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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Direitos Sexuais e Reprodutiva, Gravidez Indesejada no contexto Moçambicano

Estefânia Victor Domingos e 708211610

Curso: Ensino em Biologia


Disciplina: Habilidades de Vida, Saúde Sexual,
Reprodutiva, Género e HIV/SIDA
Ano de frequência: 2º ano

Nampula, Outubro, 2022


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 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
Organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(indicação clara do 1.0
problema)
 Discrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
 Articulação e
domínio do discurso
académico
2.0
(expressão escrita
Conteúdo
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e  Revisão
discussão bibliográfica
nacional e
2.0
internacionais
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação parágrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª  Rigor e coerência
Referências edição em das
4.0
Bibliográficas citações e citações/referências
bibliografia bibliográficas

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Recomendações de melhoria

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Índice

Introdução.............................................................................................................................. 4
1.1. Objecto geral ............................................................................................................... 4
1.2. Objectos Específicos ................................................................................................... 4
1.3. Metodologias............................................................................................................... 4
2. Precedente do Direito Sexual e Reprodutivo ................................................................... 5
2.1. Direito Sexual ............................................................................................................. 6
2.2. Direito reprodutivo ...................................................................................................... 6
3. O Direito Sexual e reprodutivo ........................................................................................ 7
3.1. Gravidez indesejada .................................................................................................... 9
4. O direito sexual e reprodutivo nas zonas rurais em Moçambique ................................... 10
4.1. A transmissão e transição Cultural do direito Sexual e reprodutivo nas zonas rurais .. 11
4.2. Imposição social do Direito Sexual e Reprodutivo cultural através dos tempos nas
zonas Rurais......................................................................................................................... 12
Conclusão ............................................................................................................................ 14
Referencias Bibliográficas ................................................................................................... 15

iii
Introdução

Na referente temática abordamos sobre a autonomia de escolha e decisão de quando e com


quem reproduzir, a realidade reflecte o direito da mulher como cerne do dilema social do
abuso sexual, casamentos prematuros, que de modo a entendermos melhor a temática passam
a compreender os objectivos e metodologias do nosso estudo.

1.1. Objecto geral

 Compreender e contextualizar o direito sexual e reprodutivo nas zonas rurais (com


enfoque Moçambicano)

1.2. Objectos Específicos

 Pré-evidenciar a declaração do Direito Sexual e Reprodutivo


 Compreender os conceitos de direito Sexual e Reprodutivo
 Definir e contextualizar a gravidez indesejada ao direito sexual e reprodutivo
 Contextualização do direito sexual e reprodutivo nas zonas rurais Moçambicanas.

1.3. Metodologias

A presente temática é elegível a abordagem qualitativa, pós não se preocupa com


representações numéricas mas, sim, com o aprofundamento da compreensão da temática
(MINAYO, 2001, p. 14), ao passo do objectivo estabelecido compreende uma pesquisa
descritiva-explicativa a medida que propõem-se a descrever a temática referente a pesquisa
descritiva exigente a uma série de informações sobre o que deseja pesquisar. Esse tipo de
estudo pretende descrever os fatos e fenómenos de determinada realidade (TRIVIÑOS, 1987),
não abastando à descrição exacta segundo Gil (2007, p. 43) uma pesquisa explicativa pode ser
a continuação de outra descritiva, posto que a identificação de factores que determinam um
fenómeno exige que este esteja suficientemente descrito e detalhado, tomamos em auxílio a
pesquisa explicativa a justificativa da identificação dos factores que determinam ou
contribuem a descrição exacta da temática (GIL, 2007). Para tal procede-se à pesquisa a
revisão bibliográfica pelo levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas à
pesquisa Bibliográfica (FONSECA, 2002, p.32)

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2. Precedente do Direito Sexual e Reprodutivo

A partir da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948, o mundo passou a debater
e reflectir criticamente sobre um conjunto de situações colocadas historicamente que tornou
possível a ampliação da concepção de direitos humanos reconhecidos pelo pós-guerra.

Os direitos sexuais e os direitos reprodutivos emergem historicamente a partir dessa discussão


e o auge de seu reconhecimento se dá durante a realização, em 1994, da Conferência
Internacional sobre População e Desenvolvimento, convocada pela Organização das Nações
Unidas, no Cairo. A Conferência do Cairo, como é conhecida, deu origem a uma nova
maneira de compreender desenvolvimento e população, ou seja, de forma entrelaçada e
levando em conta a vida das pessoas e as incluindo no processo de desenvolvimento dos
países. Como resultado dessa conferência, foi aprovado por consenso e assinado por 179
países um acordo que resultou no documento Programa de Acção de Cairo que contém um
conjunto de medidas e acções para melhorar a qualidade de vida das pessoas.

