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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema:
Diga ate que ponto a Dominação Tradicional, Carismática e a Dominação Legal ou
Burocráticas terão Impacto na Evolução do Estado Moçambicano desde a Fase
Pré-Colonial, Colonial e Pós-colonial

Nome de estudante: Malecia de Alfimina Deutronomio


Código: 708204007

Curso: Licenciatura em ensino de História


Cadeira: Historia das Instituições Politicas III
Docente: MSc: Rogério Esteves
Ano de frequência: 3º Ano

Milange, Maio de 2022


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 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao 2.0
objecto do trabalho
 Articulação e
domínio do
discurso
académico
2.0
Conteúdo (expressão escrita
cuidada,
coerência / coesão
Análise e textual)
discussão  Revisão
bibliográfica
nacional e
2.
internacionais
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos
Conclusão 2.0
 Teóricos práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª  Rigor e coerência
Referências edição em das
4.0
Bibliográficas citações e citações/referêcias
bibliografia bibliográficas
Recomendações de melhorias

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Índice
1. Introdução............................................................................................................................3
1.1. Objectivos....................................................................................................................3
1.1.1. Objectivo Geral........................................................................................................3
1.1.1.1. Objectivos Específico.......................................................................................3
2. Dominação...........................................................................................................................4
3. Dominação Tradicional........................................................................................................4
4. Dominação Tradicional na Evolução do Estado Moçambicano na fase Pré-Colonial...........5
5. Dominação Tradicional na Evolução do Estado Moçambicano na fase Colonial.................6
6. A dominação Tradicional na evolução do Estado moçambicano na fase Pós-Colonial........8
7. A dominação tradicional no contexto Actual........................................................................9
8. Carisma..............................................................................................................................10
9. Dominação Carismática.....................................................................................................11
10. Carisma na Contemporaneidade.....................................................................................12
11. Dominação Legal ou Burocrática...................................................................................12
12. Dominação Legal ou burocrática na evolução do Estado moçambicano na fase pós-
colonial.......................................................................................................................................13
13. Conclusão.......................................................................................................................14
14. Referência bibliográfica.................................................................................................15
1. Introdução

No cerne de relações sociais, moldadas pelas lutas, Max Weber percebe de fato a
dominação, assentada em uma verdadeira constelação de interesses, monopólios
econômicos, dominação estabelecida na autoridade, ou seja, o poder de dar ordens, por
isso ele acrescenta a cada tipo de actividade tradicional, afectiva ou racional um tipo de
dominação particular.
A obediência se presta não à pessoa, em virtude de direito próprio, mas à regra,
que se conhece competente para designar a quem e em que extensão se há-de obedecer.
Weber classifica este tipo de dominação como sendo estável, uma vez que é baseada em
normas que, como foi dito anteriormente, são criadas e modificadas através de um
estatuto sancionado correctamente. Ou seja, o poder de autoridade é legalmente
assegurado.
O presente trabalho debruça-se em torno de ate que ponto a Dominação
Tradicional, Carismática e a Dominação Legal, Racional ou Burocrática Terão impacto
na Evolução de Estado Mocambicano desde a Fase Pré-colonial, colonial e Pós-colonial
em Moçambique, que serve de primeiro trabalho na cadeira de Historia Das Instituições
Politicas no curso de Licenciatura em ensino de História, 3º Ano. Em concernente a
elaboração do mesmo, usaram-se vários artigos publicados na internet, livros, e entre
outros, no que culminou a uma pesquisa bibliográfica.

1.1. Objectivos
1.1.1. Objectivo Geral
 Analisar o Impacto dos Tipos de Dominação na Evolução do Estado
Moçambicano desde a Fase Pré-colonial, Colonial e Pós-colonial
1.1.1.1. Objectivos Específico
 Conceituar o Dominação;
 Definir Dominação Tradicional;
 Definir Dominação Carismática:
 Descrever os Impactos da Dominação Tradicional na Evolução do Estado
Moçambicano na Fase Pré a pôs Colonial em Moçambique
 Descrever os Impactos da Dominação Carismática na Evolução do Estado
Moçambicano na Fase Pré a pós Colonial em Moçambique.

