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Código: 708216244
Ano de Frequência: 2º
O tema de formação da consciência da pessoa humana, embora seja uma questão mais
recente no ensino do magistério eclesial devido a motivos históricos e culturais complexos, não
deixa de ocupar uma importância diante da intransponível tarefa de dialogar com as pluralidades,
própria do mundo contemporâneo.
Objectivos
Para Marconi & Lakatos (2002, p.24) “toda pesquisa deve ter um objetivo determinado para
saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar.”
Objectivo geral
Compreender a formação da consciência da pessoa humana na cultura moçambicana.
Objectivos especificos
De acordo com Marconi & Lakatos (2003, p. 219) os objetivos específicos “apresentam caráter
mais concreto. [...], permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro, aplicá-lo a
situações particulares”.
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Conceitos
Cultura
Abrunhosa (1993) definiu a cultura como sendo o processo de transformação operado pela
sociedade na conduta individual do homem, em ordem a datá-lo de maiores possibilidades no
respeitante à consecução de um nível maior de adaptação e aproveitamento do meio.
A Cultura neste caso será, portanto, o que o homem adquire ao longo do tempo, em
contacto com o meio social, e que transmite às gerações vindouras. É este sentido da palavra
cultura que interessa no campo de Psicologia, pondo de parte outras noções, em especial a que faz
dela sinónima de sabedoria ou erudição, de características passivas. Neste caso podemos afirmar
que a cultura sempre está além da consciência do indivíduo e a mantém e a transmite.
A cultura está sempre na consciência do indivíduo, mas externa a ela. Por isso, nenhum
cidadão existe por si mesmo, porque o cidadão isolado não produz cultura. A cultura é produto
social. A cultura abrange a representação colectiva. Estas representações colectivas são hoje
objecto de estudo em ciências humanas e sociais (Mead 2015).
A Formação da consciência
Há uma obrigação absoluta de obedecer a consciência. Por causa disso é importante a
formação da consciência. A consciência é bem formada quando é recta e verídica, quer dizer,
quando formula o seu juízo segundo o bem estabelecido pela sabedoria do criador. Para os crentes,
a formação da sua consciência deve basear-se no ensino diligente da Sagrada Escritura e na
doutrina da Igreja, pois, por Cristo, a Igreja Católica foi constituída mestra da verdade e, por isso,
ela tem a missão de fazer conhecer e ensinar a verdade que é Cristo. Ademais, pela sua autoridade,
ela declara e confirma os princípios morais que dimanam da natureza humana (Concílio Vaticano
II, D.H.,14).
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pela consciência que se pode tomar as decisões e dialogar com os outros homens, rumo à busca de
soluções para as grandes questões de convivência humana e também exaltar valores que os unam
pela paz. Esta impostação que emergiu no Concílio não é refúgio em um tipo de consciência
fechada, mas em estreita comunhão de pessoas com Deus e com os dramas humanos.
Para ele, a consciência está associada à vida no Espírito, ou seja, a libertação operada pela
pregação da Palavra, geradora da graça e capaz de operar uma transformação profunda no interior
da pessoa e no seu modo de viver. Em Paulo, fruto da vida nova em Cristo, dá-se na consciência,
referência ética das decisões e tribunal onde a pessoa deve decidir por qual critério se direciona.
Em seu tempo já existia uma certa dificuldade em lidar com a questão da instância última a ser
seguida enquanto referência do agir. A decisão a ser tomada se daria pela orientação estabelecida
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pelos códigos da lei judaica ou pela liberdade própria dos filhos de Deus? Essa era uma questão
central no contexto paulino, e, de certo modo, ocupa a preocupação dos moralistas atuais.
Em linhas gerais, pode-se dizer que para os Padres da Igreja, o tema de formação de
consciência se funda sobre a fé de que Jesus Cristo, por sua encarnação, morte e ressurreição,
assim como libertou o homem do pecado, assim o libertou de todo poder absoluto e, por isto
mesmo, idolátrico; ela encontra seu ponto forte na distinção, já indicada por Cristo (Mt 22,15s.),
entre a esfera política e a esfera religiosa; enfim, ela se expressa no testemunho dado pelos mártires
e pelos confessores, referidos por muitos documentos anônimos, junto com exortações ao martírio,
biografias, cartas antigas.
Pessoa Humana
A pessoa humana é uma criatura de Deus, justificada por Jesus Cristo e prometida à
divinização.
A visão cristã do ser humano supõe uma estrutura própria de quem crê, espera e ama.
Crer, esperar e amar são 3 operações reunidas que têm uma significação religiosa e
designam a verdadeira relação ao Deus verdadeiro, o Deus de Jesus Cristo.
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Ora a relação dos homens a Deus é sempre de ordem activa, da classe do fazer e introduz
sempre uma dinâmica.
