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Chimoio, 2019
UNIVERSIDADE ZAMBEZE FACULDADE DE ENGENHARIA AMBIENTAL E DOS
RECURSOS NATURAIS
Chimoio 2019
UNIVERSIDADE ZAMBEZE FACULDADE DE ENGENHARIA AMBIENTAL E DOS
RECURSOS NATURAIS
Chimoio 2019
DECLARAÇÃO
Eu, Leonardo Matias Manejo, declaro que esta monografia é resultado do meu próprio
trabalho e está a ser submetida para a obtenção do grau de Licenciado na Universidade Zambeze,
Chimoio.
Ela não foi submetida antes para obtenção de nenhum grau ou para avaliação em
nenhuma outra Universidade.
______________________________________________________________
A todos que dedicam seu tempo e suas vidas para desenvolverem e implementarem projectos de
reciclagem e reutilização de resíduos e todos aqueles que buscam a preservação do meio
ambiente.
AGRADECIMENTOS
Agradeço:
A Deus Aquele que é a razão do meu viver, o senhor da minha existência, minha eterna
gratidão.
Aos meus pais, Matias Aleixo Manejo. Victoria Dinis Manejo. Pelo esforço que fizeram
para que eu chegasse até aqui. Sintam orgulho, não de mim, mas de sua própria vitória. Aminha
Avo, Aos meus irmãos Aleixo, Edson, Osvaldo, Nilza, Mércia, Diana, Alberto, Wilton, Manejo e
Zainabo meus verdadeiros padrões de união, família e cumplicidade.
A minha orientadora Eng. Jenita Benício Cangola MSc, e aos meus Co- orientadores
Eng. Júlia Gaspar MSc,, Eng. Roberto Justino Arnaldo Chuquela MSc,, por estarem sempre de
prontidão para me ajudar, tirando dúvidas, auxiliando e corrigindo cada trecho dessa monografia
e por ceder esforço para que se torna-se possível a realização desta pesquisa. Obrigado pela
vossa dedicação enquanto orientadores.
Ao Professor doutor Luís Cristóvão pelas visitas no campo, contribuição com suas ideias
Engenhosas. Ao Eng. Professor doutor Osvaldo doutor Osvaldo Moiambo pelo apoio na
realização da pesquisa, contribuição com suas ideias Engenhosas. Ao técnico de Laboratório
Engenheiro Cristóvão pelo acompanhamento nas campanhas experimentais e pelos
conhecimentos científicos partilhados.
Há todos colegas da FEARN que contribuíram directa e indirectamente para este sucesso.
Especialmente para colegas do grupo de estudo, Manuel Francisco, Wilson Paulino, João
Manuel, Amílcar Raja, Rui Felizardo, Jamal Charles, Izac Mussama, José Simione, Augusto
Mutane entre outros.
“Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é
realidade”.
(Raul Seixas)
RESUMO
One of the main byproducts of wastewater treatment systems is called faecal sludge, which is
composed of different substances according to the characteristics of the effluent and the
treatment to which it has been subjected. Among the possible procedures adopted for treatment,
we highlight the removal of excess water, known as dehydration, which enables later stages,
such as transport and final disposal. Dehydration processes can be carried out naturally by
employing drying beds, economical structures and easy operation. The objective of this research
was to evaluate the hydraulic and sanitary performance of the urban faecal sludge dewatering
process in drying beds. The methodology adopted for the development of the work included the
following steps: design of faecal sludge drying beds, IPSLF assembly, determination of
Saturated Hydraulic Conductivity and Porosity and measurement of physicochemical parameters
(pH, OD, temperature, conductivity). And solids content) and daily flow record in both beds.
Hydraulic conductivity results do not show significant variation and porosity tests have an
average percentage of voids below 50%. The monitored physical-chemical parameters were
compared with those provided for in the legislation, such as pH and temperature and the other
parameters were compared with the values established by some authors. The results suggest that
the experimental procedure showed a good efficiency in reducing the volume of the drying bed
03 and 04 sludge that had lower mud layer height in relation to the bed 4 (line), thus confirming
the impossibility of applying higher heights. Of mud layer on drying beds during the test.
% - Percentagem
B - peso do cadinho
LS – Leito de secagem
Temp – Temperatura
C - Graus Celsius
EB – Efluente Bruto
H - Altura de descarga
K- Condutividade hidráulica
L-Distancia
m- Metros
Min - Mínimo
Max – Máximo
Med – Média
mg - Miligramas
Min – Mínimos
mL –Mililitros
mm – Milímetros
OD - Oxigénio Dissolvido
pH – Potencial hidrogeniônico
Q- Vazão
SD - sólidos dissolvidos
SS – sólidos em suspensão
t - Tempo
T - Temperatura
TH - Teor de humidade
TS - Teor de sólidos
V - volume
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO
Face à essa descentralização das soluções de saneamento são adoptadas, a nível local, na
própria origem ou junto da mesma dos resíduos, por meio de uma latrinas e em fossas sépticas
individuais que muitas das vezes são efectuadas de forma insegura. O que torna indispensável a
gestão das lamas fecais, contribuindo e prevenindo o risco de doenças e a protecção do meio
ambiente.
Dentre os vários resíduos gerados, propõe-se estudar as lamas fecais, que de acordo com
HAZEL (2015), Lamas fecais é o termo genérico dado à matéria fresca, parcialmente ou
totalmente digeridas, semilíquidas ou sólidas, que resultam do armazenamento ou tratamento de
mistura de excreta e água negra, com ou sem adição de água cinzenta, proveniente de órgãos de
armazenamento de sistemas de saneamento locais.
Sendo assim a gestão de lamas fecais funciona como um conjunto de processos em ciclo;
nomeadamente, colecta, transporte, tratamento e destino final, que se iniciam com o utilizador,
zona de interface e terminam com retorno ao meio ambiente. Neste âmbito os leitos de secagem
surgem como alternativa de tratamento de lamas fecais que se ajustam a realidade específica do
local.
Segundo a Comissão Europeia (2001), os leitos de secagem afiguram-se como uma das
técnicas simples e eficaz na desidratação de lamas fecais, e esta associada a custos reduzidos e
simplicidade operacional, quando comparados a sistemas centralizados.
