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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema do Trabalho:

A moral e a sua relação mútua entre o indivíduo e a comunidade.

Nome: Sandra Maidenhe João


Código do Estudante: 708200272

Curso: Ensino de Biologia


Disciplina: Ética Profissional
Ano de Frequência: 4º ano
Docente: Dr. Diamantino Andrade

Beira, Abril, 2023


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Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
 Articulação e
domínio do discurso
académico
Conteúdo 2.0
(expressão escrita
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e
 Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª
 Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia

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Folha para recomendações de melhoria:
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Índice

CAPITULO I: NOTA INTRODUTÓRIA........................................................................................1

1. Introdução.....................................................................................................................................1

1.1. Objectivos..................................................................................................................................1

1.1.1. Objectivo geral do estudo é:...................................................................................................1

1.1.2. Objectivos específicos são:.....................................................................................................1

CAPITULO II : METODOLOGIA..................................................................................................2

2. Métodos e Técnicas de Pesquisa..................................................................................................2

2.1. Método Bibliográfico................................................................................................................2

CAPITULO III: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................3

3. A ética no ambiente do trabalho...................................................................................................3

3.1. A Moral e o trabalho..................................................................................................................4

3.2. Caráter social da moral..............................................................................................................5

3.3. O individual e o colectivo na moral..........................................................................................6

3.4. A conceituação de moral e ética e sua relação dialéctica..........................................................6

3.5. A moral e a sua relação mútua entre o indivíduo e a comunidade............................................8

3.6. Importância de valores morais para a comunidade.................................................................12

4. Considerações Finais..................................................................................................................13

5. Bibliografia.................................................................................................................................14

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CAPITULO I: NOTA INTRODUTÓRIA

1. Introdução

No ambiente de trabalho, contudo, não raras são as constatações de que existem muitos que
ainda não sabem diferenciar o que é certo do que é errado, revelando, assim, desrespeito à
ética, não se adoptando a postura que se espera que todo profissional assuma. É fato, porém,
que a falta de ética nas relações no trabalho não é fenómeno novo, sendo possível afirmar que
ele é tão antigo quanto o trabalho ou as próprias definições da ética.

A moral possui carácter prático imediato, já que se revela como parte integrante da vida
quotidiana dos indivíduos em sociedade, sendo considerada não somente por se tratar de um
conjunto de normas e regras regentes da existência humana, que dá os direcionamentos sobre
o que fazer e o que deixar de fazer. Tal constatação se dá, também, porque ela se faz presente
no discurso diário, influenciando as opiniões e juízos das pessoas. Desse modo, a noção do
que seria o imediato surge em razão da utilização contínua (ARRUDA; WHITAKER;
RAMOS, 2003).

Sendo assim, a justificativa para a escolha da temática e elaboração desse estudo se finca na
relevância da temática não somente para o meio académico, como, também, para empresas e
para a sociedade como um todo.

1.1. Objectivos

1.1.1. Objectivo geral do estudo é:

 Analisar a relevância da moral e as suas relações mútuas entre os indivíduos e a


comunidade.

1.1.2. Objectivos específicos são:

 Descrever o carácter social da Moral,


 Mencionar o individual e o colectivo na Moral e
 Explicar a moral e suas relações mútuas entre o indivíduo e a comunidade.

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CAPITULO II : METODOLOGIA

Para o alcance dos objectivos traçados aplicou-se à abordagem qualitativa, que de acordo
com OLIVEIRA (2011: 25), citado por CHICHANGO, (2018), é entendida como uma
“expressão genérica”. Isso significa, por um lado, que ela compreende actividades ou
investigação que podem ser denominadas específicas, tendo sido aplicadas as pesquisas
documental e bibliográfica por meio de consulta a diversos documentos e obras que abordam
os assuntos tratados, tendo sido feita análise e selecção do essencial para a produção deste
trabalho.

2. Métodos e Técnicas de Pesquisa

Sendo método, conjunto de regras básicas para desenvolver uma experiência a fim de
produzir novo conhecimento, bem como corrigir e integrar conhecimentos preexistentes.
Segundo CÖCHE apud ARTUR (2010:52), método compreende-se como a descrição e
discussão de quais critérios básicos são utilizados no processo de investigação.