A conferência foi também decisiva para o reconhecido mundial do papel-chave da mulher


para o alcance dos objectivos de desenvolvimento colocados no Programa de Acção. Muito
embora o Programa de Acção não tenha explicitado acções voltadas especificamente para os
direitos sexuais e direitos reprodutivos, tendo em vista a diversidade de países e a soberania
dos Estados para a aplicação do Programa (especialmente no que se refere ao reconhecimento
do direito ao aborto), muitas acções relativas à saúde reprodutiva têm estreita ligação com a
saúde sexual como, por exemplo, a importância de campanhas para a prevenção de doenças
sexualmente transmissíveis e para a redução substancial de gravidezes entre adolescentes, o
que implica numa abordagem crítica sobre saúde sexual e reprodutiva.

Outro aspecto dentro da saúde sexual e reprodutiva considerada fundamental pela CIPD foi a
diminuição do aborto inseguro como uma questão de saúde e, consequentemente, deixar de
ser entendido como um método de planeamento familiar. O Programa de Acção de Cairo
assinado pelas nações delinearam iniciativas no âmbito da população, igualdade, direitos,
educação, saúde, meio ambiente e redução da pobreza com a abordagem centrada no
desenvolvimento humano.

Esta abordagem definiu uma nova orientação para a comunidade internacional e para os
governos, substituindo o Plano de Acção da População Mundial de 1974. Assinalou uma nova
compreensão entre as entidades mundiais do entrelaçamento entre os conceitos de população

5
e o desenvolvimento e a atribuição de poder à mulher como a chave para ambos. E, pela
primeira vez, a saúde reprodutiva e sexual e os direitos da mulher tornaram-se o elemento
central de um acordo internacional sobre população e desenvolvimento.

Entretanto, é importante reconhecer que a origem dos dois ter: “direitos reprodutivos” e
“direitos sexuais”, é diferente.

2.1. Direito Sexual

O conceito de “direitos sexuais” é o resultado de mudanças políticas e culturais das


sociedades e tem sido formulado por duas frentes: de um lado, pelas fortes reflexões
feministas vinculando sexualidade, reprodução, desigualdades e iniquidades entre os sexos,
principalmente nos movimentos dos Estados Unidos, Europa e América Latina, que levaram à
formulação do conceito de autodeterminação sexual1. O outro surgiu dos movimentos das
comunidades gays e lésbicas, principalmente dos Estados Unidos, que vêm lutando contra a
discriminação (Corrêa, a).

O conceito de direitos sexuais refere-se a um conjunto de normas, leis, portanto, direitos, que
diz em respeito à liberdade sexual, autonomia, integridade e segurança, privacidade, prazer,
escolhas livres e responsáveis, informação e exercício às formas de expressão sexual, de
maneira segura e livre depressões.

2.2. Direito reprodutivo

A etimologia do termo “direitos reprodutivos”, provém dos grupos de mulheres e não de um


marco de referência institucional. O conceito de direitos reprodutivos está vinculado à luta
pelo aborto seguro e legal, e pelo direito de escolha anticoncepcional.

O conceito de direitos reprodutivos refere-se a um conjunto de normas e leis referentes à


autonomia de homens e mulheres para decidir se querem ou não ter filhos e o tamanho de sua
prole, bem como quando desejam reproduzir.

Segundo Flávia Piovesan: “trata-se de direito de autodeterminação, privacidade, intimidade,


liberdade e autonomia individual, em que se clama pela não interferência do Estado, pela não
discriminação, pela não coerção e pela não-violência”.

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3. O Direito Sexual e reprodutivo

Parafraseando María Ladi Lodoño, podemos dizer que os direitos sexuais e reprodutivos são
os mais humanos de todos os direitos, que precisam não somente ser reconhecidos, mas
vividos e transcendidos pela humanidade (Lodoño, 1996).

Os direitos são um conjunto de leis ou princípios que regulam as relações sociais, ou seja, são
as normas criadas em cada sociedade para orientar a vida em comum: o que se pode ou não
fazer, que garantias os cidadãos e cidadãs tem do Estado, definindo o que é importante e quais
são as responsabilidades de cada um (PINHEIRO, et al, b, 2002).

