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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOCAMBIQUE

INSTITUTO DE ENSINO À DISTÂNCIA

Vontade humana e a liberdade do homem na sociedade moçabicana

Nome: Graça da Conceição Maurício


Código: 708212281

Curso: Licenciatura em Ensino de Geografia


Disciplina: Ética Social
Ano de frequência: 3º Ano, Turma K
Docente: Pe. Victor Alfiado Makola

Nampula, Maio de 2023


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(indicação clara do
problema)
Introdução  Descrição dos 1.0
objectivos
 Metodologia 2.0
adequada ao objecto
do trabalho
 Articulação e 2.0
domínio do discurso
Conteúdo académico
(expressão escrita
cuidada,
coerência/coesão
Análise e
textual)
discussão
 Revisão 2.0
bibliográfica
nacional e
internacionais
relevantes na área
de estudo
 Exploração dos 2.0
dados
Conclusão  Contributos teóricos 2.0
e práticos
 Paginação, tipo e 1.0
Aspectos tamanho de letra,
gerais Formatação parágrafos,
espaçamento entre
as linhas
Normas APA  Rigor e coerência 4.0
Referências 6ª edição em das
bibliográfic citação e citações/Referencias
a bibliografia bibliográficas
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Folha de Observações

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Introdução

O presente trabalho de Ética Social sob tema “Vontade humana e a liberdade do homem
na sociedade moçambicana”, busca analisar tendências de compreensão da vontade
humana e como ela se encaixa no meio da sociedade moçambicana. É de domínio
comum que a vontade humana é centro de realizaçao de qual coisa. A vontade é o pilar
das práticas por isso a discussao em volta desta temática foi acirrada a partir da idade
média.

Iremos a vontade humana assim como a liberdade do homem, falaremos dos princípios
básicos que norteiam a essas duas temáticas e finalmente, irei debruçar em torno da
convivência politica entre os homens.

Para alcançar os objetivos traçados para esta pesquisa, irei usar o método bibliográfico
que consiste na leitura e interpretação dos textos e artigos que abortam este tema. É
importante ressaltar que problemas da convivência entre os homens veem sendo tema
que mereceu grandes debates desde a idade antiga, razão pela qual as opiniões em torno
da política variam.
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Contudo, esperamos que a abordagem aqui desenvolvida, mesmo que não seja
conclusiva de tudo quanto seja o debate em torno da convivência política entre os
homens, mas incuta em nós conhecimentos deste campo do saber.

1. Breve compreensão

1.1. Política

A palavra “política” provém do grego: “poliς” que quer dizer cidade ou comunidade dos
cidadãos ou ainda cidade-estado. A política apareceu por volta do VIII séc. a. C. era
verdadeiramente um centro político, econômico e militar do mundo grego. Cada polis
era organizada automaticamente segundo as próprias leis e as próprias tradições.

Foram os exemplos da polis do regime político democrático a cidade de Atenas e do


regime político oligárquico a cidade de Sparta. E um dos filósofos da antiguidade grega
que se ocupou da política a partir da consideração da polis foi Aristóteles. Para este
filósofo a política significava “administração da cidade para o bem de todos” (Cosme,
et. al., 2002, p. 54). A política era a determinação de um espaço público em que todos
os cidadãos participavam.

Nessa época, se a política significa a organização da cidade e, implica a participação de


todos, nos faz entender que ela envolve todas as dimensões do agir humano. “Todos
cidadãos de um determinado estado, sociedade ou nação são convidados a participarem
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na gestão da coisa pública” (Cosme, et. al., 2002, p. 55). Daí que a política abrange
todos os aspectos do viver humano: a ética, a moral, a economia, o militar, etc.

Ao longo de toda a história da humanidade, sobretudo na idade moderna e


contemporânea, o interesse pelo estudo da política foi acentuando-se cada vez mais.
Foram aperfeiçoados os mecanismos para uma análise exaustiva da política.

Entre muitos teóricos que estudaram a política Cosme, et al. (2002), cita alguns
exemplos, como é caso de Max Weber que dizia que “a política não era se não a
aspiração ao poder e monopólio legítimo do uso da força”. David Easton afirmava que
“a política era a locação de valores imperativos, isto é, de decisões no âmbito de uma
comunidade”. Para Giovanni Sartori, “a política era a esfera das decisões colectivas e
soberanas de um estado ou nação”.

