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Índice
Introdução ....................................................................................................................................... 3

As Lutas Políticas e as Organizações precedentes à Frelimo ......................................................... 4

Surgimento da Frelimo ................................................................................................................ 4

Independência de Moçambique e a Frelimo no Poder ................................................................ 4

Lutas Políticas em Moçambique após a independência .............................................................. 5

Guerra civil e desestabilização externa ....................................................................................... 6

Organizações Precedentes à FRELIMO ...................................................................................... 7

Considerações finais ....................................................................................................................... 8

Referências bibliográficas ............................................................................................................... 9

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Introdução
O presente trabalho visa trazer aspectos relacionados as lutas políticas que surgiram em
Moçambique após a independência, lutas políticas essas que aconteceram entre a Frelimo e os
partidos que não iam de encontro com os ideais da FRELIMO, o actual partido no Poder.
Entretanto, para poder debruçar sobre essas lutas políticas e os partidos que precederam a Frelimo,
é importante falar sobre a fundação da Frelimo e o papel que desempenhou na libertação de
Moçambique.
Assim sendo, os pontos que serão abordados são: o surgimento da Frelimo, a libertação de
Moçambique, as lutas políticas (guerra dos 16 anos) e as organizações políticas que precederam a
Frelimo (nomeadamente a PRM, RENAMO e MDM), pois foram as que mais impactaram durante
esse período.

Objectivo geral
 Falar das lutas políticas em Moçambique e das organizações que precederam a Frelimo;

Objectivos específicos
 Apresentar as fases do surgimento da Frelimo até a independência de Moçambique;
 Falar das lutas políticas após a independência de Moçambique;
 Apresentar breves considerações sobre as organizações precedentes a Frelimo.

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As Lutas Políticas e as Organizações precedentes à Frelimo
Para falar das Lutas políticas e sobre as organizações que precedem a Frelimo, é preciso antes de
mais abordar um pouco sobre o surgimento da Frelimo e a libertação de Moçambique em 1975.
Surgimento da Frelimo
Pessoas que, para fugir das condições de vida consideradas muito duras em Moçambique, se
estabeleceram em países vizinhos; camponeses que, para evitar as formas de trabalho impostas
pelo Estado colonial, preferiam procurar um trabalho melhor remunerado fora; outros que ferviam
parte das sementes de algodão antes de plantá-las, para que a produção fosse baixa e as autoridades
decidissem que a região não era adaptada a essa cultura, foram algumas das estratégias utilizadas
pelos colonizados para escapar às exigências extremas do sistema colonial no campo.
Havia, no entanto, uma camada social que pela sua posição particular na sociedade colonial se
tornou a principal portadora da ideia independentista. Apesar de não serem considerados
“indígenas” pelas autoridades coloniais, os Assimilados não eram cidadãos de direito pleno e
encontravam-se divididos entre a esperança de uma promoção social e o desespero dos limites e
frustrações que o sistema colonial lhes impunha. Esta sua posição contraditória levou a que alguns
acabassem por se engajar na luta pela independência. As motivações anticoloniais, amplamente
difundidas no seio da população colonizada, incluindo na fracção relativamente privilegiada dos
Assimilados, encontraram na Frelimo uma expressão independentista e nacional.
A Frelimo é, de acordo com a versão oficial, em geral retomada de forma totalmente acrítica, o
resultado da fusão de três organizações: a União Democrática Nacional de Moçambique
(UDENAMO), a União Nacional Africana de Moçambique (MANU) e a União Nacional de
Moçambique Independente (UNAMI). De fato, os líderes dessas três organizações tomaram a
decisão de criar uma frente única numa reunião em 25 de Junho de 1962, em Dar es Salaam.
Os participantes nesta reunião também concordaram que o primeiro Congresso da Frelimo seria
realizado em Setembro do mesmo ano para estabelecer um programa e eleger uma liderança. Este
processo foi conduzido sob os auspícios do Governo da Tanzânia, que apoiou Eduardo Mondlane
nos seus esforços para formar um movimento unificado.
Independência de Moçambique e a Frelimo no Poder
A partir de Setembro de 1964 e durante dez anos, Moçambique foi palco de um confronto entre as
forças da Frelimo e o exército colonial Português. A luta protagonizada por esta organização
permitiu-lhe – após a queda do regime ditatorial português em 1974 – atingir o objectivo principal
do seu programa político: a independência do país.
No quadro dos Acordos de Lusaka, o governo de transição foi nomeado a 20 de Setembro de 1974.
Pode-se considerar que era um governo da Frelimo, sendo a sua tarefa principal assegurar a gestão
do país e prepará-lo para a proclamação da independência. A Frelimo deixava então de ser um
movimento de libertação dirigindo uma guerrilha em regiões rurais distantes dos centros urbanos,
para se tornar um partido no poder, que se preparava para tomar sem partilha o controlo de um
Estado.

