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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Tema:
A Revelação Divina

Nome e Código do Estudante


Faustina Lobo Rocha Segurar
708212820

Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia


Disciplina: Fundamentos de Teologia
Ano de Frequência: 2º

Milange, Outubro, 2022


Folha de Feedback
Classificação
Categorias Indicadores Padrões Pontuação Nota do
Subtotal
Máxima Tutor
 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura
organizacionais  Discussão 0.5
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)
Introdução  Descrição dos
1.0
objectivos
 Metodologia adequada
2.0
ao objecto do trabalho
 Revisão bibliográfica
Conteúdo nacional e
internacionais 2.0
Análise e relevantes na área de
discussão estudo
 Exploração dos dados
2.0

 Contributos teóricos
Conclusão 2.0
práticos
 Paginação, tipo e
Aspectos tamanho de letra,
Formatação 1.0
Gerais paragrafo, espaçamento
entre linhas
Normas APA 6ª  Rigor e coerência das
Referências edição em citações/referências 4.0
Bibliográficas citações e bibliográficas
bibliografia
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice
1. Introdução................................................................................................................................. 1

1.1. Objectivos ......................................................................................................................... 2

1.1.1. Geral .......................................................................................................................... 2

1.1.2. Específicos ................................................................................................................. 2

1.2. Metodologia ...................................................................................................................... 2

2. Revelação divina ...................................................................................................................... 3

2.1. Definição da Revelação Divina ........................................................................................ 3

2.2. Os Conteúdos da Revelação Divina .................................................................................. 3

2.3. As Etapas da Revelação Divina ........................................................................................ 4

3. Revelação no Novo Testamento ............................................................................................... 6

3.1. A Dimensão Trinitária da Criação .................................................................................... 6

3.2. A Revelação em Abraão, Moisés e profetas ..................................................................... 6

4. As correntes face a revelação ................................................................................................... 8

4.1. A Lei; o Profetismo e a Sabedoria .................................................................................... 8

5. Conclusão ................................................................................................................................. 9

6. Referencias Bibliográficas ..................................................................................................... 10


1. Introdução
Sabemos que a revelação1 divina acontece no dinamismo da história. E para captarmos a sua
manifestação, não temos porque chegar a Deus, pela simples razão de que Ele já está sempre
connosco. Não se trata de usar um meio, mas de suprimir obstáculo. Não necessitamos ir buscá-
Lo, porque Ele está se manifestando a nós sempre. Limitado pela história, o finito nunca captará,
em sua totalidade, o Infinito. Nessa perspectiva, reflectiremos este tema da Revelação de Divina a
partir da compreensão do mundo hoje.

Depois de constatar que o homem busca Deus, o Catecismo introduz o tema da Revelação divina.
A ordem desses temas (a busca do homem e a revelação divina) não é casual: a busca do homem
alcança o seu objectivo porque o próprio Deus vem ao encontro do homem. Sem essa iniciativa
divina, o encontro com Deus não seria possível, pois este habita em luz inacessível.

O presente trabalho tem por objectivo falar da Revelação Divina. A Revelação é mais do que
comunicação de leis, de preceitos e de informações. Deus, em sua bondade e condescendência, se
aproxima para se revelar e se doar ao homem e para lhe revelar o seu desígnio de salvação. A
revelação divina é auto-revelação e autodoação.

O trabalho está estruturado da seguinte estrutura: capa; Folha de Feedback; Folha para
recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor; índice; introdução; objectivos;
metodologia; análise e discussão (desenvolvimento); considerações finais (conclusão); e
referencias bibliográficas.

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1.1.Objectivos
1.1.1. Geral
 Falar da Revelação Divina

1.1.2. Específicos
 Definir o conceito de revelação divina;
 Identificar os conteúdos e as etapas da revelação divina;
 Explicar a revelação no novo testamento;
 Mencionar as correntes face a revelação divina.

1.2.Metodologia
Para o desenvolvimento do presente trabalho foi utilizada a metodologia de pesquisa
bibliográfica, utilizando a abordagem qualitativa, que é uma técnica de pesquisa que utiliza como
base de dados conteúdos materiais já publicados em revistas, livros, artigos e teses, assim como
também materiais disponíveis na internet.