No presente trabalho foram empregues como métodos técnicas de recolha de dados a revisão
bibliográfica.

2.1. Método Bibliográfico

Trata-se de todo o levantamento de bibliografias já publicadas em forma de livros, revistas,


imprensa escrita, ou publicações avulsas LAKATOS (1987, p. 45). Para a presente pesquisa o
método consistiu na recolha e consulta de diferentes literaturas e fontes que directa ou
indirectamente estão relacionadas com o tema, com vista a obter uma informação ampla e
funcional sobre o mesmo.

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CAPITULO III: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3. A ética no ambiente do trabalho

Dentre as ramificações existentes do conceito de ética e sua aplicação nas relações de


trabalho, surge a noção de ética do trabalho, que, de acordo com (Moreira, 2002,) consiste no
“[…] comportamento da empresa – entidade lucrativa – quando ela age de conformidade
com os princípios morais e as regras do bem proceder aceitas pela colectividade”(p.28).

Segundo (Arruda, Whitaker e Ramos, 2003), a ética no ambiente do trabalho tem as suas
bases fincadas na conduta humana, mais precisamente nos valores e normas norteadores do
ambiente empresarial. Nesse sentido, dispõem (Leisinger e Schmitt, 2001) que “a ética no
ambiente do trabalho reflecte sobre as normas e valores efectivamente dominantes em uma
empresa, interroga-se pelos factores qualitativos que fazem com que determinado agir seja
uma agir bom”(p.22).

Srour (2008), por sua vez, contempla tal definição por uma perspectiva mais actual e de
cunho didáctico, por meio da qual a ética do trabalho, também denominada ética dos
negócios, está atrelada ao estudo e a tornar inteligível a moral que vige no âmbito das
empresas capitalistas contemporâneas, e, em especial, da moral que predomina em empresas
de determinada nacionalidade.

Além da ética do trabalho, existe, ainda, a ética profissional, que é apresentada por (Camargo,
1999) como “a aplicação da ética geral no campo das actividades profissionais: a pessoa tem
que estar imbuída de certos princípios ou valores próprios do ser humano para vivê-los nas
suas actividades de trabalho”(p.31). A ética individual, que vige no âmbito da ética
profissional, apresente um interesse tríplice, composto pelo interesse pelos outros, interesse
por si próprio e interesse pela instituição (ARRUDA, 2010).

3.1. A Moral e o trabalho

Os seres humanos estão ligados à natureza e dela dependem para se constituírem como seres
sociais, pois, à medida que utilizam sua consciência sobre a natureza, desenvolvem
necessidades práticas de sobrevivência, ou seja, não basta apenas pensar e observar. Faz-se
necessário que os homens ajam sobre sua realidade cotidiana, realizem seus desejos e

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vontades e transformem a sua vida conforme suas necessidades e as necessidades de sua
sociedade.

(Marx e Engels, 1987,) colocam-nos que [...] o primeiro pressuposto de toda existência
humana e, portanto, de toda história, é que os homens devem estar em condições de viver
para poder fazer história. Mas, para viver, antes de tudo comer, beber, ter habitação, vestir-se
e algumas coisas a mais. O primeiro ato histórico é, portanto, a produção dos meios que
permitam a satisfação destas necessidades, a produção da própria vida material, e de fato este
é um ato histórico, uma condição fundamental de toda a história, que ainda hoje, como há
milhares de anos, deve ser cumprida todos os dias e todas as horas, simplesmente para manter
os homens vivos (P.22).

Assim, podemos observar que a realização de nossas necessidades é compreendida como um


fato social e histórico, primordial para compreendermos a própria existência humana. E estas
necessidades, conforme a história do “Lolo Barnabé” (Furnari, 2000), são criadas e recriadas
constantemente, fazendo parte da constituição histórica dos seres humanos. Por
consequência, determinando o modo de vida, os princípios, hábitos e valores sociais.

Este desenvolvimento humano, pela busca da realização das suas necessidades, é feito
primordialmente por meio do trabalho, no qual o homem, além de se adaptar à natureza,
começa a agir sobre ela, transformando-a de acordo com seus propósitos e necessidades.

