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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

A fé como um desafio e problema na cosmovisão científica da realidade actual em


Moçambique e no mundo em geral

Faizal Rajabo Manuel, Código: 708210830

Docente: Pe. Rodriguês Panze Chizenga

Licenciatura em ensino de Biologia, Turma N

Fundamentos da Teologia Católica

2º Ano

Quelimane, Outubro de 2022

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Aspectos
Estrutura  Capa 0.5
organizacionais
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 Introdução 0.5
 Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
Conteúdo Introdução (Indicação clara do 1.0
problema)
 Descrição dos
1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao objecto 2.0
do trabalho
 Articulação e
domínio do discurso
Análise e académico
2.0
discussão (expressão escrita
cuidada, coerência /
coesão textual)
 Revisão bibliográfica
nacional e
internacionais 2.
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas
Normas APA 6ª
 Rigor e coerência das
Referências edição em
citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia

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Índice

Introdução.............................................................................................................................................1

Objectivos.............................................................................................................................................1

Metodologias........................................................................................................................................1

Conceito................................................................................................................................................2

Fé católica.............................................................................................................................................3

Fundamentos essências da fé católica..................................................................................................4

Símbolo dos Apóstolos, chamado vulgarmente Credo........................................................................5

Exemplificação de um Credo...............................................................................................................6

Mandamentos da lei de Deus................................................................................................................6

Mandamentos da Igreja........................................................................................................................6

O Problema da Fé.................................................................................................................................7

O Cristão Sacrifica a Razão?................................................................................................................7

Variedades de Irracionalismo...............................................................................................................8

Afirmando o Absurdo...........................................................................................................................8

Conclusão...........................................................................................................................................12

Referências Bibliográficas.................................................................................................................13

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Introdução

A fé e a razão, objetos da presente pesquisa, se tornaram ao longo dos séculos tema bastante
significativo para a disciplina de Filosofia. De um lado a fé, um dispositivo inerente ao ser humano
que, independentemente da cultura em que esteja inserido, a exerce. De outro lado, a razão, o
pensamento crítico que o indivíduo desenvolve no intuito de desvendar a verdade na sua essência.

Objectivos
Geral
Conhecer os desafios da fé
Específicos
Conceituar a fé
Caracterizar a fé
Explicar os problemas da fé
Metodologias
A realização do presente trabalho delineou-se segundo a modalidade da pesquisa bibliográfica, esta
pesquisa sendo bibliográfica foi feita a parti r do estudo de artigos e revistas que abordam os temas
que foram pesquisados, por meio deles, o aporte teórico foi produzido.

A estrutura deste trabalho obedece o seguinte procedimento introdução (objectivos e metodologias


usadas), desenvolvimento, conclusão e referências bibliográficas.

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Conceito

De acordo com Sapato, Cunlela e Maria (2016), enfatizam dizendo que “a fé é a convicção,
confiança, e abandono, que uma pessoa alimenta na sua relação com deus. A fé é sempre uma
resposta positiva à iniciativa reveladora de deus” (p. 6).

Diante dos sinais reveladores da sua presença do ser humano, este é convidado a responder por uma
relação de confiança e fé neste deus que se dá a conhecer. A fé consiste no escutar a palavra da
pregação e para conduzir á obediência; vice-versa, a obediência é escutar.

A fé é o fundamento do que se espera e a convicção das realidades que não se vêem. Foi a fé
que fez a glória dos antigos. Pela fé sabemos que o universo foi criado pela palavra de Deus,
de sorte que do invisível teve origem o visível. Pela fé Abe l ofereceu a Deus sacrifício
melhor do que Caim e por ela foi declarado jus to, tendo Deus aprovado as suas oferendas, e
é pela fé que depois de morto Abel continua a falar. Epístola aos (Hebreus 4, 1-4).

No contexto religioso, "fé" tem muitos significados. Às vezes quer dizer lealdade a determinada
religião. Nesse sentido, podemos, por exemplo, falar da “fé cristã” ou da "fé islâmica".

