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Universidade católica de Moçambique

Instituto de Educação à Distância

A revelação divina

Licenciatura em Ensino de Geografia

Nome:

II ano

Maputo, Novembro 2022


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Referências edição em
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Bibliográficas citações e
bibliográficas
bibliografia
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índice
Introdução........................................................................................................................................4

1. A revelação divina.......................................................................................................................5

1.1. Conceito Revelação...............................................................................................................5

1.2. Conteúdos da revelação........................................................................................................5

1.3. Transmissão da Revelação divina.........................................................................................6

2. Revelação no Novo Testamento...............................................................................................7

2.1. Evento Cristo.........................................................................................................................7

3. As correntes face a revelação..................................................................................................8

Conclusão......................................................................................................................................11

Referências Bibliográficas.............................................................................................................12

Introdução
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“Naquele tempo falou Jesus, dizendo: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu
e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e entendidos, e as
revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, porque assim foi do teu agrado.
Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece
plenamente o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho quiser revelar”
Mateus. 11:25-27
O presente trabalho de pesquisa versa sobre a concepção da revelação de Deus na história.
Enfatiza um repensar contínuo da percepção de Deus como condição para a realização humana, à
luz do pensamento de teológico. Circunscreve-se a uma preocupação com a fé diante da
sensibilidade do homem hodierno, com atenção à situação cultural, nascida a partir da
modernidade. Busca-se compreender a concepção tradicional de revelação; discorrer sobre a
teologia da revelação divina em Jesus, como rica alternativa para estabelecer comunicação com a
sociedade hodierna.
Assim, Deus se dirige ao homem num diálogo de amor. Esta revelação, que procede do amor de
Deus, persegue também uma obra de amor: Deus quer que o homem se introduza na sociedade
de amor que é a Trindade. Pela revelação, Deus vence a distância infinita que separa o Criador
da criatura. Para a realização deste trabalho foi adoptado a pesquisa exploratória: Feita a partir do
levantamento de referências teóricas já analisadas e publicadas (Gil, 2008).
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1. A revelação divina

1.1. Conceito Revelação


Segndo o Catecismo 2 (50-73) a Revelação é mais do que comunicação de leis, de preceitos e de
informações. Deus, em sua bondade e condescendência, se aproxima para se revelar e se doar ao
homem e para lhe revelar o seu desígnio de salvação.
A revelação divina é auto-revelação e autodoação.
O que Deus revela não é algo alheio ao próprio Deus. O objecto da revelação não é
primeiramente um conjunto de ideias e de doutrinas, mas é o próprio Deus: Ele mesmo se revela.
Assim o sujeito e o objecto da revelação coincidem. Por isso usa-se o termo auto-revelação.
Revelação não é mera comunicação de proposições e mensagens. Se fosse só isso, bastaria para
Deus usar o e-mail ou o facebook. A revelação divina, porém, é a comunicação da própria vida
de Deus. Ao se revelar, Deus se comunica a si mesmo ao homem. O que Deus dá na sua
revelação é a si mesmo. Por isso diz-se que a revelação é autodoação. Entende-se por revelação
o acto de tirar o véu que cobre uma realidade, o acto de tornar acessível uma verdade até então
velada ou oculta. Este conceito é usado para indicar a realidade ampla que constitui o dado de fé
que nos é oferecido no Evento Jesus Cristo.
A revelação é uma actividade pessoal de Deus. Não é uma acção necessária ou um processo
involuntário de Deus, como uma emanação. Como acção pessoal, Deus empenha seu próprio ser
e inclui a si mesmo na revelação. Além disso, a revelação é um gesto de amor no qual o Deus
transcendente condescende para se fazer próximo do homem e para o chamar à comunhão
consigo.
Ao mesmo tempo que se revela a si mesmo, Deus manifesta ao homem o seu desígnio de
salvação. A revelação é uma verdade e uma realidade salvadora.

Para Subira (2005) a revelação é a remoção da nossa limitação natural para que, através de
entendimento espiritual possamos conhecer e entender verdades antes ocultas.

