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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

As forças naturais e humanos que modificam os solos

Abdul António Sualei-708212408

Docente: Felizardo Mulhomone

Geografia, Turma H
Pedogeografia
1º Ano

Milange, Maio, 2022

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problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
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adequada ao objecto 2.0
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domínio do discurso
académico
Conteúdo 2.0
(expressão escrita
cuidada, coerência /
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Análise e
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discussão
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
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 Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia

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Índice
1. Introdução ...................................................................................................................... 1

1.1. Objectivos .................................................................................................................. 1

1.2. Metodologias .............................................................................................................. 1

2. Conceito de solo............................................................................................................. 2

3. As forças de modificação do solo ................................................................................... 2

3.1. Forças naturais de modificação do solo ....................................................................... 2

3.1.1. Material de Origem ................................................................................................. 2

3.1.2. Clima ...................................................................................................................... 4

3.1.3. Relevo .................................................................................................................... 5

3.1.4. Organismos ............................................................................................................. 6

3.1.5. Tempo .................................................................................................................... 6

3.2. Forças humanas de modificação do solo ..................................................................... 8

3.2.1. Agricultura.............................................................................................................. 8

3.2.1.1. Consequência da agricultura para o solo .............................................................. 8

3.2.2. Queimadas .............................................................................................................. 9

3.2.3. Consequências ........................................................................................................ 9

4. Processos de formação do solo ..................................................................................... 10

4.1. Adições .................................................................................................................... 10

4.2. Perdas....................................................................................................................... 10

4.3. Transformações ........................................................................................................ 11

4.4. Transportes ............................................................................................................... 11

5. Formação do perfil de solo ........................................................................................... 12

6. Características Morfológicas, Físicas e Químicas do solo ............................................. 13

7. Conclusão .................................................................................................................... 15

8. Referências Bibliográficas............................................................................................ 16

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1. Introdução
Os solos são corpos naturais formados pela desagregação das rochas, eles são variados e formados
pela desintegração das partículas que compõem a rocha, o nome desse processo é intemperismo. Os
solos são classificados de diversas formas, como quanto à textura e à presença de areia ou argila em
sua composição, e esta é influenciada pelos elementos presentes neles.

Os solos são a base para o desenvolvimento das plantas e animais, ou seja, são base
da biodiversidade e também para as atividades econômicas, principalmente o setor primário
agricultura, pecuária e extrativismo.

1.1. Objectivos
1.1.1. Geral

 Conhecer o solo

1.1.2. Específicos

 Conceituar o solo;

 Caracterizar os factores naturais e humanos que modificam o solo;

 Explicar as forças de modificação natural e humano.

1.2. Metodologias
A realização do presente trabalho delineou-se segundo a modalidade da pesquisa bibliográfica, esta
pesquisa sendo bibliográfica foi feita a parti r do estudo de artigos e revistas que abordam os temas
que foram pesquisados, por meio deles, o aporte teórico foi produzido.

Este trabalho está estruturado em introdução (objectivos e metodologias usadas), desenvolvimento,


conclusão e referências bibliográficas.

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2. Conceito de solo
O solo é um dos recursos naturais mais importantes para o equilíbrio do ecossistema terrestre, uma
vez que interage diretamente com a atmosfera, biosfera, litosfera e hidrosfera (Coleman, 2001).

Tem como limite superior o contato com a atmosfera; como limites laterais os corpos d’água
superficiais, rochas, gelo, aterros, etc. O limite inferior, em geral, é de difícil definição, mas passa
pelo contato com a rocha dura ou materiais que não apresentam sinais de influência de
microrganismos.

Para Duchoufour (1982) Solo é o produto de transformação das substâncias orgânicas e minerais da
superfície da terra sob a influência dos fatores ambientais que operam por um período de tempo
muito longo e apresentando uma organização e morfologia definidas. É o meio de crescimento para
as plantas superiores e a base da vida para os animais e seres humanos. Como um sistema de tempo-
espaço o solo apresenta quatro dimensões.