Para religiões que se baseiam em crenças, a fé também quer dizer que alguém aceita as visões dessa
religião como verdadeiras. Para religiões que não se baseiam em credos, por outro lado, significa
que alguém é leal para com uma determinada comunidade religiosa. A teologia católica define a fé
como uma adesão da inteligência à verdade revelada por Jesus Cristo, conservada e transmitida aos
homens pelo Magistério da Igreja.

Algumas vezes, fé significa compromisso numa relação com Deus. Nesse caso, a palavra é usada no


sentido de fidelidade. Tal compromisso não precisa ser cego ou submisso e pode ser baseado em
evidências de carácter pessoal. Outras vezes esse compromisso pode ser forçado, ou seja, imposto
por uma determinada comunidade ou pela família do indivíduo.

Numa perspectiva etimologia o termo fé provem do Latim fide é a adesão de forma incondicional a


uma hipótese que a pessoa passa a considerar como sendo uma verdade sem qualquer tipo
de prova ou critério objectivo de verificação, pela absoluta confiança que se deposita nesta ideia ou
fonte de transmissão. A fé acompanha absoluta abstinência de dúvida pelo antagonismo inerente à
natureza destes fenómenos psicológicos e da lógica conceitual. Ou seja, é impossível duvidar e ter
fé ao mesmo tempo. A expressão se relaciona semanticamente com os verbos crer,  acreditar,
confiar e apostar, embora estes três últimos não necessariamente exprimam o sentimento de fé,

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posto que podem embutir dúvida parcial como reconhecimento de um possível engano. A relação
da fé com os outros verbos, consiste em nutrir um sentimento de afeição, ou até mesmo amor, por
uma hipótese a qual se acredita, ou confia, ou aposta ser verdade.

Portanto, se uma pessoa acredita,  confia ou aposta em algo, não significa necessariamente que ela
tenha fé. Diante dessas considerações, embora não se observe oposição entre crença e racionalidade,
como muitos parecem pensar, deve-se atentar para o fato de que tal oposição é real no caso da fé,
principalmente no que diz respeito às suas implicações no processo de aquisição de conhecimento,
que pode ser resumida à oposição directa à dúvida e ao importante papel que essa última
desempenha na aprendizagem.

É possível nutrir um sentimento de fé em relação a uma pessoa, um objecto inanimado,


uma ideologia, um pensamento filosófico, um sistema qualquer, um conjunto de regras,
um paradigma popular social e historicamente instituído, uma base de propostas ou dogmas de uma
determinada religião.

Tal sentimento não se sustenta em evidências, provas ou entendimento racional (ainda que este
último critério seja amplamente discutido dentro da epistemologia e possa se reflectir em sofismos
ou falácias que o justifiquem de modo ilusório) e portanto, alegações baseadas em fés não são
reconhecidas pela comunidade científica como parâmetro legítimo de reconhecimento ou avaliação
da verdade de um postulado.

Fé católica

A catolicidade da Igreja se refere ao fato de que ela preserva a plenitude do que significa ser corpo
de Cristo, ou seja, a plenitude dos meios de salvação. Tal plenitude compreende a confissão de fé
recta e completa, a vida sacramental íntegra e o ministério ordenado na sucessão apostólica. Por
causa dessa integralidade, a Igreja pode se dizer católica, mesmo quando muito pequena.

A Igreja é Católica – quer dizer, universal – porque nela está Cristo, porque conserva e
administra todos os meios de salvação dados por Cristo, porque a sua missão abarca todo o
género humano, porque recebeu e transmite na sua integridade todo o tesouro da Salvação e
porque tem a capacidade de se inculturar, elevando e melhorando qualquer cultura. A
catolicidade cresce extensiva e intensivamente através de um maior desenvolvimento da
missão da Igreja. Toda a igreja particular, ou seja, toda a porção do povo de Deus que está
em comunhão na fé, nos sacramentos, com o seu bispo – através da sucessão apostólica –

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formada à imagem da Igreja universal e em comunhão com toda a Igreja (que a precede
ontológica e cronologicamente), é católica. (Compêndio, s/d, p. 168).

