Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Mestrado Jurídico-Forense
fiscal. Mas não só, a reserva de competência legislativa da Assembleia também inclui a definição
dos crimes fiscais e o estabelecimento do regime das contraordenações fiscais (artigo 165.º/1/c e
d CRP). Assim sendo, a lei exigida pelo princípio da legalidade será sempre uma lei emitida pela
Assembleia da República.
1.3. Princípio da colaboração recíproca (artigo 59.º LGT, artigo 7.º CPA)
Entre a Administração e o contribuinte surge um dever de colaboração recíproca. Do lado
da Administração, abrange informações de natureza tributária que interesse aos contribuintes. A
exigência de colaboração que a Administração pode impor ao contribuinte deve ser adequada e
proporcional aos objetivos a atingir por esta. Assim, exige-se que o pedido de colaboração deva
ser adequado à satisfação das necessidades do procedimento tributário. No entanto, não basta que
exista colaboração entre estas duas entidades, é sim necessário que ela exista em tempo útil.
2.1.1. Princípio da plenitude dos meios processuais (artigo 97.º/2 LGT, artigo 268.º/4 CRP,
artigo 147.º CPPT e artigo 193.º CC)
A existência deste princípio impõe a necessidade de um meio adequado para fazer valer
um qualquer direito do contribuinte em juízo. No entanto, não basta que seja um qualquer meio,
mas sim o meio “mais adequado”, não sendo excessivamente oneroso para qualquer uma das
partes e permitir tanto que o contribuinte veja os seus direitos garantidos e o Estado consiga
cumprir as suas funções. Este princípio tem estreita ligação com o direito de acesso aos tribunais
como direito ao processo.
Fala-se numa necessidade de simplificação do processo, na medida em que se não for
escolhida o meio mais adequado caímos na possibilidade de haver um dispêndio excessivo de
recursos por parte do Estado.
A indicação pela Administração de um meio processual errado leva à não consumação da
caducidade do direito de acionar o meio para defesa do interesse ou do contribuinte ou do Estado.
Pretende-se conferir um sentido útil à obrigação imposta à Administração de indicar ao
administrado os seus meios de defesa.
2.1.7. Princípio do contraditório (artigo 3.º CC, artigo 2.º CPPT e 267.º/5 CRP)
O princípio do contraditório assegura o princípio da igualdade de partes.
Se o ónus implica que a prova caiba a quem a invocou, a partir do momento em que é
apresentada uma prova e os factos podem ser valorados, irão aproveitar a todos. Mas isto pode ter
resultados negativos. Não interessa, no fundo, quem traz a prova nem o que ela quer provar, mas
sim efetivamente o que ela provou.
2. Procedimento de informação vinculativa: noção e objeto (artigo 68.º LGT e 57.º CPPT)
O procedimento de informação vinculativa é um procedimento pré-liquidatório de
natureza informativa, na medida em que tem lugar antes da liquidação de um tributo. O
destinatário deste procedimento é o contribuinte e tem como objetivo, por um lado facilitar o
cumprimento de obrigações fiscais tendo em conta a abundância de legislação fiscal e, por outro,
facultar aos contribuintes um meio diligente e eficaz de prestação de informações. Este
procedimento é uma densificação do direito à informação enquanto garantia dos contribuintes.
O objeto deste procedimento será um pedido de informação que pode recair sobre duas
factualidades (artigo 68.º/1 LGT):
a) Uma concreta situação tributária dos contribuintes;
b) Os pressupostos de quaisquer benefícios fiscais: quando o despacho recair sobre os
pressupostos de um benefício fiscal dependente de reconhecimento é necessário que os
interessados o requeiram autonomamente (artigo 57.º/2 CPPT). Apresentado o pedido de
reconhecimento de benefícios fiscais (artigo 65.º CPPT) que tenha sido precedido com o
pedido de informação vinculativa, este é apensado a requerimento do interessado,
devendo a entidade competente para a decisão conformar-se com o anterior despacho.
