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Universidade Católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Fenomenologia da Religião /A Experiência Religiosa

Estudante: Cristina Francisco Almeida, código: 708211243

Tutor:

Curso: Português
Disciplina: Introdução a Filosofia
Ano de frequência: 2º Ano
Turma: N

Milange, Agosto 2022

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problema)
 Descrição dos
Introdução 1.0
objectivos
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adequada ao objecto 2.0
do trabalho
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domínio do discurso
académico
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Conteúdo (expressão escrita
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e  Revisão
discussão bibliográfica
nacional e
2.
internacionais
relevantes na área de
estudo
 Exploração dos
2.0
dados
 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
tamanho de letra,
Aspectos
Formatação paragrafo, 1.0
gerais
espaçamento entre
linhas

Referência Normas APA 6ª  Rigor e coerência


s edição em das
4.0
Bibliográfi citações e citações/referências
cas bibliografia bibliográficas

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Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice
CAPITULO I: INTRODUÇÃO ................................................................................................... 1

Introdução................................................................................................................................... 1

1.1 Objectivo Geral: .................................................................................................................... 1

1.2 Objectivos específicos: .......................................................................................................... 1

1.3 Metodologia .......................................................................................................................... 1

CAPITULO II: DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO .............................................................. 2

2.1 Fenomenologia da Religião /A Experiência Religiosa............................................................ 2

2.2 A fenomenologia da religião do “divino” .............................................................................. 3

2.3 A Experiência Religiosa como um Problema para a Fenomenologia ...................................... 4

2.4 Ciência da religião como disciplina autonoma ....................................................................... 6

2.6 Elementos comuns das diversas religiões............................................................................... 7

2.7 A influência da religião no convívio social e político em relação aos primeiros homens ........ 8

2.8 O Sagrado e o Profano........................................................................................................... 9

Conclusão ................................................................................................................................. 12

Referências ............................................................................................................................... 13

iv
CAPITULO I: INTRODUÇÃO

Introdução
Refere-se à fenomenologia, ao tratado, à análise ou à descrição comparativa dos fenômenos, de
tudo o que pode ser observado na natureza. A religião é um fenômeno humano que nos remete a
uma realidade essencial; pensá-la constitui algo de caráter fundamental. O estudo sistêmico de tal
fenômeno proporciona a possibilidade de tentar responder a questões como: Ciência das Religiões
como disciplina autónoma? Quais são os elementos comuns das diversas religiões? Há uma razão
existencial para a religião A fenomenologia enquanto método filosófico não só é capaz de
proporcionar e estabelecer uma abordagem “diferenciada” aos clássicos problemas filosóficos e
científicos como, também, auxiliar o estudo da religião. À este feito, dá-se o nome de
fenomenologia da religião.

1.1 Objectivo Geral:


 Compreender a Ciência das Religiões como disciplina autónoma;

1.2 Objectivos específicos:


 Definir Fenomenologia da Religião /A Experiência Religiosa
 Analisar os elementos comuns das diversas religiões
 Contextualizar historicamente a génese das religões no mundo desde a antiguidade ate aos
nossos dias.

1.3 Metodologia
Metodologia: para o desenvolvimento deste trabalho utilizou-se como método a Pesquisa
Bibliográfica: que consistiu na consulta e leitura de obras que versam sobre o tema, com o intuito
de se construir uma base teórica sobre o assunto em estudo e Pesquisa virtual: consistiu na consulta
de artigos disponíveis na Internet, com finalidade de recolher informações complementares. E para
a redacção do trabalho foi usado o seguinte aplicativo informático: Microsoft Office Word 2007,
assim sendo, os resultados estão apresentados em forma de texto de pequenas narrativas de modo
a tornar a compreensão da informação mais clara. O trabalho foi estruturado em três capítulos, na
forma que segue. Introdução, faz referência aos motivos que inspiraram a realização deste trabalho.

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CAPITULO II: DESENVOLVIMENTO DO ESTUDO

2.1 Fenomenologia da Religião /A Experiência Religiosa


A fenomenologia da religião que, por vezes se identifica como ciência da religião por causa do seu
recuo ao a priori absoluto do religioso, tomando como fundamento último a filosofia como ciência
rigorosa (Husserl), é uma disciplina que se construiu na primeira metade do século XX. Sua história
é contemporânea ao desenvolvimento da escola fenomenológica (Higuet, 2004).

