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O ETAF e o CPTA no
contencioso tributário
Faculdade de Direito da
Universidade do Porto
6 de Junho de 2018
Hierarquia das Fontes das Normas Jurídico-Tributárias

CRP

Direito UE e Tratados
Internacionais
LEI GERAL
TRIBUTÁRIA
CIRS CPPT
CIRC CPA
CIVA CPTA
ETAF
RGIT CC
CPC

ATO TRIBUTÁRIO =
ATO ADMINISTRATIVO
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Princípios Gerais

Da relação jurídico-tributária:

Princípio da legalidade fiscal – artigo 103.º, n.º 2 da CRP e artigo 8.º da LGT;

Princípio da capacidade contributiva – artigos 13.º, 103.º, n.º 1 e 104.º, n.º 1 da


CRP e artigo 4.º, n.º 1 da LGT;

Princípio da boa-fé – artigos 266.º, n.º 2 da CRP, artigo 59.º, n.º 2 da LG.

Princípio da estabilidade/previsibilidade e não retroatividade das normas fiscais –


artigos 1.º e 103.º, n.º 3 da CRP.

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Princípios Gerais

Princípio da boa-fé – Acórdão do STA, de 22.03.2018, processo n.º


03068/16.4BELRS:

“Porém, não podem nem devem ser esquecidos, e por isso aqui se repetem os seguintes factos: a recorrida
solicitou a emissão da guia de pagamento em 5.12.2013, e esta apenas foi entregue no dia 30 daquele mesmo
mês pelas 18h48m, ou seja, no último dia de pagamento fixado na lei, e por último, consta na guia de
pagamento a data de 31.12.2013, como a data de limite de pagamento”.

“Como referem Diogo Leite de Campos, Benjamim da Silva Rodrigues e Jorge Lopes de Sousa, na sua Lei
Geral Tributária Anotada, 3ª edição, pag. 278 esta exigência tem um conteúdo de carácter ético, impondo aos
intervenientes no procedimento tributário que actuem com lealdade e sinceridade recíprocas no decurso do
procedimento tributário, abstendo-se de actuações que possam enganar o outro interveniente, ou ocultando-
lhe elementos que possam ter proveito para a defesa das suas posições (…)”.

“É face ao que vem dito que entendemos, que o pagamento questionado embora efectuado no dia seguinte ao
terminus do prazo legal para cumprimento, deve ter-se como efectuado em tempo, isto porque, a guia de
pagamento remetida à recorrente identificou a data limite de pagamento o dia 31.12.2013”.

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Princípios Gerais

Do procedimento tributário:

Princípio da legalidade da atuação administrativa – artigo 266.º, n.º 2 da CRP e


artigo 55.º da LGT;

Princípio da verdade material – artigos 55.º e 58.º da LGT;

Princípio do inquisitório – artigo 58.º da LGT;

Princípio da participação – artigo 267.º, n.º 5 da CRP e artigo 60.º da LGT; prazo
regra de 15 dias que pode ser alargado até ao máximo de 25 dias (artigo 60.º, n.º 6
da LGT).

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Princípios Gerais

Princípio da participação – Acórdão do TCAN, de 24.10.2012, processo n.º 0548/12:

“Nos termos do disposto no art. 60º, nº 7, da LGT, se se tratar de elementos novos atinentes à matéria de facto,
poderá justificar-se a realização de novas diligências, oficiosamente ou a requerimento dos interessados, caso se
devam considerar como convenientes para apuramento da matéria factual em que deve assentar a decisão (arts. 58º da
LGT e 104º do CPA).
Sob pena de o direito de audiência se transformar num ritual inócuo, no qual recai sobre os argumentos e documentos
apresentados pelo contribuinte sobranceira indiferença, exige-se a sua análise pela administração, por forma a tomar
visível que a decisão do procedimento resulta de uma transparente ponderação dos elementos de facto e de direito
submetidos à sua apreciação.
O princípio do aproveitamento do acto administrativo apenas é admissível quando a intervenção do interessado no
procedimento tributário for inequivocamente insusceptível de influenciar a decisão final, o que acontece em geral nos
casos em que se esteja perante uma situação legal evidente ou se trate de actividade administrativa vinculada, não se
vislumbrando a mínima possibilidade de a audição poder ter influência sobre o conteúdo da decisão.
Não estando em causa actividade vinculada nem uma solução legal evidente e tendo a Administração Fiscal feito
tábua rasa quanto aos elementos factuais novos invocados pelo oponente em sede do direito de audiência, omitindo
qualquer valoração e apreciação dos mesmos, com violação do art. 60º, nº 7, da LGT, nem tendo feito quaisquer
diligências instrutórias complementares, como lhe impõe os arts. 58º do CPPT e art. 104º do CPA, as insuficiências
instrutórias do procedimento de reversão não são de molde a poder concluir-se com segurança que o sentido do
despacho final teria necessariamente de ter aquele conteúdo e não outro, pelo que não é de aplicar o princípio do
aproveitamento do acto”.

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Princípios Gerais

Do processo judicial tributário:

Princípio do acesso à justiça tributária – artigo 20.º, n.º 1 e 268.º, n.º 4 da CRP e
artigo 9.º da LGT;

Princípio da celeridade da justiça tributária – artigo 20.º, n.º 4 da CRP e artigo 97.º
da LGT;

Princípio da igualdade de meios processuais – artigo 13.º da CRP e artigo 98.º da


LGT;

Princípio da impugnação unitária – artigo 54.º do CPPT e artigo 66.º da LGT;

Princípio do inquisitório – artigo 99.º da LGT e artigo 13.º, n.º 1 do CPPT.

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Princípios Gerais

Princípio da impugnação unitária – Acórdão do TCAN, de 12.05.2010, processo n.º


01534/09.7BEBRG:

“Na ausência de disposição legal que preveja a impugnabilidade autónoma do acto de inspecção
tributária, as eventuais ilegalidades verificadas no respectivo procedimento, de acordo com o
princípio da impugnação unitária vigente no processo tributário (art. 54.º do CPPT e 66.º da LGT)
apenas podem ser invocadas,
– ou na impugnação judicial do acto final do procedimento de avaliação da matéria tributável,
quando esta seja efectuada por métodos directos ou quando não conduza a liquidação (art. 86.º,
n.ºs 1 e 3, da LGT),
– ou na impugnação judicial do subsequente acto de liquidação, quando a correcção da matéria
tributável seja efectuada por métodos indirectos (art. 86.º, n.ºs 3 e 4, da LGT)”.

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Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais

Procedimento Tributário:

Reclamação Graciosa;
Pedido de Revisão Oficiosa;
Recurso Hierárquico;

Processo Judicial Tributário:

Impugnação Judicial;
Pedido de Pronúncia Arbitral;
Ação Administrativa;
Oposição à Execução Fiscal;
Reclamação do Ato do Órgão de Execução Fiscal;

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Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais

Factos a partir dos quais se contam os prazos de RG, IJ e PPA – artigo 102.º do
CPPT:

a) Termo do prazo para pagamento voluntário das prestações tributárias legalmente


notificadas ao contribuinte (se não indicado, 30 dias da notificação – artigo 85.º, n.º
2 do CPPT);
b) Notificação dos restantes atos tributários, mesmo quando não dêem origem a
qualquer liquidação;
c) Citação dos responsáveis subsidiários em processo de execução fiscal;
d) Formação da presunção de indeferimento tácito;
e) Notificação dos restantes atos que possam ser objeto de impugnação autónoma
nos termos deste Código;
f) Conhecimento dos atos lesivos dos interesses legalmente protegidos não
abrangidos nas alíneas anteriores.

