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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOCAMBIQUE

INSTITUTO DE ENSINO À DISTÂNCIA

Revelação Divina

Nome: Graça da Conceição Maurício


Código: 708212281

Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia


Disciplina: Fundamento de Teologia Católica
Ano de frequência: 2º Ano, Turma K
Docente: Alexandre José Andicene

Nampula, Outubro de 2022


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(indicação clara do
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Introdução  Descrição dos 1.0
objectivos
 Metodologia 2.0
adequada ao objecto
do trabalho
 Articulação e 2.0
domínio do discurso
Conteúdo académico
(expressão escrita
cuidada,
coerência/coesão
Análise e
textual)
discussão
 Revisão 2.0
bibliográfica
nacional e
internacionais
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos 2.0
dados
Conclusão  Contributos teóricos 2.0
e práticos
 Paginação, tipo e 1.0
Aspectos tamanho de letra,
gerais Formatação parágrafos,
espaçamento entre
as linhas
Normas APA  Rigor e coerência 4.0
Referências 6ª edição em das
bibliográfic citação e citações/Referencias
a bibliografia bibliográficas
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Folha de Observações

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Índice

Introdução..........................................................................................................................5

1. Revelação Divina...........................................................................................................6

1.1. Definição....................................................................................................................6

1.2. Descrição....................................................................................................................6

2. Fontes de Revelação Divina..........................................................................................7

2.1. Sagrado Magistério.....................................................................................................7

2.2. A Sagrada Tradição....................................................................................................8

2.3. A Sagrada Escritura....................................................................................................9

3. Tipos de Revelação Divina..........................................................................................10

3.1. Revelação individual................................................................................................10

3.2. Revelação pública.....................................................................................................10

4. Revelação no Novo Testamento..................................................................................11

5. Resposta do homem à Revelação Divina....................................................................12

Conclusão........................................................................................................................14

Bibliografia......................................................................................................................14
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Introdução

A presença de Deus na vida do homem acontece de diversas maneiras. Na sua infinita


misericórdia, Deus é sempre presente no dia-a-dia do homem mostrando-o o caminho a
seguir. Apesar do homem não responder dignamente ao chamado do homem e muitas
vezes se esconder diante de Deus, ele vai se revelando de diversas maneiras e o ponto
mais alto dessa revelação é a vinda do seu Filho Jesus Cristo ao mundo.

Neste trabalho busca descrever a revelação divina como uma vontade de Deus em se
manifestar diante dos homens, e estar presente para viver as suas dificuldades.
Pretendemos, porém, apresentar as fontes assim como as fases dessa revelação. Sendo
assim, trata-se de uma parte da avaliação do módulo, obedecendo às normas de
investigação científica utilizadas na nossa instituição. Não se trata de um simples
trabalho, mas também uma reflexão em torno da nossa relação com Deus e como Ele se
torna presente na nossa vida.

Para alcançar os objectivos que traçamos, iremos usar o método bibliográfico no qual
nos assentaremos para elaboração deste trabalho. Contudo, esperamos que a abordagem
aqui desenvolvida, mesmo que não traga novidade, mas incuta em nós conhecimentos
deste campo do saber.
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1. Revelação Divina

1.1. Definição

A Revelação Divina “é a manifestação de Deus feita para nós de uma verdade que
ilumine as nossas mentes de uma forma sobrenatural” (Libanio & Meirad, 1998, p. 42).

Com esta iluminação da mente, Deus nos comunica a verdade. Ele nos fala não apenas
colocando conceitos na mente humana ou atingindo exteriormente nossos sentidos, mas
também julgando com a luz divina conceitos que são apreendidos naturalmente. Esta
revelação é algo sobrenatural, enquanto supera a essência, as exigências e as forças da
natureza humana e não lhe é devida.

Revelação divina é a denominação, de modo genérico, para todo conhecimento


transmitido ao homem diretamente por um deus ou deuses (muitas vezes o meio por
onde este conhecimento foi passado também é chamado assim).

Para Helder (1998), a revelação é o ato de revelar ou desvendar ou tornar algo claro ou
óbvio e compreensível por meio de uma comunicação ativa ou passiva com a
Divindade. A Revelação pode originar-se diretamente de uma divindade ou por um
intercessor ou agente, como um anjo ou santidade; alguém que tenha experimentado tal
contato é denominado profeta.