Como a sua missão abarca toda a humanidade, todos os homens, pertencem ou estão ordenados, de
diferentes modos, à unidade católica do Povo de Deus. Os baptizados que não perseverem na
caridade, embora incorporados na Igreja, pertencem-lhe com o corpo mas não com o coração. Os
baptizados que não se encontram plenamente nesta unidade católica estão numa certa comunhão,
ainda que imperfeita, com a Igreja Católica.

“Estão plenamente incorporados na Igreja católica aqueles que, tendo o Espírito de Cristo, se
encontram unidos a ela pelos vínculos da profissão de fé, dos sacramentos, do governo eclesiástico
e da comunhão” (Bento, 2009, p. 90).

Numa análise mais profunda conclui-se que a igreja é católica, porque Cristo a enviou em missão à
universalidade do género humano: “Todos os homens são chamados a fazer parte do povo de Deus.
Por isso, permanecendo uno e único, este povo está destinado a estender-se a todo o mundo e por
todos os séculos, para se cumprir o desígnio da vontade de Deus que, no princípio, criou a natureza
humana na unidade e decidiu enfim reunir na unidade os seus filhos dispersos. Este carácter de
universalidade que adorna o povo de Deus é dom do próprio Senhor. Graças a tal dom, a Igreja
Católica tende a recapitular, eficaz e perpetuamente, a humanidade inteira, com todos os bens que
ela contém, sob Cristo Cabeça, na unidade do Seu Espírito.

Fundamentos essências da fé católica

Na igreja católica tão patentes os seguintes fundamentos essências da fé de acordo com o São Pio X
(1910).

 Símbolo dos Apóstolos, chamado vulgarmente Credo;


 Mandamentos da lei de Deus;
 Mandamentos da Igreja;
 Sacramentos;

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Símbolo dos Apóstolos, chamado vulgarmente Credo

O Credo chama-se Símbolo dos Apóstolos, porque é um compêndio das verdades da Fé, ensinadas
pelos Apóstolos, e apresenta doze artigos a destacar:
1) Creio em Deus Padre, todo-poderoso, Criador do céu e da terra;
2) E em Jesus Crista, um só seu Filho, Nosso Senhor;
3) Qual foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu de Maria Virgem;
4) Padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado;
5) Desceu aos infernos, ao terceiro dia ressurgiu dói mortos;
6) Subiu ao Céu, está sentado à direita de Deus Padre todo-poderoso;
7) De onde há-de vir a julgar os vivos e os mortos;
8) Creio no Espírito Santo;
9) Na Santa Igreja Católica; na comunhão dos Santos;
10) Na remissão dos pecados;
11) Na ressurreição da carne;
12) Na vida eterna. Amém.

Desde o início de sua vida apostólica, a Igreja elaborou o que passou a ser chamado de “Símbolo
dos Apóstolos”, cujo nome é o resumo fiel da fé dos apóstolos de Jesus. Foi uma maneira simples e
eficaz de a Igreja exprimir e transmitir a sua fé em fórmulas breves e normativas para todos. Em
seus doze artigos, o ‘Creio’ sintetiza tudo aquilo que o católico crê. É como “o mais antigo
Catecismo romano”. É o antigo símbolo baptismal da Igreja de Roma.

Os grandes santos doutores da Igreja falaram muito do ‘Credo’. Santo Irineu (140-202), na sua obra
contra os hereges gnósticos, escreveu: “A Igreja, espalhada hoje pelo mundo inteiro, recebeu dos
apóstolos e de seus discípulos a fé num só Deus, Pai e Omnipotente, que fez o céu e a terra (…).
Essa é a doutrina que a Igreja recebeu; e essa é a fé que, mesmo dispersa no mundo inteiro, a Igreja
guarda com zelo e cuidado, como se tivesse a sua sede numa única casa. “E todos são unânimes em
crer nela, como se ela tivesse uma só alma e um só coração. Essa fé anuncia, ensina, transmite como
se falasse uma só língua”   (Adv. Haer.1, 9).

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Exemplificação de um Credo

Creio em Deus Padre, todo-poderoso, Criador do céu e da terra. E em Jesus Cristo, um só seu Filho,
nosso Senhor, o qual foi concebido do Espírito Santo, nasceu de Maria Virgem; padeceu sob o
poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu aos infernos; ao terceiro dia
ressurgiu dos mortos; subiu aos céus, está sentado à mão direita de Deus Padre todo-poderoso,
donde há-de vir a julgar os vivos e os mortos; creio no Espírito Santo; na santa Igreja Católica; na
comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição da carne; na vida eterna. Amém.