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2. Dominação

Para Max Weber (2004, p. 23), afirma que “dominação é a possibilidade de se


obter obediência a um determinado mandato. Ele sustenta que a dominação pode ser
meios económicos, que é a constelação de interesses (monopólio) que são os
possuidores de propriedades, e por outro lado, encontramos a dominação por poder que
é em virtude de autoridade (poder de mando e obediência) ”.

“Desta última dominação vimos a dimensão política pois, a dominação é sempre


resultado de uma relação social de poder desigual, onde se percebe claramente a
existência de um lado que domina e outro que obedece. Essa obediência tem que ser
legitimada pela crença social”.

3. Dominação Tradicional

Segundo Weber (1981, p. 73), afirma que “Na Dominação tradicional a


autoridade é, pura e simplesmente, suportada pela existência de uma fidelidade
tradicional); o governante é o patriarca ou senhor, os dominados são os súditos e o
funcionário é o servidor”.

O patriarcalismo é o tipo mais puro desta dominação. Presta-se obediência à


pessoa por respeito, em virtude da tradição de uma dignidade pessoal que se julga
sagrada. Todo o comando se prende intrinsecamente a normas tradicionais (não legais) a
meu ver seria um tipo de “lei moral”.

“A criação de um novo direito é, em princípio, impossível, em virtude das


normas oriundas da tradição. Também é classificado, por Weber, como sendo uma
dominação estável, devido à solidez e estabilidade do meio social, que seacha sob a
dependência direta e imediata do aprofundamento da tradição na consciência colectiva”
(Weber, 1981, 78).

O poder tradicional pode ser transmitido por herança e é extremamente


conservador. Toda mudança social implica rompimento mais ou menos violento das
tradições. A legitimação do poder na dominação tradicional provém da crença no
passado eterno, na justiça e na maneira tradicional de agir.

O líder tradicional é o senhor que comanda em virtude do seu Status de herdeiro


ou sucessor. Suas ordens são pessoais e arbitrárias, seus limites são fixados pelos
costumes e hábitos e os seus súbitos obedecem-no o respeito ao seu status tradicional.
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4. Dominação Tradicional na Evolução do Estado Moçambicano na fase Pré-
Colonial

Segundo Macamo (2004, p. 24), afirma que “Após a expansão Bantu e antes do
impacto político, social, cultural, religioso e económico do Estado colonial português, o
qual principiou no século XVI, a autoridade política legítima de cada chefe tradicional
das comunidades políticas moçambicanas, resultava da sua capacidade de gestão de
quatro factores principais: o geográfico, o político-militar, o económico e o mágico-
religios”.

“Os factores que designamos por geográfico, era crucial na ocupação de um


território distinto, com limites suficientemente conhecidos, cuja fruição era reservada
aos membros da comunidade política, que reagiam colectivamente em sua defesa contra
tentativas de ocupação militar ou de violação de soberania política por parte de
estranhos” (Macamo, 2004, p. 24)

Apenas com prévia autorização formal do chefe tradicional podiam outros


atravessar o território da comunidade política, ou mesmo, recolher peças de caça feridas
em comunidades políticas alheias.

O factor de carácter político-militar tornava o chefe tradicional e os outros


dirigentes políticos, em símbolos de unidade e soberania e representantes da
comunidade política perante outras comunidades orgânicas fossem elas de tipo ciânico,
tribal ou estadual.

“Com elas concluíam alianças políticas e diplomáticas ou entravam em conflito


armado.Decidiam, ainda, as migrações colectivas para outras regiões. Ponderavam a
divisão administrativa mais conveniente e as delegações de poderes políticos atribuídos
aos dirigentes distritais. Mediante consenso geral, podiam conceder autorização formal
aos ramos juniores da casa reinante para fundarem comunidades políticas
independentes” (Macamo, 2004, p. 24).