1.2. Descrição

Algumas religiões possuem textos religiosos que as mesmas acreditam ter sido
revelados por deuses ou de modo sobrenatural. Por exemplo, os judeus ortodoxos,
cristãos e muçulmanos acreditam que a Torá foi recebida de Javé no monte Sinai
bíblico.

A maior parte dos cristãos acredita que tanto o Antigo Testamento quanto o Novo
Testamento foram inspirados por Deus. Os muçulmanos acreditam que o Alcorão foi
revelado por Deus a Maomé palavra por palavra através do anjo Gabriel.

Como descreve Kloppenburg (2019), no hinduísmo, alguns Vedas são considerados


Apauruṣeyā, “composições não humanas”, por terem sido revelados diretamente, e,
portanto, são chamados de Shruti, “o que é ouvido”. As 15 000 páginas escritas as mãos
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pela mística Maria Valtorta foram tidas como ditadas diretamente por Jesus, enquanto
ela atribuiu o Livro de Azarias a seu anjo da guarda. Aleister Crowley disse que o Liber
AL vel Legis lhe foi revelado através de um ser superior que chamava a si próprio de
Aiwass.

Sendo assim, ela supera:

 A essência

Posto que Deus quis dar-lhe a existência, o homem na sua essência, isto é, naquilo que
é, tem direito aos bens inerentes à sua natureza humana (alma e corpo), mas não tem
direito de ter em si uma vida divina, como a revelação lhe promete;

 As exigências

O fim do homem é chegar a Deus, mas, segundo a simples natureza humana, poderia
chegar, na medida do possível, com a inteligência e a vontade. Entretanto, a revelação
lhe promete a visão de Deus face a face.

 As forças.

A simples razão humana pode conhecer as coisas divinas de uma forma muito limitada.
Entretanto, com a revelação qualquer um conhece coisas que antes lhe eram
desconhecidas e que então compreende, e outras coisas – os mistérios – dos quais não
compreende a profundidade e a íntima substância, mas que, pela palavra de Deus,
conhece pelo menos de algum modo.

Assim também nos meios para atingir seu fim sobrenatural, a natureza humana não tem
forças suficientes, mas as encontra no que lhe dá a revelação.

2. Fontes de Revelação Divina

A Igreja busca as verdades de fé para levar ao seu povo através de três fontes
inesgotáveis, que são: As Sagradas Escrituras, A Sagrada Tradição e O Sagrado
Magistério. Através destes três pilares fundamentais a Igreja nos revela com segurança e
sem equívoco as doutrinas e ensinamentos divinos confiado a Igreja.
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2.1. Sagrado Magistério

No vasto campo do ensinamento da Igreja Católica, há um ramo específico que trata de


seu próprio Magistério, isto é, do poder de ensinar que lhe foi confiado por Nosso
Senhor Jesus Cristo. É uma parte essencial da Teologia e do Tratado de Ecclesia em
particular. Se não se compreende o que Igreja diz sobre seu próprio Magistério, torna-se
impossível aderir de forma conveniente à sua doutrina e pode-se dizer que uma adesão
plenamente racional torna-se mesmo impossível.

A adesão da inteligência ao ensinamento da Igreja deve ser sempre conforme à natureza


humana, isto é, ela deve estar fundada na natureza e na operação da inteligência humana
porque a graça não destrói a natureza, mas a aperfeiçoa. Assim como a teologia eleva a
filosofia sem destruí-la e assim como a Igreja eleva o Estado sem destruí-lo, o
Magistério eleva a inteligência humana, mas não pode contradizer a natureza dessa
mesma inteligência.

Assim, é indispensável para cada católico conhecer quem pode ensinar (sujeito do
Magistério), aquilo que pode ser ensinado (objeto do Magistério), por que meios o
múnus docendi pode ser exercido (viva voz, por uma Bula, por uma Encíclica, por um
Concílio).

2.2. A Sagrada Tradição

Como dito, a Sagrada Tradição é a parte da Revelação transmitida pelos séculos de


maneira não escrita. Ipso facto, a Tradição é anterior à Escritura.

Não desprezes o que contarem os velhos sábios, mas entretém-te com suas palavras,
pois é com eles que aprenderás a sabedoria, os ensinamentos da inteligência, e a arte de
servir irrepreensivelmente os poderosos. Não desprezes os ensinamentos dos anciãos,
pois eles os aprenderam com seus pais (Eclo 8,9-11).