1.2. Conteúdos da revelação


Segundo o Manual de FTC (S/d) a Constituição Dogmática sobre a Revelação divina no seu
número dois condensa o conteúdo da Revelação na Economia da Salvação6 nos seguintes
termos: “Aprouve a Deus, na sua bondade e sabedoria, revelar-se a si mesmo e tornar conhecido
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o mistério da sua vontade, por meio do qual os homens, através de Cristo, Verbo Incarnado, têm
acesso ao Pai no Espírito Santo e n’Ele se tornam participantes da natureza divina” (Concílio
Vaticano II, Dei Verbum, 2) Está claro que é livre iniciativa de Deus o acto de se revelar.
O movente da tal liberdade é a sua bondade e sabedoria. Era natural que Deus que é suma
bondade não permanecesse fechado em si mesmo eternamente. E a sabedoria sempre move para
o bem. A intenção do acto é salvífica, porque é para que os homens tenham acesso ao Pai pelo
Espírito. Deus faz-se conhecer para o homem entrar no mundo de Deus.
A revelação divina concretiza-se por meio de palavras e acções intimamente ligadas entre si ao
longo da história da salvação. Mas a revelação plena acontece na pessoa de Cristo que é o
mediador e o agente do projecto de revelação do Pai. Ele é o mediador porque é o enviado, é o
agente porque Ele mesmo é Deus em acção.

1.3. Transmissão da Revelação divina


Cristo mandou os Apóstolos que pregassem a todos os homens o Evangelho, prometido pelos
profetas e por ele cumprido e promulgado pela sua própria boca, como fonte de toda a verdade
salvadora e de toda a disciplina de costumes, comunicando-lhes assim os dons divinos (Concílio
Vaticano II, Dei Verbum, 7). Os Apóstolos foram fiéis ao mandato e anunciaram o Evangelho
com palavras e a própria vida. (Manual de FTC I, S/D).

Para que o Evangelho permanecesse para sempre integro e vivo na Igreja, os Apóstolos deixaram
os Bispos como seus sucessores, “entregando-lhe o seu próprio magistério” (Irineu, III,3).
Portanto, a sagrada Tradição e a Sagrada Escritura de ambos os Testamentos são como que um
espelho, no qual a Igreja, peregrinando na terra contempla a Deus, de quem tudo recebe, até
chegar a vê-lo face a face, tal qual Ele é (1Jo 3,2). Assim a sucessão Apostólica ininterrupta ou a
sagrada Tradição é a garantia da integridade do depositum fidei.
No ensinamento dos padres conciliares, a sagrada Tradição e a sagrada Escritura, estão
intimamente unidas e aglutinadas entre si; porque brotando ambas da mesma fonte divina,
reúnem-se num mesmo caudal e tendem para o mesmo fim. A Sagrada Escritura é a Palavra
enquanto redigida sob a inspiração do Espírito Santo; a sagrada Tradição, por sua vez, transmite
integralmente aos sucessores dos Apóstolos a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e o
Espírito Santo aos Apóstolos para que eles com a luz do Espírito de verdade, a guardem,
exponham e difundam fielmente na sua pregação (Concílio Vaticano II; O.c.,9).
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2. Revelação no Novo Testamento

2.1. Evento Cristo


Segundo Pinho (1998) o dado elementar da experiência cristã é a convicção crente do carácter
único e definitivo da revelação de Deus em Jesus Cristo, uma convicção que se expressa no
Novo Testamento em muitoslugares e de vários modos. Entre muitos outros textos possíveis,
tomemos como exemplo a passagem de Heb 1, 1: «Depois de ter antigamente falado, muitas
vezes e de muitas maneiras, aos nossos pais pelos profetas, Deus falou-nos nestes últimos dias
pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo e por quem igualmente criou o mundo» Em Jesus
Cristo os cristãos reconhecem a revelação escatológica, irreversível e insuperável de Deus, a
comunicação pessoal absoluta e definitiva de Deus a este mundo. Na pessoa e na vida de Jesus
de Nazaré Deus não manifesta apenas uma qualquer intenção de salvar a humanidade, mas faz
presente na história, de modo irrevogável, essa sua vontade salvífica universal, ou seja, Deus dá-
se e comunica-se por inteiro para que a humanidade possa encontrar a salvação.