Experiencia de países como, Brasil, Austrália, Portugal, mostra que esta técnica depende
das condições meteorológicas, sócio culturais e característica da própria lama a desidratar
(SOARES, et al., 200).
Desta forma o estudo pretende determinar o tempo necessário para produzir lamas
desidratadas, com características sanitárias que permitem a manipulação manual, pronta para
outras formas de aproveitamento, atendendo as condições do local de estudo.
1.2. JUSTIFICATIVA
À medida que se afasta da zona de cimento, a gestão de lamas fecais é feita de forma
descentralizada, isto é, a população é autónoma em armazenar, transportar, tratar e depositar de
forma adequada no ambiente ou mesmo reaproveitar. Essa autonomia, associada a fraca
capacidade que as entidades de tutela tem em relação ao assunto, permitem que estes
procedimentos, na maior parte das vezes não seja efetuado em condições que garantam a
salubridade sócio ambiental. A exemplo disso é o armazenamento em latrinas não melhoradas ou
fecalismo ao céu aberto, o esvaziamento e transporte é feito de forma manual com auxilio de
objectos simples como baldes e pás e a deposição é feita em covachos, nos cursos de água ou em
lixeiras a céu aberto.
Desta forma faz-se necessário tratar este tipo de resíduos antes da sua deposição ao
ambiente e também para permitir o manuseamento seguro dos mesmos. Os leitos de secagem
surgem como uma possível solução para tal, mas, surge a questão:
Qual é o desempenho hidráulico e sanitário do processo de desidratação de lamas
fecais urbanas em leitos de secagem?
1.4. Hipóteses
1.5. Objectivos
1.5.1. Geral
1.5.2. Específicos
Estas problemáticas fizeram a Organização das Nações Unidas (ONU) criar em 2015 a
“Agenda 2030”, Que consiste numa declaração dos 17 Objectivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS), que se destina a colocar o mundo num caminho mais sustentável e resiliente.
Os ODS foram traçados a partir das conquistas dos Objectivos do Desenvolvimento do Milénio
(ODM), os quais produziram o mais bem-sucedido movimento de combate à pobreza da história
recente dos povos, durante o período de 2000 a 2015 (ONU).
Dos 17 ODS, definidos na Agenda 2030, no presente trabalho apenas interessa destacar o
Objectivo 6 “assegurar a disponibilidade e gestão sustentável da água e saneamento para todos”.
O Objectivo 6 vai para além da água potável, saneamento e higiene, pois ainda aborda a
qualidade e sustentabilidade dos recursos hídricos, que são cruciais para a sobrevivência das
pessoas e do planeta, expandindo a cooperação internacional, através do apoio às comunidades
locais na melhoria das condições da água e gestão do saneamento (ODS, 2016).
Cerca de 13% da população mundial ainda vivia em extrema pobreza (800 milhões de
Pessoas passam fome);
Cerca de 91% da população mundial ou 6,6 milhares de milhões de pessoas teve acesso a
uma fonte melhorada de água potável em comparação com os 82% do ano 2000 e 663
milhões ainda usam fontes de água não melhoradas. Até 2015 cerca de 90% da população
tinha cobertura de água em todas as regiões, com excepção da África e Oceânia, onde as
desigualdades sociais e os problemas da descentralização ainda persistem. Além disso,
nem todas as fontes de água são gerenciadas com segurança;
Cerca de 2,4 milhares de milhões não tem acesso ao saneamento básico (do ano 2000 a
2015, a utilização mundial do saneamento melhorado aumentou de 59% para 68%), dos
quais 946 milhões de pessoas não dispõem de instalações sanitárias, ou seja, ainda
praticam defecação a céu aberto. No entanto, a falta de saneamento seguro, a ausência da
gestão de lamas fecais e o não tratamento de águas residuais, continuam a constituir um
risco importante para a saúde pública e o meio ambiente;
Cerca de 2 milhares de milhões de pessoas são afectados pelos problemas do estrese
hídrico, com tendência para aumentar; no entanto, os Planos Integrados de Gestão dos
Recursos Hídricos estão em curso em todas as regiões do mundo (para serem
implementados no sentido de resolver o problema).
Segundo COLIN (2002), cerca de um bilião de habitantes no mundo não tem acesso ao
abastecimento de água potável, ao saneamento básico, a uma habitação segura, nem aos serviços
de recolha de resíduos sólidos nas zonas residenciais. O mesmo autor ainda ressalta que a falta
destes serviços, leva a graves problemas de saúde pública devido à proliferação de doenças e
também a impactos negativos no meio ambiente.
Em 1979, com o apoio de ajuda externa o governo desenvolveu pesquisas sobre latrinas
no sentido de encontrar algum tipo que fosse tecnicamente resistente. Seria então possível alargar
por todo país o seu uso e tornar-se-ia acessível para a maior parte das famílias suburbanas. A
melhor alternativa escolhida foi a latrina de fossa com cobertura de laje. Assim surgiu o
programa de saneamento designado por Programa Nacional de Saneamento a Baixo Custo
(PNSBC).
No que diz respeito ao tratamento de águas residuais, assim como ao tipo de saneamento
utilizado, Moçambique aplica maioritariamente tecnologias de tratamento descentralizado ou
seja, de baixo custo.
Nas zonas urbanas algumas das infra-estruturas têm acesso à ligação da rede de Águas
Residuais, mas a maior parte da população destas zonas usa fossas sépticas; porém, devido aos
elevados custos envolvidos na ligação dos sistemas de saneamento à rede pública de colectores
de águas residuais, os residentes acabam usando metodologias mais acessíveis que são
esvaziamento. Na região suburbana, alguns usam fossas e a maioria usam latrinas melhoradas.
Nas zonas rurais usam-se latrinas a seco ou não têm acesso a nenhuma latrina (defecação a céu
aberto).
Segundo HAZEL (2015), defini lamas fecais como matéria fresca, parcialmente ou
totalmente digeridas, semilíquidas ou sólidas, que resultam do armazenamento ou tratamento de
mistura de excreta e água negra, com ou sem adição de água cinzenta, proveniente de órgãos de
armazenamento de sistemas de saneamento locais.
Os mesmos autores ressaltam que os sólidos podem ser classificados, segundo seu
tamanho e estado, em sólidos em suspensão (SS) ou dissolvidos (SD); segundo suas propriedades
químicas, em voláteis ou fixos e, segundo suas propriedades de sedimentação, em sedimentáveis
e em não sedimentáveis.