A Sagrada Tradição existe e é Palavra de Deus:

Por isso é que também nós não cessamos de dar graças a Deus, porque recebestes a
palavra de Deus, que de nós ouvistes, e a acolhestes, não como palavra de homens, mas
como aquilo que realmente é, como palavra de Deus (I Ts 2,13).
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A Tradição Apostólica está nos ensinos dos Concílios eclesiásticos, na Liturgia, na arte
sacra (principalmente nas antigas catacumbas) e, por fim, nos Padres da Igreja.

2.3. A Sagrada Escritura

Entre as pessoas que receberam a Palavra de Deus de maneira não escrita, a Tradição,
algumas foram inspiradas por Ele mesmo para que escrevessem parte da Revelação. A
Escritura é inspirada por Deus, mas foi escrita no tempo por homens inspirados, os
hagiógrafos.

Santo Tomás define a inspiração como “a ação de Deus, movendo e dirigindo o autor na
produção do livro, preservando-o de erros [no que tange à salvação], de forma que é
Deus o autor e o homem mero instrumento usado para escrever” (Carlos, 2002, 61).

Também o II Concílio do Vaticano define o conceito de inspiração, nesses termos:

Todavia, para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-Se de homens na


posse das suas faculdades e capacidades, para que, agindo Ele neles e por eles,
pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e só aquilo que Ele queria
(Ibid., Constituição Dogmática Dei Verbum, n. 11).

O conteúdo das Sagradas Escrituras é totalmente ditado por Deus e de obrigação para
crença dos fiéis.

A Sagrada Escritura consta de duas partes com 72 livros ao todo: o Antigo Testamento
(45 livros) e o Novo Testamento (27 livros).

Como dito, a Sagrada Tradição é a parte da Revelação transmitida pelos séculos de


maneira não escrita. Ipso facto, a Tradição é anterior à Escritura.

Não desprezes o que contarem os velhos sábios, mas entretém-te com suas palavras,
pois é com eles que aprenderás a sabedoria, os ensinamentos da inteligência, e a arte de
servir irrepreensivelmente os poderosos. Não desprezes os ensinamentos dos anciãos,
pois eles os aprenderam com seus pais (Eclo 8,9-11).

A Sagrada Tradição existe e é Palavra de Deus:


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Por isso é que também nós não cessamos de dar graças a Deus, porque recebestes a
palavra de Deus, que de nós ouvistes, e a acolhestes, não como palavra de homens, mas
como aquilo que realmente é, como palavra de Deus (I Ts 2,13).

A Tradição Apostólica está nos ensinos dos Concílios eclesiásticos, na Liturgia, na arte
sacra (principalmente nas antigas catacumbas) e, por fim, nos Padres da Igreja.

3. Tipos de Revelação Divina

3.1. Revelação individual

Tomás de Aquino acreditava em dois tipos de revelação individual de Deus: revelação


geral e revelação especial. Na revelação geral, Deus se revela através de sua criação.
Através da criação, algumas verdades divinas podem ser apreendidas através do estudo
empírico da natureza, física, cosmologia etc. Na revelação especial, Deus revela sua
natureza a um indivíduo de modo sobrenatural, por exemplo através de escrituras ou
milagres.

Embora alguém possa deduzir a existência de Deus e de seus atributos através da


revelação geral, alguns dados especiais somente podem ser conhecidos através da
revelação especial.

3.2. Revelação pública

Alguns grupos religiosos acreditam que Deus se revelou a um grande grupo de


indivíduos. No Deuteronómio, Javé teria revelado os Dez Mandamentos aos israelitas
no monte Sinai bíblico. No cristianismo, o livro Atos dos Apóstolos descreve o dia de
Pentecostes, onde um grande grupo de seguidores de Jesus teria experimentado uma
revelação em massa.

Vários povos tem uma perceção de revelação publica até fazendo coincidir com a
origem da sua religião ou povo. Ora vejamos:

O povo dacota acredita que “Ptesáŋwiŋ” falou diretamente com o povo


quando estabeleceu as tradições religiosas dacotas. Algumas versões de
uma lenda asteca falam de Huitzilopochtli falando diretamente com o
povo asteca quando este chegou a Anåhuac. Historicamente, existiram
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muitos imperadores, líderes religiosos e outras figuras que foram


deificados e tratados como se suas palavras fossem revelações divinas
(Kloppenburg, 2019, p. 89).

