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O ETAF e o CPTA no
contencioso tributário
Faculdade de Direito da
Universidade do Porto
6 de Junho de 2018
Hierarquia das Fontes das Normas Jurídico-Tributárias
CRP
Direito UE e Tratados
Internacionais
LEI GERAL
TRIBUTÁRIA
CIRS CPPT
CIRC CPA
CIVA CPTA
ETAF
RGIT CC
CPC
ATO TRIBUTÁRIO =
ATO ADMINISTRATIVO
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Princípios Gerais
Da relação jurídico-tributária:
Princípio da legalidade fiscal – artigo 103.º, n.º 2 da CRP e artigo 8.º da LGT;
Princípio da boa-fé – artigos 266.º, n.º 2 da CRP, artigo 59.º, n.º 2 da LG.
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Princípios Gerais
“Porém, não podem nem devem ser esquecidos, e por isso aqui se repetem os seguintes factos: a recorrida
solicitou a emissão da guia de pagamento em 5.12.2013, e esta apenas foi entregue no dia 30 daquele mesmo
mês pelas 18h48m, ou seja, no último dia de pagamento fixado na lei, e por último, consta na guia de
pagamento a data de 31.12.2013, como a data de limite de pagamento”.
“Como referem Diogo Leite de Campos, Benjamim da Silva Rodrigues e Jorge Lopes de Sousa, na sua Lei
Geral Tributária Anotada, 3ª edição, pag. 278 esta exigência tem um conteúdo de carácter ético, impondo aos
intervenientes no procedimento tributário que actuem com lealdade e sinceridade recíprocas no decurso do
procedimento tributário, abstendo-se de actuações que possam enganar o outro interveniente, ou ocultando-
lhe elementos que possam ter proveito para a defesa das suas posições (…)”.
“É face ao que vem dito que entendemos, que o pagamento questionado embora efectuado no dia seguinte ao
terminus do prazo legal para cumprimento, deve ter-se como efectuado em tempo, isto porque, a guia de
pagamento remetida à recorrente identificou a data limite de pagamento o dia 31.12.2013”.
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Princípios Gerais
Do procedimento tributário:
Princípio da participação – artigo 267.º, n.º 5 da CRP e artigo 60.º da LGT; prazo
regra de 15 dias que pode ser alargado até ao máximo de 25 dias (artigo 60.º, n.º 6
da LGT).
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Princípios Gerais
“Nos termos do disposto no art. 60º, nº 7, da LGT, se se tratar de elementos novos atinentes à matéria de facto,
poderá justificar-se a realização de novas diligências, oficiosamente ou a requerimento dos interessados, caso se
devam considerar como convenientes para apuramento da matéria factual em que deve assentar a decisão (arts. 58º da
LGT e 104º do CPA).
Sob pena de o direito de audiência se transformar num ritual inócuo, no qual recai sobre os argumentos e documentos
apresentados pelo contribuinte sobranceira indiferença, exige-se a sua análise pela administração, por forma a tomar
visível que a decisão do procedimento resulta de uma transparente ponderação dos elementos de facto e de direito
submetidos à sua apreciação.
O princípio do aproveitamento do acto administrativo apenas é admissível quando a intervenção do interessado no
procedimento tributário for inequivocamente insusceptível de influenciar a decisão final, o que acontece em geral nos
casos em que se esteja perante uma situação legal evidente ou se trate de actividade administrativa vinculada, não se
vislumbrando a mínima possibilidade de a audição poder ter influência sobre o conteúdo da decisão.
Não estando em causa actividade vinculada nem uma solução legal evidente e tendo a Administração Fiscal feito
tábua rasa quanto aos elementos factuais novos invocados pelo oponente em sede do direito de audiência, omitindo
qualquer valoração e apreciação dos mesmos, com violação do art. 60º, nº 7, da LGT, nem tendo feito quaisquer
diligências instrutórias complementares, como lhe impõe os arts. 58º do CPPT e art. 104º do CPA, as insuficiências
instrutórias do procedimento de reversão não são de molde a poder concluir-se com segurança que o sentido do
despacho final teria necessariamente de ter aquele conteúdo e não outro, pelo que não é de aplicar o princípio do
aproveitamento do acto”.
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Princípios Gerais
Princípio do acesso à justiça tributária – artigo 20.º, n.º 1 e 268.º, n.º 4 da CRP e
artigo 9.º da LGT;
Princípio da celeridade da justiça tributária – artigo 20.º, n.º 4 da CRP e artigo 97.º
da LGT;
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Princípios Gerais
“Na ausência de disposição legal que preveja a impugnabilidade autónoma do acto de inspecção
tributária, as eventuais ilegalidades verificadas no respectivo procedimento, de acordo com o
princípio da impugnação unitária vigente no processo tributário (art. 54.º do CPPT e 66.º da LGT)
apenas podem ser invocadas,
– ou na impugnação judicial do acto final do procedimento de avaliação da matéria tributável,
quando esta seja efectuada por métodos directos ou quando não conduza a liquidação (art. 86.º,
n.ºs 1 e 3, da LGT),
– ou na impugnação judicial do subsequente acto de liquidação, quando a correcção da matéria
tributável seja efectuada por métodos indirectos (art. 86.º, n.ºs 3 e 4, da LGT)”.