A fracção sólida é formada por compostos orgânicos, nutrientes, metais, sólidos inertes,
sólidos inorgânicos, compostos não biodegradáveis, organismos patogénicos e, em alguns casos,
contaminantes tóxicos decorrentes de actividades industriais ou aportes acidentais às redes
colectoras (MELO & MARQUES, 2000).
Segundo MELO & MARQUES, (2000), dizem que quanto às características biológicas,
nas águas lamas fecais são encontrados diversos organismos: bactérias, fungos, vírus,
protozoários, entre outros. Estes são responsáveis por viabilizar os processos de decomposição e
a estabilização da matéria orgânica.
A componente biológica, entretanto, destaca-se não apenas por seus efeitos benéficos,
mas também por representar a característica de interesse sanitário, considerando-se os riscos
epidemiológicos pela presença de agentes patogénicos. Na Tabela 1 apresentam-se os principais
parâmetros característicos das lamas fecais.
Para garantir uma melhor gestão de lamas fecais, é necessário possuir conhecimentos
adequados sobre as técnicas, as normas, a gestão, bem como o seu manuseamento, isto é, é
necessário saber o tipo do clima predominante, o tipo do saneamento e a característica das lamas,
o que ajudará a definir a técnica de recolha e esvaziamento e transporte das lamas, possibilitando
também a escolha do tratamento adequado.
3) Tratamento e deposição das lamas. O destino final das lamas refere-se ao método de
reintegração das lamas no meio ambiente, existindo várias alternativas, como a reutilização das
lamas na agricultura ou a deposição em aterro sanitário, conforme a necessidade e o grau de
tratamento a que foram submetidas (BARROSO at al., 2015).
Em Moçambique, a maior parte das lamas proveniente das latrinas é enterrada nos
quintais ou são depositadas em contentores públicos de lixo ou depositados nas valas de
drenagem, e somente uma pequena parte é que é direccionada para as estações de tratamento de
águas residuais (BARROSO at al., 2015).
Segundo STRANDE et al., (2014), diz que o tratamento das lamas tem como principal
objectivo garantir a protecção da saúde e do meio ambiente, bem como para obtenção do produto
com potencial de valorização. O tratamento é feito para garantir ainda a redução de
microrganismos patogénicos e da estabilização da matéria orgânica e nutrientes.
O tratamento das lamas fecais provenientes das latrinas exige um processo de digestão
mais avançado, por isso deve ser feito separado do efluente proveniente dos colectores de águas
residuais, exigindo-se assim a necessidade de instalações apropriadas para as lamas das latrinas
(ENGIDRO at al., 2015). Estas instalações devem incluir os principais processos:
2.3. Desidratação
De acordo com METCALF & EDDY (2003), A remoção da humidade das lamas, tem
por objectivo a redução de volume das lamas, de modo a reduzir os custos associados ao seu
encaminhamento a destino final, pois o seu transporte apresenta custos associados que estão
directamente ligados ao peso/volume de lamas.
Segundo METCALF & EDDY (2003), o tipo de processo de desidratação adoptado terá
de ter em conta factores como o tipo de lamas a serem desidratadas, o espaço disponível e o
destino final a dar-lhes.
Centrifugação
Leitos de macrófitas
Lagoas de secagem
Segundo Metcalf & Eddy (2003), as lagoas de secagem são um processo natural de
desidratação de lamas, que pode substituir os leitos convencionais, no tratamento da lama fecal
digerida. As lagoas de secagem têm finalidade e funcionamento idênticos aos leitos de secagem
convencionais, dos quais diferem fundamentalmente, no que se refere ao sistema de drenagem,
menos eficiente no caso das lagoas, e à profundidade a que são colocadas as lamas.
Filtros Banda
Segundo METCALF & EDDY (2003), os filtros banda são sistemas de desidratação de
lamas que se baseiam nos seguintes princípios: condicionamento químico, drenagem gravítica e
aplicação de pressão mecânica.
Filtro prensa
Segundo METCALF & EDDY (2003), “os leitos de secagem são normalmente utilizados
na desidratação de lamas estabilizadas, provenientes de estações de tratamento que utilizam
sistemas de arejamento prolongado, sem pré-espessamento”.
Estes leitos são constituídos por tanques rectangulares com uma pequena altura e são
preparados com material filtrante (areia e gravilha) que permite a percolação da água presente
nas lamas, de baixo destas camadas existe um sistema de drenagem que encaminha o efluente
para a próxima etapa do tratamento (TILLEY, et al., 2008).
Dimensões e características:
De acordo com LAMPREIA (2017), apesar de, recentemente, terem sido aplicados
esforços notáveis no sentido de melhor caracterizar o processo de desidratação de lamas em
leitos de secagem e os fenómenos e variáveis que nele inferem, os critérios de dimensionamento
definidos são ainda insuficientes. Ainda Lampreia diz que os projectos de leitos de secagem têm,
por isso, sido desenvolvidos com base em critérios e intervalos de valores referidos na literatura
como aceitáveis, mas meramente indicativos, obtidos em ensaios realizados em estações de
tratamento existentes, com localização, clima e tipo de lamas específicos
Nesta secção, são apresentadas algumas considerações acerca dos factores e parâmetros
referentes ao dimensionamento e desempenho dos leitos de secagem de lamas.
O mesmo autor da conhecer que através deste parâmetro relacionam-se a área superficial
do leito de secagem e a altura da camada de lamas aplicada sobre o meio de enchimento,
permitindo a determinação de pares destes valores. Embora não exista, ainda, um método
definido para a consideração dos diferentes factores meteorológicos na definição da taxa de
carregamento de leitos de secagem, estes devem ser tidos em conta, assim como as
características das lamas a desidratar.
Segundo METCALF & EDDY (2003), os leitos apresentem cerca de 6 m de largura por 6
a 30 m de comprimento, ou um outro tamanho conveniente, de acordo com as características e
disponibilidade de área do local, para que 1 ou 2 leitos sejam cheios num ciclo normal de
carregamento, embora DAVIS (2010) refira que a prática actual nos Estados Unidos é de que os
leitos sejam construídos em células com 4 a 20 m de largura por 15 a 60 m de comprimento.