Então, podemos concluir que é por meio do trabalho que os seres humanos colocam em
prática suas capacidades humanas. Assim, o trabalho é a base fundamental na formação da
consciência moral de todos os seres humanos, pois, segundo (Barroco, 2000), “[...] o trabalho
é uma actividade social, cuja realização cria valores e costumes, desenvolve habilidades e
sentimentos, formas de comunicação, de intercâmbio e de conhecimento; em outras palavras,
cria a cultura e sua própria história”(p.45). É por meio do trabalho que os homens
desenvolvem seus princípios e sua cultura, consequentemente, seus valores sociais e éticos.

3.2. Carácter social da moral

Segundo (Vasquez,Adolfo citado por Raymundo,Marcia M., 2000), diz que:

 A moral possui, em sua essência, uma qualidade social. Manifesta-se somente na


sociedade, respondendo às suas necessidades e cumprindo uma função determinada.

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Uma mudança radical da estrutura social provoca uma mudança fundamental de
moral (p.67).  
 A moral possui um carácter social (p.67). 
 Cada indivíduo, comportando-se moralmente, se sujeita a determinados princípios,
valores ou normas morais, sendo que o indivíduo não pode inventar os princípios ou
normas nem modificá-los por exigência pessoal. O normativo é algo estabelecido e
aceito por determinado meio social. Na sujeição do indivíduo a normas estabelecidas
pela comunidade se manifesta claramente o carácter social da moral (p.67).
 O comportamento moral é tanto comportamento de indivíduos quanto de grupos
sociais humanos. Mesmo quando se trata da conduta de um indivíduo, a conduta tem
consequências de uma ou outra maneira para os demais, sendo objecto de sua
aprovação ou reprovação. Mas, os actos individuais que não têm consequência
alguma para os demais indivíduos não podem ser objecto de uma qualificação moral
(p.68).  
 As ideias, normas e relações sociais nascem e se desenvolvem em correspondência
com uma necessidade social. A função social da moral consiste na regulação das
relações entre os homens visando manter e garantir uma determinada ordem social, ou
seja, regular as acções dos indivíduos nas suas acções mútuas, ou as do indivíduo com
a comunidade, visando preservar a sociedade no seu conjunto e a integridade de um
grupo social (p.69).  
 O direito garante o cumprimento do estatuto social em vigor através da aceitação
voluntária ou involuntária da ordem social juridicamente formulada, ou seja, o direito
garante a aceitação externa da ordem social. A moral tende a fazer com que os
indivíduos harmonizem voluntariamente, de maneira consciente e livre, seus
interesses pessoais com os interesses colectivos (p.69).  
 Em resumo, a moral possui um carácter social pois os indivíduos se sujeitam a
princípios, normas ou valores socialmente estabelecidos; regula somente actos e
relações que acarretam consequências para outros e induz os indivíduos a aceitar livre
e conscientemente determinados princípios, valores ou interesses (p.70). 

3.3. O individual e o colectivo na moral

Ainda , Segundo (Vasquez,Adolfo citado por Raymundo,Marcia M., 2000), diz também que:

 Indivíduo pode agir moralmente somente em sociedade (p.71).

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 Uma parte do comportamento moral manifesta-se na forma de hábitos e costumes. O
costume apresenta um carácter moral em razão de sua intuição normativa (p.71).  
 A moral implica sempre uma consciência individual que faz suas ou interioriza as
regras de acção que se lhe apresentam com um carácter normativo, ainda que se trate
de regras estabelecidas pelo costume (p.75). 

3.4. A conceituação de moral e ética e sua relação dialéctica

No interesse de compreender o comportamento humano, no tocante das relações sociais, é


essencial a compreensão sobre as categorias moral e ética. A moral surge quando se tem a
necessidade de regular e normatizar as relações humanas de específica sociedade e em
determinado tempo histórico.