As primeiras reivindicações de liberdade e igualdade para todos os seres humanos, estão na


primeira versão na Declaração de Independência dos EUA, em 1776. Posteriormente,
surgiram 3 declarações solenes que foram aprovadas após a Revolução Francesa nos anos de
1789, 1793 e 1795, que estabelecem os direitos do homem e do cidadão.

Cada país tem suas leis com mais ou menos privilégios e injustiças para determinados grupos
de pessoas, e esses direitos podem ser mudados através das reivindicações de grupos sociais
ou pessoas que se sentem prejudicadas e reivindicam a mudança da situação, e através de suas
lutas propõem e conquistam novos direitos.

Como é do conhecimento geral, a construção e vivência da sexualidade e da reprodução


sempre foram reprimidas, controladas e cercadas de mitos, tabus e preconceitos. Além disso,
essa mesma construção fundamentada em bases biológicas com foco na preservação da
espécie e sustentada por doutrinas religiosas determinou ao longo de nossa história, que a
sexualidade fosse compreendida como um evento meramente reprodutivo. Essa concepção
baseada na diferenciação biológica dos sexos masculino e feminino determinou não somente
os papéis sociais masculinos e femininos, mas um controle e opressão maior sobre a mulher,
seu corpo e sua sexualidade, onde à mulher coube assumir todas as tarefas vinculadas à
reprodução, que vão além dos eventos biológicos de gestação e amamentação, ou seja, ela
teve que assumir os afazeres da casa e seus correlatos, e o cuidado dos filhos. Essa construção
social dos papéis da mulher e do homem em nossa sociedade acarretou as desigualdades e
iniquidades de género, e toda a sorte de discriminação, significando menos poder e
oportunidades para a mulher, inclusive alijando-a da participação no mundo público.

A abordagem biológica e reprodutiva da sexualidade sustentada por preceitos religiosos


também determinou, dentro desse modelo de controlo e opressão, a normalização e regulação
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dos comportamentos do ser humano nesse campo, e, portanto determinando padrões de
normalidade e consequentemente de anormalidade. De uma maneira bem simples, fica claro
porque todo comportamento e prática sexual que não seja para reprodução passam a ser
considerado anormal, ou até recentemente, desde um ponto de vista médico, considerado
como um desvio, uma patologia, como no caso de relações sexuais entre pessoas de mesmo
sexo, ou até mesmo a masturbação.

Para transformar essa situação de discriminação e opressão, os movimentos de mulheres e


também os movimentos de gays e lésbicas se organizaram e têm lutado muito para mudar essa
sociedade discriminatória e opressora, organizada em relações de poder, cujo um de seus
eixos mais importantes, que atravessa todas as outras relações, é o determinado pela
sexualidade, que traz consigo todas as consequências das relações de género. Essa luta tem
reivindicado não somente equidade de direitos e oportunidades, mas que as questões ligadas à
sexualidade e reprodução sejam tratadas como questões de direito e cidadania, preservando a
autonomia e autodeterminação das mulheres e das pessoas discriminadas sem distinção de
raça, cor ou credo.

“Os direitos reprodutivos abrangem certos direitos humanos já reconhecidos em leis


nacionais sobre direitos humanos e em outros documentos consensuais. Esses direitos
se ancoram no reconhecimento do direito básico de todo casal e de todo indivíduo de
decidir livre e responsavelmente sobre o número, o espaçamento e a oportunidade de
ter filhos e de ter a informação e os meios de assim o fazer, e o direito de gozar do
mais elevado padrão de saúde sexual e reprodutiva. Inclui também seu direito de tomar
decisões sobre a reprodução, livre de discriminação, coerção ou violência...”
(GUEDES, 2002)

Os direitos reprodutivos e os direitos sexuais são inseparáveis, já que garantem o livre


exercício da sexualidade e a autonomia para as decisões das pessoas no que se refere à vida
sexual e à reprodução, bem como assumir as responsabilidades dessas decisões.

Ao falar de livre exercício da sexualidade, significa que as pessoas têm que ter informações e
condições de direitos para tomar decisões e assumir suas responsabilidades, baseadas numa
ética pessoal e numa ética social, que assegurem a sua integridade e a sua saúde.