Para além de todas estas nuances que rapidamente aqui apresentamos, de um modo
geral podemos dizer que a política diz respeito a todos os sujeitos que fazem parte de
uma sociedade ou de uma nação e, não exclusivamente quem faz política activa. A
política é ocupar-se de qualquer modo, como vem gerida a coisa pública, isto é, o estado
ou as suas subestruturas territoriais. Numa palavra a política é ocupar-se do bem
comum.

2. O homem como um ser político

Como já referenciamos acima, que a sociabilidade implica a convivência, assim também


a política “é fruto de uma convivência entre os seres humanos, porque, por natureza, o
homem é um ser social e então pode-se perceber como a política é muito importante
para as pessoas” (Hayek, 1990, p. 43). A relação interpessoal cria condições de pontos
de vistas diferentes sobre a visão do mundo e da realidade.

É desta forma em que a partir dos diferentes pontos de vistas entre os humanos, surgem
concepções diversificadas sobre o estado e a sociedade. Daí que, o homem por natureza
é um ser político e social, (como afirma Aristóteles). Ele sempre está envolvido em
alguma actividade, relacionada às outras pessoas.

Para Gil (2002), é por essa razão que o homem jamais pode ser comparado a uma ilha.
Com os seus direitos e deveres inalienáveis tem uma vida de alegrias ou dissabores,
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realizações ou frustrações, que são frutos do reflexo do seu caráter, pensamentos e


atitudes.

Quando ele toma uma decisão de lidar no âmbito político partidário, obviamente a sua
vida particular vem à tona, pois através dos meios de comunicações sociais, ela passa a
ser propalada aos quatro ventos, independentemente do cargo que passa a exercer.
Também, à sua revelia, se por ventura pratica actos desabonadores, a imprensa jamais
perdoa e o vai divulgar.

É nesse sentido que quando uma pessoa opta por um cargo político ou uma actividade
política assemelha-se a um escritor que consegue publicar o seu primeiro livro: as
críticas construtivas ou não logo aparecem, automaticamente. Então é sempre bom
dominar as irritações porque elas são os principais ossos do ofício.

Não adianta se esquivar ou muito menos, querer agradar a todos, porque será uma
tentativa inútil. A pessoa pode ser coerente como for, mas esse feito jamais será
realizado por nenhum ser humano.

3. A relação entre Filosofia e Política

Francis Bacon afirmou que “saber é poder”, mas sua ideia principal é voltada para o
poder científico, para o político. No entanto a ideia do “Poder” está atrelada à Filosofia
Política, amplamente desenvolvida nos escritos de Platão e Aristóteles. Ambos
filosofaram na sociedade de Atenas e acreditavam que o governante de um povo ser um
déspota esclarecido, um rei-filósofo. Com o passar dos anos eles se distanciaram da
política devido ao desencanto com seus governantes que usavam a filosofia com fins de
dominação demagógica.

Na Idade Media o filósofo Nicolau Maquiavel ficou consagrado com seu pequeno
tratado sobre o governo de um príncipe e sua doutrina ficou conhecida como
“maquiavelismo”, ou seja, o importante é se manter no poder, custe o que custar. Ele
dizia que o exercício do poder não pode ser mantido com amor, e sim, com temor. Os
homens devem temer seus governantes, pois eles possuem o poder nas mãos (Unger,
2009).
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Os filósofos da Idade Moderna exaltaram o poder republicano, dizendo que o povo


deveria participar do governo por meio de representantes eleitos direta ou indiretamente.
Como eles filosofaram no tempo das monarquias, o poder dos reis era divino e absoluto,
com isto, o povo era mantido distante das esferas de governo e o grau de pobreza
profundo e permanente.

Thomas Hobbes defendia que “o Estado deve ser totalitário e precisa dominar todas as
esferas da vida de seu povo. Rousseau defendia a ideia de um Contrato Social, onde o
povo se deixava governar por seus representantes, desde que os interesses de todos
fossem bem equilibrados por leis de igualdade” (Unger, 2009, p. 72). E quando o
governante for corrupto deve ser derrubado, seja por meio de protestos, novas eleições
ou mesmo revoluções.

