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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Evolução Histórica da Administração pública de Moçambique desde a Primeira Constituição de


Moçambique Independente à primeira Constituição multipartidária de Moçambique

Eugenia Gloriano Agostinho e 708220072

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Curso: Administração Publica
Disciplina: Teoria de Administração Pública
Ano de Frequência: 1 ano

Pemba, Agosto, 2022

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discussão  Revisão bibliográfica
nacional e internacionais
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relevantes na área de
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Aspectos tamanho de letra,
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gerais paragrafo, espaçamento
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Bibliográfi citações e
bibliográficas
cas bibliografia

Índice
Introdução........................................................................................................................................4

Objectivos........................................................................................................................................4

Objectivo Geral................................................................................................................................4

Objectivos Especificos.....................................................................................................................4

Metodologia.....................................................................................................................................4

Evolução Histórica da Administração pública de Moçambique desde a Primeira Constituição de


Moçambique Independente à primeira Constituição multipartidária de Moçambique....................5

Evolução Histórica da Administração Pública Moçambicana.........................................................6

Período de Colonização...................................................................................................................6

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Período de independência................................................................................................................6

Período após a independência..........................................................................................................9

Conclusão......................................................................................................................................11

Referencia Bibliográfica ...............................................................................................................12

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Introdução

O presente trabalho tem como o tema Evolução Histórica da Administração pública de


Moçambique desde a Primeira Constituição de Moçambique Independente à primeira
Constituição multipartidária de Moçambique, pretende se com o trabalho abordar aspectos
históricos da administração pública em Moçambique, A Administração Pública em Moçambique
atravessou vários momentos, começando pelo período da colonização, independência e pós
independência. Com a Independência em 1975, depois de 500 anos de colonização, a partir de
1977, o país atravessa um período de guerra de 16 anos que dilacerou todo o território nacional.
Só com o fim da guerra é que Moçambique se abre à economia de mercado e ao
multipartidarismo. A Administração Pública moçambicana foi influenciada pelo sistema político
vigente desde a colonização até aos dias de hoje.

Objectivos

Objectivo Geral

 Compreender a Evolução Histórica da Administração pública de Moçambique;

Objectivos Especificos

 Identificar as diferentes fases da Administração Pública Moçambicana;


 Mencionar o tipo de Administração Pública que Moçambique adoptou depois da
Independência e o actual;
 Explicar a Evolução Histórica da Administração pública de Moçambique desde a
Primeira Constituição de Moçambique Independente à primeira Constituição
multipartidária de Moçambique;

Metodologia
O presente trabalho obedece a seguinte estrutura: introdução, desenvolvimento, conclusão e
bibliografia, sendo o método bibliográfico aplicado na elaboração deste trabalho, parte da
pesquisa exploratória, que consistiu no levantamento conceitual de material referente ao tema.

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Os autores das obras consultadas estão devidamente citados dentro do trabalho e na bibliografia
final.

Evolução Histórica da Administração pública de Moçambique desde a Primeira


Constituição de Moçambique Independente à primeira Constituição multipartidária de
Moçambique

A primeira Constituição de Moçambique entrou em vigor em simultâneo com a proclamação da


independência nacional em 25 de Junho de 1975. Nesta altura, a competência para proceder a
revisão constitucional fora atribuída ao Comité Central da Frelimo até a criação da Assembleia
com poderes constituintes, que ocorreu em 1978 (Simione, 2015).

Constituição De 1975. Tendo como um dos objectivos fundamentais “a eliminação das


estruturas de opressão e exploração coloniais... e a luta contínua contra o colonialismo e o
imperialismo”, foi instalado na República Popular de Moçambique (RPM) o regime político
socialista e uma economia marcadamente intervencionista, onde o Estado procurava evitar a
acumulação do poderio económico e garantir uma melhor redistribuição da riqueza (Publicada no
BR n.º1, I Série, 1975).

O sistema político era caracterizado pela existência de um partido único e a FRELIMO


assumia o papel de dirigente. Eram abundantes as fórmulas ideológicas - proclamatórias e
de apelo das massas, compressão acentuada das liberdades públicas em moldes
autoritários, recusa de separação de poderes a nível da organização política e o primado
formal da Assembleia Popular Nacional (Jorge Miranda 1997).

