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LOUREIRO, Isabel. “Agronegócio, resistência e pragmatismo: as transformações do MST”.
In: As contradições do lulismo: a que ponto chegamos? / organização André Singer, Isabel
Loureiro. - 1. ed. - São Paulo: Boitempo, 2016. p. 129.
moral, mas de entender essas transformações ligada às mudanças estruturais que ocorrem no
Brasil e no mundo.”2
A exemplo disso estaria a opção do MST por adotar práticas agroecológicas nos
assentamentos. Finalizando o texto e dedicando-se a essa questão Loureiro trás uma série de
apontamentos, tanto críticas negativas quanto positivas da opinião pública e da própria
militância, sobre a adesão do MST ao discurso agroecológico, de modo a demonstrar que este
é um campo em disputa. Para exemplificar esse processo a autora se atém ao fato de que
muitos estudiosos e militantes entende que adesão à agroecologia é um processo de
flexibilização da luta anticapitalista enquanto outros entendem como sendo esta uma única
saída, de momento, para se opor ao capital irrestrito e não-ecológico. Ou seja, de acordo com
a autora, ainda não há consenso sobre a atividade agroecológica e esta é só mais uma questão
que envolve a disputa ideológica e prática sobre as e nas questões das terras brasileiras.
Nesse sentido, nota-se que a reflexão apresentada por Isabel Loureiro tem como objeto
chave elencar temas fundamentais que circundam a questão da terra no Brasil. Desde a análise
da legislação da terra até os interesses de capital e os movimentos contra-hegemônico até a
questão ambiental a autora perpassa, em sua reflexão, por temas que servem de instrumentos
para pensar a complexidade da questão agrária desse país de dimensões continentais. Além
disso, Isabel Loureiro tece as suas argumentações de modo a evidenciar que a estratégia
governamental dos governos petista se não acirrou/contribuiu ao menos foi conivente com a
lógica de desenvolvimento predatório que vem a beneficiar, fundamentalmente, os interesses
do capital enquanto expurga do campo pequenos proprietários e as populações tradicionais.
Ademais, a forma com que a autora organiza a reflexão passando por muitos dos
pontos dessa temática é bastante interessante, uma vez que pode contribuir aos pesquisadores
que estão se inserindo nesse debate, de modo a servir como texto de apoio e de caráter
introdutório ao tema, soma-se a isso o fato de que ao longo do texto Isabel Loureiro menciona
e indica diversas pesquisas que podem auxiliar no aprofundamento da investigação sobre a
questão agrária nacional.
Por fim, a relevância do texto de Isabel Loureiro se dá, em minha opinião, na medida
em que possibilita formular questionamentos e, assim, estratégias de resistências para o futuro
próximo, uma vez que ao identificar as dimensões do problema agrário se pode construir
agendas de luta para os movimentos sociais pela terra e para as lutas anticapitalistas.
2
Idem, ibidem, p.141.