3. As forças de modificação do solo

3.1. Forças naturais de modificação do solo

3.1.1. Material de Origem


O material de origem é a matéria-prima a partir da qual os solos se desenvolvem, podendo ser de
natureza mineral (rochas ou sedimentos) ou orgânica (resíduos vegetais). Por ocuparem extensões
consideráveis, os materiais rochosos são, sem dúvida, os mais importantes e abrangem os diversos
tipos conhecidos de rochas.
Na formação do solo, o factor material de origem influencia em diversos atributos e pode ser
dividido em dois grandes grupos: as rochas e os sedimentos.
As principais características das rochas que influenciam nos atributos do solo são: composição
química e mineralogia, cor e textura (Brady e Weil, 2013 p.685).
As rochas classificadas como ácidas, são aquelas que apresentam em sua composição, mais de 65%
de SiO2, sendo ricas também em alumínio.
Minerais ricos em SiO2 são chamados de minerais félsicos (apresentam cores claras), entre eles
destacam-se o quartzo e os feldspatos (Fontes, 2012 p.203), que por sua vez, originam solos de
textura arenosa, com cores amareladas e baixa fertilidade natural.

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Por outro lado, rochas básicas, são aquelas com menos de 52% de SiO2 e, possuem maior
quantidade de ferro e magnésio na sua composição, os chamados minerais ferromagnesianos ou
máficos (cores escuras), como olivina, piroxênios e biotita, que por sua vez, originam solos de
textura mais argilosa, cores avermelhadas e maior fertilidade natural.
“Os sedimentos são outro grande grupo de material de origem do solo. São formados a partir da
intemperização das rochas e actuação de processos erosivos, sendo muitas vezes transportados e
depositados ao longo da paisagem. Os sedimentos podem ser classificados como coluviais
(sedimentos produzidos pela intemperização e erosão nos pontos mais altos da paisagem e
depositados ao longo da encosta), e aluviais (sedimentos de natureza diversa depositados em
ocasião de transbordamento dos rios)” (Suguio, 2003 p.184).
Atributos como textura, composição mineralógica, cor e fertilidade natural de solos formados a
partir de sedimentos estão directamente relacionados com a rocha originária e a intensidade de
alteração desses sedimentos.
Também existem sedimentos de constituição orgânica, possuindo teores de carbono orgânico
maiores ou iguais a 80 g kg-1, que podem se acumular em condições de boa drenagem ou de
drenagem impedida. O acúmulo desses sedimentos pode levar a formação de uma ordem de solos
denominada de Organossolos.
Exemplos dos principais tipos de rochas
Magmáticas: Granito Gnaisse Arenitos; metamórficas Basalto Quartzito Argilitos; Sedimentares
Diabásio Xistos Calcários.
Dependendo do tipo de material de origem, os solos podem ser arenosos, argilosos,
férteis ou pobres. É importante salientar que uma mesma rocha poderá originar solos
muito diferentes, dependendo da variação dos demais factores de formação. Por
exemplo, um granito, em região de clima seco e quente, origina solos rasos e
pedregosos em virtude da reduzida quantidade de chuvas. Já, em clima húmido e
quente, essa mesma rocha dará origem a solos mais profundos, não-pedregosos e mais
pobres. (Lima, 2001 p.343).
Em qualquer clima, os arenitos geralmente originam solos de textura grosseira (arenosa), têm baixa
fertilidade, armazenam pouca água e são muito propensos à erosão. Rochas como o basalto
originam solos de textura argilosa e com altos teores de ferro, pois são ricas nesse elemento. Solos
originados a partir de argilitos apresentarão textura argilosa, isto é, com predominância de argila.
Com excepção do hidrogénio, oxigénio, carbono e nitrogénio, os demais nutrientes para as plantas,
como cálcio, magnésio, potássio e fósforo, provêm dos minerais presentes nas rochas que, ao se

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decomporem pela ação do intemperismo, liberam esses elementos para o solo para serem
absorvidos pelos vegetais.
Rochas com grandes quantidades de elementos nutrientes podem originar solos férteis, ao passo que
solos derivados de rochas pobres serão inevitavelmente de baixa fertilidade.
Solos derivados de arenito (rocha geralmente pobre em nutrientes) possuem baixa quantidade
de nutrientes (cálcio, magnésio, potássio), comparativamente aos originados de basalto (rochas mais
ricas em nutrientes).