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Depois desses factos verificados, foi somente a 25 de junho de 1975 que Moçambique se tornou
oficialmente independente.
A Frente de Libertação de Moçambique adotou no pós-independência o planeamento central como
instrumento de desenvolvimento, centralizado no Estado intervencionista, com uma economia
coletivizada, baseada no controle centralizado do câmbio, na elaboração de planos nacionais de
desenvolvimento e na suposição que os excedentes econômicos de um setor seriam alocados em
outros setores (Dinerman 2006, 48 apud Diaz 2022).
Lutas Políticas em Moçambique após a independência
Para falar das lutas políticas em Moçambique é preciso também falar da guerra civil (guerra dos
16 anos) que houve entre os anos 1977 a 1992, protagonizada pela RENAMO e o Partido que
estava no poder naquela altura, a FRELIMO. Entretanto, antes de abordar esse marco nas lutas
políticas, importa mencionar alguns acontecimentos entre a FRELIMO e outros partidos.
Para Cabrita (2000, pág. 31) apud Diaz (2022), a FRELIMO ocupou com os quadros combatentes
da guerra de libertação nacional os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário no processo de
construção do Estado após a independência. Vale referir que em 1975, o governo de Moçambique
havia abolido as câmaras de direito privado, criando um vácuo no sistema judicial. Nesse
panorama, Samora Machel era líder do partido, chefe do Estado e do governo, chefe da Justiça,
presidente do Parlamento, chamado de Assembleia Popular, que reunia 210 membros apontados
pela FRELIMO e comandante do exército. Em 1979 a FRELIMO estabeleceu a pena de morte e
reintroduziu a prática colonial do castigo corporal, de tal modo que a “justiça popular” era aplicada
arbitrariamente pelos órgãos do partido e agências governamentais.
Ademais, erradicaram-se todas as formas de oposição política no país, centralizando toda
autoridade no “partido-Estado”. Como exemplo serve o caso do Partido Revolucionário de
Moçambique (PRM), estabelecido em 1976 no Maláui, por Amos Sumáne, dissidente político da
FRELIMO que reuniu moçambicanos dispostos a desafiar militarmente o governo, antes do início
da guerra civil
Para chichava (2018) citado por Diaz (2022) a luta do PRM era contra o “comunismo” que a
FRELIMO havia introduzido em Moçambique e, supostamente houve ataque do PRM em 8 de
agosto de 1978 à FRELIMO, na província da Zambézia. Em fevereiro de 1981 o Tribunal Militar
Revolucionário julgou 32 membros do PRM, e quatro militantes foram sentenciados à pena de
morte.
Assim, observando mais detidamente o processo de centralização da autoridade política após a
independência, conforme Meneses (2015, 43) a FRELIMO apresenta mais “continuidade do que
ruptura” em relação ao exercício do poder do Estado nos tempos coloniais, porque é um poder que
“separa e legitima parte da população em detrimento de outra”. Ao comparar o colonialismo
português com o “nacionalismo marxista-leninista” da FRELIMO, a autora entende que um
discurso que promovia segregação foi substituído por outro.

