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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

A Fé Católica

Manecas Francisco Fernando, 708215703

Curso: Licenciatura em Ensino de Educação Física e Desportos


Disciplina: Fundamentos de Teologia Católica I
Ano de frequência: 2º.

Nampula, Setembro, 2023


Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

A Fé Católica

Manecas Francisco Fernando, 708215703

Trabalho da cadeira de Fundamentos de Teologia


Católica I, para fins avaliativos leccionada pelo:
Docente: Pedro Adelino Lopes

Nampula, Setembro, 2023


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Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuaçã Nota Subtotal
o máxima do
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 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura organizacion  Discussão 0.5
ais
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
Introdução  Contextualização
(Indicação clara 1.0
do problema)
 Descrição dos 1.0
objectivos
 Metodologia
adequada ao 2.0
objecto do
trabalho
 Articulação e
domínio do
discurso
académico
Conteúdo (Expressão 2.0
cuidada,
coerência/ coesão
Análise e textual)
discussão  Revisão
bibliográfica
nacional e 2.0
internacionais
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos 2.0
dados
Conclusão  Contributos 2.0
teóricos práticos
 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
gerais Formatação paragrafa, 1.0
espaçamento
entre linhas
Normas APA  Rigor e coerência
Referencias 6ª edição em das citações/
Bibliográficas citações e referências 4.0
bibliografia bibliográficas
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor

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Índice
1. Introdução............................................................................................................................1

1.1. Objectivos da Pesquisa....................................................................................................2

1.1.1. Objectivo Geral da Pesquisa........................................................................................2

1.1.2. Objectivos Específicos da Pesquisa.............................................................................2

1.2. Metodologias....................................................................................................................2

2. Debate Teórico....................................................................................................................3

2.1. Conceito de Fé.................................................................................................................3

2.1.1. História da Teologia Hoje............................................................................................4

2.1.2. Revelação de Deus na Criação.....................................................................................7

2.2. A Dimensão Trinitária da Criação...................................................................................8

2.2.1. Revelação em Abraão, Moisés e Profetas....................................................................9

3. Conclusão..........................................................................................................................10

4. Literatura Citada................................................................................................................11
1. Introdução

A fé constitui um dom de Deus à humanidade. No cristianismo se torna o fundamento


essencial do mesmo. O cristianismo é, portanto, o portador deste dom a ser anunciado em
todos os tempos e por todo o mundo.

Por este dom, Deus ajuda a pessoa, ainda a caminho nesta vida, a ter acesso a Ele, seu
Criador. A fé como uma luz ilumina para Deus; como a estrela de Belém iluminou e conduziu
os magos ao Cristo, luz dos povos.

Com estes argumentos, constata-se que o ser humano, em sua composição ontológica, é
constituído de corpo e de alma, sendo uma unidade dual e uma dualidade una de ambas
dimensões. Ele é uma magnitude psicofísica e corpóreo-anímica. Uma investigação sobre a
composição ontológica responde à questão a respeito do que é constituído o ser humano.

Esta magnitude ontológica não é algo, mas alguém, uma pessoa humana. A reflexão sobre a
pessoa humana medita sobre quem é este sujeito constituído por uma unidade de corpo e de
alma. “À pergunta que interroga “quem” é o homem não se responde com múltiplas e parciais
respostas, como acontece no problema “que” é o homem, mas com uma única palavra
enquadrada no “ser pessoal” do homem (Schütz; Sarach, 1973, p. 73).

Neste contexto, o ser humano não se reduz à sua natureza, à sua materialidade espácio-
temporal e nem a uma função, mas é uma pessoa. Por sua condição pessoal, o ser humano
transcende a sua dimensão natural e material. Qualquer tentativa de reduzir a pessoa a um
nível subumano viola a sua dignidade e o seu valor.

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1.1. Objectivos da Pesquisa

Para o alcance do resultado anunciado neste trabalho de pesquisa, foram determinados os


seguintes objectivos de carácter geral e específicos:

1.1.1. Objectivo Geral da Pesquisa


 O objectivo geral da pesquisa é compreender a fé.
1.1.2. Objectivos Específicos da Pesquisa
 Apresentar o conceito da fé;
 Descrever a revelação de Deus na criação; a dimensão trinitária da criação; a
Revelação em Abraão, Moisés e Profetas.
1.2. Metodologias

Para a realização deste estudo utilizou-se a pesquisa de cunho bibliográfico e exploratório,


pelo facto de ter como principal finalidade desenvolver, esclarecer e tentar relacionar
conceitos e ideias, para a formulação de abordagens mais condizentes com o desenvolvimento
de estudos posteriores.

