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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Tema do Trabalho
Os desafios da ética profissional no dia-a-dia das instituições públicas.

Nome e Código do Estudante


Tatiana Pedro Rocha Massamba 708191990

Curso: Administração Pública.


Disciplina: Ética Profissional
Ano de Frequência: 4º
Turma: B; Sala: 7
Docente: Eliseu Njaico

Tete, Maio de 2022


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Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
 Articulação e
domínio do discurso
académico
Conteúdo 2.0
(expressão escrita
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e
 Revisão bibliográfica
discussão
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª
 Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia

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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice

I. Introdução.....................................................................................................................................1

1.1. Contextualização................................................................................................................1

1.2. Objectivos..........................................................................................................................1

1.2.1. Objectivo geral...............................................................................................................1

1.2.2. Objectivos específicos....................................................................................................2

1.3. Metodologia...........................................................................................................................2

2. Ética..............................................................................................................................................3

2.1. Princípios gerais....................................................................................................................3

2.2. Profissão................................................................................................................................3

2.3. Deontologia...........................................................................................................................4

2.4. Ética Profissional...................................................................................................................4

2.5. Serviço público......................................................................................................................5

2.6. Importância da postura ético-profissional.............................................................................5

2.7. A relação que existe entre a ética profissional e a prestação dos serviços públicos.............6

2.8. Quatro (4) aspectos-chave do código de conduta da minha instituição................................7

2.9. Descrição das tarefas específicas confiadas a mim pela minha instituição...........................7

2.10. Desafios que concorrem para o enfraquecimento da actuação profissional........................8

2.11. Virtudes necessárias para melhor cumprir os deveres profissionais...................................9

3. Conclusão...................................................................................................................................14

4. Referencias bibliográficas..........................................................................................................15

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I. Introdução

O presente trabalho é uma pesquisa subordinada ao seguinte tema: os desafios da ética


profissional no dia-a-dia das instituições públicas. Com este tema pretende-se mostrar que é
importante reflectir a questão da postura ético-profissional na prestação dos serviços públicos,
visto que o atendimento constitui a etapa inicial, resultante de um processo de múltiplas facetas
que se desenrolam em um contexto institucional, envolvendo dois tipos de personagens
principais: o funcionário (agente) e os usuários do serviço (utentes).

1.1. Contextualização
Estudiosos afirmam que ninguém nasce com a ética, esta por sua vez é um processo de
construção permanente, e, que ao longo dos tempos os comportamentos e atitudes vão assumindo
novas posturas de acordo com a internalização de cada um dos valores que querem ou são
exposto pelo sistema de mídia contemporânea (Santos, 2019).
O presente trabalho insere-se no contexto da relação de trabalho que os profissionais das
instituições públicas têm para com os cidadãos no âmbito da prestação de serviços públicos.
Do ponto de vista dos valores, a ética exprime a maneira como a cultura e a sociedade definem
para si mesmas, o que julgam ser a violência e o crime, o mal e o vício e, como contrapartida, o
que consideram ser o bem e a virtude. Por realizar-se como relação intersubjectiva e social, a
ética não é alheia ou indiferente às condições históricas e políticas, económicas e culturais da
acção moral.
Consequentemente, embora toda ética seja universal do ponto de vista da sociedade que a institui
(universal porque seus valores são obrigatórios para todos os seus membros), está em relação
com o tempo e a História, transformando-se para responder a exigências novas da sociedade e da
Cultura, pois somos seres históricos e culturais e nossa acção se desenrola no tempo.

1.2. Objectivos

1.2.1. Objectivo geral


 Discutir os desafios da ética profissional no dia-a-dia das instituições públicas.
1.2.2. Objectivos específicos
 Identificar quatro (4) aspectos-chave do código de conduta da minha instituição;
 Descrever (caracterizar) as tarefas específicas confiadas a mim pela minha instituição;
 Discutir sobre os desafios que concorrem para o enfraquecimento da actuação profissional e
as virtudes necessárias para melhor cumprir os deveres profissionais.

1.3. Metodologia

A metodologia utilizada na realização do presente trabalho foi a pesquisa bibliográfica, visto que
a pesquisa bibliográfica utiliza material já publicado, constituído basicamente de livros, artigos e
informações disponibilizadas na internet (Silva, 2011).