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Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais

Notificação atos tributários:

Notificação para ser regular tem de conter meios de reação – 36.º, n.º 2 do CPPT;
Caso não contenha, possível pedir complemento de notificação no prazo de:
o 30 dias; ou no prazo de
o reclamação;
o recurso;
o impugnação; ou
o outro meio judicial que desta decisão caiba – artigo 37.º, n.º 1 do CPPT;
Notificação atos procedimentais e processuais nos casos em que há mandatário
constituído:
o Na pessoa do mandatário – artigo 40.º, n.º 1 do CPPT;
o Na pessoa do mandatário e do interessado se notificação para a prática de ato
pessoal – artigo 40.º, n.º 2 do CPPT.
Se notificação contém meio de reação errado – artigo 37.º, n.º 4 do CPPT.

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Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais

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Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais

Reclamação Graciosa (artigos 68.º e seguintes do CPPT):

Informalidade de termos (articulado ou não);


Não implica o pagamento de qualquer taxa;
Apresentação:
o Quando: 120 dias contados dos factos do artigo 102.º do CPPT (regra);
o Onde: no SF do domicílio/sede/situação dos bens/ liquidação mas dirigida ao Diretor de
Finanças;
Regra: facultativa mas há casos em que é obrigatória, com prazos diferentes do regra:
o Autoliquidação – no prazo de 2 anos após apresentação declaração (artigo 131.º, n.º 1 do
CPPT);
o Retenção na Fonte – no prazo de 2 anos a contar do termo do ano do pagamento indevido
(artigo 132.º, n.ºs 2 e 3 do CPPT);
o Pagamentos por Conta – no prazo de 30 dias após o pagamento indevido (artigo 133.º, n.º 2 do
CPPT);
o Liquidações de Taxas das AL – no prazo de 30 dias contados da notificação da liquidação
(artigo 16.º, n.ºs 2 e 5 do RGTAL);
Prazo para ser decidida pela AT: 4 meses contados da entrada no serviço competente para a
decisão (artigo 57.º, n.ºs 1 e 5 da LGT).
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Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais

Recurso Hierárquico (artigos 66.º a 70.º do CPPT):

Não implica o pagamento de qualquer taxa;


Apresentação (artigo 66.º, n.º 2 do CPPT):
o Quando: 30 dias contados da notificação do ato recorrido ou da formação da
presunção de indeferimento tácito;
o Onde: junto do autor do ato recorrido mas dirigido ao superior hierárquico;
Prazo para ser decidido pela AT: 60 dias contados da remessa para o órgão competente
para a decisão (artigos 66.º, n.º 5 do CPPT e 57.º, n.ºs 1 e 5 da LGT).

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Impugnação Judicial (artigos 99.º e seguintes do CPPT):

Implica o pagamento de taxa de justiça (depende do valor da causa);


Apresentação:
o Quando:
3 meses contados dos factos do artigo 102.º do CPPT;
prazo conta-se nos termos do artigo 279.º do CC e do CPC, pelo que se terminar em férias
judiciais, passa para primeiro dia útil seguinte – artigos 20.º do CPPT, 279.º CC e 138.º, n.º
2 do CPC;
Natureza substantiva e não processual – não se aplica regra apresentação mediante
pagamento de multa prevista no artigo 139.º, n.º 5 do CPC.
o Onde: SF onde haja sido/deva considerar-se praticado o ato ou junto do Tribunal Tributário
competente – artigo 103.º, n.º 1 do CPPT e DL n.º 325/2003, de 29 de Dezembro;
o Como:
por via eletrónica: SITAF (cfr. Portaria n.º 380/2017, de 19 de Dezembro) ou correio
eletrónico;
em suporte físico: entrega na secretaria judicial, remessa pelo correio (sob registo) e envio
através de telecópia.