3.1.2. Clima
O clima exerce influência na formação dos solos principalmente através da precipitação e
temperatura.
Em ambientes extremos, como desertos frios ou quentes, a água está em estado sólido (gelo) ou
ausente, o que dificulta ou mesmo impede a formação do solo. Para actuação de processos de
intemperismo e de formação do solo há necessidade de existir água em estado líquido.
“A actuação do clima na pedogênese está associada principalmente aos atributos precipitação
pluviométrica, as taxas de evaporação e a temperatura, tendo em vista a influência dos mesmos no
intemperismo e evolução dos solos” (Kämpf e Curi, 2012 p.292).
A água fornecida pelas chuvas tem efeito directo na formação do solo, pois através das reacções de
hidrólise, há a alteração do material de origem e a remoção dos solutos originados na reacção. Além
disso, a água actua na translocação, adição ou remoção de materiais no interior do perfil do solo. Já
a temperatura tem efeito indirecto, influenciando a velocidade das reacções químicas e do
intemperismo.
Em ambientes de clima tropical com altas taxas de precipitação pluviométrica e altas temperaturas,
o intemperismo é intenso (Fontes, 2012), sendo formados solos profundos e de composição química
e mineralógica bastante alterada.
Em regiões de clima frio e temperado, os solos tendem a ser mais jovens, menos intemperizados e
com horizontes superficiais com teores de carbono orgânico mais elevados. Já em áreas em que as
taxas de evaporação excedem a precipitação pluviométrica pode ocorrer a formação de solos salinos
e/ou que apresentam elevados conteúdo de sódio.
Também nesse ambiente podem ser verificadas argilas expansivas que propiciam a formação de
rachaduras na superfície do terreno e fendas em profundidade.

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Precipitações e temperaturas elevadas favorecem os processos de formação do solo. Climas
húmidos e quentes (regiões tropicais) são factores favoráveis à formação de solos muito
intemperizados (alterados em relação à rocha), profundos e pobres, o que resulta em acidez e baixa
fertilidade, como é o caso da maioria dos solos brasileiros. Em regiões de baixa precipitação (áridas
e semi-áridas), os solos são menos intemperizados, mais rasos, de melhor fertilidade e, geralmente,
pedregosos. Graças à vegetação escassa, a quantidade de matéria orgânica, adicionada em climas
secos, é inferior à dos solos de regiões húmidas.

3.1.3. Relevo
“O relevo é considerado um importante factor na formação do solo, pois é responsável pelo controle
de toda dinâmica dos fluxos de água na paisagem, como lixiviação de solutos, actuação de
processos erosivos e condições de drenagem” (Anjos et al., 1998 p.586).
A distância do lençol freático e a declividade são as principais características que controlam esses
processos. Os pontos mais altos da paisagem devido ao distanciamento do lençol freático possuem
boas condições de drenagem e, quando associados a baixas declividades, favorecem a maior
infiltração da água. Por outro lado, pontos de paisagem com boa drenagem, porém com maiores
declives, intensificam o escoamento superficial da água em detrimento a infiltração, o que aumenta
a taxa de erosão, promovendo o rejuvenescimento do solo. Já os pontos mais baixos da paisagem,
apesar da menor declividade, estão mais próximos do lençol freático, sendo normalmente mal ou
muito mal drenados, com condições anaeróbicas na maior parte do ano.
Dependendo do tipo de relevo (plano, inclinado ou abaciado) a água da chuva pode entrar no solo
(infiltração), escoar pela superfície (ocasionando erosão) ou se acumular (formando banhados).
Nos relevos planos, praticamente toda a água da chuva entra no solo, propiciando condições para
formação de solos profundos.
Em relevos inclinados, grande parte da água escorre pela superfície, favorecendo processos erosivos
e dificultando a formação do solo, sendo tais áreas ocupadas, predominantemente, por solos rasos.
As áreas com relevo abaciado, além das águas da chuva, também recebem aquelas provenientes das
áreas inclinadas, tendendo a um acúmulo e favorecendo o aparecimento de banhados (várzeas),
onde se formam os solos chamados de hidromórficos, ou seja, com excesso de água. Quando
derivados de material de origem vegetal acumulado em áreas encharcadas, como banhados, os solos
tendem a apresentar grandes quantidades de matéria orgânica.