Esta pretensão cristã de que a plenitude da revelação se encontra em Jesus Cristo, sua vida, morte
e ressurreição, radica no mistério da incarnação. Na incarnação do Filho de Deus a fé vê não só o
cumprimento efectivo da promessa da salvação feita por Deus à humanidade, mas a criação de
uma situação definitiva na história da salvação: em razão da união hipostática dá-se um facto
histórico-salvífico que não pode ser superado, isto é, na humanidade histórica de Jesus, na sua
vida e no seu destino, estamos diante da própria realidade de Deus que se exprime no mundo em
figura definitiva. Em comparação com os profetas seus antecessores, Jesus não fala apenas de
Deus, mas ele próprio é o falar de Deus, «é em si mesmo e na sua totalidade a Palavra de Deus,
que se fez um de nós». Há que afirmar, pois, que «a encarnação do Logos de Deus é, em razão da
sua própria essência, o acontecimento definitivo e inultrapassável e, em consequência, o ponto
culminante absoluto da história da salvação. Deste modo resulta impossível de antemão a
existência de uma realidade salvífica nova e absoluta que possa proporcionar à história da
salvação outro fundamento último, outra origem e outro fim (Pinho, 1998).
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2.1.1. Quem é Jesus


Na história da humanidade foram várias e diferentes as respostas dadas a esta pergunta. Ainda
Jesus vivia e esta pergunta foi feita por Ele aos seus discípulos. As respostas dos discípulos
foram várias: «E aconteceu que, estando ele só, orando, estavam com ele os discípulos; e
perguntou-lhes, dizendo: Quem diz a multidão que eu sou?
E, respondendo eles, disseram: João o Batista; outros, Elias, e outros que um dos antigos profetas
ressuscitou. E disse-lhes: E vós, quem dizeis que eu sou? E, respondendo Pedro, disse: O Cristo
de Deus.» (Luc 9, 18-21)
Depois da morte e da ressurreição de Jesus a pergunta sobre a identidade de Jesus contínua
pertinente. Um olhar sobre as respostas dadas ao longo da história, é útil para a compreensão do
mistério que encerra a figura de Jesus.

3. As correntes face a revelação


Segundo o Manual de FTC I (S/D) Uma das características da fé da época patrística é o
monoteísmo radical e o gnosticismo. O Monoteísmo radical afirma a unidade de Deus e vê na
afirmação da Trindade um grave risco para a unicidade de Deus. E o Gnosticismo: movimento
religioso sincretista – oferece a salvação por meio do conhecimento. Buscando submeter à razão,
o Mistério revelado. A preocupação excessiva pelo monoteísmo radical, gerou respostas erróneas
chamadas heresias. São assim chamadas pelo Magistério da Igreja para distingui-las das
respostas correctas sobre a identidade de Jesus.
Descrição de algumas heresias:

a) Gnosticismo (séc I-II)


É uma corrente de pensamento dualista: preocupa-se com a redenção e salvação entendidos
como libertação da existência material e corpórea. Rejeita tudo o que tem relação com o corpo e
com a sexualidade – dimensões que pertencem ao mundo decaído, segundo os gnósticos. Este
pensamento não admite a ideia de encarnação de Deus em Jesus Cristo.
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b) Docetismo (séc II)


Esta corrente de pensamento não reconhece o corpo real de Jesus nem a sua humanidade. Os
expoentes deste pensamento falam de Jesus como tendo um corpo aparente ou apenas espiritual.
Eles também negam a possibilidade da encarnação do Verbo e fazem do sofrimento na cruz uma
ilusão.

c) Adocionismo (séc II)