Segundo este autor, na definição da largura dos leitos deve também ser tido em conta o método
de remoção das lamas desidratadas dos leitos. Relativamente às dimensões dos leitos, DAVIS
(2010) sugere ainda que as paredes laterais devem ser verticais, com 1 a 1,5 m de altura.
MORTARA (2011) acrescenta que as paredes verticais dos leitos devem apresentar um
bordo livre, acima da altura máxima da camada de lamas aplicada, de 0,10 a 0,25 m e que, caso
tenham sido adicionados polímeros às lamas, o comprimento dos leitos não deve ser superior a
20 m, de forma a evitar uma má distribuição das lamas e manter uniforme a espessura da camada
aplicada.
Segundo LAMPREIA (2017), vários estudos têm permitido concluir que, a um aumento
de 10 cm da espessura da camada de lamas aplicada pode corresponder uma duplicação do
tempo de desidratação das lamas. Face ao exposto, para uma correta definição da espessura da
camada de lamas a aplicar nos leitos devem ainda considerar-se, à semelhança do que foi
descrito relativamente aos restantes parâmetros, as características das lamas a desidratar e as
condições meteorológicas.
d) Número de leitos
e) Meio de enchimento
De acordo com LAMPREIA (2017), Para além de funcionar como suporte da camada de
lamas a aplicar, o meio de enchimento tem um efeito filtrante das lamas, promovendo a
percolação da água entre os vazios existentes, ficando os sólidos das lamas retidos à superfície.
Por vezes é ainda colocada uma camada de suporte, em tijoleira ou outro material
semelhante, entre a camada de lamas e a camada superior de areia. A existência desta camada
facilita a operação de remoção das lamas, minimizando a remoção de parte da camada de areia
durante essa operação e promove uma melhor distribuição das lamas pela área do leito
(ANDREOLI et al., 2007).
f) Sistema de drenagem
As lamas são então bombeadas para o interior dos leitos. A velocidade de aplicação das
lamas é controlada por válvulas existentes em cada leito, e as tubagens de alimentação devem ser
construídas em ferro fundido ou plástico resistente (LAMPREIA, 2017). As tubagens devem ser
limpas periodicamente e, em climas frios, deve precaver-se a possibilidade de congelamento das
lamas no seu interior. Alternativamente, as lamas podem ser aplicadas através de canais abertos,
por gravidade, controlados por comportas à entrada dos leitos. Sob as torneiras de alimentação de
cada leito, deve ser colocada uma pequena laje de betão, que facilite o espalhamento das lamas
pelo leito e evite a erosão da camada de areia do meio de enchimento. Para um melhor controlo
da espessura da camada de lamas aplicada, a saída do sistema de drenagem deve, quando
possível, ser encerrada durante o tempo de aplicação das lamas (LAMPREIA, 2017).
Segundo IFEANYI (2008), o tempo de retenção das lamas em leitos de secagem pode
variar entre 10 dias e várias semanas, em função das condições acima referidas, podendo ser
reduzido mediante a adição de condicionantes às lamas.
No mesmo país, mas em Campina Grande, MELO (2006) realizou, entre os meses de
Março e Junho, ensaios experimentais em leitos de secagem experimentais, visando a melhor
compreensão dos fenómenos envolvidos na evaporação da água das lamas e o efeito da
precipitação neste processo.
Nestes ensaios, as lamas foram colocadas no interior de diversas caixas de madeira, umas
cobertas e outras descobertas, com paredes laterais formadas por placas de madeira removíveis,
de forma a minimizar o efeito do sombreamento da camada de lamas à medida que a sua
espessura diminui. As caixas foram também providas de uma manta geotêxtil, para percolação
das escorrências, e perfuradas na base. A massa das caixas de lamas foi medida diariamente, de
forma a avaliar a massa de água removida.
Pode observar que, nas caixas em que foram aplicadas menores espessuras, os valores de
TS das lamas estabilizaram num período mais curto e que, por isso, num mesmo período de
tempo, se podem obter valores de TS menores em camadas de lamas com menores espessuras.
Foram ainda verificados valores muito semelhantes entre o TS das lamas desidratadas em caixas
cobertas e descobertas, num mesmo período de tempo, o que leva os autores deste estudo a
concluir que a este tipo de coberturas não interfere na evaporação da água das lamas.
Relativamente à precipitação, o autor concluiu que, enquanto para valores de TH inferiores a
65% a maior parte da precipitação percola através da massa fissurada de lamas, ficando apenas
uma pequena parte retida nessa camada, para valores superiores a quantidade de água retida
aumenta substancialmente. Os valores determinados por este autor mostraram ainda que a
produtividade dos leitos foi significativamente superior nos meses mais quentes, isto é, foi na
época do ano em que se registaram maiores valores de temperatura e radiação que se atingiram
maiores valores de TS, para um mesmo intervalo de tempo.
2.4. Estabilização
De modo a que as lamas produzidas numa ETAR sejam encaminhadas a destino final,
sem que provoquem neste ultimo efeitos nocivos, têm de ser estabilizadas de forma a se
atingirem os seguintes objectivos: reduzir o seu teor em organismos patogénicos; reduzir ou
eliminar o potencial de putrefacção da matéria orgânica; eliminar odores ofensivos
(SPELLMAN, 1999).
Segundo a COMISSÃO EUROPEIA (2001), a estabilização das lamas por cal, consiste
no aumento do pH das lamas para uma gama de 12 ou superior. Ao adicionarmos cal às lamas
destrói-se ou inibe-se a biomassa responsável pela degradação dos compostos orgânicos e
inactiva-se os vírus, as bactérias e outros microrganismos, ao tornarmos as lamas impróprias para
a sua sobrevivência
O pH elevado vai permitir que as lamas não entrem em putrefacção, não criem odores e
não constituam perigo para a saúde pública. Este tipo de tratamento vai também permitir
aumentar o teor em matéria seca das lamas, bem como ajudar à sua desinfecção (METCALF &
EDDY, 2003).
Compostagem
Segundo SOUSA (2005), durante este processo as lamas já desidratadas, são misturados
com um agente estruturante e são arejados através da adição de ar ou por agitação mecânica,
permitindo que o material orgânico sofra degradação biológica. Durante a decomposição do
material orgânico presente nas lamas, o composto atinge temperaturas na ordem dos 50 a 70ºC, o
que permite que os organismos patogénicos sejam destruídos, e o seu teor de água seja reduzido,
podendo-se obter concentrações de matéria seca na ordem dos 60%.