Seus nomes mais conhecidos são Rudolf Ou, Gerhardus van der Leeuw, Mircea Eliade e Joachim
Wach. Considerando que os pressupostos da fenomenologia já foram alinhavados, inclusive a
proposta de Scheler, que normalmente se incl ui entre os mencionados acima, vamos considerar
somente suas idéias sobre a experiência religiosa. Antes de tentar penetrar na relação existente
entre fenomenologia e experiência religiosa, é necessário dizer de que trata mesmo a
fenomenologia da religião.

Arnaldo Nesti salienta quatro aspectos do conceito muito abrangente de Fenomenologia da


Religião que podem situarnos 'melhor no quadro de referências desta disciplina ou ciência, como
já se propõe. Trata-se primeiro, diz Nesti, de um método analítico que tende a uma explicação da
morfologia religiosa; segundo, de uma escola tipológica que tende a investigar os diversos tipos de
formas religiosas; terceiro, de uma escola que, em sentido estrito, se ocupa da essência do sentido
e da estrutura do fenômeno religioso; e, em quarto lugar, de uma orientação de natureza filosófica
que se origina do sentido estreito da contribuição de Husserl e, em particular, de Scheler.

Assim, a fenomenologia da religião situa-se naquele ambiente de revisão das estruturas


epistemológicas com que o século XX se inicia. O ambiente da fenomenologia leva os estudiosos
da religião a superar as velhas idéias a respeito da origem e da história da religião, às vezes dentro
dos quadros do evolucionismo positivista. A questão da religião coloca-se agora no esquema da
essência e da forma e pretende partir da filosofia como ciência rigorosa com seu respectivo método
e, assim, situase num absoluto a priori em relação às demais disciplinas como a história, II
antropologia e a sociologia.

A fenomenologia da religião passa a ser, portanto, uma disciplina filosófica e, no quadro mais
estrito de Husserl, o núcleo em torno do qual poder-se-ia erigir uma ciência da religião. As demais
disciplinas religiosas, trabalhando sob o prisma do sentido do fenômeno religioso, constituir-se-
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iam em auxiliares dedicadas ao estudo das formas. Em suma, a fenomenologia da religião pode ser
vista num duplo sentido: uma ciência independente, com suas pesquisas e publicações, mas
também como um método que faz uso de princípios próprios, como a epochê e a "redução eidética".
Nesta ' ótica, são fenomenólogos, ou cientistas da religião, aqueles estudiosos que se ocupam das
estruturas e dos significados dos fenômenos religiosos sublinhando a base essencial, descrevendo
e sistematizando suas estruturas basilares (Edwald, 2008).

Dos reformadores, talvez seja Lutero o que mais evidencia em sua biografia a influência da
experiência religiosa objetiva. Além do seu relacionamento muito íntimo com os místicos, Lutero
teve, em sua juventude, uma experiência que, sem dúvida, marcou-o pelo resto da vida. Trata-se
da tempestade que enfrentou na floresta perto de Erfurt, quando regressava de Mansfeld. Prostrado
por um raio que caiu aos seus pés, Lutero teria, após invocar Santa Ana, padroeira dos mineiros,
prometido a ela, se salvo, tornar-se monge.