A moral é histórica devido à mutabilidade da realidade e do tempo. Para estabelecer o que é


bom ou ruim, justo ou injusto, certo ou errado enquanto prática do homem é essencial o
surgimento de regras gerais de comportamento, que serão julgados como morais ou não. Essa
emergência de regras gerais faz parte do processo de sociabilidade, sendo destacada a cultura,
os costumes e hábitos, que fazem surgir uma necessidade social da moral. O comportamento
moral existe desde que o homem entende-se como ser social mediante relações e escolhas
feitas de forma livre e consciente e se amplia conforme o desenvolvimento destes e da
sociedade.

A moral surge pela necessidade de regular interesses que podem ser divergentes ou não.
Conforme Cardoso (2013) não existe moral neutra, ela sempre carrega em si o
direcionamento que se quer dar à sociedade. As regras morais são estabelecidas por interesses
colectivos. Em contrapartida, são os interesses individuais que provocam, de alguma forma,
problemas práticos da vida real, do quotidiano, problemas estes, que surgem por não haver
uma única tradição moral, uma vez que, a moral pode ser orientada por diferentes formas de
comportamento, sendo elas: religião, política, o direito, arte, dentre outras (VÁQUEZ, 2014).

Os problemas morais não se limitam apenas a uma única pessoa, mas a várias, suas decisões e
acções podem ser julgadas, aceitas ou não por outras pessoas que compõem a comunidade na
qual vivem. Essas práticas/acções mesmo sendo decididas de forma livre e consciente estão
sujeitas a julgamentos e reflexões proporcionando também um problema ético. Assim, o
comportamento moral não se limita apenas a acção moral, mas também a reflexão da acção.

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Vázquez (2014) entende isso como:

A passagem do plano da prática moral para o da teoria moral; ou, em outras palavras,
da moral efectiva, vivida, para a moral reflexa. Quando se verifica esta passagem, que
coincide com os inícios do pensamento filosófico, já estamos propriamente na esfera
dos problemas teórico-morais ou éticos ( p.17).
Dessa maneira, entende-se por prático-moral e teórico-moral, respectivamente, moral e ética,
sendo elementos diferentes e não independentes. É um equívoco confundi-los, pois a ética
surge da moral, onde a primeira vai analisar e investigar a segunda. Primeiro surgem os
problemas prático-morais (acções, práticas do cotidiano), depois surgem às reflexões teóricas
sobre essas acções. Essas duas categorias dependem uma da outra e estão interconectadas e a
ética poderá ou não influenciar no aperfeiçoamento da moral. Enquanto a moral é acção, a
ética é a reflexão, ou seja, prática e teoria.

Desse modo, a ética é o estudo dos comportamentos estabelecidos pela moral, é um


tratamento científico dos problemas morais. Cardoso (2013) entende que a ética tem por
compromisso desvelar as acções e as relações humanas e as normas estabelecidas por
determinado tempo histórico e determinada sociedade. Portanto, a ética busca compreender e
relacionar criticamente os actos e as normas, como também influenciar ou não nas
normatizações prático-morais. Comummente, a moral e a ética são confundidas ou tratadas
como sinónimas e iguais.

Para tanto, Vázquez (2014, p. 63) define “a moral como um conjunto de normas, aceitas
livres e conscientemente, que regulam o comportamento individual e social dos homens [...] e
a ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade”. Sendo
assim, a moral ocupa o plano das acções concretas, práticas e a ética o plano da reflexão e
compreensão de tais acções. Quando os indivíduos nascem já encontram na sociedade um
sistema com costumes e valores já instituídos.

As instituições responsáveis pela socialização primária, a exemplo da família, a escola e


religião, influenciam directamente nos comportamentos e valores que passam a ser o
referencial moral. Os valores de comportamentos existem desde as sociedades primitivas em
função das necessidades sociais. Com a evolução do ser social, as posições teleológicas vão
se complexificando, possibilitando assim a variação histórica da moral nas diferentes
sociedades (COMPARATO, 2006).

A moral constitui-se como um fato histórico, devido à mutabilidade do comportamento do


homem notando-se a substituição de certos princípios, normas e valores por outros que pode

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ocorrer justamente mediante modificações históricas. Uma nova moral surge mediante uma
série de condições, políticas, económicas e sociais e se caracteriza como progresso moral. O
progresso moral depende do progresso histórico-social, uma vez que o segundo é quem cria
condições necessárias para o primeiro. Quando uma sociedade progride moralmente, rumo à
evolução, à mudança social, ela consequentemente, pode articular-se e mudar as normas,
tendo em vista uma nova perspectiva moral para um determinado problema social. É a partir
da reflexão, investigação e questionamento da realidade que surgem novas formas de pensar
sobre essa realidade.