Segundo Macamo (2004, p. 26), afirma que “O chefe tradicional, responsável


pela lei e pela ordem, detinha tão importantes funções judiciais, que alguns autores
consideram primacial na definição de chefatura a livre concordância dos respectivos
membros em submeterem os seus litígios à resolução do mesmo tribunal «Costumeiro»,
acatando as suas sentenças jurídico-legais”.

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Apesar desta grande concentração de poderes políticos, jurídicos e sociais, os
chefes tradicionais não eram, por regra, autocratas que governavam arbitrária e/ou
despoticamente. Estes, deviam cingir-se às normas e valores sociais e jurídicos do
direito consuetudinário em vigor, e empregar os seus privilégios e riquezas com
ponderação e discernimento, tendo sempre em consideração o bem-estar geral da(s)
sua(s) comunidade(s) politica(s).

5. Dominação Tradicional na Evolução do Estado Moçambicano na fase


Colonial

Segundo Serra (2003, p. 34), afirma que “Quando os europeus chegaram a


África, principalmente a Moçambique, encontraram um sistema em que as populações
viviam sem um estado formal”.

Nunca se deve branquear a coercibilidade com que os europeus administraram


este continente, mas um estudo mais atento aponta que a primeira razão, e pode-se
mesmo admitir, que a única justificação para esta violência assentava no fraco controlo
que os europeus tinham sobre as grandes extensões de terra acabadas de conquistar.

Segundo Serra (2003, p. 34), afirma que “Quando os europeus chegaram a


África, neste caso a Moçambique, encontraram um povo que vivia sem um estado
definido, no sentido de Estado-Nação do mundo moderno. Tal como toda a África,
Moçambique era dominada por chefes tribais que assumiam todas as funções e poderes
sobre a comunidade. Para poder controlar o poder, os europeus foram muito coercivos
com as comunidades, dado a sua fraca inserção e falta de estruturas administrativas”.

“A razão desta coercividade estava relacionada com a falta de estruturas


político-administrativas que estendessem corretamente as suas políticas em todo o
território. Assim, para executar uma determinada ordem central fora dos grandes centros
urbanos, os europeus tinham derecorrer à força, dado que não tinham, na verdade, um
controlo político-administrativo sobre as populações rurais” (Serra, 2003).

No caso de Moçambique surgiram então as administrações do distrito. Neste


contexto, segundo Serra (2003), afirma que “Portugal introduz um sistema de
administração que se pode chamar de "indireta", onde a figura da autoridade tradicional
aparece como central”.

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“O facto de muitos dos detentores do poder tradicional serem recrutados entre as
famílias mais influentes, permitiu a extensão da administração estatal para zonas mais
recônditas e ao mesmo tempo garantiu a existência de uma figura dotada de
legitimidade. Doravante, assiste-se à interação permanente entre as formas modernas de
exercer o poder assumidas pela essência do Estado colonial e as formas locais de
administração, agora designadas; autoridades gentílicas” (Serra, 2003).

A figura da autoridade tradicional é simbolizada no régulo e a sua sucessão era


hereditária, sempre assente na linhagem real. Mas para Cota (1994), nem sempre isso
era respeitado porque segundo o autor sempre que os líderes se opusessem, duma ou de
outra for, as autoridades colonias eram substituídos por personagens cordatas. Em
paralelo, outros títulos locais, muitas vezes com conotações religiosas, continuaram a
existir, embora a sua importância política fosse diminuindo sempre que não se
encontrasse articulada com o regulado.

A reforma de 1929, reconhecia um único régulo para cada uma das chamadas
unidades territoriais tradicionais, nestas circunscrições os régulos começaram a fazer
parte da administração, já que eles eram eles que controlavam a cobrança de impostos
aos indígenas, asseguravam o recrutamento da força de trabalho e tinham a seu cargo
aresolução dos problemas que afetavam as populações.