2.2 A fenomenologia da religião do “divino”


A fenomenologia da religião do divino é desenvolvida por meio da esteira heideggeriana, que, a
despeito da tradição religiosa cristã católica presente em Heidegger – que era filho de sacristão
católico, havia estudado junto aos jesuítas e pleiteado a condição de docente de filosofia católica e
incorrido à esfera da teologia luterana no final da década de 1910 –, assumiu o caminho de uma
religião do divinum ou o de uma religião “sem religião” (Paiva, 2015).
Uma das expressivas pensadoras dessa forma de levar a cabo a fenomenologia é Irene Borges
Duarte, docente e pesquisadora portuguesa da Universidade de Évora, membro da Associação
Portuguesa de Fenomenologia e do Centro de Investigação Filosófica de Lisboa e coordenadora do
projeto “Heidegger em português”, financiado pela Fundação de Ciência e Tecnologia de Portugal.
Nessa forma de analisar fenomenologicamente a religião, o ponto de partida é a preocupação com
a crítica heideggeriana feita à metafísica por ter-se esquecido do ser, ao se ocupar intensamente
com o ente, principalmente com o ente supremo, tendo se desenvolvido como ontoteologia. Essa
crítica já havia se manifestado quando foi assumido por Heidegger o caminho da fenomenologia
hermenêutica da facticidade na análise da religião, com o objetivo fundamental de compreender o
“como” – “Wie” –, se efetiva a experiência religiosa. Um dos resultados desse caminho foi a
emergência da categoria curare, compreendida como forma de cuidar para que o ser humano realize
a sua experiência religiosa efetivamente mergulhado na própria vida (Gonçalves, 2012)
3
2.3 A Experiência Religiosa como um Problema para a Fenomenologia
A fenomenologia da religião constitui um instrumento privilegiado para o estudioso, bem como
para o trabalho teológico. Permite, de forma significativa, elencar e examinar as estruturas das
vivências religiosas do indivíduo e das vivências pertencentes aos grupos e comunidades, levando
os pesquisadores à relevante tarefa de poder “individualizar”, de forma transcendental, os aspectos
religiosos essenciais presentes no âmbito cultural.

Assim, pode-se afirmar que cabe à fenomenologia da religião iluminar tanto as estruturas internas
dos fenômenos religiosos (referência ao âmbito das culturas), bem como compreender e interpretar
o relacionamento do indivíduo humano (referência à interioridade) com a potência misteriosa
(Otto, 2008, p. 15). Por outro lado, à teologia interessa utilizar deste método de análise para
descobrir o universo de significados elaborados pelo homem religioso (Higuet, 2004, p. 16).
Segundo Usarski (2004), as matrizes primárias da fenomenologia voltada estritamente para as
questões dos fenômenos religiosos tiveram início, sobretudo a partir dos trabalhos realizados por
Nathan Söderblom (1866-1931), Geerardus van der Leeuw (1890-1950), Joachim Wach (1898-
1955), Friedrich Heiler (1892-1967), Gustav Mensching (1901- 1978), e Rudolf Otto (1869-1937).
No entanto, por ter sido criador do termo “fenomenologia da religião”, o título de seu principal
representante é conferido, majoritariamente entre os especialistas, ao teólogo holandês e historiador
das religiões Gerardus van der Leeuw. Sobre a relevância dessa inauguração da fenomenologia da
religião em van der Leeuw, o psicólogo brasileiro e cientista da religião Tommy A.

Segundo Goto (2004) afirma que:

O primeiro sistematizador oficial da fenomenologia no campo religioso foi historiador da


religião Gerardus van der Leeuw [...] cuja obra Fenomenologia da religião
(Phänamenologie der Religion) foi publicada em 1933. Essa obra abriu, decididamente, o
caminho para que a fenomenologia da religião seguisse na direção de se constituir uma
“ciência” no Revista Eletrônica Correlativo.

A proposta Leeuw foi de transformar a fenomenologia da religião numa “ciência” primeira,


diferenciando-se de outras ciências. (Goto, 2004, p. 63). A abordagem fenomenológica da religião
sob a perspectiva de van der Leeuw têm, prioritariamente, como princípio teórico não só a
fenomenologia husserliana, com também os elementos contidos através de seus desdobramentos
em Martin Heidegger (1889-1976) e na hermenêutica de Wilhelm Dilthey (1833-1911).
4
Profundamente guiado pelo pressuposto de que o objeto das ciências das religiões seria uma
unidade na multiplicidade de suas formas, van der Leeuw sustentou a tese de que, para além de
uma investigação tradicional do caráter puramente histórico das religiões, os métodos de estudos
acerca de questões religiosas deveriam procurar evidenciar, acima de tudo, os fenômenos
religiosos, sobretudo os vários aspectos permanentes de cada religião (Cruz, 2009, p. 8).

Somente a partir daí seria possível o estabelecimento de um segundo passo que consistiria em valer-
se do método comparativo, com o objetivo de atingir uma melhor identificação e classificação dos
diversos grupos de manifestações religiosas (Cruz, 2009, p. 8).