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Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais
Procedimento Tributário:
Reclamação Graciosa;
Pedido de Revisão Oficiosa;
Recurso Hierárquico;
…
Impugnação Judicial;
Pedido de Pronúncia Arbitral;
Ação Administrativa;
Oposição à Execução Fiscal;
Reclamação do Ato do Órgão de Execução Fiscal;
…
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Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais
Factos a partir dos quais se contam os prazos de RG, IJ e PPA – artigo 102.º do
CPPT:
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Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais
Notificação para ser regular tem de conter meios de reação – 36.º, n.º 2 do CPPT;
Caso não contenha, possível pedir complemento de notificação no prazo de:
o 30 dias; ou no prazo de
o reclamação;
o recurso;
o impugnação; ou
o outro meio judicial que desta decisão caiba – artigo 37.º, n.º 1 do CPPT;
Notificação atos procedimentais e processuais nos casos em que há mandatário
constituído:
o Na pessoa do mandatário – artigo 40.º, n.º 1 do CPPT;
o Na pessoa do mandatário e do interessado se notificação para a prática de ato
pessoal – artigo 40.º, n.º 2 do CPPT.
Se notificação contém meio de reação errado – artigo 37.º, n.º 4 do CPPT.
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Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais
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Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais
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Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais
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Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais
Pedido de Pronúncia Arbitral (Decreto Lei n.º 10/2011, de 20 de Janeiro e Portaria n.º 112-A/2011, de 22 de
Março):
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Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais
https://eco.pt/2018/04/02/fisco-perde-seis-em-cada-dez-contenciosos-porque/
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Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais
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Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais
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Contencioso tributário: dicotomia estrutural
Impugnação Judicial Ação Administrativa
Objecto: Objecto:
• 3 meses • 3 meses
• N.A. • A utilização de meios de impugnação administrativa
suspende o prazo de impugnação contenciosa do ato em
matéria tributária – artigo 59.º, n.º 4 do CPTA.
Contencioso de mera anulação: Contencioso de plena jurisdição:
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Princípios Gerais
Tendo o Tribunal concluído que a apreciação da decisão de indeferimento liminar da reclamação graciosa não
pode ser objecto de apreciação no meio processual de que os Recorrentes lançaram mão – impugnação judicial
– impunha-se-lhe que tivesse aferido da possibilidade da sua convolação para a forma adequada, in casu, acção
administrativa especial.
Se a causa de pedir e o pedido são compatíveis com a forma processual julgada adequada (acção
administrativa especial) e a petição inicial deu entrada em juízo antes de decorrido o prazo de três meses
previstos no artigo 58.º n.º 2 al. b) do Código de Processo nos Tribunais Administrativos impõe-se concluir
que nada obsta à ponderada convolação e, consequentemente, que a mesma deve oficiosamente ser ordenada,
anulando-se os actos que não possam ser aproveitados e praticados os que forem estritamente necessários para
que o processo se aproxime, quanto possível, da forma estabelecida pela lei (artigo 193.º do Código de
Processo Civil)”.
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Procedimento de Liquidação
Ato tributário
Apuramento da
Facto Tributário (Autoliquidação / Cobrança
matéria tributável
liquidação)
. . .
.
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Procedimento de Liquidação
Ato tributário
Apuramento da
Facto Tributário (Autoliquidação/ Cobrança
matéria tributável
liquidação)
.
Processo de Execução Fiscal
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Influência da utilização dos meios de discussão da legalidade da dívida
no PF
A dedução de RG, RH, IJ ou PPA não suspende, por si só, o processo de execução fiscal;
Para a suspensão do PEF tem de existir:
o Contencioso associado: RG, RH, IJ ou PPA;
o Prestação de garantia idónea (garantia bancária, caução, seguro-caução, hipoteca, penhor ou qualquer
meio suscetível de assegurar os créditos do exequente; deve ser prestada pelo valor da dívida, juros de
mora, custas acrescido de 25%; atualmente este valor consta da citação) – artigos 169.º e 199.º do CPPT;
ou
o Isenção de garantia (artigos 52.º, n.º 4 da LGT e 170.º do CPPT), nos casos em que:
a sua prestação causa prejuízo irreparável (i.e., insuscetível de quantificação pecuniária minimamente
precisa); ou
manifesta falta de meios económicos revelada pela inexistência ou insuficiência de bens penhoráveis
para pagamento da dívida, desde que essa inexistência ou insuficiência não seja imputável ao
executado.
O ónus da prova da verificação dos requisitos cabe ao executado.
o É sempre dispensada a prestação de garantia para dívidas em execução fiscal de valor inferior a:
€ 5000 para pessoas singulares; ou
€ 10 000 para pessoas coletivas – artigo 198.º, n.º 5 do CPPT.