O estudo exploratório tem o objectivo de “familiarizar-se com o fenômeno e obter uma nova
percepção a seu respeito, descobrindo assim novas ideias em relação ao objeto de estudo”
(Mattos, 2004, p. 15).

A pesquisa bibliográfica, que, na perspectiva dos estudos de Silva e Schappo (2002)


possibilita a composição de um diagnóstico da situação investigada, além de ampliar as
informações referentes ao tema estudado, ou seja:

É o primeiro passo de todo o trabalho científico. Este tipo de pesquisa tem por
finalidade, especialmente quando se trata de pesquisa bibliográfica, oferecer maiores
informações sobre determinado assunto, facilitar a delimitação de uma temática de
estudo, definir os objectivos ou formular as hipóteses de uma pesquisa ou, ainda,
descobrir um novo enfoque para o estudo que se pretende realizar (Silva & Schappo,
2002, p. 54).

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2. Debate Teórico
2.1. Conceito de Fé

Nas palavras de Joiner (2004, p. 330) pode-se se dizer que “fé́ em geral é uma crença de
testemunho ou a certeza da realidade de um objeto invisível. Difere do saber, porque esse se
baseia na evidência dos sentidos, ao passo que a fé aceita o testemunho de outros”.

Extrai-se da dissertação de Joiner (2004) que por meio de uma simples reflexão, pode-se
facilmente constatar que a fé se relaciona com todos os aspectos da vida, vez que são
inúmeras as expressões de fé que pode se extrair das atividades cotidianas do ser humano, por
exemplo, quando se deita em uma mesa para a realização de uma cirurgia, acredita-se no
conhecimento e habilidade médica e que, ao término, tudo sairá bem e, ainda, quando se
estuda para um concurso, ao realizar a prova, há a esperança da aprovação.

A vida seria sem sentido se não houvesse a fé, pois, o exercício desta é uma necessidade
basilar da existência humana.

Nesse sentido, disserta Joiner (2004, p. 332):

Realmente, sem fé, a vida seria insuportável, e acabar-se-iam todas as relações sociais.
A fé, por vezes é necessária onde a razão tem dificuldade em compreender. É um
absurdo o homem afirmar que crê somente naquilo que entende. Poderia esse homem
explicar como a mente funciona e por que ele se sente capaz de levantar ou abaixar o
braço à vontade, quando bem lhe parece?

Na carta aos Hebreus (cap. 11.1) o texto bíblico descreve que a “fé é a certeza de cousas que
se esperam, a convicção de fatos que se não veem”, ou seja, a fé trata as coisas que se
esperam como realidade, de modo que o invisível se evidencia em essência e realidade para os
creem.

O objeto da fé, por exemplo, para os Cristãos, é o Deus invisível que se torna realidade para
aqueles que creem, através do conhecimento do teor da Bíblia, sendo esta a revelação de Deus
para os homens.

Nessa esteira de entendimento, Kreeft e Tacelli (2008, p. 40) dizem o seguinte:

O objecto da fé é tudo aquilo em que cremos. Para os cristãos evangélicos, isso


engloba tudo que Deus revelou na Bíblia. Esse objeto de fé é expresso por proposições

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que nos permitem entrever não a fé, mas o objeto da fé. Os atos litúrgicos e morais,
por exemplo, são proposições que exprimem em que cremos. Entretanto, não são os
objetos derradeiros da fé; são apenas objetos secundários. O objecto derradeiro da fé é
apenas um: A Palavra de Deus, o próprio Deus. As proposições são o “mapa”, a
estrutura da fé. Deus é o objeto real da fé e também o Autor da fé - o que revela as
doutrinas objetivas em que cremos, bem como Aquele que inspira o coração do ser
humano que escolhe livremente acreditar nelas.

Assim, a fé é o acto livre e espontâneo de crer em algo ou alguma coisa e, este algo ou alguma
coisa, é o objecto da fé, o que leva a conclusão de que o seu exercício pode exercer influência
nos atos e feitos da vida do ser humano, seja enquanto indivíduo seja enquanto sociedade.