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Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais

Pedido de Pronúncia Arbitral (Decreto Lei n.º 10/2011, de 20 de Janeiro e Portaria n.º 112-A/2011, de 22 de
Março):

Implica o pagamento de taxa arbitral (depende do valor da causa e da designação ou não


de árbitro);
Apresentação:
o Quando:
90 dias contados dos factos do artigo 102.º do CPPT (regra);
Artigo 3.º-A do RJAT levanta a questão: contagem do prazo do PPA nos termos
do CPA (suspensão aos sábados, domingos e feriados) ou do 279.º do CC ex vi
artigo 20.º do CPPT?
o Onde: dirigido ao Presidente do CAAD (o Tribunal Arbitral só se considera
constituído após notificação da designação dos árbitros);
o Como: através da plataforma do CAAD.

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Quanto à via judicial:

Impugnação Judicial ou Pedido de Pronúncia Arbitral?

“A estatística é do Centro de Arbitragem Administrativa, o CAAD: em 2017, os


contribuintes ganharam 60% dos casos disputados nestas instâncias. Mas esta não é uma
tendência exclusiva dos tribunais arbitrais. “De acordo com os dados publicados
recentemente pela OCDE, no último ano, por exemplo, o sentido de decisão dos tribunais
arbitrais tributários está alinhado com o dos tribunais estaduais”, relembra o diretor do
CAAD, Nuno Villa-Lobos”.

https://eco.pt/2018/04/02/fisco-perde-seis-em-cada-dez-contenciosos-porque/

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Contencioso tributário: meios procedimentais e processuais

Pedido de revisão oficiosa do ato tributário (PRO) (artigo 78.º, da LGT):

Pode existir por iniciativa do sujeito passivo ou da AT;


Por iniciativa do sujeito passivo:
• no prazo da reclamação administrativa;
• com fundamento em qualquer ilegalidade;
Por iniciativa da AT:
• se o tributo tiver sido pago: no prazo de 4 anos após a liquidação;
• se o tributo não tiver sido pago: a todo o tempo;
• com fundamento em erro imputável aos serviços.
Entendimento Jurisprudência: a revisão oficiosa por iniciativa da AT pode ocorrer a
pedido do sujeito passivo, no prazo de 4 anos;
Utilizado como válvula de escape (após decurso dos prazos de RG/IJ);
Caso particular da autoliquidação: revogação do n.º 2 do artigo 78.º, da LGT pela LOE
2016.

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Pedido de revisão oficiosa do ato tributário – Acórdão do STA, 04.05.2016, processo


n.º 0407/15:

“É hoje jurisprudência consolidada que, podendo a AT, por sua iniciativa,


proceder à revisão oficiosa do acto tributário, no prazo de quatro anos após a
liquidação ou a todo o tempo se o tributo ainda não tiver sido pago, com fundamento
em erro imputável aos serviços (art. 78.º, n.º 1, da Lei Geral Tributária), também o
contribuinte pode, naquele prazo da revisão oficiosa, pedir esta mesma revisão com
aquele fundamento.
Deve considerar-se como erro imputável aos serviços o vício de violação de lei
por erro nos pressupostos de facto, quando os factos foram apurados pela AT que,
com base neles, procedeu à correcção do lucro tributável declarado e à liquidação
adicional do imposto”.

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Contencioso tributário: dicotomia estrutural
Impugnação Judicial Ação Administrativa
Objecto: Objecto:

• atos de liquidação de tributos (incluindo parafiscais, • indeferimento total ou parcial ou da revogação de


autoliquidação, retenção na fonte e pagamento por conta) – isenções ou outros benefícios fiscais, quando dependentes
artigo 97.º, n.º 1, alíneas a) a g) do CPPT. de reconhecimento da AT;
• outros atos administrativos relativos a questões tributárias
que não comportem apreciação da legalidade do ato de
liquidação (ex.: indeferimento PRO por intempestividade) –
artigo 97.º, n.º 1 p) e n.º 2 do CPPT.
Contagem do prazo da IJ: Contagem do prazo da AA:

• 3 meses • 3 meses
• N.A. • A utilização de meios de impugnação administrativa
suspende o prazo de impugnação contenciosa do ato em
matéria tributária – artigo 59.º, n.º 4 do CPTA.
Contencioso de mera anulação: Contencioso de plena jurisdição:

Limitação dos poderes de pronúncia do Tribunal: Poderes de pronúncia do Tribunal incluem:

• declaração de nulidade ou de inexistência ou anulação do • a declaração de nulidade ou de inexistência ou anulação


ato impugnado (embora também se admita condenação da do ato impugnado; e
AT ao pagamento de juros indemnizatórios e de • a condenação da AT à prática do ato devido.
indemnização por garantia indevidamente prestada).

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Princípios Gerais

IJ vs. AA – Acórdão do TCAS, de 05.11.2015, processo n.º 06246/12:

“A utilização do processo de impugnação judicial ou da acção administrativa especial depende do conteúdo do


acto impugnado: se este comporta a apreciação da legalidade de um acto de liquidação será aplicável o
processo de impugnação judicial; se não comporta uma apreciação desse tipo é aplicável o recurso
contencioso/acção administrativa especial (artigo 97.º n.ºs 1 e 2 do CPPT).

Tendo o Tribunal concluído que a apreciação da decisão de indeferimento liminar da reclamação graciosa não
pode ser objecto de apreciação no meio processual de que os Recorrentes lançaram mão – impugnação judicial
– impunha-se-lhe que tivesse aferido da possibilidade da sua convolação para a forma adequada, in casu, acção
administrativa especial.

Se a causa de pedir e o pedido são compatíveis com a forma processual julgada adequada (acção
administrativa especial) e a petição inicial deu entrada em juízo antes de decorrido o prazo de três meses
previstos no artigo 58.º n.º 2 al. b) do Código de Processo nos Tribunais Administrativos impõe-se concluir
que nada obsta à ponderada convolação e, consequentemente, que a mesma deve oficiosamente ser ordenada,
anulando-se os actos que não possam ser aproveitados e praticados os que forem estritamente necessários para
que o processo se aproxime, quanto possível, da forma estabelecida pela lei (artigo 193.º do Código de
Processo Civil)”.

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Procedimento de Liquidação

Ato tributário
Apuramento da
Facto Tributário (Autoliquidação / Cobrança
matéria tributável
liquidação)

. . .
.

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Procedimento de Liquidação

Ato tributário
Apuramento da
Facto Tributário (Autoliquidação/ Cobrança
matéria tributável
liquidação)

.
Processo de Execução Fiscal

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Influência da utilização dos meios de discussão da legalidade da dívida
no PF

Suspensão do processo de execução fiscal:

A dedução de RG, RH, IJ ou PPA não suspende, por si só, o processo de execução fiscal;
Para a suspensão do PEF tem de existir:
o Contencioso associado: RG, RH, IJ ou PPA;
o Prestação de garantia idónea (garantia bancária, caução, seguro-caução, hipoteca, penhor ou qualquer
meio suscetível de assegurar os créditos do exequente; deve ser prestada pelo valor da dívida, juros de
mora, custas acrescido de 25%; atualmente este valor consta da citação) – artigos 169.º e 199.º do CPPT;
ou
o Isenção de garantia (artigos 52.º, n.º 4 da LGT e 170.º do CPPT), nos casos em que:
a sua prestação causa prejuízo irreparável (i.e., insuscetível de quantificação pecuniária minimamente
precisa); ou
manifesta falta de meios económicos revelada pela inexistência ou insuficiência de bens penhoráveis
para pagamento da dívida, desde que essa inexistência ou insuficiência não seja imputável ao
executado.
O ónus da prova da verificação dos requisitos cabe ao executado.
o É sempre dispensada a prestação de garantia para dívidas em execução fiscal de valor inferior a:
€ 5000 para pessoas singulares; ou
€ 10 000 para pessoas coletivas – artigo 198.º, n.º 5 do CPPT.