Segundo Ngoenha (2009, p. 67), afirma que “Na tentativa de exercer um maior
controlo sobre as populações que estavam fora do alcance do poder administrativo, os
europeus apostaram no reconhecimento das autoridades tradicionais. Manipular estas
estruturas reconhecidas pelas comunidades revelou-se a única forma de estender o poder
em todo o território, e portanto evitar que nesses locais se formassem bolsas de
resistência capazes de pôr em causa a sua conquista”.

“Como acima citado, os europeus queriam evitar a resistência à sua ocupação e


fazer valer os seus interesses económicos, o que mostra porque motivos muitos dos
europeus então residentes em África, mesmo na fase das lutas armadas nas colónias,
nunca combaterem pelas terras por eles dominadas, tarefa reservada às metrópoles, na
Europa” (Ngoenha, 2009).

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“O que fortaleceu o poder tradicional em África, e principalmente em
Moçambique, foi o facto de estas autoridades serem reconhecidas e respeitadas pelas
populações. Esta situação, no lugar de dificultar a tarefa dos europeus, revelou-se um
fator de facilitação porque o mais importante para os conquistadores deixou de ser a
obrigação de estender as suas estruturas administrativas para as zonas mais recônditas,
poupando assim o número de polícias e agentes políticos” (Nilsson, 1994).

Os europeus descobriram que usando os líderes tradicionais podiam estender a


sua administração a todo o território sem precisar de ter agentes do estado em todas as
zonasrurais. No caso de Moçambique surgiram então as administrações do distrito.

Neste contexto, segundo (Serra, 2003), diz que “Portugal introduz um sistema de
administração que se pode chamar de "indireta", onde a figura da autoridade tradicional
aparece como central”.

“O facto de muitos dos detentores do poder tradicional serem recrutados entre as


famílias mais influentes, permitiu a extensão da administração estatal para zonas mais
recônditas e ao mesmo tempo garantiu a existência de uma figura dotada de
legitimidade. Doravante, assiste-se à interação permanente entre as formas modernas de
exercer o poder assumidas pela essência do Estado colonial e as formas locais de
administração, agora designadas; autoridades gentílicas” (Serra, 2003).

A reforma de 1929, reconhecia um único régulo para cada uma das chamadas
unidades territoriais tradicionais, nestas circunscrições os régulos começaram a fazer
parte da administração, já que eles eram eles que controlavam a cobrança de impostos
aos indígenas, asseguravam o recrutamento da força de trabalho e tinham a seu cargo a
resolução dos problemas que afetavam as populações.

6. A dominação Tradicional na evolução do Estado moçambicano na fase Pós-


Colonial

Segundo Sopa (2001, p. 35), afirma que “Neste ponto procede-se à análise do
relacionamento entre as autoridades tradicionais e o novo governo de Moçambique, de
acordo com dois subperíodos: o primeiro é o da luta armada, em que algumas regiões do
norte de Moçambique tinham sido libertadas pelo movimento anticolonial que, no
entanto, como veremos de seguida, se tinha constituído sob a liderança de Eduardo
Mondlane; o segundo é a assunção do poder por parte deste movimento”.

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Segundo Sopa (2001, p. 35), afirma que “Em 1964, a Frente de Libertação de
Moçambique (Frelimo) inicia a sua luta pela libertação do país. Trata-se de um
movimento fundado em 1962, em resultado da fusão de três movimentos, a saber”:

 MANU (Mozambiqui African Nacional Union) movimento que se


formou como uma réplica do que acontecia no Quénia com a KANU de
Jomo Kenyatta ou em Takanyica atual Tanzânia onde tínhamos a TANU
de Julius Nherere;
 UDENAMO (união democrática nacional de Moçambique) fundada na
Rodésia atual Zimbabwe;
 UNAMI (união nacional africana para Moçambique independente).