Aqui está a importância de discutir as questões de género, já que em nossa opinião, o pleno
exercício dos direitos sexuais e reprodutivos só é possível se existirem relações igualitárias
8
entre homens e mulheres, Consequentemente, uma pessoa que consegue tomar decisões sobre
si mesma, sobre seu próprio corpo, poderá tomar também decisões colectivas, decisões como
cidadã.

Na opinião de Sónia Corrêa, as implicações de agregar “reprodutivo” e “sexual” a “direitos”


são completamente diferentes, porque o elemento substantivo é em si mais preciso (Corrêa,
a).

“Direitos” implicará sempre na capacidade de tomar decisões autónomas, de assumir


responsabilidades, e de satisfazer as necessidades, ambas no sentido individual e colectivo. A
construção de direitos implica no reequilíbrio das relações pessoas com elas próprias e as
relações entre pessoas e colectividade (sociedades, estados, mercado, etc.) (CORRAL, 1997).

3.1. Gravidez indesejada

Gravidez indesejada pode ser uma gravidez indesejada ou uma gravidez mal programada.
Embora a gravidez indesejada seja a principal razão para o aborto induzido, gravidez
indesejada também pode resultar em nascidos vivos ou abortos espontâneos.

Gravidez não desejada é uma gravidez que é inoportuna, não planeada ou indesejada no
momento da concepção.

O aborto vem sendo tratado como uma questão de saúde pública. Para o enfrentamento sério
desse fenómeno, é necessário o adequado entendimento de que ele está relacionado aos
cuidados em saúde e aos direitos humanos, e não como um ato de infracção moral de
mulheres levianas.

Por outro lado, essa discussão acerca da gravidez indesejada traz à tona a questão necessária e
bastante colocada actualmente que é o problema do aborto induzido, uma vez que é um dos
pontos mais presentes na vida da mulher que vivencia esse momento gestacional. Isto ocorre
paralelamente a uma avaliação complexa da consciência da pessoa quanto ao fato de poder
agir de forma autónoma e ir ao encontro das consequências geradas no cenário de futuro
alterado, segundo o qual os projectos pessoais de vida entram em conflito (Habermas, 2010).
Questionamentos sobre a tutela da vida, o direito à dignidade humana e à autonomia e o
direito da mulher impõem-se com frequência diante deste tema.

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4. O direito sexual e reprodutivo nas zonas rurais em Moçambique

Em Moçambique, as zonas rurais representam 90% do território nacional, e acolhem cerca de


68% da população total do país. (INNAE, 2012) Considerando que é nessas zonas
onde reside a maioria da população moçambicana, conclui-se, por um lado, que o
desenvolvimento do país passa necessária e inequivocamente pela melhoria do padrão de
vida no meio rural e, por outro, que ainda existe um longo caminho a percorrer para garantir
um nível de vida digno a todos os moçambicanos. Mais também importa referenciar as
instituições culturais que organizam os lugares e os papéis e as funções sociais que cada um
deve ocupar na sociedade.

Pois, a cultura deve ser situada em contextos sociais, políticos e económicos, e particulares ao
mesmo tempo, que é necessário ter em conta. Sobre a cultura produzem-se mudanças
traduzidas, por exemplo, nos discursos sobre direitos que se propagam através da escola, dos
médios, das organizações da sociedade civil.

Nesse sentido, a cultura é determinante para a construção das identidades sociais. Isto é, numa
determinada cultura as pessoas aprendem a reconhecer-se e a reconhecerem os outros em
termos de partilha de representações e práticas, desde a forma como se cumprimentam, como
mostram hospitalidade, como partilham uma refeição e, para ir mais a fundo, como pensam
acerca da vida, do amor e da amizade.

“Os direitos culturais devem ser respeitados e protegidos, e, em segundo lugar, devem
ser vistos em articulação com os direitos universais que são uma conquista de toda a
humanidade. Todos os direitos culturais que contenham em si discriminação
subordinam-se aos direitos que consagram a igualdade entre todas as pessoas.”
(BONAIUTO, 2000. P.29)

Portanto, é comum afirmar-se que são constituintes dos direitos culturais, que são uma das
importantes dimensões dos direitos humanos, que remete ao Direito Sexual e Reprodutivo.
Nas zonas rurais, caracteristicamente a Moçambique especificamente as praticadas das zonas
centro e norte dos pais, a cultura remete-nos para uma estrutura de poder que exprime
hierarquias e onde se organizem os sistemas de inclusão (e exclusão também) aos
ensinamentos dos Ritos tradicionais de Incitação.