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Legalidade vs. Exigibilidade da Dívida
Impugnação Judicial Oposição à Execução Fiscal
Fundamentos: Fundamentos:

• Qualquer ilegalidade – artigo 99.º do CPPT; • Taxativamente previstos na lei (artigo 204.º, do CPPT);
• Exemplos: • Exemplos:
a) falta de fundamentação; a) prescrição da dívida tributária;
b) erro na aplicação do direito. b) ilegitimidade da pessoa citada;
• Relacionados com a legalidade da dívida. • Relacionados com a exigibilidade da dívida.
Tipo de prazo: Tipo de prazo:

• substantivo (não processual); • processual porque o processo de execução fiscal é judicial


• não é possível apresentar IJ com multa; (artigo 103.º, n.º 1 da LGT)l;
• mas se prazo terminar em dia em que os tribunais estejam • suspende em férias judicias;
encerrados, passa para o 1.º dia útil seguinte. • oposição pode ser apresentada com multa.
Apresentação: Apresentação:

Tribunal Tributário competente – SITAF. Junto do SF competente que depois remete para o Tribunal
Tributário competente.

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Responsabilidade tributária subsidiária

Efetivada através da Reversão do Processo de Execução Fiscal (artigos 23.º e 24.º da


LGT):

Quem? Gerente /Administrador de Facto


Dívidas Tributárias + Conexão
O quê?
Temporal
1) Inexistência/Insuficiência Bens
Penhoráveis;
Porquê? 2) Gerência/Administração de
Facto;
3) Culpa na Insuficiência do
Património.

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Responsabilidade tributária subsidiária

Efetiva-se através da Reversão do Processo de Execução Fiscal:

Projeto de Reversão;

Audição Prévia;

Citação:

• Declaração Fundamentada dos Pressupostos e Extensão da Reversão – Artigo 23.º, n.º 4, da


LGT;
• Elementos Essenciais da Liquidação e respetiva Fundamentação – Artigo 22.º, n.º 5, da LGT –
se em falta = nulidade da citação a ser arguida junto do OEF no prazo da oposição.

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Outros atos lesivos praticados pelo Órgão de Execução Fiscal

Podem ser sindicados através da Reclamação do Ato do Órgão de Execução Fiscal


(artigos 276.º e seguintes do CPPT);

Objeto: quaisquer atos do processo de execução fiscal que afetem os direitos e


interesses legítimos do executado ou de terceiro; ex.: indeferimento de pedido de
pagamento em prestações; acto de penhora;
Prazo: 10 dias;
Apresentação: junto do Serviço de Finanças competente (embora dirigido ao
tribunal tributário competente);
Tem efeito de suspender o processo de execução fiscal (segundo jurisprudência
pacífica);
Tem natureza urgente.

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Caso Prático 1

O Senhor A foi notificado de uma liquidação adicional de IRS, no valor de € 3.500,00. Não concordando
com os fundamentos da liquidação invocados no Relatório de Inspeção Tributária, e não obstante ter pago o
montante de imposto liquidado adicionalmente, apresentou reclamação graciosa, tendo invocado o vício de
falta de fundamentação. A reclamação graciosa foi indeferida, tendo o Senhor A, nessa sequência,
apresentado impugnação judicial. Em sede de impugnação, além do vício de falta de fundamentação, o
Senhor A invocou o vício de erro na aplicação do Direito, por considerar que a AT estava a interpretar
erradamente o conceito de residência fiscal.

1) Qual terá sido o pedido formulado em sede de reclamação graciosa?


2) Tendo mudado há pouco tempo de casa, o Senhor A confundiu-se e em vez de apresentar a
reclamação graciosa no Serviço de Finanças da área do seu novo domicílio, apresentou no da
antiga. Quid juris?
3) Pode o Senhor A invocar vícios diferentes, relativamente ao mesmo ato tributário, em sede de
reclamação graciosa e de impugnação judicial?
4) Que outros meios tinha o Senhor A ao seu dispor para contestar este ato de liquidação e em que
prazos?