Segundo Sopa (2001, p. 36), afirma que:

“No início da luta armada, em 1964, a primeira opção da Frelimo era


combater em várias frentes de forma a obrigar as tropas portuguesas
afazerem muito esforço em todo o território. Com o desenrolar da luta,
surgem as primeiras zonas libertadas, sendo de registar que desde
1960 havia nas provínciasnortenhas de Moçambique, principalmente
em Cabo Delgado, uma forte contestação aos preços da
comercialização agrícola e que era liderada pelos líderes tradicionais,
com Lazaro Kavandame na dianteira. Kavandame viria a ser o
primeiro secretário da Frelimo emCabo Delgado”.

O apoio das autoridades tradicionais foi muito importante para o início e


alastramento da luta de libertação. Muitos líderes tradicionais chegaram a ocupar
lugares de destaque no seio do movimento e a exigir a criação de um conselho de
anciãos, com umfuncionamento semelhante a de um senado, situando, assim, acima do
comité central.

7. A dominação tradicional no contexto Actual

O elemento importante a ter em conta no contexto atual em relação as


autoridades tradicionais é o lugar que estas ocupam numa sociedade sempre em
transformação.

Segundo Sopa (2001, p. 36), afirma que “No período da independência de


Moçambique, conseguida em 1975, as autoridades tradicionais viveram um período
conturbado e de marginalização, com a Frelimo como partido único.”

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No contexto actual de democracia multipartidária, as autoridades tradicionais
voltam a estar no meio da disputa política entre a Renamo (Resistência Nacional
Moçambicana) e a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique).

Sopa (2001, p. 36), afirma que “Enquanto a Renamo na sua tentativa de obter o
apoio eleitoral das autoridades tradicionais, evoca o facto de ter sido a " luta armada"
por ela levada a cabo, que obrigou a Frelimo a reconhecer as autoridades tradicionais,
por sua vez a Frelimo tem sempre chamado à atenção de que as autoridades tradicionais
não se devem deixar instrumentalizar por certos partidos “entenda-se a Renamo", facto
que levou o comité central deste partido, reunido na escola de quadros do partido na
província de Maputo, em junho de 1999, a produzir a seguinte deliberação:

“Existem algumas correntes políticas que tentam instrumentalizar, as


autoridades tradicionais a semelhança do que aconteceu no período
colonial, e que estão descontentes porque o seu poder não é legitimado
pelas comunidades. O partido Frelimo reconhecendo o papel que a
autoridade tradicional exerceu na educação cívica em 1994, reitera a
sua disposição, para que de forma cautelosa, mas uma vez os líderes
tradicionais não se deixem desviar do seu papel histórico de
defensores do interesse do povo sobe o perigo de serem usadas para
situações semelhantes a do período colonial” (Frelimo 1999, p.8).

Como se pode depreender por esta chamada de atenção, a Frelimo enquanto


partido, ainda não abandonou a ideia de que as autoridades tradicionais foram um
instrumento da política colonial contra o interesse do povo moçambicano e que agora
devia ter cuidado com o apoio que dava a Renamo.

8. Carisma

“Carisma é uma qualidade pessoal considerada extraquotidiana e em virtude da


qual se atribuem a uma pessoa poderes ou qualidades sobrenaturais, sobre-humanos ou,
pelo menos, extraquotidiana específicos, ou então se a toma como pessoa enviada por
Deus, como exemplar e, portanto, como líder” (Weber, 2004, p. 158).

“O carisma só existe, seja no indivíduo ou na instituição, a partir da relação de


reconhecimento por parte de uma comunidade que lhe atribui sentido. O próprio Weber
reconhece que “apesar de as capacidades carismáticas não poderem desenvolver-se em
nada e em ninguém que não as possua em germe, tal germe permanece oculto se não é
estimulado ao desenvolvimento, se o carisma não é ‘despertado” (Weber, 2004, p. 280).

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9. Dominação Carismática

“Para Max Weber, dominação carismática é um dos três tipos de dominação


legítima. Onde o líder é obedecido de acordo com os seus feitos pois este é concedido
uma missão a cumprir. Este tipo de dominação podemos encontrar nos profetas, nos
magos, nos chefes das expedições de caça ou de rapina, nos chefes de guerra, nos
senhores à Cesar, eventualmente nos líderes partidários, como nos ensina Carlos Serra”
(2003, pp. 34).