O estudioso da religião não pode simplesmente ficar “engessado” pelas pesquisas


tradicionais, comumente estabelecidas pelos pressupostos teológicos, filosóficos ou
científicos, nem tão pouco acopladas a uma mentalidade simplista de senso comum, como
se o fenômeno religioso fosse algo puramente individualizante, particular ou divinatório
(Van Der Leeuw, 2009, p. 183).

Trata-se, na verdade, de alcançar a singularidade do indivíduo, buscando preferentemente à


compreensão, via método fenomenológico, do significado profundo (Eidos) da religiosidade. Nas
palavras do próprio autor: Podemos tentar compreender a religião sobre uma superfície plana,
partindo de nós. Podemos ainda representar como que se a essência da religião só se deixa
compreender como descendo do alto, de Deus. Em outros termos podemos considerar a religião
como experiência vivida compreensível [...] A experiência vivida (na sua “reconstrução”) é um
fenômeno. (Van der, 2009, p.183).

Fator importante a destacar é a apropriação de idéias com características “pré-fenomenologia”


surgidas ao longo da história do pensamento cristão como recurso metodológico para a teologia
(Goto, 2004, p. 68). Seus principais representantes (além do próprio Paul Tillich) foram os teólogos
alemães Friedrich D. E. Scheleiermacher (1768-1834) e Rudolf Otto (1869-1937). O primeiro por
ter dado início a uma nova proposta de re-elaboração do conceito de religião, retomando, a partir
do vivido, o seu sentido primordial. O segundo por tentar sintetizar o conteúdo específico da
experiência religiosa, aplicando pressupostos fenomenológicos.

No pensamento de Scheleiermacher identificamos algumas características semelhantes às idéias


estabelecidas por Husserl, sobretudo em relação ao entendimento das essências como uma

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realidade profundamente invariável, ou seja, algo que, apesar das diversas variações dos
fenômenos, permanece estático e inamovível (Schleiermacher, 2000, p. 32).

Em Otto, que inclusive foi amigo de Husserl, a identidade surge na aplicação do método
fenomenológico a serviço da compreensão do sagrado, método que o próprio Husserl reconheceu
e chamou de magistral (Husserl, apud Birck, 1993, p. 9 cit. em Otto, 2007). A maioria dos conceitos
formulados por Otto – Numinoso, Mysterium Tremendum, Avassalador, Enérgico, Fascinante
entre outros – tentaram determinar a experiência religiosa com o sagrado (Otto, 2007, p. 7) e para
serem compreendidos de forma efetiva é necessário que sejam analisados sob os ditames e as
perspectivas do método fenomenológico.

2.4 Ciência da religião como disciplina autonoma

Ciência da religião é a disciplina acadêmica de perspectiva empírica que investiga


sistematicamente religiões em todas as suas manifestações. Um elemento chave é o compromisso
de seus representantes com o ideal de distanciamento e respeito frente aos objetos de estudo,
também chamado de agnosticismo metodológico, termo cunhado por Ninian Smart em 1973, mas
que já tem raízes desde Max Müller. Não se questiona a "verdade" ou a "qualidade" de uma
religião. Do ponto de vista metodológico, religiões são "sistemas de sentido formalmente
idênticos", ainda que se expressando com uma rica diversidade. É especificamente este princípio
metateórico que distingue a ciência da religião da teologia, e a aproxima de outras ciências
humanas e sociais, como a antropologia, a história e a sociologia (Edwald, 2008).

O objetivo da ciência da religião é fazer um inventário, o mais abrangente possível, de fatos reais
do mundo religioso, bem como um entendimento histórico do surgimento e desenvolvimento de
religiões particulares, uma identificação de seus contatos mútuos e a investigação de suas inter-
relações com outras áreas da vida. A partir de um estudo de fenômenos religiosos concretos, o
material é exposto a uma análise comparada. Isso leva a um entendimento das semelhanças e
diferenças de religiões singulares a respeito de suas formas, conteúdos e práticas. O
reconhecimento de traços comuns entre as diferentes religiões, por parte do cientista da religião,
permite a definição de elementos que caracterizam universalmente o fenômeno religioso, ou seja,
como um fenômeno humano universal.