2.1.1. História da Teologia Hoje

Segundo Cheung (2010: 21) ao iniciar os seus estudos no pensamento histórico teológico
desde na antiga idade em Teologia, muitos estudantes se surpreende ao descobrir que esta não
é uma palavra de origem bíblica. A origem da palavra foi criação dos gregos e não os
profetas. Na Grécia antiga, Teólogos eram poetas como Homero e Orfeu, que discursavam
eloquentemente acerca de Deus. Daí o nome Teologia aplicado ao seu trabalho, pois o
vocábulo procede originalmente de dois termos gregos: Theos (que quer dizer Deus) e Logos
ou Logia (que quer dizer palavra, discurso). Portanto, o que temos aqui seria “uma palavra
sobre Deus” ou “um discurso acerca de Deus”.

Conforme Platão (2002) os Filósofos usaram o mesmo termo em referência aos deuses do
Olímpio e a descrição, nem sempre elogiosa, que faziam deles. Um exemplo é o livro “A
República” de Platão, nele está o primeiro uso da palavra Teologia. Seu conceito, no entanto,
já aparecia nos filósofos pré-socráticos, uma referência aos primeiros filósofos gregos que
surgiram antes de Sócrates, como: Tales de Mileto, Anaximanes, Anaximandro, Heráclito e
outros. No caso de Platão, ele o utiliza para referir-se à compreensão racional da natureza
divina em oposição à forma poética conduzida pelos rapsodos de seu tempo.

Mas nem todos pensavam como Platão. Desde os pensadores pré-socráticos, havia o
pensamento de que a filosofia surgira para suplantar o mito em relação aos deuses e o
discurso dos poetas. Logo, essa “teologia” era a perpetuação dos mitos. Caberia à filosofia
questionar racionalmente o saber teológico (Cheung 2010: 21).

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Por esta razão, Aristóteles vai falar várias vezes da Teologia como um exercício
diametralmente oposto ao dos filósofos, embora, pelo menos numa ocasião ele admita que ela
teria sido a primeira forma de filosofia do mundo que hoje chamamos de Metafísica ou
“ciência dos primeiros princípios”. A Teologia é sinônima do pensamento mitológico, anterior
ao surgimento da filosofia e desnecessário depois dela. Teólogos, para ele, eram os criadores
de mito, como Hesíodo, Ferécides de Siro e Homero. Eles haviam nascido antes do
surgimento da filosofia, chamada de “milagre grego”. Por isso, valiam-se de lendas para
doutrinar o povo (Patro, 2011; Gaikwad, 2011).

Tais situações ocorreram nos tempos da Grécia Antiga, quando o Antigo Testamento ainda
estava sendo produzido. Os judeus desta época estavam ocupados demais com o fim do
cativeiro Babilônico e a necessidade de reconstruir seu país, de modo que não parecem ter se
importado muito com o novo termo ou suas implicações. Sendo assim, não temos, pelo menos
naquele tempo, qualquer tentativa judaica de produzir uma “teologia” de sua fé, muito menos
em conciliar Teologia e Filosofia (Patro, 2011; Gaikwad, 2011).

Os primeiros tratados teológicos de que se tem notícia foram escritos por autores como Ireneu
de Lion (ca. 130 – 202) e Clemente de Alexandria (ca. 150- 215). Eles intentavam com seus
textos construir um arcabouço lógico e racional que pudesse levar as pessoas e entenderem
melhor a natureza de Deus e sua revelação à humanidade através da pessoa de Jesus Cristo.

Mas coube a Orígenes (185-254) a fama de ter sido o primeiro autor a usar explicitamente o
termo “teologia” dentro do contexto cristão. Ele era um converso vindo de Alexandria, que
desenvolveu e organizou um sistema filosófico de fé dentro dos círculos cristãos. O problema
é que ele nunca parece ter-se desvencilhado por completo de sua prévia educação grega
bastante influenciada pelo estoicismo e platonismo.

O estoicismo foi uma escola de pensamento grega, fundada por Zenão de Citio no
inicio do 3º. Século a.C.. Para os estoicos, o universo era entendido como uma espécie
de corpo governada por uma razão chamada Logos. Esse logos era divino e
comandava igualmente a alma humana. É graças a esse Logos que ordena todas as
coisas que o mundo é um kosmos, termo grego que significa “harmonia”.

O platonismo refere-se a uma corrente filosófica baseada no pensamento de Platão.