A abordagem conduzida a questão dos direitos humanos, que não possa ser entendida
separadamente da cultura e, no nosso caso, dos ritos de iniciação. Porque os ritos, ao
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estabelecer como cada um e cada uma se deve comportar e relacionar, delimitam o acesso a
direitos. Quando se afirma que a questão dos direitos humanos é uma imposição do ocidente,
esquece-se que nesse mesmo ocidente a conquista de direitos foi e ainda é levada a cabo, com
muita luta. Por exemplo, Ainda hoje, em muitas partes do ocidente, a luta pelo acesso e
exercício de direitos de pessoas que vivem fora da hétero normatividade ou pelo direito à
interrupção da gravidez exige um combate contínuo e permanente e muitas vezes doloroso,
porque acompanhado de estigma. Por isso é preciso que fique claro que seja em que região do
mundo nos encontremos, a conquista de direitos é iniciada por minorias que pouco a pouco
vão mobilizando os poderes para a elaboração de legislação e mobilização de camadas cada
vez mais amplas de cidadãos e cidadãs. (DEL RIO, et al, 2002)

4.1. A transmissão e transição Cultural do direito Sexual e reprodutivo nas zonas


rurais

A transmissão de tais direitos em zonas rurais é cultural, ou seja, são fortemente enraizadas
nos ensinamentos transmitidos no processo de iniciação cultural “ritos de Incitação” a
formação da identidade social do género e sexual, a principio que:

A divisão sexual de trabalho é uma componente que se inicia nos primeiros anos da criança
(carregar água, tratar das mais pequenas) e que os ritos reforçam, delimitando bem o papel do
homem e da mulher. A aprendizagem da construção da casa pelos rapazes ou a aprendizagem
das tarefas domésticas pelas mulheres pode parecer à primeira vista uma forma natural de
partilha de tarefas, mas na verdade constitui desde logo uma forma simbólica de demonstrar
quem é o responsável pela família e quem é o dono da casa, sendo a mulher remetida para a
execução do trabalho que permite que a casa do dono seja preservada e reproduzida através da
educação dos filhos.

Podemos, pois, afirmar, que a divisão sexual do trabalho estrutura em primeira mão as
identidades de género, devendo os ritos serem entendidos como uma instituição onde as várias
aprendizagens se transversalizam e combinam para a construção da identidade feminina e
masculina.

Se para os rapazes significa um conjunto de elementos que têm a ver com o respeito pelos
mais velhos, formas de saudação, algumas proibições (como entrar no quarto dos pais), para
as raparigas o respeito significa isso também e para além disso, principalmente obediência ao
marido e conformidade com diferentes formas de violência. Uma rapariga que tenha sido

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sujeita aos ritos é preparada para servir. Este serviço vai desde a realização dos trabalhos
domésticos, principalmente aquele que está directamente relacionado com o bem-estar dos
homens (como cozinhar e preparar a água do banho), até à obrigação de pedir autorização do
parceiro para o exercício de qualquer actividade. As raparigas aprendem a não ter escolha, a
subordinar os seus desejos, como estudar ou trabalhar fora de casa, à vontade do
companheiro.

O sentido que é conferido ao respeito está, assim, intimamente relacionado com a


desigualdade entre mulheres e homens. Isto é, ao distinguir o conteúdo da aprendizagem sobre
o respeito que é ensinado aos rapazes e raparigas, estamos desde logo a afirmar e a transmitir
uma concepção que evidencia uma estrutura de poder. Por exemplo, a forma de olhar, a
obediência ao marido, são sinais que mostram que as mulheres e homens têm direitos e
deveres diferenciados.

O incumprimento do que é tomado como respeito é apresentado como argumento para a


violência doméstica, porque significa transgressão à aprendizagem ritual. Contudo, esta
complacência com a violência doméstica (embora alguns e algumas a rejeitem) não significa
que não conheçam os direitos e a lei contra a violência doméstica. Trata-se antes da
conformação a um modelo cultural que produz a aceitação da discriminação e da
desigualdade, naturalizando-as.