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2. Ética

Segundo Hankinson (1996), do Grego “ethiké” e do latim “ethica” (ciência relativa aos
costumes), a Ética é um ramo de Filosofia que tem por objectivos o estudo do que distingue o
bem e o mal, comportamento correcto e o incorrecto. E os princípios éticos constituem directrizes
pelas quais o homem rege o seu comportamento, tendo em vista uma filosofia moral dignificante.
Segundo Haas (2010), ética é tão requisitada em nosso dia-a-dia para julgar as pessoas no meio
em que estão inseridas, não é muito claro para a maioria. É comum o dizer de que alguém é ou
não ético ao agir de determinada forma, mas poucas pessoas conseguem definir o que é ética.
Há, portanto, uma grande confusão ao tentar dar sentido para tal definição, já que seu uso nem
sempre é claro. Um aspecto que deve ser levado em consideração nesta definição é que “a ética é
um tipo de saber normativo, isto é, um saber que pretende orientar as acções dos seres humanos”.
Segundo Aurélio (2001) a definição para ética é: estudo dos juízos de apreciação referentes à
conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja
relativamente a determinada sociedade, seja de modo absoluto.
Esta definição é um bom exemplo da ambiguidade existente entre as diversas definições de tal
conceito. Mais adiante será possível observar que, quando aplicado em determinado local ou
tempo, estamos falando sobre moral, e não sobre ética.

2.1. Princípios gerais

São valores universais a serem observados na relação profissional: A)-A igualdade; b)- A
liberdade responsável (é a capacidade de escolha com atenção ao bem comum); c)- A verdade e a
justiça; d)- O altruísmo e a solidariedade; e)- A competência e o aperfeiçoamento profissional.
Os princípios éticos advêm dos valores e para tal precisam ter acções, serem práticos,
norteadores, avaliadores e mensuradores.

2.2. Profissão

De acordo com Haas (2010), uma profissão é definida por um conjunto de tarefas que concorrem
para a mesma finalidade e que pressupõem conhecimentos semelhantes. Por sua vez, considera
que “Uma profissão se define como actividade económica destinada a assegurar a manutenção da

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vida.” Este autor defende que do ponto de vista técnico do trabalho, caracteriza-se como um
conjunto de habilidades, adquiridas mediante certa aprendizagem, seja de que género for.

2.3. Deontologia

O termo deontologia foi criado no ano de 1834, pelo filósofo inglês Jeremy Bentham, para falar
sobre o ramo da ética em que o objeto de estudo é o fundamento do dever e das normas. A
deontologia é ainda conhecida como "Teoria do Dever".
O termo Deontologia, Segundo Hankinson (1996), surge pela combinação das palavras gregas
“déontos” que significa dever e “logos” que se traduz como discurso ou tratado. Sendo assim, a
Deontologia é uma parte da Ética especialmente adaptada ao exercício de uma determinada
profissão. Deontologia é uma filosofia que faz parte da filosofia moral contemporânea, que
significa ciência do dever e da obrigação.
Kant (1834) também deu sua contribuição para a deontologia, uma vez que a dividiu em dois
conceitos: razão prática e liberdade. Para Kant, agir por dever é a maneira de dar à ação o seu
valor moral; e por sua vez, a perfeição moral só pode ser atingida por uma livre vontade.
A deontologia também pode ser o conjunto de princípios e regras de conduta ou deveres de uma
determinada profissão, ou seja, cada profissional deve ter a sua deontologia própria para regular o
exercício da profissão, e de acordo com o Código de Ética de sua categoria.

2.4. Ética Profissional

A ética profissional é um conjunto de atitudes e valores positivos aplicados no ambiente de


trabalho. A ética no ambiente de trabalho é de fundamental importância para o bom
funcionamento das actividades da empresa e das relações de trabalho entre os funcionários
(Lopes, 2004).
Segundo Naline (2009), ético-profissional é o conjunto de normas éticas que formam a
consciência do profissional e representa imperativos de sua conduta.
O mesmo autor acrescenta que o indivíduo que tem ética profissional cumpre com todas as
actividades de sua profissão, seguindo os princípios determinados pela sociedade e pelo seu
grupo de trabalho.