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Legalidade vs. Exigibilidade da Dívida
Impugnação Judicial Oposição à Execução Fiscal
Fundamentos: Fundamentos:
• Qualquer ilegalidade – artigo 99.º do CPPT; • Taxativamente previstos na lei (artigo 204.º, do CPPT);
• Exemplos: • Exemplos:
a) falta de fundamentação; a) prescrição da dívida tributária;
b) erro na aplicação do direito. b) ilegitimidade da pessoa citada;
• Relacionados com a legalidade da dívida. • Relacionados com a exigibilidade da dívida.
Tipo de prazo: Tipo de prazo:
Tribunal Tributário competente – SITAF. Junto do SF competente que depois remete para o Tribunal
Tributário competente.
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Responsabilidade tributária subsidiária
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Responsabilidade tributária subsidiária
Projeto de Reversão;
Audição Prévia;
Citação:
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Outros atos lesivos praticados pelo Órgão de Execução Fiscal
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Caso Prático 1
O Senhor A foi notificado de uma liquidação adicional de IRS, no valor de € 3.500,00. Não concordando
com os fundamentos da liquidação invocados no Relatório de Inspeção Tributária, e não obstante ter pago o
montante de imposto liquidado adicionalmente, apresentou reclamação graciosa, tendo invocado o vício de
falta de fundamentação. A reclamação graciosa foi indeferida, tendo o Senhor A, nessa sequência,
apresentado impugnação judicial. Em sede de impugnação, além do vício de falta de fundamentação, o
Senhor A invocou o vício de erro na aplicação do Direito, por considerar que a AT estava a interpretar
erradamente o conceito de residência fiscal.
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Caso Prático 2
No âmbito de uma ação inspetiva cujo âmbito era o IRC de 2015, a empresa ABC foi notificada do Projeto
de Relatório de Inspeção e do facto de poder apresentar resposta em audição prévia ao mesmo no prazo de
15 dias.
1) Imagine que o gerente da empresa ABC o contactou na qualidade de advogado porque era
necessário organizar um grande volume de documentação para preparar a resposta em audição
prévia e receava que o prazo de 15 dias não fosse suficiente. Como o aconselharia?
2) Na sequência da notificação do Relatório de Inspeção à empresa ABC, imagine que o ato
liquidação adicional lhe é diretamente notificado a si, na qualidade de advogado. Quid Juris?
3) Ultrapassada a questão da notificação, a empresa ABC contacta-o porque pretende reagir ao ato
de liquidação adicional diretamente através da via judicial. Que alternativas lhe apresentaria?
4) Qual o meio judicial que aconselharia e porquê?
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Caso Prático 3
O Senhor B foi notificado de uma liquidação adicional de IVA, no valor de € 5.000,00, que pagou dentro do
prazo indicado para o efeito. Tendo ficado muito aborrecido com esta despesa inesperada, depois de pagar o
imposto, e apesar de discordar da liquidação, preferiu, durante algum tempo, não pensar mais neste assunto.
Quando finalmente decidiu dirigir-se ao escritório de um advogado para saber como podia contestar a
liquidação, este informou-o de que os prazos de impugnação judicial e de reclamação graciosa já se haviam
esgotado.
O pedido apresentado pelo Senhor B foi indeferido pela AT, com base na sua intempestividade, por se
considerar que apenas a AT pode beneficiar do prazo utilizado pelo Senhor B afirma para apresentar o
pedido.
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Caso Prático 4
O Senhor C foi notificado de uma liquidação de IUC relativamente a um veículo de que já não é
proprietário. Revoltado, dirigiu-se ao Serviço de Finanças da sua área de residência, onde foi informado que
poderia apresentar reclamação graciosa oralmente, o que fez. Nessa sequência, foi notificado da decisão, na
qual se podia ler apenas que “Fica por este meio notificado da decisão de indeferimento da reclamação
graciosa acima mais bem identificada, com a fundamentação que se anexa”. Recordando-se que o
funcionário do Serviço de Finanças havia dito que mesmo se a reclamação fosse indeferida, haveria mais
meios de reacção ao seu dispor, e nada dizendo a notificação, consultou um advogado a este respeito.
1) O que terá dito o advogado ao Senhor C?
Na sequência desta decisão, o Senhor C constituiu o Senhor Advogado como mandatário e interpôs recurso
hierárquico do indeferimento da reclamação graciosa. Antes, porém, inquiriu o Senhor Advogado sobre
quanto tempo demoraria a decisão, tendo o Senhor Advogado respondido que não podia prever. O Senhor C
questionou então o Senhor Advogado sobre a existência de algum meio de reação ao silêncio da AT, tendo
este afirmado que “Não se pode fazer nada, a não ser esperar”.
2) Concorda?
Decorrido um ano, o Senhor C foi notificado da decisão de indeferimento do recurso hierárquico, que
entregou ao Senhor Advogado.
3) Esta notificação é regular?
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Muito obrigada
pela atenção.
Sara Soares
Advogada
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