4.2. Imposição social do Direito Sexual e Reprodutivo cultural através dos tempos
nas zonas Rurais

Ao sul de Moçambique, destaca-se a prática tradicional dos homens tomarem as suas


cunhadas por esposa após a morte do seu irmão principalmente em situação de que o falecido
não tenha deixado herdeiros com esta mulher. Traduzido através dos tempos em textos
paralelos tais hábitos;

…5. Quando dois irmãos moram juntos e um deles morre sem deixar filhos, a mulher
do morto não sairá para casar-se com um estranho à família. O irmão do marido se
casará com ela e cumprirá com ela o dever de cunhado. 6. O primeiro filho que ela der
à luz tomará o nome do irmão falecido, para que o nome deste não se apague em
Israel.… (Deuteronómio 25, 5-6); Quando dois irmãos moram juntos e um deles morre
sem deixar filhos, a mulher do morto não sairá para casar-se com um estranho à
família. O irmão do marido se casará com ela e cumprirá com ela o dever de cunhado.

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(Bíblia King James Actualizada); Se irmãos morarem juntos, e um deles morrer sem
deixar filho, a mulher do falecido não se casará com homem estranho, de fora; seu
cunhado estará com ela, e a tomará por mulher, fazendo a obrigação de cunhado para
com ela. (João Ferreira de Almeida Actualizada)

A esterilidade, principalmente no passado, era vista como uma maldição. Em todo o Antigo
Testamento, mulheres inférteis eram consideras inferiores, pois não podiam procriar, sendo
culpadas assim por “prejudicar o futuro da família”. Que na razoa, os maridos de tais
mulheres estéreis tinham o aval social para ter outras esposas, a fim de ter filhos com elas, ou
até mesmo de ter concubinas (que não eram reconhecidas como esposas, mas eram mulheres
cuja única incumbência era gerar filhos). Inclusive, também as servas poderiam fazer esse
papel de procriação na família. Lembrando que tudo isso era um costume aprovado entre os
homens, que idealizava que o homem podia ter uma só mulher.

Nestas circunstâncias, impunha-se as mulheres a função de reprodutoras em função das


legítimas esposas não gerarem filhos. Para Moçambique para tal situação, e dado pela própria
esposa uma mulher para procriar por sua conta com o esposa e geralmente a priori uma
familiar directa seja irmã ou prima, caso não deveria arranjar uma mulher fora do seu tribo
para cumprir tal função que lhe Encubia.

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Conclusão

Ao findar da temática passamos a compreender que o direito sexual e reprodutivo institui-se


ao reconhecimento dos direitos humanos referente ao conjunto de normas, leis, portanto,
direitos, que diz em respeito à liberdade sexual, autonomia, integridade e segurança,
privacidade, prazer, escolhas livres e responsáveis, informação e exercício às formas de
expressão sexual, de maneira segura e livre depressões ao conjunto de normas e leis referentes
à autonomia de homens e mulheres para decidir se querem ou não ter filhos e o tamanho de
sua prole, bem como quando desejam reproduzir. Que de partida fica mais fácil entender
quando falamos de direitos sexuais e de saúde sexual, e de quando falamos de direitos
reprodutivos e de saúde reprodutiva, também fica mais fácil de visualizar quais acções são
necessárias incluir na agenda para atender às necessidades das pessoas nas questões da
sexualidade e da reprodução, como também para realizar todas as mudanças necessárias, de
modo que as pessoas possam exercer o seu direito à saúde sexual e reprodutiva, como um
direito humano fundamental. Que nos remete a temática do aborto a razão da gravidez
indesejada, na razão de ser indesejada ou uma gravidez mal programada. Embora a gravidez
indesejada seja a principal razão para o aborto induzido, gravidez indesejada também pode
resultar em nascidos vivos ou abortos espontâneos, que na razão de decisão se debate a
questão sobre o gravidez de resultante do estupro ou abuso – ser ou não direito da mulher.

Outras questão abordada tem a ver com a disseminação, transmissão e transição dos direitos
sexuais e reprodutivo nas práticas socias rurais de Moçambique, sendo estas zonas rurais
caracterizadas por elevado índices de pobreza e emprego informal predominantemente a
agricultura e o baixo índice de escolaridade. É propenso a desinformação e consequentemente
desconhecimento dos direitos sexuais e reprodutivos ou mesmo ignorância deles. Pelo que as
zonas rurais são caracterizadas por serem enraizadas na cultura que a exemplo de
Moçambique (no norte e centro do pais) a identidade social é cultural, ou seja, é formada
culturalmente e ela dita as regas sociais e de socialização a prós da divisão sexual dos deveres
e direitos das mulher e dos homens- pelo que nem sempre- Todos os direitos culturais que
contenham em si discriminação subordinam-se aos direitos que consagram a igualdade entre
todas as pessoas.

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Referencias Bibliográficas

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