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A ética profissional é um conjunto de valores e normas de comportamento e de relacionamento
adoptados no ambiente de trabalho, no exercício de qualquer actividade. Ter uma conduta ética é
saber construir relações de qualidade com colegas, chefes e subordinados, contribuir para bom
funcionamento das rotinas de trabalho e para a formação de uma imagem positiva da instituição
perante os públicos de interesse, como utentes e a sociedade em geral. (Veronezzi, 2007).

2.5. Serviço público

O conceito de Serviço público pode ser traduzido como aqueles de competência e


responsabilidade do Poder Público da União, dos Estados e dos Municípios, que visa atender às
necessidades colectivas da população.
Segundo Mello (2000), Serviço Público é a actividade consistente na oferta de utilidade ou
comodidade material fruível singularmente pelos administrados, que o Estado assume como
pertinente a seus deveres em face da colectividade.
Serviço Público, em sentido amplo, como sendo todo aquele serviço prestado pela Administração
ou por seus delegados, sob normas e controles estatais, para satisfazer necessidades essenciais ou
secundárias da colectividade, ou simples conveniências do Estado (Meireles,1997).

2.6. Importância da postura ético-profissional

É de grande importância que todo profissional de enfermagem tenha uma postura ética no
exercício da sua profissão, pois o mesmo tem responsabilidades individuais e sócias, que
envolvem pessoas que dela se beneficiam (Meda, 2013). A mesma defende que a enfermagem
não se pode permitir abater pelo terramoto da ignorância, pala avalanche da desumanização. É
uma profissão tão importante quanto outras, principalmente por ser o enfermeiro cuida do maior
valor de um ser que é a vida.
A postura ética é de suma importância para a vida profissional e manter as atitudes éticas faz com
que os colaboradores alcancem a eficiência através da obediência a legislação e directrizes da
organização. Além disso, manter uma postura ética organizacional poderá levar ajudar o
profissional a ter uma vida pautada em cumprir as regras fielmente.
O profissional ético, e naturalmente, admirado, pois o respeito pelos colegas e pelos utentes e o
que da destaque a esse colaborador.

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Segundo Marques (2015) uma postura ético-profissional na prestação dos serviços públicos
seguindo de padrões e valores, tanto da sociedade, quanto da própria organização são essências
para o alcance da excelência profissional. A prestação dos serviços públicos exige actualização a
aperfeiçoamento constante, e uma postura ética corporativo através dela ganham credibilidade e a
confiança dos utentes.
O mesmo defende que é importante que os profissionais sigam os padrões éticos da sociedade e
das organizações. Um dos exemplos são as informações sigilosas, para a preservação do próprio
doente deve manter uma postura congruente com seu trabalho e manter para sim os dados que lhe
foram confiados, a fim de guarda-los.
A ética no ambiente de trabalho proporciona ao profissional um exercício diário e prazeroso de
honestidade, comprometimento, confiabilidade, entre tantos outros, que o conduzem tanto na
tomada de decisões como no processo de adopta-las. Ao final, a recompensa e ser reconhecido,
não só pelos eu trabalho, mas também, não só pelo seu trabalho, mas também por sua postura
ética, de valores e conduta exemplar.
A imagem pessoal e profissional é tanto mais importante, quanto maior for o contacto directo
com utentes, por exemplo em actividades de atendimento ao público, (Amendoeira, 2012). A
nossa imagem pessoal é construída normalmente em três momentos distintos:
a) A Primeira Impressão que é formada nos três primeiros segundos;
b) A Imagem Inicial que é formada nos primeiros contactos;
c) A Imagem propriamente dita, que é aquelas imagens já formadas que temos que manter e
melhorar.