4. Convivência em si

A palavra convivência prove do Latim: “Convivere” que significa “viver com”. A


convivência “é um acto ou efeito de viver em comum, familiaridade, intimidade, viver
com outrem” (Alves, 1996, p. 34). Portanto a convivência é o modo em que se pode
partilhar; a convivência é o relacionamento estabelecido entre as pessoas que vivem
juntas diariamente.

Segundo Vieira (1995, p. 49), “a consciência humana não se afirma em insularidade


abstracta, se não que se actualiza pelo encontro com outrem, quer esse encontro se
realize através da relação dialética, da relação objectal (psicanálise) ou de investimento
de papéis sociais ou grupais. E em qualquer das orientações relacionais referidas, o
viver humano é sempre o humano conviver na medida em que a aprendizagem humana
implica a abertura do indivíduo a um meio interpessoal, em relação ao qual se situa e se
adapta. A humanização do homem e a sua promoção pessoal realiza-se através de uma
concreta dialética caracterial (intrapessoal) e a conformação resultante das suas
situações conviventes interpessoais”.

Portanto, a convivência é a faculdade do ser humano em viver e compartilhar com


outras pessoas diferentes dele. Ela fundamenta-se na essência do ser humano que é a
sociabilidade, isto é, a capacidade de viver em sociedade. Em um ser humano a
convivência e a sociabilidade harmonizam-se, porque o ser humano por natureza é
social.
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De acordo com Marshall (2009), não se pode pensar um ser humano que viva isolado
dos outros. Desde a nossa concepção, nascimento, peregrinação sobre a terra até a nossa
morte estamos em constante convivência. Na família, na escola, na universidade, no
trabalho e em qualquer ambiente em que nos encontramos estamos em constante
convivência.

E para que a convivência seja harmoniosa, a sociedade cria normas de convivência


como garante de uma convivência pacífica e sadia. São os casos de empresa,
organizações políticas, sociais, civis, os estados, os governos etc. Por isso todos nós
qualquer que seja a nossa condição social, política, religiosa ou cultural não podemos
escapar a convivência.

5. Convivência Política em Moçambique

Nos primeiros três pontos reflectimos sobre a convivência em si, o que é a política e o
homem como um ser naturalmente político. No primeiro ponto vimos que a convivência
é esta capacidade do homem viver em comum. A pessoa humana, não sendo uma ilha e
necessitando das outras pessoas para a sua sobrevivência, não pode e nem deve viver
sozinha. De qualquer forma a pessoa humana há-de precisar das outras pessoas para a
sua sobrevivência.

As famílias, as escolas, os amigos, as universidades, os partidos políticos as


comunidades religiosas, as tribos, os estados, as nações etc. são instituições da
sociedade que garantem a convivência. Daí que num estado de direito ninguém pode
pretender viver sozinho. A sociedade estabelece normas de convivências que devem ser
cumpridas por todos.

No entender de Vieira (1995), quando começa a haver uma pessoa ou um grupo de


pessoas que devem cumprir as normas estabelecidas e outros não, mesmo que seja numa
família ou em qualquer grupo, a convivência é posta em causa e assim começam os
conflitos. Em África em geral, e no nosso país em particular, temos conflitos e guerras
de várias ordens porque muitas vezes as normas de convivência não estão a ser
cumpridas cabalmente.

No item a cima, reflectimos a cerca da política em si como a arte de administrar o bem


comum. A partir da consideração da política como “cidade-estado” da antiguidade
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grega, chegamos a analisar que esta palavra, embora tenha sofrida uma grande evolução
ao longo da história, continua a ter aquele valor original de organização da cidade ou do
estado. Portanto, a política é uma forma de organização de um estado ou de uma nação.

A ser assim, ela envolve a todos os membros desse estado ou nação. Numa sociedade
democrática, ninguém pode ser excluído da política. Ela não é monopólio de um grupo
de pessoas; diz respeito a todos. Quando num país como o nosso, criam-se condições de
exclusão política, automaticamente estamos a privar o direito que os cidadãos têm de
contribuir para o bem comum e a organização da coisa pública.

Para Cosme, et., al. (2002), a diferença entre as pessoas, faz com que cada indivíduo
constituinte da sociedade, tenha o seu ponto de vista. Isto condicionava as aspirações
políticas diferenciadas entre os homens. A partir da diferença dos pontos de vista entre
os homens, faz com que os homens elaborem propostas concretas como pensam que
seja gerida a coisa pública e isso deu origem a constituição ou formação dos partidos
políticos com orientações diferentes no concernente à gestão do Estado ou da nação.