Mandamentos da lei de Deus

Os mandamentos da lei de Deus são dez: os três primeiros pertencem à honra de Deus e os outros
sete ao proveito do próximo.

1) Amar a Deus sobre todas as coisas;


2) Não tomar seu santo nome em vão;
3) Guardar os domingos e festas;
4) Honrar pai e mãe;
5) Não matar;
6) Não pecar contra a castidade;
7) Não furtar;
8) Não levantar falso testemunho;
9) Não desejar a mulher do próximo;
10) Não cobiçar as coisas alheias.

Estes dez mandamentos se encerram em dois: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a nós mesmos.

Mandamentos da Igreja

Os mandamentos da Igreja são cinco:

1) Ouvir Missa inteira nos domingos e festas de guarda;


2) Confessar-se ao menos lima vez cada ano;

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3) Comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição;
4) Jejuar e abster-se de carne, quando manda a santa madre Igreja;
5) Pagar dízimos, segundo o costume.

O Problema da Fé
O Cristão Sacrifica a Razão?
De acordo com um dito antigo e humorístico, “fé é crer no que você sabe não ser verdade”. Não é
difícil ver o porquê isso seria dito. A tendência das pessoas – quer creiam em alegações fantásticas
sobre visitantes extraterrestres ou afirmações patéticas sobre a honra de um político desacreditado –
que têm escassa evidência ou argumentos para apoiar suas convicções pessoais é retroceder
comodamente à alegação que “simplesmente têm fé” que o que crêem é verdadeiro, mesmo quando
parece haver para outros muitas boas razões para desacreditar nisso.

As pessoas deveriam saber que o que estão dizendo não é verdadeiro, e, todavia, persistem em crer
nisso de qualquer forma – em nome da “fé”. Esse conceito de fé como comprometimento pessoal
cego é um dos principais obstáculos que permanece no caminho de incrédulos que ouvem
honestamente ao Cristianismo.

Eles têm uma dificuldade cruel e fundamental em se tornarem cristãos, assim imaginam, pois a fé
religiosa requereria que eles sacrificassem a razão completamente, e confiassem cegamente em
alguma suposta revelação de uma forma arbitrária e sem discernimento.

Em seu Dictionary of Philosophy [Dicionário de Filosofia], Peter Angeles oferece, entre outras,
essas duas definições de “fé”: “crer em algo a despeito de evidência contra” e “crer em algo embora
não exista evidência para isso”.

Considerando qualquer um desses entendimentos populares do termo – pelo qual o chamado cristão
à “fé” é concebido como contrário à razão, ou pelo menos sem razões –, o Cristianismo de fato
parece totalmente irracional. “Fé” se torna um jargão para o ato de desligar o seu intelecto,
suspender uma atitude cuidadosa e crítica para com as coisas, e fazer um comprometimento pessoal
sem evidência segura.

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Variedades de Irracionalismo

O Cristianismo é acusado de irracionalidade por muitas pessoas, mas nem todos os críticos querem
dizer a mesma coisa. Algumas distinções devem ser feita em favor da clareza.

Algumas pessoas colocam a fé cristã contra a razão, porque sentem que os ensinos da Bíblia são
eles mesmos irracionais. Por exemplo, alguns consideram a idéia de Deus se tornando homem (a
encarnação) como uma noção contraditória; para eles, o conceito do Deus-homem é incoerente,
uma (suposta) violação de algumas leis lógicas elementares, reconhecidas por todos os homens.
Quando acusam o Cristianismo de ser irracional, eles querem dizer que seus dogmas são ilógicos
nesse sentido.

Outros crêem que não existe nenhuma verificação absolutamente empírica (observacional) para
certas alegações históricas magnificentes encontradas na Bíblia: por exemplo, que o sol parou, que
Jesus multiplicou os pães, ou que homens ressurgiram dentre os mortos. Se a fé cristã exige afirmar
esse tipo de questões irreais (como eles as vêem), as pessoas irão considerá-la contrária à razão.