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3.1.4. Organismos
Os organismos que vivem no solo (vegetais, minhocas, insectos, fungos, bactérias, etc.) exercem
papel muito importante na sua formação, visto que, além de seus corpos serem fonte de matéria
orgânica, actuam também na transformação dos constituintes orgânicos e minerais.
Os organismos na formação do solo possuem relação íntima com o factor clima, considerando a
adaptabilidade da fauna e da flora as condições de humidade e temperatura de um determinado
ambiente. São considerados condicionantes para a pedogénese - a ação dos organismos no substrato
representa a diferença entre os processos de pedogénese e intemperismo.
A matéria orgânica adicionada ao solo pelos vegetais, seja pelos resíduos de folhas ou de raízes
e, sua decomposição pela ação da fauna como formigas, minhocas e microrganismos, participa
de diversos processos no solo e influencia na agregação de partículas, no escurecimento do
horizonte superficial, na infiltração da água, minimizando a erosão e, na retenção de nutrientes
fundamentais ao desenvolvimento das plantas (Pavinato e Resolem, 2008 p.465).

A vegetação exerce marcante influência na formação do solo pelo fornecimento de matéria


orgânica, na protecção contra a erosão pela ação das raízes fixadas no solo, assim como as folhas
evitam o impacto directo da chuva. Ao se decompor, a matéria orgânica libera ácidos que também
participam na transformação dos constituintes minerais do solo.
A fauna (representada por inúmeras espécies de minhocas, besouros, formigas, cupins, etc.) age na
trituração e transporte dos resíduos vegetais no perfil do solo.
Os fungos e as bactérias realizam o ataque microbiano, transformando a matéria orgânica fresca em
húmus, o qual apresenta grande capacidade de retenção de água e nutrientes, o que é muito
importante para o desenvolvimento das plantas que habitam o solo. Maiores detalhes são
encontrados nos capítulos sobre biologia e composição do solo.

3.1.5. Tempo
Para a formação do solo, é necessário determinado tempo para actuação dos processos que levam à
sua formação. O tempo que um solo leva para se formar depende do tipo de rocha, do clima e do
relevo. Solos desenvolvidos a partir de rochas mais fáceis de ser intemperizadas formam-se mais
rapidamente, em comparação com aqueles cujo material de origem é uma rocha de difícil alteração.
Por exemplo, os solos derivados de quartzito (rocha rica em quartzo) demoram mais tempo para se
formarem do que os solos originados de diabásio (rocha rica em ferro), por ser o mineral quartzo
muito resistente ao intemperismo (alteração).

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Nos relevos mais inclinados (morros, montanhas), o tempo necessário para formação de um solo é
muito mais longo, comparativamente aos relevos planos, uma vez que, nos primeiros, a erosão
natural é muito maior.
“O factor tempo apresenta uma relação não apenas de cronologia, mas também de maturidade e
evolução” (Kämpf e Curi, 2012 p.283).
Em ambientes de clima árido e semiárido, com baixa precipitação pluviométrica, mesmo com o
material de origem exposto por um longo tempo, a baixa intensidade de intemperização formará
solos jovens, pouco evoluídos. Por outro lado, condições de intenso intemperismo e alteração do
material de origem, mesmo com exposição recente deste, formará solos maduros e evoluídos do
ponto de vista da pedogênese.
O conceito de solo como corpos naturais organizados com génese própria ou seja, que os solos são
mais do que mantos rochosos desgastados na superfície da terra e de que a formação do solo
implica mais que intemperismo tem uma importância prática muito grande, pois permite estabelecer
relações entre os factores de formação e os diferentes tipos de solos. Com base nesta concepção,
admitese que as características e a distribuição geográfica dos solos na paisagem estão estreitamente
relacionadas com a natureza das condições ambientais em um determinado local ao longo do tempo.
Percebe-se, ainda, que os solos mais velhos têm maior quantidade de argila que os jovens, isto
porque, no transcorrer do tempo de formação, os minerais primários, herdados da rocha e que fazem
parte das fracções mais grosseiras do solo (areia e silte), vão-se transformando em argila (fracção
mais fina do solo).
Quando originados de uma mesma rocha, os solos mais velhos apresentam, usualmente, menor
quantidade de nutrientes, os quais são removidos em solução pelas águas das chuvas.
É comum achar que todos os solos jovens são mais férteis que os solos velhos. Porém, um solo
jovem será de baixa fertilidade se a rocha que lhe deu origem for pobre em nutrientes.
Uma questão frequentemente levantada é: "Quanto tempo leva um solo para ser formado"?
Essa pergunta é difícil de ser respondida porque o tempo de vida do ser humano é muito curto para
acompanharmos esse processo. A única certeza é que são necessários milhares de anos. O tempo de
formação do solo é longo; todavia, sua degradação pode ser rápida, motivo pelo qual sua utilização
deve ser cercada de todo cuidado.