E a convivência política entre os partidos de um estado ou de uma nação, é um dado


adquirido que deve ser defendido por todos. “Se uma sociedade democrática e de
direito, como é o nosso país, falta garantia da convivência política e do exercício
político livre onde cada partido pode dar as suas propostas de governação,
automaticamente pode criar condições de conflitos que podem provocar a guerra. Todos
nós estamos conscientes que violência gera violência” (Unger, 2009, p. 88).

6. Participação dos cidadãos na vida política em Moçambique

Afirmamos logo de princípio que a República de Moçambique é uma democracia.


sabemos que democracia “é o governo do povo e para o povo” (Hayek, 1990, p. 97).
Como a população em Moçambique tem um número alto, os cidadãos elegem
representantes para defender a vontade político deles. A Constituição da República de
Moçambique aborda um elemento da democracia directa, que é o referendo.

Esse se aplica em questões de grande interesse nacional. Mas além disso, art. 73º da
Constituição da República de Moçambique prevê a permanente participação
democrática dos cidadãos na vida da nação. Neste capítulo vamos analisar, como é que
esta participação pode ser realizada na prática.
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A participação da população na vida da nação não se limita apenas no período das


eleições. Pelo contrário, a participação da população é útil e necessária. Neste passo
queremos destacar três caminhos para a participação de cada um na vida política de dia
a dia:

a) Integração activa em partidos políticos (no nosso país existem muitos partidos
políticos, além da FRELIMO e da RENAMO, por exemplo o MDM, o PDD e o PIMO);

b) Empenho em organizações de cidadãos, que têm por objectivo a defesa de interesses


políticos de certas camadas da população (art. 78º da Constituição da República de
Moçambique);

c) intervir no exercício da função administrativa do Estado, por exemplo, todos os


cidadãos têm o direito de apresentar petições (pedidos), queixas e reclamações perante a
autoridade competente, para exigir o restabelecimento dos seus direitos violados ou em
defesa do interesse geral (art. 79º da Constituição da República de Moçambique).
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Conclusão

Na introdução à nossa reflexão dizíamos que o tema escolhido para esta análise era
tanto quanto interessante, desafiante e paradoxal. Requeria de todos nós um estudo
acadêmico teórico, profundo e imparcial para podermos colher frutos que possam
ajudar-nos a entrar naquela que é a nossa tarefa como estudantes para darmos propostas
válidas para uma convivência dentro da sociedade moçambicana.

Chegados a este ponto e de acordo com o nosso trabalho desta reflexão: a vontade
humana deve conscidir com a liberdade do mesmo, razão pela qual é ela que aflora toda
e qual prática que ofereça elementos para que a sociedade desenvolva. A vontade é a
peça fulcral para qualquer resultado.

Moçambique é um dos países que no passado, viveu momentos de turbulências e de


guerra e, já recentemente foram registados casos semelhantes. Daí que, é sempre
necessário reflectir e falar de uma boa convivência que parte de uma vontade comum
entre os membros desta sociedade de modo a garantir o desenvolvimento econômico
para o bem comum de todos.

O caminho percorrido neste estudo foi um caminho que pode nos ajudar a entender a
importância da vontade vontade para uma boa convivencia entre os homens, em que o
homem moçambicano tenha algo a dizer e a dar. Não se pode nem se deve conceber um
homem moçambicano alheio as situações deste país que vê a sua liberdade muitas vezes
inibida sob várias atitudes políticas.
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Bibliografia

Alves, F. & Carvalho, J. (2006). Pensar e Ser 11º ano. Porto: Porto Editora.

Cano, B. (2000). Ética: arte de viver. Alegria de ser um cidadao do universo. (2ª ed.).
São Paulo: Paulinas.

Cosme, A. et al. (2002). Introdução à Filosofia. Lisboa: ASA.

Gil, A. C. (2001). Os problemas éticos na actualidade. (5ª ed.). São Paulo, Brasil:
UFSH.

Hayek, F. A. (1990). O Caminho da servidão. São Paulo: Instituto Liberal.

Marshall, T. H. (1967). Cidadania, classe social e status. Rio de Janeiro: Zahar


Editores.

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