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2.6 Elementos comuns das diversas religiões

A religião é geralmente definida como um sistema sociocultural de comportamentos e


práticas, moralidades, crenças, visões de mundo, textos considerados sagrados, lugares
santificados, profecias, ética ou organizações, que geralmente relacionam a humanidade com
elementos sobrenaturais, transcendentais e espirituais; no entanto, não há consenso acadêmico
sobre o que precisamente constitui uma religião (Otto, 1979).

Diferentes religiões podem ou não conter vários elementos que vão desde o divino, coisas
sagradas, fé, um ser sobrenatural ou seres sobrenaturais ou "algum tipo de ultimidade
e transcendência que fornecerá normas e poder para o resto da vida".As práticas religiosas podem
incluir rituais, sermões, comemoração ou veneração (de divindades e/ou santos), sacrifícios,
festivais, festas, transes, iniciações, serviços funerários,
serviços matrimoniais, meditação, oração, música, arte, dança, serviço público ou outros aspectos
da cultura humana. As religiões têm histórias e narrativas que podem ser preservadas em escrituras,
símbolos e lugares sagrados, que visam principalmente dar sentido à vida. As religiões podem
conter histórias simbólicas ou metafóricas, que às vezes são consideradas verdadeiras pelos
seguidores, que também podem tentar explicar a origem da vida, o universo e outros fenômenos.
Tradicionalmente, a fé, além da razão, tem sido considerada uma fonte de crenças religiosas.

Há uma estimativa de 10 mil religiões diferentes em todo o mundo. Cerca de 84% da população
mundial é afiliada ao cristianismo, islã, hinduísmo, budismo ou alguma forma de religião
popular.[11] A demografia religiosamente não afiliada inclui aqueles que não se identificam com
nenhuma religião em particular, ateus e agnósticos. Embora os religiosos não afiliados tenham
crescido globalmente, muitos deles ainda mantêm várias crenças religiosas.

Segundo (Otto, 1979), o estudo da religião compreende uma ampla variedade de disciplinas
acadêmicas, como teologia, religião comparada e estudos científicos sociais. As teorias da
religião oferecem várias explicações para as origens e o funcionamento da religião, incluindo os
fundamentos ontológicos do ser e da crença religiosos.

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2.7 A influência da religião no convívio social e político em relação aos primeiros homens
Podemos entender a religião como uma construção cultural das sociedades, pois “fundamenta as
exigências mais específicas da ação humana nos contextos mais gerais da existência humana”.
(Geertz, 2008).

Assim, podemos defini-la como um sistema de símbolos que atua para estabelecer poderosas,
penetrantes e duradouras disposições e motivações nos homens através da formulação de conceitos
de uma ordem de existência geral e vestindo essas concepções com tal aura de fatualidade que as
disposições e motivações parecem singularmente realistas (Geertz, 2008).

Existe uma imensa quantidade de documentos não escritos, como pinturas rupestres, sítios
arqueológicos, ossadas, fósseis, entre outros, que permitem estudar a ação dos seres humanos
primitivos que viveram há milhares de anos. Esses vestígios são tratados como fontes históricas.
(Pinto, 2013)

Estudando as evidências do homem na antiguidade percebe-se que desde os primórdios há


evidências da influência da religião no convívio social e político.

A religião antiga era constituída por diversas crenças, dentre as quais, o culto à morte merece o
maior destaque. A morte foi a primeira ideia acerca do sobrenatural e fez o homem confiar no que
não via, inserindo-o no mundo dos mistérios e assim, estabelecendo uma ideia primitiva de religião,
considerando o morto como um Deus e seu túmulo um templo.

Nesse sentido, Eliade (2010, p. 19) aponta que o homem primitivo geralmente fundamentava sua
religiosidade devido à crença na imortalidade da alma e que inúmeros achados arqueológicos
comprovam isso.

A religião na antiguidade se desenvolvia nas casas e não em templos como conhecemos hoje. O
culto era puramente doméstico, ademais, na religião antiga cada deus só poderia ser adorado por
uma única linhagem.

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O falecimento de um membro da família transformava aquela pessoa em uma espécie de Deus. Ao
parente morto prestavam-se homenagens periódicas, dirigiam-se orações e pedidos de ordem
prática, como a fartura de alimentos e de animais.

Neste sentido, bem esclarece Coulanges (2004) dizendo que “A família antiga é mais uma
associação religiosa do que uma associação natural”.