Os dois tipos de críticos anteriores têm procurado acusar o Cristianismo de irracionalidade por
causa de imperfeições intelectuais específicas dentro da série de proposições que os crentes
afirmam – quer imperfeições lógicas ou empíricas.

Esse tipo de ataque sobre particulares bíblicos requer que o apologista ofereça respostas específicas
que lidem com os detalhes de cada objeção diferente – ao menos fazê-lo no começo das respostas a
tais objeções do incrédulo. (No final, as questões pressuposicionais precisarão ser abordadas e
discutidas, sem dúvida).

Mas nossa preocupação presente é na verdade com uma versão mais devastadora da alegação que o
Cristianismo é irracional.

Afirmando o Absurdo

Muito mais intelectualmente maliciosa é a classe de críticos que julgam a fé cristã como sendo
irracional porque eles concebem os cristãos como dedicados a crer no absurdo (por sua falta de
lógica).

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Da forma como vêem, os crentes religiosos se gloriam no fato que o objeto de sua fé não tem
suporte racional, é aparantemente falso, e deve ser endossado ignorando-se o bom senso e as razões
contrárias. Alguns incrédulos têm dado a impressão – não sem a “ajuda” condenável de muitos
teólogos modernos – que o Cristianismo é indiferente para com a lógica, a ciência, a evidência ou
(mesmo) a verdade. Alguns têm sido tão enganados que chegam ao ponto de pensar que os cristãos
na verdade avaliam o valor da fé pessoal de alguém em proporção direta ao grau em que ela é
duvidosa, cega ou mística.

Da mesma forma, pensa-se que os crentes desprezam o valor da fé na extensão em que a mesma
está de acordo com a boa razão. Em The Antichrist: Attempt at a Critique of Christianity (1895),
Friederich Nietzsche expressou sua zombaria para com essa atitude, dizendo: “Fé significa não
querer saber o que é verdade.” Contudo, todo criticismo desse estilo segue de um engano
fundamental quanto à natureza da fé cristã.

Como J. Gresham Machen colocou a questão corajosamente em seu livro, What is Faith? [O que é
Fé?], “cremos que o Cristianismo não floresce nas trevas, mas na luz.” Machen escreveu que “um
dos meios que o Espírito usará” para trazer um reavivamento à religião cristã “é um despertamento
do intelecto.” Ele resistiu ferventemente “à falsa e desastrosa oposição que tem sido estabelecida
entre conhecimento e fé”, argumentando que “em nenhum ponto a fé é independente do
conhecimento sobre o qual ela está logicamente baseada.” Refletindo sobre o famoso comentário
bíblico sobre fé em Hebreus 11:1 (“a evidência de coisas que não se vêem”), Machen declarou: “A
fé não precisa ser muito humilde ou tímida diante do tribunal da razão; a fé cristã é algo
completamente racional.”

A despeito do que certos porta-vozes desorientados possam dizer – quer entusiastas, místicos,
emocionalistas, voluntaristas, ou fideístas – a propria Bíblia (a fonte e padrão do Cristianismo) não
é indiferente para com erros lógicos ou enganos factuais. A religião cristã não coloca a “fé” contra a
razão, a evidência ou (sobretudo) a verdade.

Foi somente para vindicar a verdade de suas alegações e conceitos religiosos que Moisés desafiou
os mágicos da corte de Faraó, e que Elias competiu e zombou dos sacerdotes de Baal no Monte
Carmelo. Os profetas do Antigo Testamento sabiam que suas palavras seriam demonstradas como
sendo verdadeiras quando suas previsões ou predições fossem cumpridas na história, para todos ver.
Quando Cristo apareceu, ele mesmo afirmou ser “a Verdade”! Sua ressurreição foi um poderoso e

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maravilhoso sinal, fornecendo evidência para a veracidade de suas alegações e para a mensagem
apostólica.

A despeito do que os judeus e gregos pudessem pensar, escreveu Paulo, o evangelho é de fato a
própria sabedoria de Deus, que destrói a arrogância da filosofia mundana (1 Coríntios 1:18-25). Ele
disse que aqueles que se opõem ao evangelho são os que têm apenas um “falsamente chamado
conhecimento” (1 Timóteo 6:20).