Vamos chamar a Administração para esta se pronunciar acerca de uma lei num momento
em que ainda não há conflito, momento este que serve para ela orientar, indicar e esclarecer o
contribuinte do que será o seu entendimento. Aqui vai-se reduzindo a incerteza e a insegurança
de quem vai ter de realizar uma operação com impacto fiscal. As informações vinculativas são
um instrumento que permitem numa intervenção antecipada da Administração Tributária,
deslocando-a de uma intervenção a posteriori que ocorre em fase de inspeção e fiscalização, para
uma intervenção à priori relativamente à própria realização dos factos tributários ou a realização
das consequências jurídicas decorrentes desses mesmos factos. A informação vinculativa está
vinculada ao princípio da colaboração (artigo 59.º/3/e), havendo uma antecipação de caráter
informativo da Administração ao contribuinte, esclarece o sentido de uma norma jurídica.
b) Não é legítima a invocação de efeitos erga omnes, por qualquer pessoa, da informação
prestada;
c) É uma vinculação sujeita a condição na medida em que ela apenas se verifica a partir da
notificação da informação (artigo 57.º/1 LGT);
d) É uma vinculação relativa, ou seja, a informação prestada cede perante uma decisão em
contrário dos tribunais (artigo 68.º/14 LGT). Procura-se assegurar a independência dos
órgãos jurisdicionais, não os sujeitando a prévias decisões administrativas que tivessem
sido tomadas sobre determinado caso concreto. Esta é uma exigência do princípio do
Estado de Direito democrático que impõe que as decisões dos tribunais sejam obrigatórias
para todas as entidades públicas e privadas e prevaleçam sobre as de quaisquer outras
autoridades (artigo 205.º/2 CRP).
dos rendimentos sujeitos a imposto, mas quando tal não seja absolutamente possível, teremos de
o presumir através do procedimento de avaliação indireta. A conclusão de sabermos se é ou não
possível apurar o valor real não é algo imediato, que possamos conhecer à priori, será sim fruto
de um processo inquisitório com vista a recolher elementos para podermos chegar ao ponto de
saber se é possível uma avaliação direta ou não.
Para além da relação de subsidiariedade, a avaliação indireta é também um meio
excecional, isto é, só tem lugar dentro dos casos e das circunstâncias que estão legalmente
previstas.
2.2. Os pressupostos
2.2.1. Situações não patológicas
2.2.1.1. A aplicação do regime simplificado de tributação (artigo 87.º/1/a)
Os sujeitos passivos de IRS e IRC que recebem rendimentos provenientes de atividades
empresariais e profissionais são objeto de um conjunto de regras de cálculo do respetivo imposto,
baseadas na diferença entre rendimentos (ganhos) e gastos (custos e perdas). Este será o regime
normal de tributação.
No entanto, por vezes a aplicação de tal regime acarreta uma serie de operações e
obrigações que, em face do diminuto valor que as respetivas transações envolvem, se poderiam
revelar um entrave no desenvolvimento das relações financeiras. Para situações como esta, o
legislador criou o regime simplificado de tributação. Este regime consiste num conjunto
especial de regras de determinação dos rendimentos sujeitos a imposto, baseadas numa estimativa
ou presunção legal.
Quais são os sujeitos a que estão vinculados a este regime e como se calcula o imposto
nestes casos?
a) Os sujeitos abrangidos pelo regime simplificado são as pessoas singulares beneficiárias
de rendimentos da categoria B, que não optaram pelo regime normal de contabilidade
organizada, não tenham ultrapassado na sua atividade e no período de tributação anterior
um montante anual líquido de rendimentos desta categoria superior a 150.000€;
b) Quanto ao cálculo do imposto é de considerar o seguinte:
• O apuramento de rendimento ou do lucro tributável resulta da aplicação de
indicadores de base técnico-científica definidos para os diferentes setores da
atividade económica;
• Na ausência dos indicadores de base técnico-científica ou até à sua aprovação,
aplicam-se determinados coeficientes legalmente previstos, aos rendimentos
auferidos.