Assim como os mortos eram pensados como divinizados, o solo no qual eram sepultados também
era entendido como sagrado. Com este pensamento eram estabelecidas as primeiras características
da relação do homem com a propriedade, e também com outros institutos basilares para o Direito
como o casamento, a adoção e a sucessão que tiveram na religiosidade e seus primeiros
regramentos. Todos estes institutos eram disciplinados de modo a não permitir que os cultos se
misturassem ou se perdessem. (Ananias, 2016).

A propriedade teve seus contornos iniciais traçados pela acepção de sacralidade do solo. No
momento em que o falecido era enterrado, ocorria uma associação indissolúvel entre a família e a
terra sobre a qual estava estabelecida. Afinal, ali repousavam eternamente os deuses daquele núcleo
familiar. (Ananias, 2016).

As adorações eram dirigidas aos membros falecidos da família e também ao fogo sagrado situado
no interior da casa. Pode-se dizer que um era a expressão do outro. Ao Deus Lar eram dirigidos
preces e pedidos de sabedoria e castidade. Daí Coulanges (2004, P.44) afirmar inclusive que: “o
fogo do lar é uma espécie de ser moral”.

Não se pode negar que a relação sociopolítica interna das famílias primitivas. A sacralidade ditava
regras sociais, morais e políticas que faziam parte da cultura das famílias. Assim, havia o convívio
social e a crença no parente morto divinizado ou a responsabilidade dos que ficaram criava
autoridade do pater ou a função de cada membro da família em manter a forma social em que
viviam.

2.8 O Sagrado e o Profano


A ciência das religiões, como disciplina autônoma, tendo por objeto a análise dos elementos
comuns das diversas religiões afim de decifrar-lhes as leis de evolução e, sobretudo, precisar a
9
origem e a forma primeira da religião, é uma ciência muito recente (data do século XIX), e sua
fundação quase coincidiu com a da ciência da linguagem. Max Müller impôs a expressão “ciência
das religiões” ou “ciência comparada das religiões” ao utilizá-la no prefácio do primeiro volume
de sua obra Chips from a German Worshop (Londres, 1867).

É certo que o termo fora empregado esporadicamente antes (em 1852, pelo padre Prosper Leblanc;
em 1858 por F. Stie felhagen etc.), mas não no sentido rigoroso que Max Müller lhe deu e que,
desde então, passou a ser amplamente adotado Mas se a ciência das religiões, como disciplina
autônoma, só teve início no século XIX, o interesse pela história das religiões remonta a um
passado muito mais distante. Podemos localizar sua primeira manifestação na Grécia clássica,
sobretudo a partir do século V. Esse interesse manifesta se. por um lado, nas descrições dos cultos
estrangeiros e nas comparações com os fatos religiosos nacionais – intercaladas nos relatos de
viagens – e, por outro lado, na crítica filosófica da religião tradicional.

Heródoto (c. 484 c. 425 a.C.,) já apresentava descrições admiravelmente exatas de algumas
religiões exóticas e bárbaras (Egito, Pérsia. Trácia, Cítia etc.), e chegou até mesmo a propor
hipóteses acerca de suas origens e relações com os cultos e as mitologias da Grécia. Os pensadores
pré-socráticos, interrogando se sobre a natureza dos deuses e o valor dos mitos, fundaram a crítica
racionalista da religião.

Os deuses eram a personificação das forças da Natureza. Demócrito (c. 460-70), por sua vez, parece
ter se interessado singularmente pelas religiões estrangeiras, que, aliás, conhecia de fonte direta em
virtude de suas numerosas viagens: atribui se a ele, também, um livro Sobre as inscrições sagradas
da Babilônia, as Narrativas caldéias e Narrativas frigias. Platão (429-347) utilizava freqüentemente
comparações com as religiões dos bárbaros. Quanto a Aristóteles (384 322), foi o primeiro a
formular, de maneira sistemática, a teoria da degenerescência religiosa da humanidade (Metafisica,
XIL, capítulo 7), idéia que,foi retomada várias vezes posteriormente.