2.7. A relação que existe entre a ética profissional e a prestação dos serviços públicos

Segundo Piquet (2000) Existe uma relação entre a ética e a prestação dos serviços públicos para
que os agentes públicos possam exercer as suas funções com profissionalismos e responder com
aquilo que são as necessidades dos Utentes deve-se seguir padrões éticos de modo a ter uma
harmoniosa relação no trabalho.
Este acrescente que serviço público para produzir o bem não pode se distanciar das dimensões
Éticas que devem permear e constituir um padrão Ético dos serviços colocados à disposição dos
cidadãos, não pode distanciar-se dos padrões de eficiência exigidos pela sociedade, do

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aproveitamento máximo de tudo aquilo que a colectividade possui, em todos os níveis, ao longo
da realização de suas actividades.
Para Figueiredo (2012) é imprescindível considerar que a prestação destes serviços tem como
base o servidor público ou funcionário público, recrutados no meio social de onde se originam os
seus valores tradicionais.
Portanto, qualquer iniciativa que objective a disponibilização de serviços públicos de qualidade,
permeados pela eficiência e com o fim de promover o bem social, passa, necessariamente, pela
constância e consistência das acções de educação, dos valores de família, dos valores do convívio
social (religiosos e políticos), do aparato normativo legal do estado e das instituições que cuidam
do controle social, tais como o aparato policial, a justiça e seu sistema prisional e do próprio
controlo social por parte da sociedade. Aliado a todos estes aspectos, uma alternativa à sociedade,
é o oferecimento, por parte do Estado, de acções educativas de boa qualidade, nas quais os
indivíduos pudessem ter, desde o início da sua formação, valores arraigados e trilhados na
moralidade, pautados por comportamentos duradouros e pela interiorização de princípios Éticos.

2.8. Quatro (4) aspectos-chave do código de conduta da minha instituição

i. A designação, para um cargo público, por eleição, por nomeação ou por contrato,
pressupõe e implica a estrita observância da Constituição da República e da legalidade,
bem como dos princípios e deveres de ética profissional que garantem o prestígio dos
cargos e das entidades neles investidos.

ii. O exercício da função pública deve orientar-se para a satisfação do bem comum que é seu
fim último e essencial.

iii. O servidor público deve inspirar confiança nos cidadãos para fortalecer a credibilidade da
instituição que serve e dos seus gestores.

iv. O servidor público exerce o seu cargo no respeito estrito pelo dever de não discriminar,
em razão da cor, raça, origem étnica, sexo, religião, filiação política ou ideológica,
instrução, situação económica ou condição social e pelo princípio da igualdade de todos
perante a Constituição e a lei.

2.9. Descrição das tarefas específicas confiadas a mim pela minha instituição

i. Manter os arquivos da instituição actualizados e devidamente organizados;

ii. Gestão de correspondências;


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iii. Atendimento ao publico;

iv. Auxiliar a coordenação entre os departamentos;

v. Gestão de informações;

2.10. Desafios que concorrem para o enfraquecimento da actuação profissional

Actualmente, o indivíduo em posse de sua força de trabalho torna-se substituível; o indivíduo


como mercadoria tem uma falsa autoconsciência de si, que se “constitui segundo as exigências
tecnológicas do processo de produção” (Maia, 1998, Pag.166).
O trabalho, que poderia ser um canal de sublimação de energias pulsionais, não tem servido a
esse intuito. As energias voltam-se em parte para o próprio sujeito contra a própria cultura. Por
um lado, por não haver canalização via trabalho e, por outro, pela árdua exigência feita pela
sociedade aos sujeitos. O indivíduo não se desenvolve plenamente. E, como afirma Marcuse
(1979, pag.25), “o mundo do trabalho se torna a base potencial de uma nova liberdade para o
homem no quanto seja concebido como uma máquina e, por conseguinte, mecanizado”.
Nas administrações a racionalidade do trabalho e dos mecanismos produtivos, com a
multiplicidade de tarefas e de funções, com a departamentalização das áreas e suas respectivas
tarefas e preocupações, divide em partes o que cabe a cada um, com as ordens e os ordenamentos
ditados por instituições despersonificadas, instâncias anônimas a serem seguidas; criam certa
burocracia que assume forma de entidade que rege e destitui cada um e a todos da
responsabilidade por qualquer acto (Costa, 1991). Não é tão raro encontrar, em repartições
públicas, técnicos que exercem suas atividades burocráticas com finalidades unicamente voltadas
para si mesmas, que reagem aos seus automatismos parecendo não haver a percepção do impacto
nos indivíduos que precisam ou dependem daquele carimbo ou parecer em processo.
As pessoas se submetem à realidade alienante em maior ou em menor intensidade, dependendo
do quanto estão abertas para reflexão e conscientes do processo em que estão inseridas. Pode-se
supor, que a possibilidade de superação dessa submissão ao trabalho está também relacionada à