Podemos também encontrar a revelação imediata e mediata. Diz-se Imediata quando


Deus se revela diretamente por si ou por um anjo sem a assistência de um homem; diz-
se Mediata quando nos manifesta a verdade por meio de um homem, como se fez
através dos profetas (de modo mais exato, também seria mediada quando Deus usa o
ministério de um anjo, mas aqui nós preferimos esta divisão da revelação feita
diretamente do alto a partir daquela entregue por um homem, a quem Deus falou ou um
ser enviado por Deus).

4. Revelação no Novo Testamento

O significado da escolha do povo de Israel foi preparar a salvação universal, e dessa


vocação teve conhecimento cada vez mais profundo através da mensagem dos profetas.
Economia provisória, portanto, mas cujo registro nos Livros Sagrados conserva o
perene valor de “palavra de Deus”. Encontram-se neles, sem dúvida, “coisas imperfeitas
e transitórias”, mas permanecem para os cristãos o documento da pedagogia divina
preparatória do Cristo e do Reino Messiânico. De par com as profecias e figuras contem
ensinamentos sublimes sobre Deus e a salvação, além de tesouros admiráveis de preces.
Sua plena significação só aparece A luz do Evangelho, para cujo entendimento, por sua
vez, contribuem.

No Evangelho de São João, capítulo 6, o famoso discurso de Jesus em Carfanaum


podemos dizer que fornece um fundamento bíblico imediato para essa comparação, pois
ali o “pão do céu” é a Palavra assimilada inicialmente no ato de fé e depois na
Comunhão da carne e do sangue do Senhor. Santo Inácio de Antioquia escrevia pouco
mais tarde: “Eu me refugio no Evangelho como no Cristo corporalmente presente”
(Kloppenburg, 2019, p. 89).

Na base o que está em jogo, mais uma vez, é o fato de ser a Revelação cristã uma
irrupção de Deus na História não só por sua Mensagem, mas também por sua Ação. E se
aquela encontra na Vida da Igreja (enquanto se prolonga pelos séculos distribuindo à
humanidade os dons da Redenção), sua culminante manifestação na Escritura, esta se
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exprime nos Sacramentos e, de modo particular, na Eucaristia, prolongamento da


Presença e da Ação do Senhor.

Juntamente com a Tradição, a Escritura é a suprema regra da fé, e cabe-lhe, de modo


especial, o título de “palavra de Deus, porque é seu canal inspirado. Nela ressoa, pois, a
voz do Espírito Santo, nela vem carinhosamente dialogar com seus filhos o Pai que está
nos céus” (Helder, 1998, p. 82).

Para S. Tomás “a Revelação se faz por meio de certa luz interior e inteligível, que eleva
a mente para que esta perceba aquilo que, por sua luz natural, o intelecto não pode
atingir” (Lumen Gentium III, cap. 135).

O movimento pelo qual a graça nos dirige ao fim último é voluntário, não violento...
ora, para ser voluntário, precisa ser conhecido; logo, é necessário que a graça nos
proporcione um conhecimento do fim último para que nos possamos endereçar para ele.

Propondo Cristo como consumador da Revelação, a Comissão teológica achou não


precisar afirmar explicitamente que com a morte do último Apóstolo “a Revelação se
encerrou”, como alguns conciliares haviam solicitado (B. Kloppenburg, 2019).

Na Constituição Dogmática Dei Verbum o Concilio Vaticano II consagrou perspetivas


teológicas que situam o tema fundamental da Revelação divina sob nova luz. Embora
sem contar pronunciamentos dogmáticos assinala um verdadeiro progresso no campo
doutrinário enquanto empresta a força da autoridade conciliar a uma série de conquistas
amadurecidas na teologia moderna. Nossa intenção, neste artigo, será não a de fazer
uma exegese completa do documento, mas a de realçar os aspectos que nos parecem de
maior importância. Sobre a história do texto não nos estenderemos, remetendo o leitor
às minuciosas crônicas que já tem sido publicada.