Deste processo resulta um composto estável e inodoro que pode ser aplicado como
correctivo do solo por possuir nutrientes que são benéficos ao solo, podendo essa aplicação ser
restringida por eventuais constituintes das lamas (METCALF & EDDY, 2003).
Digestão anaeróbia
Segundo SOUSA (2005), a digestão anaeróbia tem por objectivo decompor a matéria
orgânica e inorgânica sem presença de oxigénio e a eliminação de organismos patogénicos,
permitindo assim a redução do seu volume.
A matéria seca que compõe as lamas que vão ser digeridas é constituída por 70% de
matéria orgânica e 30% de matéria inorgânica. Muita da água constituinte das lamas encontra-se
agregada à matéria seca, sendo a sua dissociação muito difícil (DRINAN, 2001).
Digestão aeróbia
Segundo METCALF & EDDY (2003), a digestão aeróbia das lamas consiste num
processo semelhante ao processo de lamas activadas este processo ocorre com presença de
oxigénio. As lamas são enviadas para um tanque onde são continuamente arejadas por grandes
períodos de tempo, superiores a 20 dias. O arejamento pode ser fornecido de forma natural ou
através de arejadores mecânicos ou difusores de ar (SPELLMAN, 2003).
Segundo o mesmo autor, Para a escolha de uma solução tecnológica do saneamento mais
viável, é necessário ter em atenção os seguintes factores determinantes: i) Número da população
a servir, ii) Densidade habitacional, iii) Capitação, iv) Perspectivas de crescimento da população,
v) disponibilidade financeira da população, vi) tipo do solo, vii) Profundidade do nível freático,
viii) Permeabilidade do solo e ix) Averiguar a periodicidade de cheias na zona.
No geral existem três tipos de sistemas de saneamento, das quais se destacam como
segue.
Sistemas a seco: são os sistemas mais simples que necessitam de pouca ou nenhuma
água para o seu funcionamento. São na sua generalidade do tipo latrina. Na Figura 2,
adapta-se nas soluções do tipo I e II. São vulgarmente utilizados em zonas rurais, com
baixa densidade habitacional e com escassez de água (apropriados para a capitação
inferior a 30L/habitante/dia).
Sistemas de transição: inclui os sistemas a seco e o sistema com água, são constituídos
por órgãos que necessitam de alguma água para o seu funcionamento mas não dependem
de um abastecimento de água completamente regular (apropriados para o intervalo de
capitação de 30 a 60 l/habitante/dia). O grau de evolução deste tipo de sistema adapta-se
melhor na solução do tipo III, isto é, quando a capitação aumentar mais que a sua
densidade populacional, então é mais adequado utilizar as fossas sépticas como solução
intermédia;
Sistemas com água: necessitam de disponibilidade de volumes de água consideráveis
para o seu funcionamento; são apropriados para a capitação superior a 50 l/habitante/dia.
Este sistema é do tipo sanitas com autoclismo. O grau de evolução deste tipo de sistema
adapta-se melhor na solução IV, Isto é, nas situações em que a densidade populacional é
muito elevada e as capitações médias superiores a 30 a 50 l/habitante /dia, a solução mais
viável é o uso do sistema de esgoto com drenagem dos efluentes na Estacão de
Tratamento de Águas Residuais (ETAR), é também uma mais-valia em termos
económicos, direccionar a rede de colectores no sentido gravítico, para poupar os custos
de operação.
BERCO (2013) refere que relativamente ao destino final de lamas de depuração tratadas
adequadamente, actualmente são conhecidas e aplicadas as seguintes soluções, dispostas segundo
o grau de hierarquia na gestão de resíduos (tendo em conta que cada um dos destinos
mencionados apresenta as suas entradas, saídas e impactes ambientais associados):
Vantagens Desvantagens
Utilização de nutrientes contidos nas Necessidade de grandes investimentos em
lamas, como por exemplo fósforo e instalações de armazenamento uma vez que as
azoto; lamas só podem ser espalhados no solo, algumas
vezes por ano;
Utilização de substâncias orgânicas Dependência dos agricultores individuais e
contidas nas lamas para a melhoria da administração de acordos;
camada de húmus do solo (ou seja,
melhoria dos solos);
Regulamentação conhecida sobre a sua Falta de conhecimento quanto ao conteúdo de
aplicação; micropoluentes orgânicos e organismos
patogênicos nas lamas e o seu impacto sobre as
cadeias alimentares;
Via de eliminação mais económica. Legislação do controle de conformidade
minuciosa.
A Cidade de Chimoio possui um clima tropical húmido modificado pela altitude, que é
um tipo de clima que partilha ao nível do país apenas com algumas outras partes do interior das
províncias de Tete, Zambézia e Niassa (Merkel, 2012).
A precipitação média anual varia entre 1000 a 1200 mm, concentrada maioritariamente
na época chuvosa compreendida entres os meses de Outubro e Março (INAM, 2014). O mês
mais chuvoso é Janeiro, mas tem-se registado grandes quedas pluviométricas em todos os meses
no período chuvoso, com precipitações máximas de entre 118 a 381mm/mês.
A temperatura média anual é de 22º C, com uma época quente de Outubro a Abril e uma
época fresca de Maio a Setembro. As temperaturas nesta região podem ser consideradas amenas
em relação a outras regiões de Moçambique, com uma temperatura mínima de 10.8º C, e uma
máxima de 32,1º C. O vento dominante em todos os meses do ano é do sudoeste (INAM, 2014).
Com humidade relativa de cerca de 60%, considerada média/baixa (INAM, 2014).
Em 1916 a povoação recebe o nome de Vila Pery, em homenagem a João Pery de Lind,
governador do território pela Companhia de Moçambique. A elevação a cidade ocorreu em 17 de
Julho de 1969, e em 12 de Junho de 1975 adoptou o nome actual, como resultado de um comício
popular orientado pelo primeiro presidente de Moçambique, Samora Machel (Boletim da
República 2013).
