f) e
art. 104º/1 CRP, bem como o 6º/3 LGT.
As questões da determinação, da vedação, da margem para fazer juízos autónomos, podem ser
convocadas.
CONFERIR ARTIGOS: art.º 6º/3 LGT; art.º 103º e 165º/1/i); art.º 13º, art.º 67º/2/f); art.º 104º/1)
CRP; art.º 6º/3 LGT.
Medida e)
Esta questão faz apelo às teorias da interpretação e às tendências (in dubio contra fiscum ou in dubio
pro fiscum) que poderão surgir no seu âmbito. Consta do art. 11º LGT que não se deve proteger mais
o fisco ou o contribuinte, devendo haver uma harmonização das duas tendências, o que não obsta que
por vezes, pontualmente, não resultante da interpretação, a lei resulte em benefícios para o fisco ou
contribuinte, sendo legítimo pois trata-se do domínio da legislação.
A teoria mais adequada neste caso, a teoria mais adequada será a teoria que diz que as normas
fiscais devem ser interpretadas como qualquer outra norma, que resulta da própria LGT.
Medida f)
Esta medida será também matéria essencial dos impostos (taxa), pelo que, de modo geral, se
consideram preenchidos os requisitos ínsitos ao princípio da legalidade e da reserva de lei formal e
absoluta. Este princípio não é violado nas suas vertentes formal e material. Viola-se, contudo, a
igualdade em sentido material, uma vez que toda a gente é tratada do mesmo modo, sem atender às
diferenças materiais entre as pessoas. Por outro lado, equaciona-se a própria CRP nos art. 103º/1 e
104º/4 apela à progressividade (mais do que proporcionalidade) no contexto do rendimento, que não
se verifica neste caso. Há assim uma inconstitucionalidade material por violação do princípio da
igualdade.
CASO PRÁTICO II
A Direção Geral dos Impostos emanou uma norma de natureza regulamentar mediante a
qual impõe aos sujeitos passivos de IRS casados, com rendimentos entre € 20 000 e € 30 0000, o
dever de pagar, em dezembro de cada ano, uma taxa de € 500 destinada a custear despesas
inerentes à cobrança coerciva dos impostos aos contribuintes faltosos.
Joana e Pedro, um jovem casal de estudantes de engenharia, contactam-na(o) e colocam-lhe
as seguintes questões:
1. O pagamento de € 500 será uma verdadeira taxa?
2. Poderá o tributo em causa ser exigido por um ato de natureza regulamentar emanado pela
Direção Geral dos Impostos?
3. Será justificada a tributação diferenciada de um determinado grupo de sujeitos nas
condições acima explanadas?
Resposta:
1. Parece-nos que não será uma taxa, uma vez que não existe uma contraprestação especifica,
que é um requisito essencial da bilateralidade das taxas (argumento principal). Está em causa
um verdadeiro imposto. Esta pertença taxa não quadra, na verdade, com nenhum dos tipos de
taxa consagrados no art. 4º LGT (argumento auxiliar). Outros argumentos serão: a utilidade
que resulta do pagamento desta taxa é de natureza pública do ponto de vista técnico e não é
divisível, sobre o ponto de vista técnico (Teixeira Ribeiro); sob o ponto de vista financeiro, é
uma utilidade gratuita – não é paga diretamente.
2. Volta-se ao princípio da legalidade, uma vez que está em causa matéria essencial, que é a
criação do imposto (art. 103º/2 e art. 165º/1/i) CRP). O princípio da legalidade é violado nas
suas vertentes formal e material, uma vez que não se utilizou o ato normativo por ele exigido e
que não se respeita a reserva de lei absoluta. Além disso, apenas se podem admitir
regulamentos de execução das bases gerais, e nunca regulamentos inovadores (art. 199º/c)
CRP). É violada ainda a precedência de lei, art. 112º CRP.
3. Estará aqui em causa o princípio da igualdade, devido à diferenciação feita entre os sujeitos
passivos. Há uma violação clara deste princípio fundada na sua arbitrariedade. Além disso, o
critério de diferenciação, que deve ser uniforme e genérico, não é suficientemente claro e é
arbitrário, infundado, pelo que choca frontalmente com a igualdade. Art. 67º/2/f) CRP? –
viola-se o princípio da consideração fiscal da família.
Utilidade económica dos sacrifícios não é respeitada. 104/1crp
Resposta:
Medida a)
Está em causa uma contribuição especial de melhoria, dada a bilateralidade difusa, que afasta o
tributo da taxa. A própria bilateralidade afasta a hipótese de se tratar de um imposto. O seu regime
jurídico é o mesmo dos impostos.
Inconstitucionalidade formal porque o Governo não tem poder para criar o tributo, sobretudo dado
que não estava dotado de lei de autorização legislativa. Consequentemente, viola-se o princípio da
legalidade na sua totalidade - em termos materiais, formais e orgânicos. Há ainda uma manifesta
violação do princípio da proporcionalidade e respetivo corolário da proibição do excesso, não só
dada a percentagem taxa, mas também tendo em conta que a aplicação dessa taxa sobre a
propriedade seria um verdadeiro confisco (direito à propriedade - art. 62º CRP).
Medida b)
Trata a aplicação da lei no tempo sobre uma questão essencial. Há uma aplicação retroativa dos
impostos (art. 103º/3 CRP e art. 12º/1 LGT). Diferentemente da alínea c), a questão em causa é
uma questão essencial, a questão da retroatividade torna-se mais exigente. As razões
normalmente invocadas para esta proteção têm inspiração na doutrina alemã e relacionam-se com
a segurança jurídica e princípio da proteção da confiança. Para além disso, impostos retroativos
põem em causa a própria capacidade contributiva – porque têm expectativas feridas os
contribuintes, usando os seus rendimentos de outra forma.
Medida c)
Trata a questão da aplicação da lei no tempo. Está em causa uma questão puramente
procedimental, que não terá a ver diretamente com as garantias dos sujeitos passivos. Se assim for, a
lei nova pode ser aplicada imediatamente (art. 10º/1 e 12º/3 LGT), desde que não se afetem essas
garantias e interesses dos sujeitos passivos.
Aplicação da lei do tempo. Alteração com efeitos imediatos (incluindo os procedimentos que já
estejam em curso) das normas relativas ao procedimento de inspecção quando estejam em causa
matérias que digam respeito ao IMI.
Está em causa uma questão puramente procedimental, tendo um enquadramento mais flexível.
Vamos partir do principio que não se violam garantias dos direitos passivos. Se assim for, a lei nova
pode ser aplicada imediatamente, até em situações do passado ou já em curso – art 12/ 3 LGT.