Por causa dessa atitude, Paulo estava diposto a “arrazoar” (disputar, debater) diariamente na praça
com os filósofos de Atenas (Atos 17:17-18). Ele não hesita em argumentar seu caso diante do
tribunal ateniense, que julgava novos e controversos mestres, declarando que “o que vocês adoram
demonstrando vossa ignorância, eu vos declaro com autoridade” (v. 23).

Claramente ele não estava promovendo o valor dos absurdos! De fato, se as afirmações cardinais da
fé fossem demostravelmente falsas, Paulo teria sido compelido a admitar que a nossa fé religiosa é
louca e fútil (e.g., 1 Coríntios 15:14). A atitude do próprio Pedro, mesmo como um pescador
inculto, tornou-se inequivocadamente clara quando ele afirmou com confiança, “não seguimos
fábulas artificialmente compostas” (2 Pedro 1:16) – bem como quando exige que todo crente esteja
pronto para apresentar uma defesa racional da esperança que há nele (1 Pedro 3:15). Jesus ensinou
categoricamente o seguinte sobre a palavra de Deus na Escritura: “Tua palavra é a verdade!” (João
17:17).

A perspectiva clara da Bíblia mantém que no grande e último dia de julgamento, a razão dos
homens serem condenados por Deus é que preferiram crer numa “mentira” (Romanos 1:25), do que
confiar nas afirmações do próprio Filho de Deus.

Consequentemente, quando os incrédulos repudiam o Cristianismo por seu suposto objetivo de


irracionalidade religiosa, o apologista deve decisivamente corrigir esse conceito equivocado. A fé
cristã não pretende afirmar o que é absurdo, deleitando-se na irracionalidade.

Tal pensamento falsifica a natureza da fé como é apresentada pela Bíblia. A noção cristã de fé –
diferente da maioria das outras religiões – não é um salto arbitrário de emoção, uma tentativa cega
de comprometimento, um abandonar do intelecto. Para o cristão, a fé (ou crença) é bem
fundamentada. Aliás, como cristãos alegamos que o conteúdo da nossa fé é o que qualquer homem
sensato deveria endossar, não somente porque ela está completamente de acordo com a lógica e os

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fatos (quando estes são propriamente vistos), mas também porque sem a cosmovisão cristã a própria
“razão” se torna arbitrária ou sem sentido – torna-se ininteligível.

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Conclusão

De acordo com a pesquisa feita e a matéria apresentada no presente trabalho, conclui-se a fé é um


conhecimento que faz-nos conhecer verdades naturais e sobrenaturais. A aparente obscuridade que
experimenta o crente é fruto da limitação da inteligência humana diante do excesso de luz da
verdade divina. A fé é uma antecipação da visão de Deus “cara a cara” no Céu.

Quando falamos em fé nunca podemos colocar em concorrência liberdade humana e graça divina.
Elas não podem concorrer entre si, mas antes, complementar-se, caminharem na e para a mesma
direcção – a salvação integral da pessoa humana. Esta questão da liberdade é algo pressuposto e
afirmado como sólida verdade dogmática. Diz o Concílio de Trento, no contexto das interpelações
colocadas pela Reforma Protestante: a fé é um ato livre. Como resposta ao dom de Deus que chega
até nós sob sinais históricos e como capacitação interior, ela enraíza-se naquele núcleo em que cada
pessoa é chamada a empenhar e a comprometer a sua liberdade na busca do sentido de vida.

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Referências Bibliográficas

Aguirre, R. (1994). En La mesa compartida: Estudios del Nuevo Testamento desde las ciencias
sociales. Santander: Sal Terrae.

Bento XVI (2009). Exortação apostólica pois-sinodal cacramentum Caritates, S. Paulo: Ed.
Paulinas.
Chaui, M. (2005). Convite à Filosofia. Ática. São paulo.

Sapato, P. R. B., Cunlela, P. F. & Maria, I.E. L. (2016). Manual de fundamentos da teologia
católica. Beirra-2014.

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