Historicamente o movimento refere-se não apenas ao filósofo origina- dor destes
pensamentos, mas a todos os que seguiram e ampliaram seus ensinamentos.

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Depois vieram mais autores como Tertuliano e Justino, o Mártir, que começaram a introduzir
termos técnicos retirados da filosofia para complementar seu discurso acerca de Deus. Alguns
destes elementos foram incorporados a certos temas, expressões e debates que são
característicos da teologia até aos dias de hoje.

No 4º Século, Eusébio de Cesareia, um conhecido historiador da igreja, restringiu o uso do


termo Teologia, aplicando-o exclusivamente ao estudo do cristianismo. Seu objetivo era
desvincular a teologia de qualquer relação com os demais deuses do paganismo. Curioso é
que bem antes de Eusébio ou de qualquer produção literária do cristianismo, um autor romano
chamado Marcus Terentius Varro (século 1 a.C.) fez uma versão latina para conceitos da
filosofia grega e propôs três diferentes gêneros de Teologia: a mítica, narrada pelos poetas; a
política, presente nos cultos oficiais do Estado e a física que representava a natureza divina
manifestada na realidade.

Desta última categoria teológica viria à questão da identidade de Deus ou dos deuses. Varro
um epicurista voltado ao materialismo, queria libertar os homens do medo, da morte e dos
deuses. A divindade para ele era como “a alma que governa o mundo por meio do movimento
e da razão” (animam motu ac ratione mundum gubernantem). Assim, reduz os deuses a meros
eventos naturais do mundo físico que não deveriam ser passíveis de adoração.

Embora os epicureus formalmente reafirmassem a crença nas tradicionais divindades


gregas, na prática, elas eram vistas como parte do universo materialista e atômico,
sendo irrelevantes para os assuntos humanos. Afinal, os deuses não estavam
interessados nos assuntos humanos, logo, a crença na providência divina era
considerada supersticiosa, e os rituais religiosos inúteis. Nós podemos chamá-los de
deístas; os estóicos os consideravam ateístas, o que eles realmente eram num sentido
prático (Cheung 2010: 21).

Hoje, a teologia no seu dever, apresenta-nos a criação no quadro dos escritos


neotestamentários, que também são a base dos ensinamentos do concílio Vaticano II.
Substancialmente, a criação se nos apresenta com significação da história da salvação cujo
centro é mistério da Incarnação. Segundo as Escrituras, Cristo é a perfeita “imagem de Deus
invisível, o primogénito de toda a criatura” (Cl 1, 15.18). Ele foi predestinado por Deus antes
da criação mundo, para recapitular consigo todas as coisas, as do céu e da terra (Cf. Ef
1,3.10). Isto quer dizer que no plano de Deus, a criação e a salvação estão entrelaçadas de
modo que se identificam. Assim, a protologia tem na escatologia a sua concretização. Estes
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são os elementos teológicos na definição da criação que nos levam a entender a criação como
um mistério da fé em torno da qual ocorrem discussões sobre a sua relação com a
conservação, pois, “depois da criação, Deus não abandona as coisas e as pessoas ao seu
destino, sem se preocupar mais com elas” (Frosini, 2011, p.121). Esta relação nunca se pode
interromper.

2.1.2. Revelação de Deus na Criação

Um dos aspectos nos quais Deus se revelou ao homem é como o Deus criador. Este
aspecto da revelação é comum às três grandes religiões: o judaísmo, o cristianismo e o
Islão.

O termo “criação” é um conceito propriamente teológico de fé judaico-cristão e trata do


conjunto de todos os seres com o sinónimo de criaturas. A criação é “o fundamento de todos
os divinos desígnios salvíficos, e manifesta o amor omnipotente e sapiente de Deus; é o
primeiro passo para a aliança do único Deus com o seu povo; é o início da história da
salvação que culmina em Cristo; é a primeira resposta às interrogações fundamentais do
homem acerca da própria origem e do próprio fim”.

O termo criar, assim designa uma actividade própria e exclusiva de Deus, uma actividade
diferente de fabricação humana. Não se trata, portanto, de um mero fazer teórico e
instrumental que exige provas científicas, mas sim um agir que envolve a intencionalidade do
agente (Deus) pela própria iniciativa como seu projecto por Ele iniciado e que envolve o
homem através do seu convite a ser co-criador.