Número da População
Ano (Censo) 1980 1997 2007 2017
Província de Manica 587345 974208 1438386 1911237
Cidade de Chimoio 70851 171056 238.976 995,616
Na sua base, estes depósitos incluem uma depressão longitudinal, formando um pequeno
canal, em direcção a um orifício existente numa das suas paredes laterais, cuja abertura pode ser
controlada por uma válvula do tipo torneira. A altura dos pilares em que os depósitos assentam
foi definida de forma a possibilitar a existência de um declive de cerca de 1% na sua base,
promovendo-se, assim, a drenagem de parte da água presente nas lamas que, após percolar
através do meio de enchimento, é canalizada pela referida depressão, em direcção ao orifício. A
massa de água assim removida do leito, é recolhida e armazenada em recipientes plásticos
cobertos, à saída do orifício (Figura 4). O tubo plástico central que se observa na Figura 4, foi
colocado de forma a permitir a medição da quantidade de água retida ou acumulada no fundo dos
leitos e, assim, identificar eventuais entupimentos neste sistema de drenagem no decorrer dos
ciclos.
Em seguida fez-se abertura de cova aproximadamente 3m de comprimento, 1,20m de
largura e 60cm de profundidade para colocação de tanques subterrâneos de drenados na
escorrência e colocado plantas macrófitas para o tratamento do líquido, na mesma linhagem
abriu-se um poço de filtração de água com uma profundidade de 70cm e colocando assim
camadas filtrantes de diferentes granulometria, isto é, areia de 02 a 06mm de diâmetro a uma
altura de 20cm e brita grossa de 20mm de diâmetro a uma altura de 45cm. Na mesma ordem de
ideia e aplicando o conhecimento de hidráulica fez-se a canalização para a escorrência de águas
que saia dos leitos de secagem (tratamento físico) drenando nos baldes de 60L que serviam como
sistema de drenagem, de denominado ELS e em seguida drenava na canalização feito
subterrâneo e escoava para leitos de plantas macrófitas (tratamento biológico) e de leitos de
macrófitas para o poço de filtração. As camadas filtrantes no poço de filtração, foram colocadas
com vista a reduzir níveis de microrganismos e evitar a contaminação do lençol freático na área
de implantação.
( )
( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( )
( )
Onde:
K= condutividade hidráulica (m/s)
V=volume ( )
t= tempo (s)
Q=Vazão ( /s)
3.5.2. Avaliação da Porosidade ou Cedência específica
(4)
Onde:
= ( )
= ( )
As amostras de lamas foram recolhidas em frascos de âmbar de 400ml, para além disso,
numa fase mais avançada do ciclo, as lamas apresentavam já uma consistência bastante espessa,
dificultando a introdução das amostras retiradas no gargalo dos frascos de âmbar.
a) b)
As análises de Teor Sólidos (TS) das lamas foram realizadas, no Laboratório de água da
FEARN, de acordo com o procedimento 2540 G, APHA (2012), indicado por RICE et al. (2012),
em uma balança analítica de medição de massa seca do tipo KERN Ple, que possui capacidade
máxima de 4200g e sensibilidade de 0,01g programada de acordo com o mesmo procedimento.
( )
Onde:
B= peso do cadinho, em mg
Figura 11: Etapas do procedimento de análise de Teor Sólido das lamas no laboratório de
Água da FEARN.
Fonte: autor (2019)
CAPITULO IV: RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo estão apresentados os resultados obtidos durante o período em que foi
realizado este estudo.
Ambos os leitos foram carregados, com camadas de lamas de 0,35m no leito três, 0,35m
no leito três linha, o mesmo aconteceu com outros leitos 0,43 m de espessura no leito quatro (4) e
0,43 m de espessura no leito quatro linhas respectivamente, apenas fez-se monitoramento de três
(3) leitos isso porque quando ocorria o carregamento cinco (5) leitos destruíram-se devido a
vazão de carregamento e acabaram cedendo. As espessuras da camada de lama adoptadas foram
seleccionadas de forma a comparar os valores máximos e mínimos, aproximados, sugeridos pela
maioria da bibliografia referente ao tema. As lamas não foram revolvidas, por forma a aproximar
as características operacionais em vigor na maioria dos leitos de secagem.
Dados meteorológicos
Com foi referido na secção anterior, no capítulo III, os dados meteorológicos foram
medidos pela estação nacional de meteorologia (INAM), localizado na cidade de Chimoio, Rua
do Aeroporto, Bairro Trangapasso, os dados fornecidos referem-se as mínimas, médias e
máximas mensais de Temperatura, Precipitação, Humidade, Insolação e Vento médio, dos
meses: Abril a Maio de 2019, como pode ser observado na tabela 3.
Fazendo uma relação, e sabendo que a radiação solar constitui o principal parâmetro
responsável pela variação da temperatura do ar, e que a precipitação afecta, naturalmente, a sua
humidade relativa, na tabela 3 são apresentados os valores médios mensais da temperatura do ar
e da radiação solar, ao longo do ciclo.
Os valores de radiação apresentados para o ciclo, foram estimados a partir dos dados
medidos pela estação nacional de meteorologia. Neste ciclo a estacão não registou valores
médios, máximos e mínimos de precipitação, enquanto a insolação não foi registado apenas
valores médios. Este ciclo apresenta assim, à partida, as condições mais favoráveis ao adequado
desempenho dos leitos de secagem no processo de desidratação de lamas.
Médio (m/s)
Período
Vento
Med Ma Min Med Ma Mi Me Ma Mi Med Ma Min
x x n d x n x
Abri 21.7 26.7 16.1 --- 21.8 0.4 82 92 55 --- 10. 0.0 146.3
l 9
Mai 19.1 24.7 12.6 --- 1.9 --- 79 98 50 --- 11. 7.6 131.2
o 1
Jun 17.4 23.2 10.7 --- 1.5 0.2 76 96 48 --- --- --- 179.5
ho
Julh 18.4 24.6 11.8 --- --- --- 68 94 37 --- 10. 4.3 131.9
o 6
0.00289 0.0004
0.00055 0.00632 0.00425 0.00060
LS-01 linha
0.000003
0.00024 0.00041 0.00019 0.00005
LS -03 0.00022
linha
0.00022 0.00036 0.00017 0.00004
LS -04
0.000009
0.00030 0.00048 0.00024 0.00006
LS -04 inha
0.00026
Dessa figura pode observar-se que nos ensaios do leito 01 (um) não ouve variações
significativas com um desvio padrão tendendo a zero. Diferentemente do leito 01 (um linha) que
houve uma variação significante com valor médio global se aproximando da média parcial, essa
diferença de variação pode ser explicada pelo tamanho dos poros e compactação, que
influenciam nas medidas de condutividade hidráulica saturada.