Constituição de 1990. A revisão constitucional ocorrida em 1990 trouxe alterações muito


profundas em praticamente todos os campos da vida do País. Estas mudanças que já começavam
a manifestar-se na sociedade, principalmente na área económica, a partir de 1984, encontram a
sua concretização formal com a nova Constituição aprovada (Simione, 2015).

Resumidamente, podemos citar alguns aspectos mais marcantes, como sejam (Simione, 2015).

 Introdução de um sistema multipartidário na arena política, deixando o partido Frelimo


de ter um papel dirigente e passando a assumir um papel histórico na conquista da
independência;

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 Inserção de regras básicas da democracia representativa e da democracia participativa e o
reconhecimento do papel dos partidos políticos;
 Os direitos e garantias individuais são reforçados, aumentando o seu âmbito e
mecanismos de responsabilização;

Ministério da Administração Estatal (1992), refere que, destas merece especial realce a alteração
de 1996 que surge da necessidade de se introduzir princípios e disposições sobre o Poder Local
no texto da Constituição, verificando-se desse modo a descentralização do poder através da
criação de órgãos locais com competências e poderes de decisão próprios, entre outras
(superação do princípio da unidade do poder).

Constituição de 2004: Esta é a última revisão constitucional ocorrida em Moçambique.


Fora aprovada no dia 16 de Novembro de 2004. Não se verifica com esta nova
Constituição uma ruptura com o regime da CRM de 1990, mas sim, disposições que
procuram reforçar solidificar o regime de Estado de Direito e democrático trazido em
1990, através de melhores especificações e aprofundamentos em disposições já existentes
e também pela criação de novas figuras, princípios e direitos e elevação de alguns
institutos e princípios já existentes na legislação ordinária à categoria constitucional. Um
aspecto muito importante de distinção desta constituição das anteriores é o “consenso” na
sua aprovação, uma vez que ela surge da discussão não só dos cidadãos, como também da
Assembleia da República representada por diferentes partidos políticos (o que não se
verificou nas anteriores) (Publicada no BR n.º51, I Série, de Quarta-feira,
22.12.2004)

Evolução Histórica da Administração Pública Moçambicana


Simango (s/d), afirma que, a Administração Pública em Moçambique atravessou vários
momentos, começando pelo período de colonização, independência e pós-independência, a
seguir, são descritas as três fases:

Período de Colonização

No passado colonial, a estrutura administrativa moçambicana era essencialmente baseada no


princípio da centralização, isto é, no princípio da reserva do poder de decisão administrativa aos
órgãos superiores da administração. Os comandos derivavam essencialmente de um centro, que
era a metrópole colonial e mais tarde na capital da Província Ultramarina. A natureza autoritária
do regime colonial português aliada à necessidade de forte domínio sobre as Províncias
Ultramarinas conduziu a que as estruturas municipais então existentes fossem simples extensão

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do poder central (Ministério Da Administração Estatal, Documento da Reforma dos Órgãos
Locais, 1992).

Período de independência
Simango (s/d), Com a Independência em 1975, conseguida através de uma luta violenta, a
FRELIMO pretendia edificar uma sociedade unida, pacífica e igualitária, mas tal não chegou a
acontecer, pois, o país viu-se mergulhado numa guerra civil brutal que deixou um rasto de
destruição em todo pais. A partir de 1975, a FRELIMO adoptou políticas Marxistas-Leninistas,
alinhado com a ex-União Soviética e seus aliados e um Estado socialista mono partidário.

A ideologia marxista adoptada pela FRELIMO entrou em conflito com os líderes comunitários,
que eram os chefes tradicionais, considerados de ilegais e consequentemente destituídos; os
habitantes das zonas rurais, afectados de forma adversa pelas políticas do Governo culminaram
com a guerra civil em larga escala entre o Governo mono partidário da FRELIMO e a
Resistência Nacional de Moçambique (RENAMO), constituída em 1976/7 sob a direcção da
Rodésia, aproveitando-se do ressentimento popular (Relatório do Mecanismo Africano de
Revisão de Pares, 2010).