Esta visão do ser humano, não deve ser confundida com outras maneiras de abordar a
questão do homem. Trata-se do que o cristianismo confessa e compreende do comportamento
humano quando ele considera que a maneira de ser homem não é sem relação a Deus. O
cristianismo confessa que a condição humana é, como tal, vocação a crer, esperar e amar.
Segundo Monieur (1990), o termo Pessoa Humana, pode ser entendido como um ser dotado
de razão e raciocínios válidos que de alguma forma poderão nortear as suas acções, com base nessa
razão que lhe e conferida o homem terá a capacidade de justificar as suas acções perante a
sociedade e o mundo em geral. Falar da pessoa humana, é necessariamente falar de um ser
insubstituível proveniente de um ser Supremo-Deus.
Emmanuel Monieur nas suas escritas sobre o personalismo humano, descreve um ser
aquele que é definido através da convivência com outros seres, ou seja, a pessoa humana pode ser
distinguida como um ser substanciado através do divino que de alguma forma é dividido em duas
partes nomeadamente um ser sobrenatural (alma) e natural ou físico (corpo).
Para Monieur a pessoa não pode ser definida, justamente por não ser objecto, ela é
inesgotável (Monieur, 1990, P.97). Por isso, o seu personalismo é um modo de vida, uma
inspiração que tem como experiência fundante, ou seja, uma afirmação do valor, um acto de fé:
uma afirmação do valor absoluto da pessoa humana (Monieur, 1992, P. 626).
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influenciar de forma positiva na formação da consciência do cidadão, de modo a regular a
agressividade instintiva do ser humano.
Do ponto de vista de Farr (1998), e olhando para os limites dos desejos humanos, é notório
que estes não são estabelecidos pela Biologia ou estado físico, mas sim, pelas regras sociais que
têm a função de definirem para cada cidadão, aquilo que legitimamente têm direito. Neste caso,
incorporadas à consciência do individuo, essas regras estabelecem e disciplinam as aspirações dos
homens e criam a possibilidade de um modelo de satisfação e realização.
Analisado as ideias deste autor, é notória que o cidadão é incorporado em duas estruturas
diferentes: estrutura cultural, que vem a ser o conjunto de valores normativos que governam a
conduta comum do cidadão, pertencente a uma sociedade, e a estrutura social que é o conjunto
organizado de relações sociais no qual o cidadão é implicado de várias maneiras.
Por isso, Almeida (2010), nas suas abordagens, podemos encontrar dois tipos de
influências completamente distintas que são exercidas sobre a formação da consciência humana
ou da personalidade.
Embora estes padrões não afetem directamente, eles fornecem-lhe modelos para o
desenvolvimento de suas próprias reacções habituais às várias situações. E embora careçam de
importância na primeira infância, continuam a afectá-lo durante a vida. Ainda acreditamos que a
cultura influência na consciência do cidadão de forma positiva, quanto regula os instintos
agressivos do cidadão, e de forma negativa, o cidadão vê pela cultura como sendo um dogma,
mito. Neste caso a cultura produz a inconsciência, prejudicando assim a própria sociedade e o meio
ambiente.
Olhando pelas ideias de Wilbur O’Donavan (2013), cada um de nós reflecte as influências
da nossa cultura, experiências de infância, a experiência da parentalidade, educação, crenças, visão
do mundo e muitas outras coisas.
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Conclusão
O tema da consciência adquiriu na cultura contemporânea uma centralidade e afirma-se
enquanto uma referência pela emancipação e o reconhecimento dos direitos individuais da pessoa.
Se na modernidade a noção de progresso e o domínio da natureza humana se tornaram uma
dimensão revolucionário de um processo sem volta, a consciência humana acompanhou esse
itinerário. Tratar hoje acerca da formação da consciência é apresentar uma veia humanista que
possa dar um horizonte de sentido à complexa vida humana. Atualmente, um dos desafios que
afeta o processo humano é a noção de “sujeitos bolhas”, isto é, pessoas fechadas e anestesiadas em
sua capacidade de empatia, alteridade e relação social.
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Referências bibliográficas
Almeida, M. Victor (2010) O Mediador Sociocultural em Contexto Escolar, 2ª edição, edições
Pedago, Lda, Portugal. ISBN:978-972-8980-84-9
Martin-B, Jesus (1997). Dos meios às mediações: Comunicação, cultura e hegemonia. 2ª edição.
Rio de janeiro: Editora UFRJ.
Maria A. Abrunhosa (1993). Introdução à Psicologia, 5ª edição, Volume 1 Edições ASA Rio
Tinto.
Wilbur O’Donavan (2013). Cristianismo Bíblico na África Moderna, 1ª edição, Outubro 2013,
Edições, Sociedade Bíblica Portugal, ISBN:978-989-8529-44-2.
Robert M. Farr (1998). As Raízes da Psicologia Social Moderna, 10ª edição, editora Vozes, Brasil,
ISBN: 978-85-326-2092-7.