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Caso Prático 2

No âmbito de uma ação inspetiva cujo âmbito era o IRC de 2015, a empresa ABC foi notificada do Projeto
de Relatório de Inspeção e do facto de poder apresentar resposta em audição prévia ao mesmo no prazo de
15 dias.

1) Imagine que o gerente da empresa ABC o contactou na qualidade de advogado porque era
necessário organizar um grande volume de documentação para preparar a resposta em audição
prévia e receava que o prazo de 15 dias não fosse suficiente. Como o aconselharia?
2) Na sequência da notificação do Relatório de Inspeção à empresa ABC, imagine que o ato
liquidação adicional lhe é diretamente notificado a si, na qualidade de advogado. Quid Juris?
3) Ultrapassada a questão da notificação, a empresa ABC contacta-o porque pretende reagir ao ato
de liquidação adicional diretamente através da via judicial. Que alternativas lhe apresentaria?
4) Qual o meio judicial que aconselharia e porquê?

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Caso Prático 3

O Senhor B foi notificado de uma liquidação adicional de IVA, no valor de € 5.000,00, que pagou dentro do
prazo indicado para o efeito. Tendo ficado muito aborrecido com esta despesa inesperada, depois de pagar o
imposto, e apesar de discordar da liquidação, preferiu, durante algum tempo, não pensar mais neste assunto.
Quando finalmente decidiu dirigir-se ao escritório de um advogado para saber como podia contestar a
liquidação, este informou-o de que os prazos de impugnação judicial e de reclamação graciosa já se haviam
esgotado.

1) Haverá alguma outra forma de o Senhor B conseguir contestar o ato de liquidação?


2) Em que prazo?

O pedido apresentado pelo Senhor B foi indeferido pela AT, com base na sua intempestividade, por se
considerar que apenas a AT pode beneficiar do prazo utilizado pelo Senhor B afirma para apresentar o
pedido.

3) Como pode o Senhor B reagir a esta decisão?


4) A resposta anterior seria diferente caso o Senhor B reagisse ao indeferimento tácito do pedido?

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Caso Prático 4

O Senhor C foi notificado de uma liquidação de IUC relativamente a um veículo de que já não é
proprietário. Revoltado, dirigiu-se ao Serviço de Finanças da sua área de residência, onde foi informado que
poderia apresentar reclamação graciosa oralmente, o que fez. Nessa sequência, foi notificado da decisão, na
qual se podia ler apenas que “Fica por este meio notificado da decisão de indeferimento da reclamação
graciosa acima mais bem identificada, com a fundamentação que se anexa”. Recordando-se que o
funcionário do Serviço de Finanças havia dito que mesmo se a reclamação fosse indeferida, haveria mais
meios de reacção ao seu dispor, e nada dizendo a notificação, consultou um advogado a este respeito.
1) O que terá dito o advogado ao Senhor C?

Na sequência desta decisão, o Senhor C constituiu o Senhor Advogado como mandatário e interpôs recurso
hierárquico do indeferimento da reclamação graciosa. Antes, porém, inquiriu o Senhor Advogado sobre
quanto tempo demoraria a decisão, tendo o Senhor Advogado respondido que não podia prever. O Senhor C
questionou então o Senhor Advogado sobre a existência de algum meio de reação ao silêncio da AT, tendo
este afirmado que “Não se pode fazer nada, a não ser esperar”.
2) Concorda?

Decorrido um ano, o Senhor C foi notificado da decisão de indeferimento do recurso hierárquico, que
entregou ao Senhor Advogado.
3) Esta notificação é regular?
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Muito obrigada
pela atenção.

Sara Soares
Advogada
sara.soares@abreuadvogados.com

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