Em suma, a realização da dimensão ética, dar-se-á por via da liberdade. Para que um ato seja
moral, o indivíduo deve dispor de liberdade para escolher entre alternativas e ter capacidade
de compreensão/consciência de sua escolha aderindo de forma consciente e voluntária as
regras e princípios morais

3.5. A moral e a sua relação mútua entre o indivíduo e a comunidade.

Segundo Sánchez Vásquez, “a moral é um sistema de normas, princípios e valores, segundo o


qual são regulamentadas as relações mútuas entre os indivíduos ou entre eles e a
comunidade”(p.62).

A Moral, afinal, não é somente um acto individual, pois as pessoas são, por natureza, seres
sociais, assim percebe-se que a Moral também é um empreendimento social. E esses actos
morais, quando realizados por livre participação da pessoa, são aceitos voluntariamente.

Pois assim determina (Vasquez, 1998), ao citar Moral como um “sistema de normas,
princípios e valores, segundo o qual são regulamentadas as relações mútuas entre os
indivíduos ou entre estes e a comunidade, de tal maneira que estas normas, dotadas de um
carácter histórico e social, sejam acatadas livres e conscientemente, por uma convicção
íntima, e não de uma maneira mecânica, externa ou impessoal” (p.51).

Enfim, Ética e Moral são os maiores valores do homem livre. Ambos significam "respeitar e
venerar a vida". O homem, com seu livre arbítrio, vai formando seu meio ambiente ou o
destruindo, ou ele apoia a natureza e suas criaturas,  ou ele subjuga tudo que pode dominar, e
assim ele mesmo se torna no bem ou no mal deste planeta.

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Conforme (Alencastro,2010), as colectividades humanas originam ao que é comummente
denominado cultura, assim compreendido “tudo aquilo que caracteriza a existência social de
um povo ou nação, ou então de grupos no interior de uma sociedade”(p.29).

Para Chaui (2001), toda cultura na qual o indivíduo se encontra inserido influencia de certa
forma a sua personalidade, já que ele vai agregando os valores essenciais que nela estão
contidos, instituindo, também, uma moral, assim concebidos os valores relativos ao bem e ao
mal, ao que é permitido e ao que se tem como proibido, e à conduta correcta, que possui
validade para todos os seus membros, indistintamente. No entanto, é que certo que, nem
sempre, conforme Sá (2005), as pessoas seguem as regras vigentes no seio social,
suplantando muitas vezes os interesses individuais para sobressair o interesse da
colectividade, criando conflitos entre a sociedade e o indivíduo, ocasionando consequências
para este ou para ambas as partes.

Segundo Alencastro (2010), um indivíduo estabelece os valores a seu próprio respeito e sobre
os outros por meio da convivência social, criando, assim uma dimensão ética/Moral, que
abrange os princípios por ele formulados sobre o que é certo e o que é errado, contemplando
as acções dele mesmo e de cada indivíduo a seu redor. Habitualmente, tem-se as acções do
indivíduo como reflexos de suas crenças, embora estas também possam divergir do que se crê
e, até mesmo, daquilo que se deve fazer.

Cada pessoa possui valores individuais e intransferíveis. A consciência do certo ou errado e


suas próprias convicções, ideais, opiniões sobre as pessoas e bens materiais, que influenciam
e manifestam nos relacionamentos sociais.

Como não existe verdade absoluta, o que é certo para um, pode ser errado para o outro,
porque os valores são trazidos do berço, ou seja, são construídos na relação primeira da
criança. Na infância, os pais ensinam os primeiros passos e as primeiras palavras, e no
decorrer da existência vão evoluindo, adquirindo a maturidade que possibilita crescimento e
desenvolvimento da personalidade.

Os primeiros valores são aprendidos na relação familiar; amor, segurança e felicidade, ou o


contrário, depende da qualidade da relação.