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Guerra civil e desestabilização externa
De acordo com Diaz (2022) guerras civis são conflitos armados entre grupos organizados de um
mesmo Estado, caracterizados por combates de alta intensidade que envolvem forças armadas
regulares e grupos armados que as desafiam. No caso de Moçambique, a Resistência Nacional de
Moçambique (RENAMO) antagonizou o regime da FRELIMO em uma guerra civil que durou
entre 1976 e 1992, ano em que os Acordos de Paz foram firmados. A guerra civil moçambicana se
insere no âmbito do conflito bipolar da Guerra Fria, que determinou as alianças possíveis de cada
parte no âmbito das relações internacionais.
Segundo Domingues (2011, 4) citado por Diaz (2022), a guerra civil pode ser dividida em quatro
fases:
 Na primeira, entre 1977-1980, a Renamo foi criada, mantida e sediada na Rodésia (atual
Zimbábue), gradualmente passando a atuar militarmente no território de Moçambique e
eventualmente a sediar-se no país em um momento de expansão do conflito.
 Na segunda fase, entre 1980-1986, a RENAMO perdeu o apoio da Rodésia com a
independência do Zimbábue, mas passou a ser dirigida e apoiada pelo governo de Pretória.
 Na sequência, o terceiro período, entre 1986 e 1990, foi caracterizado pelo alto nível de
violência entre as partes, especialmente na região Sul do país.
 O apoio da África do Sul tornou-se menor e finalmente, no quarto período, entre 1990 e
1992, estabeleceram-se negociações para o estabelecimento de uma nova constituição em
1990 e para um acordo de paz, concretizado em 4 de outubro de 1992.
Havia uma diferença fundamental na percepção sobre o conflito que deu início à guerra civil. Na
perspectiva de Samora Machel, da FRELIMO, o conflito era uma guerra de desestabilização com
importantes componentes internacionais.
Para a RENAMO havia uma guerra pela democracia e contra a FRELIMO, cuja articulação com
regimes racistas da região Austral foi chave para sua formação. Assim, as tensões entre FRELIMO
e RENAMO nunca foram pacíficas.
De acordo com Metz (1986) os objetivos da RENAMO foram declarados em um manifesto de
1981. Os membros da RENAMO queriam formar um “governo de unidade nacional”, realizar
eleições democráticas e promover a economia de mercado. O movimento era antissocialista e não
havia programa de engajamento da RENAMO na realidade social de Moçambique. Segundo o
autor, a RENAMO teria falhado em justificar ideologicamente sua guerra, cujo objetivo declarado
era a completa desestabilização econômica do governo.

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Organizações Precedentes à FRELIMO
Partido Revolucionário de Moçambique
Partido Revolucionário de Moçambique (PRM), estabelecido em 1976 no Maláui, por Amos
Sumáne, dissidente político da FRELIMO que reuniu moçambicanos dispostos a desafiar
militarmente o governo, antes do início da guerra civil. Para chichava (2018) a luta do PRM era
contra o “comunismo” que a FRELIMO havia introduzido em Moçambique e, supostamente houve
ataque do PRM em 8 de agosto de 1978 à FRELIMO, na província da Zambézia.
Em fevereiro de 1981 o Tribunal Militar Revolucionário julgou 32 membros do PRM, e quatro
militantes foram sentenciados à pena de morte.
RENAMO
De acordo com Tavuyanago (2011) existem duas versões sobre as origens da RENAMO. A
primeira argumenta que foi estabelecida pelo regime racista da Rodésia de Ian Smith e surgiu como
um movimento de contrainsurgência fundado pela Rodhesian Central Intelligence Organization
(CIO) em 1976. Nesse sentido, a existência da RENAMO deve ser compreendida dentro do quadro
mais amplo de desestabilização da luta contra o colonialismo na África Austral, operada por
articulação entre África do Sul, Portugal e Rodésia. A RENAMO teria antecedentes nos anos 1960,
na medida em que a FRELIMO começou a operar em Tete, no Norte de Moçambique e fornecer
bases para combatentes do Zimbabwe National Liberation Army (ZANLA), os rodesianos e os
portugueses iniciaram cooperação em operações militares.
A outra abordagem atribuí a emergência da RENAMO aos problemas internos do governo e a
introdução de políticas sensíveis às populações rurais. A orientação ideológica do governo e a
marginalização das autoridades tradicionais produziu antagonismo em parte da população. A
RENAMO usou a impopularidade do governo em certas áreas do país e o grupo tornou-se
procurado por pessoas penalizadas pelo regime da FRELIMO.
MDM
O Movimento Democrático de Moçambique é um partido político de Moçambique, criado a partir
de uma dissidência da Resistência Nacional Moçambicana. É a terceira maior força política do
país. Fundado em 7 de março de 2009, foi liderado por Daviz Simango, edil da Beira, até à sua
morte em 22 de fevereiro de 2021.

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Considerações finais
Nesse sentido, é seguro afirmar que a oposição à FRELIMO surgiu em função das políticas
domésticas adotadas em favor do socialismo, do controle do Executivo sobre o Judiciário e
Legislativo, e dos vínculos diplomáticos de Moçambique com a URSS e da influência que os
regimes de minoria branca tinham sobre a oposição da FRELIMO.
Assim sendo, as lutas políticas foram surgindo porque várias pessoas que comungam com a forma,
o método da Frelimo de governar, daí que começaram a surgir vários descontentes, passando a
formar novos quadros políticos que depois de algum tempo começaram a bater de frente com a
Frelimo.

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Referências bibliográficas
DIAZ, José Alejandro Sebastian Barrios; As Relações Internacionais da Construção do Estado em
Moçambique: Pós-Independência, guerra civil e transições políticas; 2022;
BRITO, Luís; A Frelimo, o Marxismo e a Construção do Estado Nacional 1962-1983; editora
IESE, Maputo, 2019.

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