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3.2. Forças humanas de modificação do solo

3.2.1. Agricultura
A agricultura é a lavoura ou o cultivo da terra e inclui todos os trabalhos relacionados com o
tratamento do solo e a plantação de vegetais. As atividades agrícolas destinam-se à produção de
alimentos e à obtenção de verduras (legumes), frutas, hortaliças e cereais.
A agricultura implica a transformação do meio ambiente para satisfazer as necessidades do homem.
É esta capacidade que distingue o ser humano dos restantes seres vivos.
Desde o início dos tempos que o homem pratica a agricultura para sua sobrevivência. Assim, ela
contribui para oferecer sustendo no que tange a alimentação.

Conta-se que antes de existir a agricultura a nível universal, os humanos vivam da caça e da coleta
de frutos e de plantas.

No entanto, a agricultura não é praticada apenas para se obter alimentos, por meio dela se consegue
também matéria-prima para construção de objetos, medicamentos, ferramentas, fibras, combustível,
entre outros

3.2.1.1. Consequência da agricultura para o solo


As práticas inadequadas de manejo agrícola têm interferido na degradação dos solos. A degradação
do solo, devido à erosão hídrica, diminui sua capacidade produtiva. Isto pode ocorrer naturalmente
no ambiente, todavia com a ação contínua do homem, há uma aceleração neste processo de erosão.

Algumas práticas de manejo do solo promovem modificações em suas propriedades físicas, em


grande parte na estrutura, podendo tais alterações ser permanentes ou temporárias e, ainda,
influenciarem o processo erosivo. Assim, solo submetido a cultivo intensivo tem a sua estrutura
original alterada, tanto em níveis de poros quanto na densidade do solo. (Carpenedo; Melniczuk,
1990).

Há perda total ou parcial da fertilidade dessa terra, fora o desmatamento das florestas para a criação
de áreas agrícolas.

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O uso descontrolado de adubos e defensivos agrícolas vem causando sérios problemas de
contaminação de águas por resíduos e materiais lixiviados no solo, que podem causar problemas
inclusive como a eutrofização e a contaminação de águas potáveis.

O uso inadequado do solo, hoje liderado pela produção de gado e outros animais, vem desgastando
os solos de forma espantosa, tornando-os quase totalmente inférteis. A utilização de mecanização
rural em solos inapropriados vem causando mortandade vegetal em muitas destas áreas, que se
tornam desertas. Esse é um processo muitas vezes irreversível e se denomina “desertificação.

3.2.2. Queimadas
Queimadas ‘é uma prática primitiva da agricultura, destinada principalmente à limpeza do terreno
para o cultivo de plantações ou formação de pastos, com uso de fogo de forma controlada que as
vezes pode descontrolar-se e causar incêndios em florestas, matas e terrenos grandes’

As queimadas normalmente são feitas para limpeza dos campos, caça de animais de pequeno porte e
para produção de carvão.