O documento consta de seus capítulos. Considera primeiro a natureza da Revelação (cap


I), depois as condições de sua transmissão desde o tempo dos Apóstolos (cap. II), em
seguida várias questões relativas à Sagrada Escritura: sua inspiração divina e as normas
de sua interpretação (cap. III), o Antigo Testamento (cap. IV), o Novo Testamento (cap.
V), e a importância da Escritura na vida da Igreja (cap. VI).
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5. Resposta do homem à Revelação Divina

É concluso perceber e aceitar que a Revelação começou no Paraíso, ou seja, no jardim


do Éden. O pecado original poderia tê-la encerrado, afastando para sempre a face do
Senhor, porque significava uma recusa do homem ao Deus que o chamava, mas Deus,
em Sua misericórdia, quis manter o primeiro apelo, transformando a mensagem de graça
em mensagem de Redenção, a qual, desde a promessa do Genesis (Gn. 21), se tornou a
grande esperança humana, talvez exteriormente transmitida, aqui e ali, de geração em
geração, mas de qualquer modo a esperança que acenava interiormente para todos esses
milhares de corações que, em qualquer época e em qualquer lugar, “procuram a
salvação”.

A partir dos Patriarcas e Profetas, mais tarde, começará a crescer a explicitação do


conteúdo noético desse universal convite da graça, exteriorizando-se e corporificando-
se, cada vez mais, essa graça que um dia se manifestará encarnada em toda a sua
pujança de “caminho, verdade e vida” para os homens. Há no documento um admirável
paragrafo sobre Cristo como plenitude da Revelação.

No entender de Hélder (1998), Ele não é só o Mediador da Revelação, mas a sua


plenitude; não apenas anuncia, mas e a Salvação. Com ele (e com a missão do Espírito,
que lhe segue) a Revelação se completa, não só porque, como “Verbo feito came”, é
alguém que “fala palavras de Deus”, mas porque (transcendendo-se mais uma vez o
aspecto puramente noético da Revelação) ele consuma a obra da salvação. Com sua
vinda e depois com todo o seu itinerário pascal de retorno ao Pai na natureza assumida o
Cristo constitui a perfeita prolação da Palavra eficaz de elevação e redenção com a qual
Deus convidou, desde o início, o gênero humano. Em Cristo o convite aparece
completo, tanto sob o aspecto em que é mensagem inteligível quanto sob o aspecto em
que é oferta de graça, pois Cristo deixou aos homens a plenitude do Espírito Santo.

Ao dom de toda essa Revelação, a resposta humana é a “obediência da fé”, um


“obséquio pleno do intelecto e da vontade”, diz o texto, citando o Vaticano I, mas
acrescentando que se trata de uma autoentrega da totalidade do homem ao Deus que se
revela. Toma-se, pois, a fé num sentido amplo como o da linguagem bíblica que
abrange a esperança e ao menos um começo de caridade.
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Volta-se, porém, logo a seguir ao sentido formal da fé como assentimento da


inteligência, aludindo-se a ação dos dons do Espírito Santo, que realiza a compreensão
progressiva e mais profunda da Revelação. Pena que o Concílio não se tenha estendido
um pouco mais sobre o significado dessa compreensão, desenvolvendo.

Conclusão

No princípio era “a Palavra” (Jo 1:1), isto é, a Revelação. Sem esta “Palavra”, não seria
possível nenhum conhecimento acerca de Deus. Por isso, Deus a comunicou a Adão e
foi transmitida até nós.

Trabalhar em volta da Revelação, é aceitar o desafio em torno desta temática,


abordamos de forma sintética. Como perceber, cada tipo de Revelação e as suas
características oferecendo ao homem certos elementos que o ajude a sobreviver diante
das adversidades deste mundo.

Sendo assim, não se pode negar ou ignorar a relevância existencial que este tema
carrega. A compreensão em volta da Revelação oferece em nós elementos
compreensivos da vontade divina. Este tipo de texto carrega uma estrutura e obedece a
certo tipo de linguagem que lhe é específica, como demonstramos ao longo do trabalho.
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Bibliografia

Bíblia Sagrada (2000). São Paulo: Paulinas

CONCÍLIO VATICANO II

Líbanio, J. & Meirad, A. (1998). Introdução à teologia. São Paulo: Edições Loyola.

UCM, Modulo de fundamentos de teologia católica.

Revista bimestral para sacerdotes e agentes de pastoral, Novembro - Dezembro.

Outras fontes

Carlos, O. P. (2002). As escrituras de S. Tomas. São Paulo: Bulletin Thomiste.

Helder, P. (1998). Teologia Moral. Rev. Thom.

Kloppenburg, B. (2019). A Revelação Divina. (3ª ed.). Rio de Janeiro: Cortex.

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