Corrente que prega que Jesus é filho adoptivo de Deus. Cristo é visto como um simples homem
sobre o qual desceu o Espírito de Deus. Sustenta que até o seu baptismo Jesus viveu a vida de um
homem ordinário embora supremamente virtuoso. Os milagres por ele praticados seriam a prova
de que o Espírito Santo ou o Cristo desceram sobre ele sem que ele seja divino.

d) Monarquismo (séc III)


Teoria que reivindica a unidade absoluta de Deus. (um só princípio). Duas correntes principais:
Patripassionistas e modalistas – Patripassionistas afirmam que é o Pai que sofre na cruz.
Modalistas afirmam que Jesus é chamado filho apenas para significar em Deus esta modalidade
segundo a qual ele encarna, sofre e morre.

e) Arianismo (séc IV, 318)


Dizia que Jesus era inferior ao Pai e ensinava que Jesus era “semelhante” ao Pai, e não Deus
como o Pai, pois Cristo havia dito: ” O Pai é maior do que eu” (Jo 14, 28), referindo-se à sua
condição humana, como “servidor” do Pai na Redenção da humanidade. Portanto Jesus é uma
criatura, e não Deus, como o Pai Criador.

f) Apolinarismo:
Dizia que Jesus não tinha alma humana, a pessoa divina do Filho de Deus supria a falta de uma
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alma humana em Jesus Cristo. Esta posição se justificava pelo facto de pensar que a alma
humana era pecaminosa. E Jesus, por ser filho de Deus, não podia ter alma humana. Esta viria a
“manchar” a divindade de Cristo.

g) Nestorianismo
Partindo do princípio de que Jesus tem duas naturezas (humana e divina), em Cristo há também
duas pessoas: uma Pessoa humana unida à Pessoa divina. Assim umas coisas eram feitas por
Jesus- Deus e outras por Jesus-Homem. Maria não seria Mãe de Deus, mas apenas Mãe de Jesus-
Homem.
O erro estava nisto: Jesus tem duas naturezas, mas uma só pessoa. A natureza humana é
assumida pela Pessoa Divina do Filho de Deus. Essa união chama-se união “hipostática”. O
sujeito ou agente da acção é a pessoa, não a natureza.

h) Monofisimo
Dizia que, em Cristo, havia uma só natureza. A natureza divina “absorvia a natureza humana.
Era como se Jesus tivesse só a natureza divina. Sua heresia chamou-se monofisismo, que
significa uma só natureza.

i) Monotelismo
Ensinava que em Cristo há uma só vontade divina. Desaparecia, assim, o “querer humano” de
Jesus. Em 681, com o terceiro concílio de Constantinopla, foi encerrada a questão: Ficou
definido que Jesus tem vontade divina e vontade humana.
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Conclusão
Feito o trabalho foi possível constatar que o homem deseja encontrar Deus, e Deus quer
estabelecer com o homem uma relação de intimidade e de comunhão de vida. Mas esse encontro
entre Deus e o homem não se dá como uma imposição ou uma acção que invade e destrói a
dignidade humana. Deus tampouco quer que a relação com Ele seja uma absorção ou assimilação
da nossa humanidade. A comunhão com Deus não consiste na diminuição da nossa humanidade.
Pelo contrário, é a plena realização de suas aspirações mais autênticas e verdadeiras.

Podemos concluir também que a Revelação divina é a característica peculiar da nossa fé cristã.
De fato, o cristianismo não é mera religião formada de ritos, mitos e normas morais, tampouco é
religião do livro. O cristianismo vive da experiência histórica da manifestação pessoal de Deus.
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Referências Bibliográficas
 Pinho, José Eduardo Borges De (1998). A revelação concluída com a época apostólica.
Didaskalia;
 Nobre, José Aguiar (2017). A revelação divina hoje: uma percepção do agir de Deus na
história a partir do pensamento de Andrés Torres Queiruga. Tese (doutorado) – Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Teologia;
 Subirá, Luciano (2005). O conhecimento revelado. 3a. Edição;
 Manual de Fundamentos de Teologia Católica I (S/D). Fundamentos de Teologia Católica
I.Beira: UCM;
 Catecismo 50-73 (S/D). A revelação de Deus.

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