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2. Revelação divina
2.1.Definição da Revelação Divina
De acordo com Vieira (2012), a revelação de Deus é a forma pela qual Ele se deixa conhecer. Em
outras palavras, Deus resolveu permitir que os homens tivessem conhecimento de Sua existência,
do Seu carácter e de Sua vontade através de sua auto-revelação. Vieira (2012) afirma ainda que:

Revelar significa desvelar o que está encoberto. Então uma revelação é um ato de deixar-
se ver, de manifestar-se, de descobrir-se, de tornar claro ou exposto o que está oculto.
Portanto, a revelação de Deus é a Sua auto-manifestação aos homens num nível em que o
conhecimento sobre Ele se torna possível. R. C. Sproul explica que nós não podemos
contemplar Deus com os nossos olhos, mas podemos conhecê-lo por meio da revelação,
pois Ele removeu o véu que O ocultava de nós (p. 13).

Para Giordano (2001) é importante entender correctamente o conceito da revelação de Deus para
que se tenha em mente que essa revelação parte d‟Ele para nós, e não o contrário. Em outras
palavras, Ele é quem se revela, e não nós que O descobrimos. De acordo com Giordano (2001):

Louis Berkhof diz que ao longo do tempo tornou-se comum falar do descobrimento de
Deus feito pelo homem, como se o homem alguma vez O tivesse descoberto. Em qualquer
estudo científico o homem se coloca acima do objecto de sua investigação, e activamente
extrai dele o seu conhecimento pelo método que lhe pareça mais apropriado. Mas quando
se trata do conhecimento de Deus, esse tipo de abordagem não se sustenta. O
conhecimento de Deus não é fruto de um ensaio em laboratório cujo objecto de pesquisa é
o próprio Deus. Na verdade se temos conhecimento de Deus é porque Ele próprio nos deu
esse conhecimento, ou seja, Deus transmite conhecimento de si próprio ao homem (p. 25).

Por isso falamos em revelação de Deus, pois sem a revelação jamais seriamos capazes de obter
qualquer conhecimento de Deus. Berkhof ainda completa dizendo que mesmo depois de Deus
ter-se revelado objectivamente ao homem, não é a razão humana que descobre Deus, mas é Deus
que se descerra aos olhos da fé (Giordano, 2001).

2.2.Os Conteúdos da Revelação Divina


Para Vidal (2003), o povo de Israel, sob inspiração e mandato de Deus, no decorrer dos séculos,
pôs por escrito o testemunho da Revelação de Deus em sua história, relacionando-a directamente
com a revelação do único e verdadeiro Deus, feita aos nossos Pais. Através da Sagrada Escritura,
as palavras de Deus se manifestam com palavras humanas, até assumir, no Verbo Encarnado, a
própria natureza humana.

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Além das Escrituras de Israel, acolhidas pela Igreja, e conhecidas como Antigo ou Primeiro
Testamento, os Apóstolos e os primeiros discípulos também puseram por escrito o testemunho da
Revelação de Deus, tal e como se realizou em seu Verbo, de cuja vida terrena foram testemunhas,
de modo particular do mistério pascal de sua morte e ressurreição, dando assim origem ao Novo
Testamento (Concílio Vaticano II, 2002).

A Constituição Dogmática sobre a Revelação divina no seu número dois condensa o conteúdo da
Revelação na Economia da Salvação6 nos seguintes termos: Aprouve a Deus, na sua bondade e
sabedoria, revelar-se a si mesmo e tornar conhecido o mistério da sua vontade, por meio do qual
os homens, através de Cristo, Verbo Incarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e n‟Ele se
tornam participantes da natureza divina (Concílio Vaticano II, 2002).

Está claro que é livre iniciativa de Deus o acto de se revelar. O movente da tal liberdade é a sua
bondade e sabedoria. Era natural que Deus que é suma bondade não permanecesse fechado em si
mesmo eternamente. E a sabedoria sempre move para o bem. A intenção do acto é salvífica,
porque é para que os homens tenham acesso ao Pai pelo Espírito. Deus faz-se conhecer para o
homem entrar no mundo de Deus (Concílio Vaticano II, 2002).

A revelação divina concretiza-se por meio de palavras e acções intimamente ligadas entre si ao
longo da história da salvação. Mas a revelação plena acontece na pessoa de Cristo que é o
mediador e o agente do projecto de revelação do Pai. Ele é o mediador porque é o enviado, é o
agente porque Ele mesmo é Deus em acção (Concílio Vaticano II, 2002).