Variação da condutividade hidráulica - LS01 e LS01 linha
0.007
0.006
0.005
K (m/s)
0.004
0.002
0.001
-
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
nº ensaio
Figura 12: Variação da condutividade hidráulica saturada dos leitos de secagem obtidos em
campo durante o período de ensaio
0.0004
0.0003
K (m/s)
0.0002
0.0001
0.0000
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
nº ensaio
média parcial LS02 (m/s) média parcial LS02 linha (m/s) média global (m/s)
Figura 13: Variação da condutividade hidráulica saturada dos leitos de secagem obtidos em
campo durante o período de ensaio.
0.0004
0.0003
K (m/s)
0.0002
0.0001
0.0000
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23
nº ensaio
média parcial LS03 linha (m/s) média parcial LS03 (m/s) média global
LS03 linha LS03
Figura 14: Variação da condutividade hidráulica saturada dos leitos de secagem obtidos em
campo durante o período de ensaio.
Essa dispersão provavelmente foi ocasionada por posição dos leitos, tamanho dos poros
visto que no presente estudo existia diferentes camadas filtrantes, também a compactação
influenciou na variação ou dispersão deste parâmetro pela inexistência de um instrumento que
permite-se com que os leitos tivessem o mesmo nível, assim como a inexistência de um medidor
de vazão pode ter influenciado na dispersão da condutividade hidráulica saturada de ambos os
leitos.
0.0005
0.0004
K (m/s)
0.0002
0.0001
0.0000
1 4 7 10 13 16 19 22
nº ensaio
média parcial LS04 (m/s) média parcial LS04 (m/s) média global (m/s)
Figura 15: Variação da condutividade hidráulica saturada dos leitos de secagem obtidos em
campo durante o período de ensaio
LS04 42.10%
Segundo RANZANI (1969), o volume total dos poros do solo quase nunca é inferior à
30%, e raramente ultrapassam 60%. Embora o volume dos poros quase sempre seja inversamente
proporcional ao diâmetro das partículas, com os menores valores de porosidade correspondendo
aos solos de textura mais grosseira, e os mais altos aos de textura mais fina.
Assim sendo do 1.º a 7.º dia da análise do PH de ambos os leitos era estável classificado
como alcalino na faixa de 7 a 8, provavelmente deve-se a presença de bicarbonatos, e sua
condição de resistir a mudanças do pH (figura 17, 18 e 19). Do 8.º a 13.º o PH de ambos os leitos
manifestava-se como ácido na gama de (6 a 7). Essa diminuição de pH ocorre devido à actuação
de bactérias formadoras de ácidos que fraccionam a matéria orgânica e produzem ácidos voláteis
(VON SPERLING, 2005).
De acordo com JORDÃO & PESSOA (2014), a temperatura das águas residuais
geralmente está um pouco acima às da água de abastecimento e do ar, sendo importante em
processos biológicos de tratamento de águas residuais e influenciando o fenómeno de
sedimentação, pois o aumento da temperatura diminui a viscosidade, melhorando as condições
de sedimentação.
Neste presente estudo obteve-se como valor mínimo de 15.50ºC no leito quatro linha (4),
15.60ºC no leito três (3) e 16.90ºC no leito quatro (4), e tem como valor máximo 25.90ºC para
leito quatro (4), enquanto o leito três e quatro linha (4) tem o mesmo valor máximo que é de
25.10. Refere-se ainda que os valores máximos de temperatura obtidos no trabalho se aproximam
aos valores obtidos experimentalmente por Silveira e ARSEGO (2014), as amostras
apresentaram valores de temperatura que variaram de 21,04°C a 26,30°C, os valores observados
não demonstraram grandes variações entre as colectas e forma do esgoto (bruto/tratado).
Em específico a temperatura pode ter influência directa do clima, da temperatura
atmosférica e horário de colecta. Esta consideração pode explicar o maior e o menor valor de
temperatura, considerando que esta colecta foi realizada em período de inverno em dias de baixa
temperatura. Também salientar que as colectas foram realizadas durante o período da manhã,
circunstância que confirma a afirmação anteriormente explanada, que a temperatura superficial é
influenciada pela latitude, altitude, estação do ano, período do dia, taxa de fluxo e profundidade.
Figura 19: Comportamento do Temp - LS03 Figura 20: Comportamento do Temp - LS04
Condutividade eléctrica
Para LIBÂNIO (2010), a condutividade eléctrica pode ser entendida como a capacidade
de uma solução transmitir corrente eléctrica devido a substâncias dissolvidas. Quanto maior a
concentração iónica da solução, maior é a oportunidade para acção electrolítica e, portanto,
maior a capacidade em conduzir corrente eléctrica.
O mesmo autor salienta que o teor de sal é um parâmetro importante para avaliar a
possibilidade de reutilização do efluente na agricultura. Segundo ALMEIDA (2010), o intervalo
usual de condutividade em águas de irrigação vária de 0 – 3000 μS cm-1.
No entanto, afirma-se que quanto mais acida for a substância maior é capacidade de
conduzir corrente eléctrica vice-versa, no entanto foi notório em ambos os leitos esse
comportamento. No oitavo dia quando o Potencial hidrogeniônico tornou-se ácido, a
condutividade aumento isso é devido a acidez carbónica, em que a concentração do ião
hidrogénio se dissociava no interior do leito.
Figura 22: Comportamento de CE- LS03 Figura 23: Comportamento de CE- LS04
Figura 24: Comportamento de CE- LS04 linha
Segundo ALMEIDA (2010), diz que elevadas concentrações salinas podem trazer
prejuízo ao cultivar e solo, caso a irrigação seja feita de modo inadequado. Sanitariamente, a
condutividade eléctrica não possui implicações, sua relevância consiste em representar um bom
indicador de contaminação. O lançamento de efluentes, por exemplo, acarreta no aumento do
parâmetro, devido ao aumento de íons dissolvidos (LIBÂNIO, 2010).