Para designar a acção criadora de Deus, se emprega o verbo hebraico barã (criar), da tradição
sacerdotal, para designar a criação de Deus. Ele significa a criação – não condicionada e livre
de requisitos – como marco histórico da natureza e do espírito. O que não existia passa a
existir nesse momento (Ex 34,10; Nm 16,30; Sl 51,12, etc.). Esta actividade divina carece de
analogias (Conte, 1994, p. 237).

Distingue-se assim o “criar” (barã) e “fazer” (asâh). O verbo barã designa a totalidade da
criação e é empregado exclusivamente quando se fala de Deus, na sua acção criadora, ou seja,
na criação: “No princípio, Deus criou o céu e a terra” (Gn 1,1). Diferentemente, o verbo asâh,
inicia no versículo 2 e é concluído com o dia de descanso, indica a realização consequente de
uma obra, a função determinada de uma obra. Somente o fazer, na medida em que é uma

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configuração e produção, é modelo do trabalho manual. Mas a actividade criadora divina e a
actividade humana não têm nada em comum.

Cristo princípio, centro e fim da criação - A história iniciada com a criação tem o seu ponto
culminante naquele constituído por Deus pela ressurreição, Cristo, Palavra que ultimamente
Deus falou (Hb1,1) e inclui em si a palavra sobre a natureza da criação. Cristo é identificado
como salvador e posteriormente inserido na dimensão cósmico-criadora e, a Criação que já
havia recebido a função histórico-salvífica passa a uma conotação cristológica: Cristo é, “ao
mesmo tempo, como princípio, o centro e o fim da criação” (Cl1,15-20). Com a Sua presença,
a Criação assume novas dimensões da nova criação.

Dificuldades e Objecções - A doutrina da criação suscitaram sempre grandes dificuldades e


objecções no decurso do tempo no âmbito do seu desenvolvimento. Foi negada a criação
como obra de Deus.Santo Irineu afirmou que a criação é uma iniciativa do Pai: “A vontade de
Deus Pai é o substrato de todas as coisas” (Irineu, p.44). O Deus criador é o Pai de Jesus
Cristo e toda a Trindade opera na criação. Para ele, há somente um Deus em quem tudo tem
origem. A economia salvíficauna de Deus se estende da criação até a sua consumação final, e
a chave para ela é o Filho eterno, o Verbo que se fez carne e por sua encarnação, resume em si
toda a humanidade e até o universo. O Filho, Logos de Deus é o ápice de toda a revelação,
corporalmente humano em Jesus Cristo nele se experimenta a salvação de Deus a vida em
liberdade, amor e Imortalidade.

2.2. A Dimensão Trinitária da Criação

Na concepção cristã, a criação do mundo é um acontecimento trinitário: o Pai cria pelo Filho e
no Espírito santo. Durante muito tempo, a tradição teológica compreendeu a criação como
obra do Pai, Senhor de sua criação (monoteísmo). Posteriormente, desenvolveu-se uma
doutrina especificamente cristológica da criação, com ênfase na criação através da Palavra.
Diz o CIC 229 “Insinuada no Antigo Testamento, revelada na Nova Aliança, a acção criadora
do Filho e do Espírito Santo, inseparavelmente unida à do Pai, é claramente afirmada pela
regra de fé da Igreja “existe um só Deus.

Ele é o Pai, o Criador, o Autor, o Organizador. Ele fez todas as coisas por Si próprio, quer
dizer, pelo seu Verbo e pela sua Sabedoria, pelo Filho e pelo Espírito Santo” “que são como
as suas mãos” (Santo Ireneu). A Criação é a obra comum da Santíssima Trindade” (Frosini,
2011, p.124).
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2.2.1. Revelação em Abraão, Moisés e Profetas

O projecto da revelação obedeceu um plano. “A seu tempo Deus chamou Abraão, para fazer
dele um grande povo, povo esse que depois dos Patriarcas, ensinou por meio de Moisés e dos
Profetas para que O reconhecessem como único Deus, vivo e verdadeiro, Pai providente e
justo juiz, e para que esperassem o Salvador prometido” (Concílio Vaticano II, O.C, 3). Como
se pode depreender do texto conciliar, Deus se revelou primeiro a Abraão, em seguida a
Moisés, sucessivamente aos profetas e quando chegou a plenitude dos tempos, depois de ter
falado muitas vezes e de muitos modos falou por meio do seu Filho, Jesus Cristo (Heb 1,1-2),
o profeta por excelência. Neste projecto estão envolvidos a palavra, o encontro, a experiência
num percurso histórico. Os padres conciliares não deixam margens para dúvidas que “a
economia cristã, como nova e definitiva aliança, jamais passará, e não se há-de esperar outra
revelação pública antes da gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo” (Concílio
Vaticano II, O.C, 4).