Queimada descontrolada ‘é o acto de colocar o fogo na mata por negligência ou acidentalmente


sem nenhum controlo, resultando em grandes prejuízos económicos sociais e ambientais’.

3.2.3. Consequências
As queimadas descontroladas têm várias consequências para o meio assim como para o próprio
homem:

As queimadas descontroladas além de empobrecer o solo através da destruição de nutrientes,


causam também alterações na formação de nuvens, elementos fundamentais à queda de chuvas, que
quando escasseiam perigam a própria sobrevivência humana.

Hoje em dia os solos estão empobrecidos e a queda de chuva é condicionada o que leva ao aumento
de bolsas de fome.

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4. Processos de formação do solo
A interacção dos factores de formação do solo dá origem aos processos pedogenéticos, sendo
reconhecidos quatro processos múltiplos (transformação, translocação, adição e perda).
A actuação desses processos em diferentes intensidades de acordo com as condições ambientais é
responsável pela variabilidade dos tipos de solos de uma determinada paisagem. De acordo com
Brady e Weil (2013 p.291), o processo múltiplo de transformação actua na modificação dos
constituintes do solo, seja ela de natureza física ou química; o processo de translocação implica na
movimentação de material orgânico ou inorgânico dentro do perfil; o processo de adição consiste na
entrada de material por fontes externas ao solo e; o processo de perda é caracterizado pela remoção,
seja de partículas, por ação da erosão, ou de cátions, pela lixiviação.

4.1. Adições
Tudo que é incorporado ao solo em desenvolvimento é considerado como adição. O principal
constituinte adicionado é a matéria orgânica proveniente da morte dos organismos que vivem no
solo, principalmente a vegetação. Por serem ricos no elemento carbono, esses compostos orgânicos
imprimem cores escuras à porção superior do solo.
A quantidade de matéria orgânica incorporada nos solos é muito variável pois depende do tipo de
clima e do relevo. Em climas com pouca chuva, a vegetação é escassa, resultando em menor adição
de matéria orgânica. Em climas mais chuvosos, a vegetação é mais abundante e a quantidade de
matéria adicionada é maior, fazendo com que os solos apresentem a sua parte superficial mais
escura e espessa.

4.2. Perdas
Durante o seu desenvolvimento os solos perdem materiais na forma sólida (erosão) e em solução
(lixiviação). Em relevos muito inclinados os solos são mais rasos em decorrência da perda de
materiais por erosão.
A água da chuva solubiliza os minerais do solo os quais liberam elementos químicos
(principalmente cálcio, magnésio, potássio e sódio) que são levados para as águas subterrâneas.
Esse é um processo de perda denominado lixiviação. Em regiões com pouca chuva, as perdas desses
elementos químicos são menos intensas, comparativamente àquelas com maior precipitação. Essas
perdas por lixiviação explicam a ocorrência de solos muito pobres (baixa fertilidade) mesmo sendo
originados a partir de rochas que contêm grande quantidade de elementos nutrientes de plantas.

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4.3. Transformações
São denominadas transformações os processos que ocorrem durante a formação do solo produzindo
alterações químicas, físicas e biológicas. Como exemplo de alteração química, pode-se citar a
transformação dos minerais primários (que faziam parte da rocha) em novos minerais (minerais
secundários). As argilas são o exemplo mais comum de minerais secundários. É o caso de muitas
rochas que não contêm argila, porém esse material faz parte do solo formado.
Nesse caso, alguns minerais primários da rocha sofreram intemperismo e se transformaram em
argila. Essas areias são provenientes também dos minerais contidos na rocha e que ainda não foram
transformados ou são muito resistentes para serem alterados.
As cores vermelhas, amarela ou vermelho-amarela são resultantes da formação de compostos
(óxidos) a partir do elemento químico ferro liberado pela alteração das rochas.
Os materiais vegetais que caem no solo (folhas, galhos, frutos e flores) e as raízes que morrem
também sofrem transformações. Pela actuação de organismos do solo, transformam-se em húmus,
que é um composto mais estável e responsável pela cor preta dos solos. Nesse processo, ocorre
liberação de ácidos orgânicos, que também contribuem para a alteração dos componentes minerais
do solo.
As transformações ocorridas durante todos os estádios de desenvolvimento dos solos são mais
intensas em regiões húmidas e quentes (zonas tropicais). A água é necessária para hidratar e
dissolver minerais, processo que é acelerado em temperaturas mais elevadas. Na porção tropical
húmida do Brasil, ocorrem solos considerados muito velhos e intemperizados por terem sido
submetidos durante muito tempo a esses processos de transformação e perda, sendo, como
resultado, muito profundos e muito pobres em nutrientes.