O regime simplificado não é um regime subsidiário face à avaliação direta, ou seja, ele
não se aplica quando não seja possível uma avaliação direta dos rendimentos sujeitos a imposto,
mas é sim uma via alternativa de determinação do rendimento de natureza opcional, tendo em
cota que resulta da opção do sujeito passivo.
2.2.2.2. A matéria tributável do sujeito passivo se afastar, sem razão justificada, da que resultaria
da aplicação de determinados indicadores objetivos da atividade de base técnico-
científica (artigo 87.º/1/c).
Neste grupo de casos, que parece apenas dizer respeito a sujeitos passivos de IRS categoria B e
IRC, não estamos perante a inexistência ou defeitos formais da contabilidade e das declarações.
Aqui estamos perante verdadeiros defeitos substanciais da contabilidade e das declarações,
tendo em conta que estão a ser apresentados valores que embora formalmente possam estar
corretos, eles afastam-se de certos valores objetivos mais adequados. Quais são esses valores
objetivos mais adequados? São os indicadores objetivos de base técnico-científica.
A aplicação dos métodos indiretos com base neste fundamento apenas poderá ser efetuada
no caso de, cumulativamente:
a) O sujeito passivo não apresentar, na declaração em que a liquidação se baseia, razoes
justificativas desse afastamento. O afastamento terá de ser:
i. De mais 30% para menos da matéria tributável por si declarada;
ii. De mais de 15% para menos durante três anos seguidos da matéria tributável por
si declarada;
b) Estejam decorridos mais de 3 anos sobre o início da atividade.
Em qualquer um destes casos pode recorrer-se à avaliação por métodos indiretos, desde
que:
a) Falte a declaração de rendimentos e exista uma manifestação de fortuna;
Ou seja, o contribuinte não declara rendimentos e evidencia as manifestações de fortuna
previstas na tabela do número 4. Aqui pode haver e pode porquê? Porque o contribuinte tem de
justificar o afastamento.
b) Existindo declaração, se verifique uma desproporção superior a 30%, para menos,
em relação ao rendimento padrão definido (artigo 89.º-A/1).
O legislador neste caso exige que haja uma desproporção entre os rendimentos declarados
e o rendimento padrão associado a cada manifestação de fortuna. A cada manifestação de fortuna
está associado um rendimento padrão, com uma função bidirecional, tendo em conta que ele serve
como:
A desproporção tem de ser superior a 30%. Imaginemos que o contribuinte auferiu 10.000€
de rendimentos no ano que adquiriu um imóvel por 500.000€. Será possível aplicar o regime das
manifestações de fortuna? Para já há uma manifestação de fortuna porque é superior a 250.000€. E qual é
o rendimento padrão? Será 20% de 500.000, ou seja, 100.000€. Há desproporção superior a 30% para menos
entre o rendimento declarado (10.000€) e o padrão (100.000€)? O rendimento declarado é 90% superior ao
rendimento padrão (100.000 – 30% daria um rendimento de 70.000€ o que não é a realidade).
Estas situações, no ponto de vista da situação, não podem ser tratadas da mesma maneira.
Este entendimento relativamente à relevância de uma justificação parcial reconhece que a
justificação parcial não afasta a aplicação do regime mesmo nos termos da lei, no número 3, exige
que o sujeito passivo faça prova da origem das manifestações de fortuna, o que não consegue na
totalidade. A justificação parcial não influencia a verificação dos pressupostos no sentido de
afastar a aplicação do regime, mas é tida em conta no que diz respeito à quantificação. Como é
que se faz a quantificação?
• Se não houver indícios de rendimento superior, faz-se pelo rendimento padrão.
Falta saber como é que o contribuinte pode reagir à decisão de avaliação indireta com
base nas manifestações de fortuna. O regime de reação consta do artigo 89.º-A/7. O artigo 89.º-
A/7 diz-nos que o meio de reação é o recurso a tramitar com efeito suspensivo, urgente (artigo
146.º-B do CPPT).