A organização básica e constitucional do Estado moçambicano no pós independência resultou,


simultaneamente, de ruptura e de continuidade, em relação aos modelos anteriormente seguidos,
(Manuel 1995).

Simango (s/d), ela resultou de ruptura, pois, contrariamente ao que ocorria no sistema colonial,
no pós independência a organização do Estado não visava propiciar a acumulação capitalista da
burguesia portuguesa, mas sim, a construção de uma sociedade livre da exploração do homem
pelo homem, daí que a Constituição da República de 1975 tivesse como as seguintes linhas de
força:

a) Política económica intervencionista

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Uma política económica intervencionista, no contexto da qual cabia ao Estado agir em todos os
sectores da vida económica com vista a impedir que a acumulação do poderio económico
pudesse conduzir a dominação de algumas camadas em detrimento de outras. A actividade
governamental foi no passado dirigido no sentido de um amplo intervencionismo em nome do
princípio que a intervenção do Estado é feita em nome do interesse comum e favorecia a
igualdade dos cidadãos. A ideia é que o liberalismo excessivo deixa desprotegido os mais fracos,
sejam eles pobres ou empresários com menores capacidades de enfrentar a concorrência
(Simango s/d);
b) Política social assistencialista

Uma política social assistencialista visando a realização efectiva dos direitos sociais, como a
saúde e educação que era assegurada a todos independentemente dos seus rendimentos (Simango
s/d);

c) Orientação nacionalista

Uma orientação nacionalista que pretendia substituir os actores coloniais por novos actores, os
operários, camponeses e as camadas mais pobres e desfavorecidas, (Simango s/d);

d) Orientação monopartidária

Uma orientação monopartidária em que há a prevalência de princípios políticos sobre a Lei;


supremacia dos órgãos partidários na vida institucional do país; exercício de função de
Presidente da República por inerência das funções de Presidente do Partido FRELIMO;
composição do Parlamento com base nos órgãos do Partido FRELIMO, pois, o Comité Central é
que era o verdadeiro Parlamento; iniciativa de Lei atribuída cumulativamente ao Comité Central;
subordinação das Forças Armadas ao Partido FRELIMO; substituição provisória do Presidente
da República pelo Comité Central em caso de impedimento, morte ou incapacidade; prevalência
de critérios políticos partidários sobre critérios meritocráticos, na selecção, recrutamento e
promoção dos funcionários, (Simango s/d);

Por outro lado, ela resultou de continuidade, pois, ela não surgiu do nada. Ele era a continuação
de um modelo de Estado que vinha sendo implementado nas Zonas Libertadas. Desde a sua

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fundação, a FRELIMO se constituiu em órgãos Nacionais e Locais com claras atribuições de
natureza legislativa, executiva e judiciária. Neste período, o Comité Central da FRELIMO
realizava funções legislativas, o Comité Executivo realizava funções executivas e o Comité
Político Militar realizava as funções judiciárias. Os Departamentos dirigidos pelos respectivos
chefes actuavam como órgãos da Administração Pública, voltados para realização de actividades
sectoriais. As Zonas Libertadas com a organização que as regia, constituía um Estado dentro de

outro ou Estado (Caetano s/d).

Período após a independência

Logo após a independência constituiu-se um Conselho de Ministros a partir de membros do


Comité Central e do Comité Executivo da FRELIMO. Não tinham ainda sido criados os órgãos
legislativos. O Conselho de Ministros produzia Decretos com força de Lei (Decreto-Lei 2/97, de
18 de Fevereiro).

Relatório Do Mecanismo Africano De Revisão De Pares, (2010), paradoxalmente, concentra


traços comuns e o mais típico dessa semelhança é a centralização de poder e a manutenção da
divisão administrativa, nomenclatura e a própria designação dos dirigentes de escalões territoriais
correspondentes à Província, Distrito e do Posto Administrativo. Ao nível da Administração
Pública decidiu-se pelo escangalhamento do aparelho estatal colonial e substitui-se pelos
princípios marxistas, nomeadamente a dupla subordinação e centralismo democrático contido
nas normas de trabalho e disciplina.