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capacidade de o indivíduo se identificar com a finalidade do trabalho que realiza, consciente das
condições que o estrutura, sendo capaz de refletir sobre si mesmo nesse contexto.
A maneira de funcionar das organizações e de estruturar as relações de trabalho está sedimentada
nos alicerces da sociedade administrada. A racionalidade presente na organização do trabalho
imprime, na formação do indivíduo, certa ética que passa pela frieza, a perda da autonomia e da
consciência. O pensamento de Adorno (2006) aponta que há impacto estruturante na formação da
consciência, e na autonomia do indivíduo os processos de trabalho vigentes que têm a técnica
como força produtiva e a dominação como finalidade.

2.11. Virtudes necessárias para melhor cumprir os deveres profissionais

Não obstante os deveres de um profissional, os quais são obrigatórios, devem ser levadas em
conta as qualidades pessoais que também concorrem para o enriquecimento de sua atuação
profissional, algumas delas facilitando o exercício da profissão. Muitas destas qualidades poderão
ser adquiridas com esforço e boa vontade, aumentando neste caso o mérito do profissional que,
no decorrer de sua atividade profissional, consegue incorporá-las à sua personalidade, procurando
vivenciá-las ao lado dos deveres profissionais.

Em recente artigo publicado na revista EXAME o consultor dinamarquês Clauss MOLLER


(1996) faz uma associação entre as virtudes lealdade, responsabilidade e iniciativa como
fundamentais para a formação de recursos humanos. Segundo Clauss Moller (1996) o futuro de
uma carreira depende dessas virtudes. Vejamos:

Responsabilidade é o elemento fundamental da empregabilidade. Sem responsabilidade a pessoa


não pode demonstrar lealdade, nem espírito de iniciativa. Uma pessoa que se sinta responsável
pelos resultados da equipe terá maior probabilidade de agir de maneira mais favorável aos
interesses da equipe e de seus clientes, dentro e fora da organização. A consciência de que se
possui uma influência real constitui uma experiência pessoal muito importante. É algo que
fortalece a auto-estima de cada pessoa. Só pessoas que tenham auto-estima e um sentimento de
poder próprio são capazes de assumir responsabilidade. Elas sentem um sentido na vida,
alcançando metas sobre as quais concordam previamente e pelas quais assumiram
responsabilidade real, de maneira consciente. As pessoas que optam por não assumir
responsabilidades podem ter dificuldades em encontrar significado em suas vidas. Seu
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comportamento é regido pelas recompensas e sanções de outras pessoas - chefes e pares. Pessoas
desse tipo jamais serão boas integrantes de equipes, Moller (1996).

Lealdade: A lealdade é o segundo dos três principais elementos que compõe a empregabilidade.
Um funcionário leal se alegra quando a organização ou seu departamento é bem sucedido,
defende a organização, tomando medidas concretas quando ela é ameaçada, tem orgulho de fazer
parte da organização, fala positivamente sobre ela e a defende contra críticas. Lealdade não quer
dizer necessariamente fazer o que a pessoa ou organização à qual você quer ser fiel quer que você
faça. Lealdade não é sinônimo de obediência cega. Lealdade significa fazer críticas construtivas,
mas as manter dentro do âmbito da organização. Significa agir com a convicção de que seu
comportamento vai promover os legítimos interesses da organização. Assim, ser leal às vezes
pode significar a recusa em fazer algo que você acha que poderá prejudicar a organização, a
equipe de funcionários, Moller (1996).

Honestidade: A honestidade está relacionada com a confiança que nos é depositada, com a
responsabilidade perante o bem de terceiros e a manutenção de seus direitos. É muito fácil
encontrar a falta de honestidade quanto existe a fascinação pelos lucros, privilégios e benefícios
fáceis, pelo enriquecimento ilícito em cargos que outorgam autoridade e que têm a confiança
coletiva de uma coletividade. Já Aristóteles (1992) em sua "Ética a Nicômanos" analisava a
questão da honestidade. Outras pessoas se excedem no sentido de obter qualquer coisa e de
qualquer fonte, por exemplo, os que fazem negócios sórdidos, os proxenetas e demais pessoas
desse tipo, bem como os usurários, que emprestam pequenas importâncias a juros altos. Todas as
pessoas deste tipo obtêm mais do que merecem e de fontes erradas. O que há de comum entre
elas é obviamente uma ganância sórdida, e todas carregam um aviltante por causa do ganho.