2.3.As Etapas da Revelação Divina


Vieira (2012) diz que, chamamos etapas da Revelação os diferentes momentos nos quais as
verdades sobre Deus foram reveladas à humanidade. Sabendo que o homem é capaz de Deus,
pois recebeu Dele uma racionalidade e que, embora tenha sofrido com o pecado original, esta
racionalidade não foi totalmente deturpada, pois, caso isso tivesse acontecido, o homem seria
incapaz de ouvir Deus. E essas etapas são:

 Deus se revela na Criação: um dos aspectos nos quais Deus se revelou ao homem é
como o Deus criador. Este aspecto da revelação é comum às três grandes religiões: o
judaísmo, o cristianismo e o Islão.

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 Conceito de Criação: o termo criação é um conceito propriamente teológico de fé
judaico-cristão e trata do conjunto de todos os seres com o sinónimo de criaturas.

De acordo com Vieira (2012), a criação é o fundamento de todos os divinos desígnios salvíficos,
e manifesta o amor omnipotente e sapiente de Deus; é o primeiro passo para a aliança do único
Deus com o seu povo; é o início da história da salvação que culmina em Cristo; é a primeira
resposta às interrogações fundamentais do homem acerca da própria origem e do próprio fim.

 Deus é o Criador: a omnipotência de Deus tem como última consequência a sua


actividade criadora, ou mais exactamente, a criação do nada.

O evento da criação é apresentado como criação mediante a palavra: Ele cria pela sua palavra. A
ideia da criação do nada, ou seja, do nada tudo proveio, vem da expressão Creatioexnihil,
expressão que se encontra na boca da mãe dos filhos Macabeus. Deus cria livremente, sem
necessidade alguma, sem coacção alguma. No entanto, a expressão creatio ex nihil indica um
limite. O nihil é limite do nada, i. é.do puro nada. A preposição “de” não aponta para algo
preexistente, mas exclui toda matéria (Vieira, 2012).

 Cristo princípio, centro e fim da criação: a história iniciada com a criação tem o seu
ponto culminante naquele constituído por Deus pela ressurreição, Cristo, Palavra que
ultimamente Deus falou (Hb1,1) e inclui em si a palavra sobre a natureza da criação.

Cristo é identificado como salvador e posteriormente inserido na dimensão cósmico-criadora e, a


Criação que já havia recebido a função histórico-salvífica passa a uma conotação cristológica:
Cristo é, ao mesmo tempo, como princípio, o centro e o fim da criação. Com a Sua presença, a
Criação assume novas dimensões da nova criação (Vieira, 2012).

 Dificuldades e objecções: a doutrina da criação suscitou sempre grandes dificuldades e


objecções no decurso do tempo no âmbito do seu desenvolvimento. Foi negada a criação
como obra de Deus.

Segundo Conte (1994), refere-se que para além do ateísmo científico que a partir da teoria da
explosão primordial diz o mundo ter um longínquo começo em que todas as radiações e toda a
matéria estavam numa bola primordial de fogo, e do materialismo dialéctico, encontramos outros

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escolhos contra os quais sempre embate a reflexão da Igreja, no que toca à doutrina da criação.
Santo Irineu afirmou que a criação é uma iniciativa do Pai: A vontade de Deus Pai é o substrato
de todas as coisas. O Deus criador é o Pai de Jesus Cristo e toda a Trindade opera na criação.
Para ele, há somente um Deus em quem tudo tem origem.

3. Revelação no Novo Testamento


3.1.A Dimensão Trinitária da Criação
De acordo com Frosini (2011), na concepção cristã, a criação do mundo é um acontecimento
trinitário: o Pai cria pelo Filho e no Espírito santo. Durante muito tempo, a tradição teológica
compreendeu a criação como obra do Pai, Senhor de sua criação (monoteísmo). Posteriormente,
desenvolveu-se uma doutrina especificamente cristológica da criação, com ênfase na criação
através da Palavra. Ainda segundo o autor, refere-se que

O CIC 229 Insinuada no Antigo Testamento, revelada na Nova Aliança, a acção criadora
do Filho e do Espírito Santo, inseparavelmente unida à do Pai, é claramente afirmada pela
regra de fé da Igreja existe um só Deus. Ele é o Pai, o Criador, o Autor, o Organizador.
Ele fez todas as coisas por Si próprio, quer dizer, pelo seu Verbo e pela sua Sabedoria,
pelo Filho e pelo Espírito Santo que são como as suas mãos (Santo Ireneu). A Criação é a
obra comum da Santíssima Trindade (p. 124).