Para DURANT (1965, p.94).

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[…] A família é a primeira unidade social em que os indivíduos aprendem a lealdade
e a obediência; e o desenvolvimento moral do individuo se resume em ir ampliando a
órbita dessa lealdade e dessa obediência ate atingir as fronteiras da pátria. Mas logo
que deixa a terra firme do lar a juventude mergulha no maelstrom da concorrência e
perde a boa vontade cooperante, adquirida na família. E a idade madura, próspera,
porém infeliz, muitas vezes se volta para o velho lar com um suspiro de alivio –
encontrando nele uma serena ilhota comunística.

Independente do tipo de família que o indivíduo pertença, pobre, rica, branca, preta, índio ou
de outras etnias, condições financeira e religião, eles terão seus princípios morais e crenças,
transmitidas pelos pais ou seus representantes. E estes valores são transferidos para as futuras
gerações. A partir da infância, a caminho da maturidade, o indivíduo vai adquirindo novos
costumes que vão surgindo com a convivência social, escola, grupos de amigos e trabalho.

KANAANE (2008, p.97) destaca.

O conjunto de indivíduos associados forma a base da sociedade, fundamentada nos valores,


normas e sistemas de comunicação. Inicialmente, pode-se considerar que o pensamento social
se caracteriza por representações individuais que gradativamente vão constituir as
representações sociais.

Dentro ou fora da família os princípios adquiridos na infância estarão sempre presentes na


relação do homem com o homem. O conjunto de normas regulamentadoras rege o
comportamento ético em sociedade e estarão entrelaçando e interligando, educação, cultura,
tradição e quotidiano. O todo aprendido na infância forma um indivíduo que prima pela
honestidade, à humildade, a moral, o respeito ao próximo e as leis, ao meio ambiente, a
solidariedade. Para VÁZQUES (1984, p. 195) O indivíduo, enquanto ser social faz parte de
diversos grupos sociais. O primeiro ao qual pertence e cuja influência sente, sobretudo na
primeira fase da sua vida (infância e adolescência), é a família.

Portanto ser ético é ser responsável por suas atitudes, sempre procurando meios em que possa
contribuir para uma sociedade melhor, seja com as atitudes, sendo honesto em qualquer
situação e ter coragem de assumir os seus erros e decisões para com o próximo e a própria
natureza.

No entendimento de ARDUINI (2007, p.42).

É hora de abraçar o sentido da ética em favor da sociedade livre e fraterna. A ética é


sólida e não apenas uma forma transitória. A ética é paixão que não se cansa, paixão

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que enxerga vasta formas de ética. Há um tecido consistente que elabora múltiplas
faces de ética. São éticas fertilizantes que não podem ser dispensadas.

Quando o indivíduo busca aprendizagem e conhecimentos, procuram ambientes em que todos


tenham o mesmo objectivo, como as escolas. Alguns podem encontrar mais dificuldades para
alcançar o que almejam. Outros possuem ou encontram mais oportunidades de crescimento.

As oportunidades variam de indivíduo para indivíduo e também a forma que cada pessoa vê
as oportunidades e ameaças no ambiente externo. Cada indivíduo de acordo com a sua
convivência familiar cria a sua capacidade para melhorar a sua realidade de vida. Alguns
criam possibilidades e alimentam esperanças de mudanças e descobrem melhores caminhos
para um futuro promissor. Outros transformam as dificuldades em possibilidades e mudam o
rumo dos seus destinos.

Uns analisam tudo o que lhes cercam, copiam o que é bom para o seu crescimento e
desprezam o que não lhes servem. Cada indivíduo tem uma forma de ver as oportunidades e
de saber aproveitá-las. Desta maturidade ele trará bons resultados ou não, vai depender do seu
modo de vida. Segundo FROMM (1968, p.119) O homem só tem um interesse verdadeiro e
este é o seu desenvolvimento total de suas potencialidades como ser humano.