O artigo 89.º-A/7 diz que não é possível o procedimento constante no artigo 91.º. Há
aqui uma exceção ao princípio da impugnação unitária previsto no artigo 54.º. O legislador
prevê que haja recurso imediato para o tribunal de uma avaliação indireta. Relativamente ao
recurso em si, ele deve ser interposto no prazo de 10 dias e, nos termos do artigo 146.º/b, está
limitado a prova documental. Não há aqui lugar ao pedido de revisão da matéria tributável fixada
no artigo 91.º. Estamos perante um regime impugnatório diferente do que vale para a impugnação
da avaliação indireta tradicional. A este recurso deve-lhe ser dirigida algumas críticas:
2.2.2.4. Os sujeitos passivos apresentarem, sem razão justificada, resultados tributáveis nulos ou
prejuízos fiscais durante vários exercícios consecutivos (artigo 87.º/1/e).
Neste grupo incluem-se os casos que maiores suspeitas podem suscitar à Administração tributária,
isto é, as situações de prejuízos fiscais (os rendimentos são menores que os gastos) sistemáticos
e não justificados. Se um dos sujeitos passivos que se dedicam à atividade empresarial ou
profissional e que apresentem continuamente e sem justificação prejuízos à Administração é
porque:
a) Ou não tem aptidão para o exercício da atividade em causa e aqui introduz-se um fator
de responsabilização;
b) Ou está a faltar à verdade, justificando-se o recurso a métodos indiretos de tributação.
Para se recorrer a este método de avaliação indireta não se poderá tratar apenas de um
prejuízo, mas sim de prejuízos continuados e por isso se entende resultados negativos durante 3
anos consecutivos (salvo nos casos de início de atividade, em que a contagem se faz após o
terceiro ano) ou em 3 anos durante um período de 5.
Permite-se abrir a avaliação indireta a realidades que não estavam consideradas na tabela
das manifestações de fortuna e que se incluem nesta alínea. Em termos intencionais, esta norma
permite ultrapassar a taxatividade das manifestações de fortuna. Esta norma quantifica de forma
exata o valor do acréscimo patrimonial que tem relevância para estes efeitos. Esta situação está
resolvida no artigo 89.º-A/3, no que diz respeito à possibilidade da prova do contribuinte e no
artigo 89.º-A/5, a quantificação da matéria tributável que basicamente passa pela alínea a) do
número 5 onde se considera como rendimento tributável a diferença entre o acréscimo ou despesa
e os rendimentos declarados pelo sujeito passivo no mesmo período de tributação. Se eu tiver um
acréscimo de 150.000€ e tiver declarado 20.000€, o meu rendimento tributável é de 130.000€ a considerar
no âmbito da Categoria G do IRS.
Há um ponto distintivo desta avaliação indireta da alínea f) face às demais que tem a ver
com uma taxa especial de IRS prevista para estes incrementos patrimoniais de 60% (artigo
72.º/16 CIRS). A intenção do legislador foi a de tributar rendimentos de origem desconhecida e
que atingem um patamar que lhes atribui alguma relevância e um peso significativo e que o
contribuinte não revela à Administração. O nosso legislador fiscal antecipou-se ao legislador
penal na criminalização do enriquecimento ilícito. Este regime tem um caráter de luta contra a
evasão fiscal e associando-se a dimensão sancionatória com a taxa de 60%.
conseguiu justificar nos mesmos moldes para as situações de manifestações de fortuna. Aqui há
dúvidas que possamos dizer o mesmo.
No entender de JPR seria mais correto que a justificação parcial que baixasse o patamar
dos 100.000€ poderia afastar a aplicação do regime. A ideia é, se com a justificação não se tiver
um acréscimo injustificado superior a 100.000€, o regime não deverá ser aplicado. Com que
argumentos?
a) Argumento literal: efetivamente, com a alteração que ocorreu em 2009, o legislador foi
claro ao assumir que esta avaliação indireta tem como pressuposto um desvio superior
a 100.000€. O que o legislador pretende tributar são incrementos patrimoniais superiores
a 100.000€.
b) Argumento sistemático: este argumento decorre da articulação do artigo 87.º/1/f com o
artigo 72.º/16 CIRS. Neste artigo 72.º/16 CIRS diz-se que estão sujeitos à taxa de IRS
de 60% os acréscimos patrimoniais superiores a 100.000€, de modo que, não seria
possível estarmos a abater ao acréscimo global os valores justificados, tendo em conta
que não teríamos taxa para lhe aplicar. Nestes casos, se estamos a considerar acréscimos
patrimoniais não justificados enquadráveis na alínea f), a taxa é de 60%.