3.2.A Revelação em Abraão, Moisés e profetas


O projecto da revelação obedeceu um plano. A seu tempo Deus chamou Abraão, para fazer dele
um grande povo, povo esse que depois dos Patriarcas, ensinou por meio de Moisés e dos Profetas
para que o reconhecessem como único Deus, vivo e verdadeiro, Pai providente e justo juiz, e para
que esperassem o Salvador prometido. De acordo com Fisichella (2002), refere-se que:

Deus se revelou primeiro a Abraão, em seguida a Moisés, sucessivamente aos


profetas e quando chegou a plenitude dos tempos, depois de ter falado muitas
vezes e de muitos modos falou por meio do seu Filho, Jesus Cristo (Heb 1,1-2), o
profeta por excelência. Neste projecto estão envolvidos a palavra, o encontro, a
experiência num percurso histórico. Os padres conciliares não deixam margens
para dúvidas que a economia cristã, como nova e definitiva aliança, jamais
passará, e não se há-de esperar outra revelação pública antes da gloriosa
manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo (p. 81).
Abraão respondeu à chamada de Deus e obedeceu ao seu projecto partindo sem saber para onde
ia (Gen 12). Confiou-se aos desígnios de Deus. O resultado dessa sua confiante abertura é ser pai
de um grande povo. É nosso pai na fé. É patriarca, isto é, arquétipo da fé. O Deus que se revela

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em Abraão é o Deus da promessa. Um Deus que promete e cumpre a sua promessa de salvação
(Fisichella, 2002).

Deus revelou se a Moisés oferecendo a libertação ao povo escravo no Egipto. O


Seu nome Sou Aquele que Sou revela uma solicitude de liberdade para o ser
humano. Por isso o Deus de Moisés é o Deus Libertador. Os Profetas foram um
momento importante na revelação de Deus. Eles testemunham o cuidado de Deus
pela justiça no seio da humanidade. Eles aparecem como os defensores dos pobres
e dos vulneráveis da sociedade (Fisichella, 2002).
Assim se revela um Deus que toma partido dos pobres e injustiçados. Nos últimos tempos Deus
se revelou em Jesus Cristo como o centro e o ponto definitivo da história de Salvação. A Lei e os
profetas são orientados a ele e somente nele encontram pleno cumprimento. De facto toda a vida
de Jesus foi marcada por eventos que revelam algo transcendente. O seu Baptismo, a sua
pregação, os milagres, a sua morte por amor e finalmente a sua gloriosa Ressurreição só podem
ser revelação de Deus (Fisichella, 2002).

Os Sinópticos descrevem a actividade reveladora de Jesus com os verbos pregar e ensinar.


Jesus pregou o reino de Deus e testemunhou com a sua própria vida: “Convertei-vos
porque o reino de Deus está próximo” (Mt 4, 17). No Evangelho de São João Jesus é o
Logos como sinónimo de Palavra de Deus. Deus não fez ouvir a sua voz mas a sua palavra
que se pode reconhecer somente em Cristo (Jo 5, 37-38). A invisibilidade do Pai torna-se
visível na glória do Filho, pois este é o unigénito, isto é, o único que possui a vida mesma
do Pai, o único que pode revelar o Pai dada a sua preexistência junto de Deus (Jo 1,1-2)
(Fisichella, 2002).

Com S. Paulo pode se afirmar que quando chegou a plenitude dos tempos Deus enviou o seu
Filho nascido duma mulher para resgatar aqueles que estavam sob o domínio da Lei, para que
recebessem a adopção de filhos (Gal 4,4-5). Paulo identifica o tempo último esperado com o
tempo e a história de Cristo. Na carta aos Hebreus Deus que tinha já falado nos tempos antigos
muitas vezes e de muitos modos aos pais por meio dos profetas, ultimamente, nestes dias, falou a
nós por meio do Filho que constitui herdeiro de todas as coisas e por meio do qual fez também o
mundo (Heb 1, 1-2).

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4. As correntes face a revelação
4.1.A Lei; o Profetismo e a Sabedoria
A primeira corrente, a lei, cuja função é ditar modelos de conduta para Israel, entre as três, essa
corrente, ou fonte, é o melhor exemplo de revelação preservado na tradição e codificado na
escrita. Moisés não teve sucessores, mas os sacerdotes como os intérpretes da lei foram porta-
vozes da vontade revelada de Iahweh (Concílio Vaticano II, 2002).