Teofrasto (372 287). que sucedeu a Aristóteles na direção do Liceu. pode ser considerado o
primeiro historiador grego das religiões: segundo Diógenes Laércio (V. 48), Teofrasto compôs uma
história das religiões em seis livros. A idéia de que certos deuses eram reis ou heróis divinizados
pelos serviços que haviam prestado à humanidade abria caminho desde Heródoto. Mas foi Evêmero
(c. 330 c. 260) que popularizou essa interpretação pseudo-histórica da mitologia em seu livro A

10
Inscrição Sagrada. A grande difusão do evemerismo deveu se, sobretudo, ao poeta Ennius (239-
169), que verteu para o latim A Inscrição Sagrada, aos polemistas cristãos, que mais tarde se
apoderaram dos argumentos de Evêmero. Com um método muito mais rigoroso, o erudito Políbio
(c. 210-205 c. 125) e o geógrafo Estrabão (c. 60 c. 25 d.C.) esforçaram-se por esclarecer o fundo
histórico que certos mitos gregos podiam encerrar.

A Renascença reencontra e revaloriza o paganismo, sobretudo graças à moda alegorista do


neoplatonismo. Marsilio Ficino (1433-1499) editou Porfírio, o pseudo Jâmblico, Hermes
Trismegisto e compôs uma Teologia platônica. Ficino considerava os últimos discípulos de Plotino
os mais autorizados intérpretes de Platão. Os humanistas supunham a existência de uma tradição
comum a todas as religiões, sustentando que o conhecimento desta bastava para a salvação e que,
em suma, todas as religiões eram equivalentes. Em 1520 aparece a primeira história geral das
religiões: Omnium gentium mores, leges et ritus, de Jean Boem, da ordem teutônica, em que se
encontravam descritas as crenças da África, da Ásia e da Europa.

Graças às descobertas feitas em todos os setores do orientalismo na primeira metade do século


XIX, e graças também à constituição da,filologia indo européia e da lingüística comparada, a
história das religiões atingiu seu verdadeiro impulso com Max Müller (1823 1900). Em Essay on
Comparative Mythology, que data de 1856 Müller abre uma longa série de estudos seus e dos
partidários da sua teoria. Müller explica a criação dos mitos pelos fenômenos naturais sobretudo
as epifanias do Sol e o nascimento dos deuses por uma “doença da linguagem”: o que,
originariamente, não passava de um nome, nomen, tornou-se uma divindade, numen. Suas teses
tiveram um sucesso considerável e só perderam a popularidade pelos fins do século XIX depois
dos trabalhos de W. Mannhardt (1831 1880) e Edward Burnett Tylor (1832 1917). W Mannhardt,
em seu livro Wald und Feldkulte (1875 77), mostrou a importância da “baixa mitologia”;
sobrevivente ainda nos ritos e nas crenças dos camponeses. Segundo ele, essas crenças representam
um estágio da religião mais antigo do que as mitologias naturistas estudadas por Max Müller

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Conclusão
Conclui-se que a fenomenologia enquanto método filosófico não só é capaz de proporcionar e
estabelecer uma abordagem “diferenciada” aos clássicos problemas filosóficos e científicos como,
também, auxiliar o estudo da religião. À este feito, dá-se o nome de fenomenologia da religião. A
fenomenologia da religião constitui um instrumento privilegiado para o estudioso, bem como para
o trabalho teológico. Permite, de forma significativa, elencar e examinar as estruturas das vivências
religiosas do indivíduo e das vivências pertencentes aos grupos e comunidades, levando os
pesquisadores à relevante tarefa de poder “individualizar”, de forma transcendental, os aspectos
religiosos essenciais presentes no âmbito cultural. Assim, pode-se afirmar que cabe à
fenomenologia da religião iluminar tanto as estruturas internas dos fenômenos religiosos
(referência ao âmbito das culturas), bem como compreender e interpretar o relacionamento do
indivíduo humano (referência à interioridade) com a potência misteriosa. Pode-se tentar
compreender a religião sobre uma superfície plana, partindo de nós. Podemos ainda representar
como que a essência da religião só se deixa compreender como descendo do alto, de Deus. Em
outros termos, podemos considerar a religião como experiência vivida compreensível - da maneira
indicada acima; ou fazê-la valer como revelação não-compreensível. A experiência vivida (na sua
"reconstrução") é um fenômeno. A revelação não o é; mas a resposta que o homem dá à revelação,
o que ele diz do que é revelado, isto também é um fenômeno, permitindo concluir indiretamente
que há a revelação

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