É óbvia a importância do tipo de educação que todos os seres humanos recebem, para que se
tornem mais ou menos capazes de autonomia, capazes de se darem à lei, e para que se sintam
mais ou menos responsáveis por aquilo que fazem. Independente de tudo isso, porém, a
moralidade é um fato constatável em todos os tempos e em todas as comunidades humanas.
Até hoje não foi encontrada nenhuma sociedade sem moral, sem norma moral. Os seres
humanos não conseguem viver ou conviver sem uma norma.

Ninguém pode estabelecer sozinho algum código moral, nem tem sentido querer estabelecer
só para si o que é bem e mal, e nem de estabelecer o que é bem e mal para todos os outros,
sem consultar os outros. A existência mesma da ética – por mais diversificada ou até
misteriosa que seja sua origem – só pode ser compreendida como afirmação e exigência de
nossa socialidade humana, ou seja, do fato de não vivermos sozinhos no mundo. Por outras
palavras, só somos seres morais porque e enquanto somos indivíduos no mundo ao lado
de/com/ contra outros indivíduos. Se fôssemos sozinhos não haveria bem e mal, não haveria
moralidade humana. Portanto, a ética/Moral existe porque, e enquanto, somos indivíduos que
vivem junto com outros indivíduos.

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3.6. Importância de valores morais para a comunidade

Os valores morais são importantes para que possamos ter uma vida social harmoniosa,
pacífica e respeitosa entre as pessoas.

Os valores morais determinam como devem ser os comportamentos, funcionando como uma
espécie de orientação sobre a forma de agir, e de certa forma garantem a ordem social.

São capazes de criar e manter relações e acções justas e cooperativas dentro de uma
sociedade ou comunidade, dentro do ambiente de trabalho e a até mesmo na vida familiar.

É importante lembrar que os valores morais podem ser variáveis, ou seja, podem divergir
entre sociedades/comunidade ou grupos sociais diferentes.

Isso porque os valores morais são baseados em diversos factores, como cultura, tradição,
quotidiano, religião e educação de determinado povo.

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4. Considerações Finais

Os resultados obtidos demonstram que falar moral e nas relações mútuas entre o individual e
a comunidade, somente tem sentido quando se segue em busca de novos caminhos no
relacionamento humano, que primem o contrato e entendimento em sociedade. Ou seja, a
Moral, afinal, não é somente um acto individual, pois as pessoas são, por natureza, seres
sociais, assim percebe-se que a Moral também é um empreendimento social. E esses actos
morais, quando realizados por livre participação da pessoa, são aceite, voluntariamente.

Conforme disposto por Sá (2005), o indivíduo obtém realização plena e reconhecimento por
meio do desempenho de sua profissão. Isso porque, como destaca o autor, é pelo seu
exercício que ele prova o seu valor moral, demonstrando habilidade, capacidade, inteligência
e sabedoria, comprovando sua personalidade para vencer obstáculos. É, pois, através de sua
profissão que o homem demonstra utilidade para a comunidade.

Ressalta ainda o autor que existem muitas comunidades ou microsociedades interligadas em


um contexto de uma sociedade muito maior, que abrange todos os habitantes da terra. Cada
indivíduo, porém, bem como cada comunidade, microsociedade e a sociedade de um modo
geral tem objectivos específicos que, por vezes, podem sofrer oposição. Para que não se
desenvolvam conflitos, é necessário encontrar um ponto de entendimento para que se possa
promover o desenvolvimento da comunidade ou sociedade de um modo geral (ANDRADE;
ALYRIO; BOAS, 2006).

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5. Bibliografia

DURANT, Will, (1965). Filosofia da Vida. Tradução Monteiro Lobato. 13ª edição, 1 volume
– São Paulo: Companhia Editora Nacional.

FROMM, Erich,(1969), Análise do Homem. Tradução Octavio Alves Vellho. 6ª edição –


Rio de Janeiro: Zahar Editores.

MOTTA, Nair de Souza.(1984), Ética e vida profissional. Rio de Janeiro: Âmbito


Cultural.

SILVA, José Cândido da (2000); SUNG, Jung Mo. Conversando sobre ética e sociedade. 7.
ed. Petrópolis: Vozes.

SÁ, A. L. de.(2005) Ética professional. 6. ed. São Paulo: Atlas.

VÁSQUEZ, Adolfo Sánchez.(1998), Ética. 18. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira.

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