Um contabilista que, para conseguir aumentos de honorários, retém os livros de um comerciante,


está sendo desonesto. A honestidade é a primeira virtude no campo profissional. É um princípio
que não admite relatividade, tolerância ou interpretações circunstanciais, Moller (1996).

Sigilo: O respeito aos segredos das pessoas, dos negócios, das empresas, deve ser desenvolvido
na formação de futuros profissionais, pois trata-se de algo muito importante. Uma informação
sigilosa é algo que nos é confiado e cuja preservação de silêncio é obrigatória. Revelar detalhes

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ou mesmo frívolas ocorrências dos locais de trabalho, em geral, nada interessa a terceiros e ainda
existe o agravante de que planos e projetos de uma empresa ainda não colocados em prática
possam ser copiados e colocados no mercado pela concorrência antes que a empresa que os
concebeu tenha tido oportunidade de lançá-los. Documentos, registros contábeis, planos de
marketing, pesquisas científicas, hábitos pessoais, dentre outros, devem ser mantidos em sigilo e
sua revelação pode representar sérios problemas para a empresa ou para os clientes do
profissional, Moller (1996).

Competência: Competência, sob o ponto de vista funcional, é o exercício do conhecimento de


forma adequada e persistente a um trabalho ou profissão. Devemos buscá-la sempre. "A função
de um citarista é tocar cítara, e a de um bom citarista é tocá-la bem." (Aristóteles, 1992, p.24). É
de extrema importância a busca da competência profissional em qualquer área de atuação.
Recursos humanos devem ser incentivados a buscar sua competência e maestria através do
aprimoramento contínuo de suas habilidades e conhecimentos. O conhecimento da ciência, da
tecnologia, das técnicas e práticas porfissionais é pré-requisito para a prestação de serviços de
boa qualidade. Nem sempre é possível acumular todo conhecimento exigido por determinada
tarefa, mas é necessário que se tenha a postura ética de recusar serviços quando não se tem a
devida capacitação para executá-lo. Pacientes que morrem ou ficam aleijados por incompetência
médica, causas que são perdidas pela incompetência de advogados, prédios que desabam por
erros de cálculo em engenharia, são apenas alguns exemplos de quanto se deve investir na busca
da competência, Moller (1996).

Prudência: Todo trabalho, para ser executado, exige muita segurança. A prudência, fazendo
com que o profissional analise situações complexas e difíceis com mais facilidade e de forma
mais profunda e minuciosa, contribui para a maior segurança, principalmente das decisões a
serem tomadas. a prudência é indispensável nos casos de decisões sérias e graves, pois evita os
julgamentos apressados e as lutas ou discussões inúteis, Moller (1996).

Coragem: Todo profissional precisa ter coragem, pois "o homem que evita e teme a tudo, não
enfrenta coisa alguma, torna-se um covarde" (Aristóteles, 1992, p.37). A coragem nos ajuda a
reagir às críticas, quando injustas, e a nos defender dignamente quando estamos cônscios de
nosso dever. Nos ajuda a não ter medo de defender a verdade e a justiça, principalmente quando
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estas forem de real interesse para outrem ou para o bem comum. Temos que ter coragem para
tomar decisões, indispensáveis e importantes, para a eficiência do trabalho, sem levar em conta
possíveis atitudes ou atos de desagrado dos chefes ou colegas, Moller (1996).

Perseverança: Qualidade difícil de ser encontrada, mas necessária, pois todo trabalho está
sujeito a incompreensões, insucessos e fracassos que precisam ser superados, prosseguindo o
profissional em seu trabalho, sem entregar-se a decepções ou mágoas. É louvável a perseverança
dos profissionais que precisam enfrentar os problemas do subdesenvolvimento, Moller (1996).