Abraão respondeu à chamada de Deus e obedeceu ao seu projecto partindo sem saber para
onde ia (Gen 12). Confiou-se aos desígnios de Deus. O resultado dessa sua confiante abertura
é ser pai de um grande povo. É nosso pai na fé. É patriarca, isto é, arquétipo da fé. O Deus
que se revela em Abraão é o Deus da promessa. Um Deus que promete e cumpre a sua
promessa de salvação.

Deus revelou se a Moisés oferecendo a libertação ao povo escravo no Egipto. O Seu nome
“Sou Aquele que Sou” revela uma solicitude de liberdade para o ser humano. Por isso o Deus
de Moisés é o Deus Libertador.

Os Profetas foram um momento importante na revelação de Deus. Eles testemunham o


cuidado de Deus pela justiça no seio da humanidade. Eles aparecem como os defensores dos
pobres e dos vulneráveis da sociedade. Assim se revela um Deus que toma partido dos pobres
e injustiçados.

Nos últimos tempos Deus se revelou em Jesus Cristo como o centro e o ponto definitivo da
história de Salvação (Fisichella, 2002, p. 81). A Lei e os profetas são orientados a ele e
somente nele encontram pleno cumprimento. De facto, toda a vida de Jesus foi marcada por
eventos que revelam algo transcendente. O seu Baptismo, a sua pregação, os milagres, a sua
morte por amor e finalmente a sua gloriosa Ressurreição só podem ser revelação de Deus.

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3. Conclusão

Para a consecução deste trabalho foram percorridas várias etapas e todas elas se mostraram de
importância vital para o enriquecimento deste trabalho.

Consoante isto as implementações teóricas dos autores citados deu-se uma configuração de
um arranjo literalmente científico ao presente trabalho de pesquisa, mostrando concepções da
fé, que é uma virtude directamente relacionada a Deus, não está, contudo, alheia à realidade
humana nesta vida, pelo contrário, torna-a mais premente.

Ao longo deste trabalho, tentou-se expor a fé católica na vida humana em seu dia a dia.
Acredita-se que não se falou tudo, tal a natureza, a amplitude e importância do assunto; não se
ousou a tanto. Contudo, foi um começo; o início de futuras pesquisas por parte de outros que
venham a se interessar pelo tema para enriquecê-lo e aprofundá-lo.

Enfim, acredita-se que a fé pode dar a cada pessoa o seu contributo decisivo. A fé, portanto,
segundo a visão cristã, é fundamental para o ser humano. Pois, o ser humano criado por Deus,
depois do pecado, busca respostas acerca de si mesmo, de sua origem, seu fim, de tudo que
acontece em sua existência.

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4. Literatura Citada

Cheung, Vincent. (2010). Presuppositional confrontations. Boston, MA: Vincent Cheun.

Conte, F. (1994). Os heróis míticos e o homem de hoje. São Paulo: Ed. Loyola.

Gaikwad, Roger. (2011). Reconceptualizing religion, dialogue, theology and mission in


pluralistic society. The Contribution of S.J. Samartha. Interfaith Relations after One
Hundred Years: Christian Mission among Other Faiths, edited by Marina
Ngursangzeli Behera.UK: Regnum Books International.

Irineu (1969). Adv. Haer. II 30,9. In A. Orbe, Antropologia de San Irineo. Madrid: Biblioteca
de Autores Cristianos.

Joiner, Eduardo. (2004). Manual Prático de Teologia. Rio deJaneiro: Central Gospel.

Kreeft, Peter; Tacelli, Ronald K. (2008). Manual de Defesa da Fé. (1ª.ed.). Rio de Janeiro:
Central Gospel.

Patro Shantanu K. (2011). Definitions, approaches and methodologies in the study of


religions. A guide to Religious Thought and Practices (Delhi: Ispck).

Schütz, C.; Sarach, R. (1973). O Homem Como Pessoa. In: Feiner, J.; Loehrer, M. Mysterium
Salutis. Petrópolis: Vozes, v. II/3, p. 73-89.

Platão. (2002). A República. São Paulo: Martin Claret.

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