No que se refere aos órgãos do Estado, encontramos os centrais e os locais. Os centrais


eram os Ministérios, Comissões Nacionais e Secretarias de Estado. Os locais são a
reprodução, a nível local, dos órgãos centrais. Tal como ocorria a nível central, a nível
local havia órgãos legislativos, executivos e judiciais. Os órgãos legislativos ou
deliberativos não possuíam quaisquer competências de legislar. Eles serviam para
aprovar as decisões tomadas a nível central ou pelos órgãos locais do Partido e do
Governo Provincial. As decisões de natureza exclusiva local eram muito poucas.
Actualmente elas têm vindo a crescer mercê do crescente movimento de desconcentração
e também da intervenção crescente das ONGs, (Simango s/d)

A partir de 1992, o Governo de Moçambique introduziu várias reformas económicas, sociais e


políticas com o objectivo de criar condições para o desenvolvimento socioeconómico baseado no

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pluralismo democrático, na realização de eleições periódicas livres e justas, no Estado de Direito,
no respeito pelos direitos humanos e na redução de potenciais conflitos dentro dos Estados e
entre eles, (Simango s/d).

Nos finais da década 80, no mundo, ocorreram mudanças sociopolíticas que permitiram a
introdução de amplas reformas políticas em direcção `a democracia liberal. É nestes termos
que se realizaram em Moçambique as primeiras eleições gerais e presidenciais em 1994,
seguidas de outras em 1999, 2004 e 2009, e as eleições autárquicas em 1998, 2003 e 2008. Em
2009, também realizaram-se as primeiras eleições para as Assembleias Provinciais (Relatório Do
Mecanismo Africano De Revisão De Pares, 2010).

Com estas eleições democráticas, Moçambique passa de um Estado centralizado para


descentralizado, com a participação dos cidadãos na escolha dos seus dirigentes de forma livre e
transparente. As reformas socioeconómicas permitiram a passagem de uma economia
centralizada para economia de mercado, deixando o Estado de ser único agente económico e a
intervenção do sector privado nos sectores sociais como a educação e a saúde, (Simango s/d).

Simango (s/d) afirma portanto, o sistema político introduzido com as reformas a partir da década
90 influenciou o funcionamento da Administração Pública moçambicana, pois ela, sob ponto de
vista legal, passou a ser menos dependente do partido único e passou a ser uma administração
para servir o cidadão independentemente da sua filiação política ou partidária.

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Conclusão

Com tudo o que foi lido e resumida detalhadamente percebe, no passado colonial, a estrutura
administrativa moçambicana era essencialmente baseada no princípio da centralização, isto é, no
princípio da reserva do poder de decisão administrativa aos órgãos superiores da administração.
Isto é no período colonial da Administração Pública “moçambicana” era regida pela política do
ultramar ou seja pela coroa portuguesa. Depois da Independência de Moçambique do jugo
colonial, Moçambique passa à administração descentralizada a partir de 1990, com a nova
Constituição da República, em que se pressupõe as eleições gerais, autárquicas e para as
Assembleias Provinciais.

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Referencia Bibliográfica

Jorge Miranda (1997), Direito Constitucional, Tomo I, 6ª Edição, Coimbra Editora, 1997, pg.
237.

Lei 2/97, de 18 de Fevereiro

Manuel, Carlos, (1995) Textos de Apoio - Seminários sobre Descentralização Administrativa.

Mecanismo de apoio de revisão de pares (2010), relatório.

Ministério da administração estatal, documentos da reforma dos órgãos locais do estado, 1992;

Publicada no BR n.º1, I Série, Quarta-feira, 25.06.1975

Publicada no BR n.º51, I Série, de Quarta-feira, 22.12.2004.

Simango, E. P. M. (s/d). Teoria Geral de Administração. Beira. UCM. Centro de Ensino à


Distância – CED.

Simione, A. A. (2015). Dinâmicas do contexto político e administrativo na construção da


administração pública em Moçambique. Gaza. Foco.

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