4.4. Transportes
Em decorrência da ação da gravidade e da evapotranspiração (perda de água das plantas e do solo
pela ação do calor), pode ocorrer translocação de materiais orgânicos e minerais dentro do próprio
solo. Essa movimentação pode se dar nos dois sentidos, ou, seja, de cima para baixo ou de baixo
para cima. Em condições de clima com poucas chuvas, elementos químicos, como, por exemplo, o
sódio, podem ser levados em solução para a superfície do solo e depositados na forma de sal. Em
climas húmidos, ácidos orgânicos e partículas minerais de tamanho reduzido (argila) podem ser
transportados pela água para os horizontes mais profundos do solo.

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5. Formação do perfil de solo
A formação do solo inicia-se a partir do momento em que o material de origem (rocha) é exposto na
superfície terrestre, quando, então, passa a sofrer ação de agentes do clima, principalmente
precipitação e temperatura, accionando processos de intemperismo ("apodrecimento" da rocha).
À medida que se intemperiza, a rocha vai desagregando e ficando mais porosa, passando a reter
água e elementos químicos (cálcio, magnésio, potássio, sódio, ferro, etc) e oferecendo condições de
colonização por organismos pioneiros, como musgos, líquenes, algas, etc.
Com o passar do tempo, o solo vai ficando mais espesso permitindo a instalação de plantas de
maior porte. Ao morrerem, esses organismos fornecem matéria orgânica (adição), que passa a ser
incorporada continuamente ao solo, além de fornecer ácidos orgânicos, que aceleram o
intemperismo.
Os minerais primários (oriundos da rocha) sofrem transformações, alterando-se química e
fisicamente e dando origem a novos minerais (minerais secundários), tais como: minerais
silicatados e óxidos de ferro e alumínio.
Abaixo da camada superficial mais escura do solo, a rocha continua se intemperizando e apresenta
coloração vermelha graças à presença do ferro. Parte dos nutrientes
(cálcio, magnésio, potássio, etc.), liberados desses minerais, também são "lavados" do solo
(perdas).
Pela ação da gravidade, partículas de argila suspensas em água e compostos orgânicos podem
deslocar-se pelos poros do solo, possibilitando algum acúmulo em profundidade (transporte
descendente). Em climas secos, alguns sais são trazidos à superfície do solo (transporte ascendente),
graças à evaporação da água.
Com esta ação continuada dos processos pedogenéticos (transformações, perdas, transportes e
adições), a massa inicial de rocha alterada homogénea passou a adquirir propriedades e
características variáveis em profundidade (diferenciação vertical), tais como: cor, porosidade,
Conteúdo de matéria orgânica, etc., formando os horizontes do perfil do solo.
O solo apresenta diferentes cores em profundidade; b) A parte superficial (A) é escurecida pela
matéria orgânica; c) A porção central (B) exibe cor vermelha (ou amarelada, em alguns casos) por
causa do ferro; d) Logo abaixo vem a rocha alterada (C) de cor vermelha e acinzentada; e) Por
último, tem-se a rocha fresca (R), que ainda não foi alterada.
Exemplo: remoção de solo por erosão, perdas de elementos químicos (cálcio, magnésio, potássio,
etc.) por lixiviação.