Weber chama essas qualidades de extra-quotidianas. A dominação é exercida em


função de revelações e de inspirações concretas, dai que é revolucionária porque se
apresenta sem ligação com tudo que existe, a máxima é de “está escrito mas, eu digo-
vos” (ibidem).

“A relação entre líder e massas é de mando e obedeces, porém, esta relação tem
em vista uma missão, onde segundo o seu sentido e conteúdo, pode dirigir-se a um
grupo de pessoas determinado por fatores locais, étnicos, sociais, políticos,
profissionais”. (Weber, 2004. Pp. 324).

“Dai que, quando é “abandonado” pelo seu deus ou quando decaem a sua força
heroica ou a fé dos que creem em suas qualidades de líder, então seu domínio também
se torna caduco”. (Cohn, 2003. Pp. 135).

“A dominação carismática é uma construção social, pois não é resultado das


capacidades individuais de um indivíduo, contudo, é resultado das expectativas criadas
mediante a missão criada ao líder. Dai que, o líder é dado o poder para cumprir a missão
que foi concedida. Este tipo de dominação legítima é a faculdade mágica, revelações ou
heroísmo, poder intelectual ou de oratória, como sustenta” (Cohn, 2003, pp. 134).

“A dominação carismática uma vez que tem os seus alicerces na missão do


senhor carismático pelos dominados, sobre os quais se fundamenta o seu poder, por
isso, inverte todos os seus valores rompendo soberanamente com todas as normas
tradicionais ou racionais, desconhecendo as disposições jurídicas, regulamentos
abstratos e a jurisdição formal” (Weber, 2004, pp. 326).

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10. Carisma na Contemporaneidade

“O conceito de carisma, associado à noção de dominação carismática, é um dos


conceitos-chave para quem deseja adentrar e entender a sociologia weberiana,
especificamente à sua sociologia política, na sua vertente da sociologia da dominação a
par das outras formas de legitimação da dominação analisadas por Weber,
nomeadamente a dominação tradicional e a legal” (Weber, 2004).

O conceito de carisma é um dos mais notáveis exemplos dos conceitos


weberianos. Weber continua informando e estimulando reflexões e pesquisas empíricas
e teóricas (GREEN, 2008), nas ciências e sociologia política contemporânea. Para
Weber (2004) o carisma é termo técnico sociológico, que diferentemente das duas
outras formas de autoridade (a tradicional e a legal/racional) é baseado em poderes
enigmáticos de personalidades individuais para incitar confiança e segurança, na
maioria das vezes ao serviço de um grande propósito ou missão (ibid.).

“No entanto, a forma pura de carisma, conforme aborda Weber (2004) podemos
encontrar em personalidades religiosas, profetas, magos, chefes de guerra, chefes das
expedições de caça” (Serra, 2003).

“No mundo sociopolítico contemporâneo estas personalidades não aparecem


com suas características genuínas, na medida em que a pureza do carisma vai sendo
afetada, de modo que vêm sofrendo transformações, ocorrendo uma objetivação do
carisma, de modo especial, quando surgem às instituições ou a perspectiva racional em
virtude do aumento dos poderes institucionais, perdendo as figuras carismáticas suas
bases transcendentais” (Cardos, 2011).

11. Dominação Legal ou Burocrática

Serra (2003, p. 67), afirma que “Onde qualquer direito pode ser criado e
modificado através de um estatuto sancionado corretamente), tendo a “burocracia”
como sendo o tipo mais puro desta dominação. Os princípios fundamentais da
burocracia, segundo o autor são a Hierarquia Funcional, a Administração baseada em
Documentos, a Demanda pela Aprendizagem Profissional, as Atribuições são
oficializadas e há uma Exigência de todo o Rendimento do Profissional”.