O profetismo constitui a segunda corrente que marca a revelação como recepção da palavra. O
profeta experimenta e interpreta, pela palavra, as acções de Iahweh na natureza e na história. Essa
interpretação se dá graças à sua intuição mística. Ele descobre a vontade e os planos de Iahweh e
orienta Israel para esse fim (Concílio Vaticano II, 2002).

A sabedoria constitui a terceira, e, talvez, a mais elementar dessas correntes. No entanto ela não
deixa de ser um carisma importante adquirido como presente divino que trata da vontade de
Iahweh para Israel. Os textos sapienciais apresentam a sua contribuição a uma teologia da
revelação ao enfatizar a gratuidade de uma Sabedoria que, sem ser „revelada‟ no sentido técnico,
vem ao homem do além de Si mesmo. Se Deus se manifesta por sua criação, a sabedoria é o
vector privilegiado desta manifestação (Concílio Vaticano II, 2002).

Essas três correntes constituem o conjunto da automanifestação de Iahweh como Senhor


da história. Ele é Aquele que oferece uma conduta sábia que regula a fé e a vida israelita.
O resultado da revelação no AT deve, pois, ser visto como conhecimento da realidade
pessoal viva e activa de Iahweh, de como Ele é e age ao longo da história. Para a teologia
do AT, já estava, pois, claro que seria impossível ao homem conhecer a Deus sem que Ele
se desse a conhecer, ou seja, só se conhece a Deus quando Ele quer se revelar. E, de sua
parte, Ele se dá a conhecer de diferentes maneiras. Ele se desvela nos altos feitos
cumpridos em benefício de Israel. O testemunho de Deus se dá a si mesmo, estrutura um
povo que conhece a vontade de Deus (Concílio Vaticano II, 2002).

A novidade específica do conceito de revelação no AT, sob o prisma histórico, centra-se no fato
de que, com a ruptura da sacralidade cósmica, o contexto tradicional dos fenómenos revelados
apoia-se na história, na Palavra, na fé e nas acções éticas como os principais meios de encontro
com o Transcendente. Nessa configuração, as teofanias e os determinados fenómenos de
revelação reivindicam a fé de Israel e a livre relação Deus-homem na dialéctica do chamado-
resposta (Concílio Vaticano II, 2002).

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5. Conclusão
Conclui-se que, a revelação de Deus é a forma pela qual Ele se deixa conhecer. Em outras
palavras, Deus resolveu permitir que os homens tivessem conhecimento de Sua existência, do
Seu carácter e de Sua vontade através de sua auto-revelação.

Revelar significa desvelar o que está encoberto. Então uma revelação é um ato de deixar-se ver,
de manifestar-se, de descobrir-se, de tornar claro ou exposto o que está oculto. Portanto, a
revelação de Deus é a Sua auto-manifestação aos homens num nível em que o conhecimento
sobre Ele se torna possível. R. C. Sproul explica que nós não podemos contemplar Deus com os
nossos olhos, mas podemos conhecê-lo por meio da revelação, pois Ele removeu o véu que O
ocultava de nós.

A Constituição Dogmática sobre a Revelação divina no seu número dois condensa o conteúdo da
Revelação na Economia da Salvação6 nos seguintes termos: Aprouve a Deus, na sua bondade e
sabedoria, revelar-se a si mesmo e tornar conhecido o mistério da sua vontade, por meio do qual
os homens, através de Cristo, Verbo Incarnado, têm acesso ao Pai no Espírito Santo e n‟Ele se
tornam participantes da natureza divina.

A revelação divina concretiza-se por meio de palavras e acções intimamente ligadas entre si ao
longo da história da salvação. Mas a revelação plena acontece na pessoa de Cristo que é o
mediador e o agente do projecto de revelação do Pai. Ele é o mediador porque é o enviado, é o
agente porque Ele mesmo é Deus em acção.

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6. Referencias Bibliográficas
Concílio Vaticano II (2002). Constituições, Decretos e Declarações. Coimbra: Gráfica de
Coimbra.

Conte, F. (1994). CONTE F. Os heróis míticos e o homem de hoje. São Paulo: Ed. Loyola.

Giordano, F. (2001). A Teologia Hoje, síntese do pensamento teológico. Porto: Ed. Perpétuo
Socorro, Porto.

Vidal. M. (2003). Nova moral fundamental. O Lar teológico da ética. Lisboa: Ed Paulinas.

Vieira, D. (2012). Doutrina Social da Igreja: Introdução à Ética social. Lisboa: Ed. Paulus.

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