Compreensão: Qualidade que ajuda muito um profissional, porque é bem aceito pelos que dele
dependem, em termos de trabalho, facilitando a aproximação e o diálogo, tão importante no
relacionamento profissional. É bom, porém, não confundir compreensão com fraqueza, para que
o profissional não se deixe levar por opiniões ou atitudes, nem sempre, válidas para eficiência do
seu trabalho, para que não se percam os verdadeiros objetivos a serem alcançados pela
profissão. Vê-se que a compreensão precisa ser condicionada, muitas vezes, pela prudência. A
compreensão que se traduz, principalmente em calor humano pode realizar muito em benefício de
uma atividade profissional, dependendo de ser convenientemente dosada, Moller (1996).

Humildade: O profissional precisa ter humildade suficiente para admitir que não é o dono da
verdade e que o bom senso e a inteligência são propriedade de um grande número de
pessoas. Representa a auto-análise que todo profissional deve praticar em função de sua
atividade profissional, a fim de reconhecer melhor suas limitações, buscando a colaboração de
outros profissionais mais capazes, se tiver esta necessidade, dispor-se a aprender coisas novas,
numa busca constante de aperfeiçoamento. Humildade é qualidade que carece de melhor
interpretação, dada a sua importância, pois muitos a confundem com subserviência, dependência,
quase sempre lhe é atribuído um sentido depreciativo, Moller (1996).

Imparcialidade: É uma qualidade tão importante que assume as características do dever, pois se
destina a se contrapor aos preconceitos, a reagir contra os mitos (em nossa época dinheiro,
técnica, sexo...), a defender os verdadeiros valores sociais e éticos, assumindo principalmente
uma posição justa nas situações que terá que enfrentar. Para ser justo é preciso ser imparcial, logo
a justiça depende muito da imparcialidade, Moller (1996).

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Otimismo: Em face das perspectivas das sociedades modernas, o profissional precisa e deve ser
otimista, para acreditar na capacidade de realização da pessoa humana, no poder do
desenvolvimento, enfrentando o futuro com energia e bom-humor, Moller (1996).

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3. Conclusão

A racionalidade das instituições incentiva a busca pela satisfação de interesses privados e a


formação que a sociedade proporciona ao indivíduo tem contribuído para a manutenção dessa
moralidade na administração pública.
Quando o trabalho resume-se em atividades rotineiras, fragmentadas, destituídas de significado, a
situação se agrava, especialmente na administração pública, quando seu funcionamento é
sustentado com intuito de preservar a própria racionalidade.
Apesar de no funcionamento da administração pública haver diversos fatores que não propiciam
experiência formativa, há nessa realidade indivíduos que preservam a autorreflexão e mantêm o
movimento contrário da primazia do econômico, na busca incessante pela ética na sociedade e,
particularmente, na administração pública. Esses indivíduos são a demonstração efetiva de
abertura ao movimento necessário para a vida, a justiça e a ética.
É fundamental que gestores públicos estejam comprometidos com o combate à corrupção e a
fomentação da ética no trabalho. Além do controle, apuração, transparência, responsabilização e
aplicação de penas severas a atos ligados à corrupção, é essencial a promoção pelo gestor de
ações formativas, educacionais e reflexivas no trabalho.
O gestor público, quando no comando de equipes de trabalho, precisa implementar um modo de
gestão que possibilite a ampliação da consciência dos funcionários em relação ao trabalho que
estão realizando. Busque propiciar discussões sobre a finalidade das atividades que estão
desempenhando e do impacto delas na sociedade e nos propósitos da instituição a que estão
vinculados. Facilitar que o servidor consiga se visualizar na ação do Estado na cidade, no estado
e no país, vendo-se como o propiciador do exercício da cidadania.
O modo de gerenciar assumido pelo gestor há de ser participativo e com ampliação do diálogo.
Os valores presentes na maneira como são estruturadas as relações de trabalho refletem-se na
ética no trabalho e na sociedade.
Gerenciar de modo a favorecer relações saudáveis no ambiente profissional, a compreensão pelo
servidor do significado e do resultado do trabalho que executa e do fim social de suas atividades,
bem como a aproximação da satisfação pessoal pelas atividades profissionais que exerce é
imprescindível para a ética. Garantir o fim legítimo a que se propõe o Estado constituído para

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promover a cidadania, somado à efetiva prestação de serviços com qualidade, correspondentes às
reais necessidades, são outros importantes aspectos a serem perseguidos.

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