Oxigénio dissolvido
As variações nos teores de oxigénio dissolvido estão associadas aos processos físicos,
químicos e biológicos que ocorrem nos corpos da lama fecal. Para a manutenção da vida aquática
aeróbica, são necessários teores mínimos de oxigénio dissolvido de 2 mg/L a 5 mg/L, exigência
de cada organismo, os valores médios de oxigénio dissolvido desse estudo estão em desacordo
com valores de 13.38 mg/L no leito quatro (4), 12.40 mg/L no leito três (3) e 11.95 mg/ no leito
quatro linha.
O oxigénio dissolvido também depende da pressão, quanto maior for a pressão maior é a
dissolução de oxigénio dissolvido, és a razão que nos primeiros dias observa-se picos elevados
de oxigénio dissolvido após o carregamento em ambos os leitos, como pode ser visto na figura
23, 24 e 25. No intervalo de 6.º a 7.º dia, ouve um decaimento dos valores de oxigénio dissolvido
e no intervalo do 8.º a 14.º dia, os picos de oxigénio dissolvido tendem a elevar-se,
provavelmente deve-se o aumento da pressão quando era submetida no agitador magnético com
intuito de homogeneizar a lama que possuía uma consistência mais sólida.
Figura 25: Comportamento de OD- LS03 Figura 26: Comportamento de OD- LS04
LS
04 LS4
LS0 LS04 LS0 lin LS0 LS0 linh LS0 LS0 LS04
3 LS4 llinha 3 LS4 ha 3 4 a 3 4 linha
± ±0.5 ±0.
pH 0.5 8 6
7.2 7.1 7.09 7.9 7.9 7.9 6.3 6.4 6.2
Temperatura
19. 20. 19.49 ±2. ±2.8 ±2. 25. 25. 25. 15. 16. 15.50
59 40 8 7 1 9 1 6 9 ºC
ºC ºC ºC ºC ºC
O desempenho dos leitos de secagem de lamas pode ser avaliado através da determinação
da evolução dos valores de teor sólidos da camada de lamas no interior dos leitos, em função do
tempo decorrido desde o carregamento. Por outro lado, uma vez que uma das mais-valias da
desidratação de lamas é a redução do volume a transportar para destino final, a eficiência dos
leitos pode também ser avaliada pela diminuição da espessura da camada de lamas ao longo do
ciclo.
25
35%
30% 20
25%
15
20%
15% 10
10%
5
5%
0% 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
Tempo (dias)
Figura 28: Evolução dos valores de Teor sólidos e espessura da camada de lamas no interior dos
leitos de secagem piloto ao longo do ciclo.
45% 30
40%
25
35%
30% 20
25%
15
20%
15% 10
10%
5
5%
0% 0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21
Tempo (dias)
Figura 29: Evolução dos valores de Teor sólidos e espessura da camada de lamas no interior dos
leitos de secagem piloto ao longo do ciclo.
Evolução dos valores de TS e espessura da camada de lamas - LS04
linha
35% 35
30% 30
25% 25
20% 20
15% 15
10% 10
5% 5
0% 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22
Tempo (dias)
Figura 30: Evolução dos valores de Teor sólidos e espessura da camada de lamas no interior dos
leitos de secagem piloto ao longo do ciclo.
180.0
160.0
140.0
120.0
100.0
80.0
60.0
40.0
20.0
0.0
1 2 3 4 5 6
Tempo (dias)
Figura 31: Massa de água drenada e acumulada ao longo do ciclo em ambos os leitos.
Deve ainda referir-se, que a redução de volume associada à desidratação das lamas é
ainda superior à redução da espessura, uma vez que, na fase final do ciclo de secagem em que as
fissuras formadas atingem a camada de areia, é significativa a retracção horizontal das lamas,
formando torrões espaçados entre si, como pode ser visto na Figura 33, correspondente aos
últimos dias do ciclo.
a) b) c)
Nas últimas décadas, a problemática da produção de lamas fecais tem vindo a agravar-se,
originando crescentes preocupações relacionadas com a sua gestão e destino final. O
desenvolvimento de sistemas de saneamento e tratamento, nos países em desenvolvimento,
esperado para os próximos anos, contribuirá, naturalmente, para o aumento da produção de lamas
e, consequentemente, desta problemática.
É, por isso, essencial, não só a procura de novas soluções como o estudo dos métodos já
existentes, definindo a sua aplicabilidade e os critérios de dimensionamento e avaliação de
desempenho dos mesmos, adoptando abordagens integradas dos sistemas de saneamento e
tratamento de águas residuais com vista a uma gestão adequada das lamas produzidas. É neste
contexto que surge a presente monografia, no âmbito da qual se pretende avaliar o desempenho
hidráulico e sanitário do processo de desidratação de lamas fecais urbanas em leitos de secagem.
Foram, para isso, instalados 9 leitos, onde oito (8) são leitos de secagem de lamas à
escala piloto e um leito é de evaporação. Entre 4 de Junho a 22 de Julho de 2019, foi realizado o
ciclo de desidratação de lamas, diferindo entre eles não só nas condições meteorológicas
registadas, mas também na espessura das camadas introduzidas no interior dos leitos e no valor
de teor de sólidos iniciais das lamas.
Ao longo do ciclo, foi determinada a evolução dos valores de teor de sólidos das lamas,
através de análises laboratoriais realizadas em amostras retiradas dos leitos. Foi ainda medida, no
decorrer de cada ciclo, a evolução da espessura da camada de lamas no interior dos leitos, como
vista à avaliação da redução de volume associada a este processo. Em laboratório foram
realizadas análises físico-químicas das amostras de lamas e das escorrências removidas dos
leitos. Mas antes da realização do ensaio com lamas fecais foram, realizou-se ensaio da
condutividade hidráulica saturada e porosidade.
Para o estudo de desidratação da lama fecal pode-se afirmar que os objectivos desta
monografia foram atingidos. Ao passo que ambos os leitos de secagem apresentaram melhor
desempenho, isto é, maiores valores de teor de sólidos e consequente redução de volume, num
menor período de tempo, para as mesmas condições meteorológicas, as camadas de lamas com
menor espessura foram mais facilmente desidratáveis. Verificou-se ainda que a maior parte da
água livre presente nas lamas foi removida, por drenagem, nos primeiros dias do ciclo.
5.2. Recomendações
A partir dos resultados obtidos e discussões, para obter maiores conclusões recomenda-se:
a) b)