Então os rendimentos de valor inferior não justificados ficam por tributar? Não. Se o
sujeito passivo não consegue justificar à Administração elementos que comprovem a sua situação
tributária, estamos perante um caso em que esses elementos tornam impossível a comprovação
direta e exata dos rendimentos sujeitos a imposto. Num caso destes, permaneceria em aberto
a aplicação da avaliação indireta nos termos da alínea b) do artigo 87.º/1.
O princípio da capacidade contributiva implica, desde logo, que sejam tributados os
rendimentos que são auferidos por um determinado sujeito passivo. O princípio da capacidade
contributiva implica que:
a) Não existam presunções absolutas de rendimentos, ou seja, presunções que não possam
ser afastadas;
b) Faça recair o imposto sobre aquela parcela. Neste caso, que não foi justificada e não está
abrangida por outra norma jurídico-fiscal.
avaliação indireta para os casos de impossibilidade da alínea b), o rendimento tributável desse
sujeito passivo e não este ser abrangido pela alínea f) do artigo 87.º/1.
O sujeito passivo tem um incremento patrimonial de 200.000€, comprou um imóvel por 200.000€
e declarou 10.000€. Há aqui uma divergência superior a 100.000€, de 190.000€.
a) o sujeito passivo A justificou 189.000€
b) o sujeito passivo B não justifica nada
Quanto ao sujeito passivo B, se se aplicar apenas o regime do número 5 do artigo 89.º-A,
considerávamos rendimento tributável a diferença entre o acréscimo patrimonial e o rendimento
declarado, isto é, 190.000€, aos quais se aplicava a taxa de 60% (artigo 72.º/16 CIRS). Ao sujeito
passivo A, que tinha justificado tudo menos 10.000€, iriamos imputar o mesmo rendimento.
A lista destes critérios não é taxativa. A lei, quanto a isto, é clara quando diz “a
determinação da matéria tributável por métodos indiretos poderá ter em conta...”. Mas há uma
consequência ligada com o facto destes critérios serem exemplificativos, a de que a
Administração, quando mobiliza a sua intervenção com base num critério não previsto no artigo
90.º, tem um ónus suplementar, isto é, tem o ónus de fundamentação relativamente à idoneidade
do critério utilizado para cumprir a finalidade que lhe está a ser atribuída.
O artigo 54.º CPPT estabelece o princípio da impugnação unitária dos atos, isto é, só
o ato lesivo que coloca termo ao processo é que é impugnável contenciosamente, daí que, a
avaliação indireta não é passível de impugnação contenciosa, só nos casos em que não houve
liquidação.
Qual vai ser o objeto de impugnação judicial? O objeto da impugnação será o ato
tributário de liquidação em que a matéria tributável tenha sido apurada com base em avaliação
indireta. Temos aqui duas situações distintas:
a) Quando se pretende atacar o ato de fixação indireta de valor por ter havido erro na
quantificação ou nos pressupostos, o recurso ao tribunal não é possível, é necessário ser
intentado previamente um pedido de revisão da matéria tributável (artigo 86.º/5, 91.º
e 117.º CPPT).
Esta previa reclamação é a prevista nos artigos 91.º e 92.º que tem lugar após o sujeito
passivo ter sido notificado da avaliação indireta. Se, aquando da notificação, o sujeito passivo
entender que há um erro ou excesso na quantificação ou nos pressupostos, ele tem 30 dias para
solicitar a revisão da matéria tributável. Esta reclamação terá efeitos suspensivos sobre a
liquidação, isto é, se o sujeito passivo apresentar reclamação, enquanto o pedido não for discutido,
o imposto não vai ser liquidado.