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A obediência se presta não à pessoa, em virtude de direito próprio, mas à regra,
que se conhece competente para designar a quem e em que extensão se há de obedecer.
Weber classifica este tipo de dominação como sendo estável, uma vez que é baseada em
normas que, como foi dito anteriormente, são criadas e modificadas através de um
estatuto sancionado corretamente. Ou seja, o poder de autoridade é legalmente
assegurado.

12. Dominação Legal ou burocrática na evolução do Estado moçambicano na


fase pós-colonial

Segundo Cohn (2003), afirma que “Moçambique é um Estado regido pela


dominação legal. Todos os indivíduos vivem na base de regras e normas estabelecidas
pelo Estado, e todo o individuo que se desviar é severamente sancionado. Ou seja,
ninguém é superior que o Estado. Contudo, assistimos uma dominação carismática com
os comícios do líder da RENAMO, Afonso Dhlakama”.

A crise político-militar que se verifica nos últimos tempos em Moçambique nos


remete a existência do carisma no fenómeno de Afonso Dhlakama. Porém, Max Weber
diz que as duas dominações são antagónicas, nunca devem existir no mesmo tempo e
mesma sociedade. Dhlakama se sobrepõe ao Estado, Dhlakama aparece em momento de
crise, ele não segue a constituição nem o seu partido, pois os seus pronunciamentos não
são partidários mas, pessoais e subjectivos. Todavia, tem uma vasta gama de seguidores
nos comícios populares.

Para Carlos Serra (2003), afirma que “as pessoas obedecem a um líder
carismático por reconhecerem nele qualidades fora do comum, virtudes extraordinárias,
enfim, por encontrarem o que Weber (2004) chama de qualidade extra-quotidiana”.

Dai que a autoridade carismática é uma construção social porque é fruto das
expectativas dos indivíduos face a crise que se assiste numa dada sociedade. Serra
(2003), realça ainda que nenhuma autoridade, nenhuma dominação, se exercem fora da
relação líder-massas, pois, a extra-quotidianidade não é uma essência e nem um
atributo.

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13. Conclusão

Conclui-se que Dominação é a possibilidade de se obter obediência a um


determinado mandato. Ele sustenta que a dominação pode ser meios económicos, que é
a constelação de interesses (monopólio) que são os possuidores de propriedades, e por
outro lado, encontramos a dominação por poder que é em virtude de autoridade (poder
de mando e obediência.

Na Dominação tradicional a autoridade é, pura e simplesmente, suportada pela


existência de uma fidelidade tradicional); o governante é o patriarca ou senhor, os
dominados são os súditos e o funcionário é o servidor. O patriarcalismo é o tipo mais
puro desta dominação. Presta-se obediência à pessoa por respeito, em virtude da
tradição de uma dignidade pessoal que se julga sagrada.

Todo o comando se prende intrinsecamente a normas tradicionais (não legais) a


meu ver seria um tipo de “lei moral. A criação de um novo direito é, em princípio,
impossível, em virtude das normas oriundas da tradição. Também é classificado, por
como sendo uma dominação estável, devido à solidez e estabilidade do meio social, que
se acha sob a dependência directa e imediata do aprofundamento da tradição na
consciência colectiva.

Dominação carismática é um dos três tipos de dominação legítima. Onde o líder


é obedecido de acordo com os seus feitos pois este é concedido uma missão a cumprir.
Este tipo de dominação podemos encontrar nos profetas, nos magos, nos chefes das
expedições de caça ou de rapina, nos chefes de guerra, nos senhores à Cesar,
eventualmente nos líderes partidários, como nos ensina Carlos Serra.

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14. Referência bibliográfica
1. Webber, Max. (2004). Economia e Sociedade: Fundamentos da
Sociologia Compreensiva. São Paulo
2. Serra, C. (2003). Combates pela Mentalidade Sociológica. Maputo
3. Sopa, A. (2001). Samora, homem do povo. Maputo
4. Cohn, G. (2003). Max Weber. São Paulo
5. Macamo, E. (2004). A leitura sociológica: um manual introdutório.
Maputo
6. Ngoenha, S. (2009). Machel ícone da 1ª república? Maputo

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