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6. Características Morfológicas, Físicas e Químicas do solo
São características presentes e observáveis nos solos que permitem distinguir um determinado tipo
de solo dos demais Schneider, Klamt e Iasson (2007). Algumas características rotineiramente
observadas na descrição morfológica de solos são:
Cor - é de fácil identificação e possibilita fazer inferências a respeito do conteúdo de matéria
orgânica, tipos de óxidos de ferro, processos de formação, dentre outros.
A cor do solo não tem significado nenhum para a agricultura. As cores dos solos representam os
processos físicos químicos e bióticos a que os solos foram sujeitos. Na pedologia as cores dos solos
permitem fazer referência (fazendo histórias do solo). Como ex: solos vermelhos ou avermelhados
estes apresentam uma qualidade assinalável de compostos de Fe e que eles tiveram condições para
que oxidasse. Este tipo de solos é que das regiões altas.
Os solos escuros são associados à presença de material orgânico.
Os solos acastanhados com manchas cinzentas, esverdeadas ou azuladas, podem indicar alternância
das condições anaeróbicas aeróbicas (presença de H2O.
Apesar de não ter nenhum significado agrológico mas sabe-se que a cor do solo é uma das
propriedades muito importante.
Importância da cor do solo

 Permite reconstituir a sua história;


 Permite conhecer a génise na constituição do solo;
 Pode-se aferir
Em relação a rocha mãe:
 Cor do solo
 Clima e cor do solo (solos não escuros no clima tropical chuvoso e solos claros no clima
tropical seco)
Determinação da cor do solo no campo

É quando estudamos o papel do solo podendo ser de duas maneiras (demonstra o solo fresco e o
solo seco). Porque a humanidade altera a tonalidade da cor.
Temos que ver se aparecem marcas e ferrugem no solo, se há mosqueamento (manchas pequenas de
diferentes cores).
Na densidade aparece esse mosqueamento e ter cuidado de indicar em que horizonte se encontra
essas particularidades.

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Indica a persistência de condições uniformes por longo tempo. Enquanto ferragens pode indicar
alternância das condições de oxidação e redução.

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7. Conclusão
O solo é o sustentáculo da vida e todos os organismos terrestres dele dependem directa ou
indirectamente. É um corpo natural que demora para nascer, não se reproduz e “morre” com
facilidade. Para dar a necessária importância ao solo e protegê-lo, é fundamental conhecer a
maneira como se forma e quais os elementos da natureza que participam na sua formação.
O solo resulta da ação simultânea e integrada do clima e organismos que actuam sobre um material
de origem (geralmente rocha), que ocupa determinada paisagem ou relevo, durante certo período de
tempo. Esses elementos (rocha, clima, organismo, relevo e tempo) são chamadas de factores de
formação do solo esses factores são parte do meio ambiente e actuam de forma conjunta.
Durante seu desenvolvimento o solo sofre a ação de diversos processos de formação como perdas,
transformações, transportes e adições. Esses processos são responsáveis pela transformação da
rocha em solo, diferenciando-se desta por ser constituído de uma sucessão vertical de camadas que
diferem entre si na cor, espessura, granulometria, conteúdo de matéria orgânica e nutrientes de
plantas.
Esses processos (adições, perdas, transformações e transportes) são responsáveis pela formação de
todos os tipos de solos existentes.

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8. Referências Bibliográficas
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técnica: Igo Fernando Lepsch. Editora Bookman, Porto Alegre, RS. 685 P.
Carpenedo, Rafael Mattos & Melniczuk, Sonia Maria Cipriano.(1990) O impacto da agricultura
sobre O solo. Electronic Journal of Management, Education and Environmental Technology
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Coleman, D. C. Soil biota, soil systems, and processes. Encyclopedia of Biodiversity, v. 5, p. 305-
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Vidaltorrado, P. Pedologia: fundamentos. Viçosa, MG: Sociedade Brasileira de Ciência do
Solo. P. 171-205.
Kämpf, N. Curi, N. (2012) Formação e evolução do solo (Pedogênese). In: KER, J.C.; SHAEFER,
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do Solo. Viçosa-MG, p.207-302.
Lima, V.C. (2001). Fundamentos de pedologia. Curitiba: Universidade Federal do, Sector de
Ciências Agrárias, Departamento de Solos e Engenharia Agrícola, 343p.
Suguio, K. (2003) Geologia Sedimentar. Edgard Blücher ltda./EDUSP, São Paulo, SP, 400.

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