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UNIVERSIDADE ABERTA ISCED

FACULDADE DE DIREITO

Tema: Orçamento Geral do Estado, Dívida Pública: Caso Prático

Marrufo Saíde

Código
81220283
Nampula, Sembro de 2023

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Nome:
Marrufo Saíde

Tema: Orçamento Geral do Estado, Dívida Pública: Caso Prático

Trabalho de campo de Direito Financeiro a


ser submetido na coordenação do curso de
Direito na UnIsced do 2º ano

Código
81220283
Nampula, Setembro de 2023

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CASO PRÁTICO

Aprecie a hipótese que se segue e dê a solução jurídica pertinente.

Alberto Metical, Ministro da Economia e Finanças, conhecido entre os amigos como


Tesouro Público porque assina expedientes relativos à gestão de receitas e despesas do
Estado, face ao Orçamento do Estado. Numa sentada na praia do Bilene, juntamente com o
Mateus Escudo, o Primeiro-ministro, também conhecido como Dívidas Públicas
elaboraram a Proposta do Orçamento do Estado.

Como são vulgarmente conhecidos como time Wawa Deles, em Março de 2023, por
entenderem eles que são Mazas, ordenaram a construção de uma ponte metálica, com
orçamento de 2024, em substituição à convencional alí existente, que dá acesso casa de
praia, uma residência luxuosa, visto que estes enfrentavam dificuldades para mover-se com
seus Range Rovers, quando vão lá passar as suas férias.

Stela Receitas, Presidente da Assembleia da República, no dia 24 de Dezembro, por


entender que a Proposta do o Orçamento do Estado era urgente, e já vinha a muito sendo
contestada, decidiu sozinha aprovar proposta do orçamento do Estado elaborado por
Mateus e Alberto, já que pretendia viajar com urgência África do Sul onde iria passar a
quadra festiva.

1. A quem compete a elaboração da proposta do Orçamento do Estado?

2. É possível em 2023 pagar-se despesas com orçamento de 2024?

3. Podia Stela Receita por si aprovar a Proposta do Orçamento do Estado?

Imagine agora que a time Wawa deles, como estavam num churrasco e se excederam um
pouco no vinho quando elaboraram a Proposta do Orçamento do Estado, se esqueceram de
incluir a despesas de comprar de dois Mercedes Benz sendo um para cada um para passar
na costa do Sol aos Domingos, decidiram assim apresentar uma iniciativa de Lei para
acautelar os seus interesses.

4. Pode a time Wawa deles apresentar essa Iniciativa de Lei?

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5. Se fosse Presidente da República, promulgava a Lei do Orçamento do Estado
Aprovado pela Stela Receitas, Presidente da Assembleia da República?

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Resolução

1. A quem compete a elaboração da proposta do Orçamento do Estado?

Segundo a Constituição da República de Moçambique (CRM), na alínea e) do nº 1 do


artigo 203, compete ao Governo preparar as propostas do Plano Económico e Social e do
Orçamento do Estado e executá-los após a aprovação pela Assembleia da República.
Portanto, a elaboração da proposta do Orçamento do Estado é da competência do Governo.

2. É possível em 2023 pagar-se despesas com orçamento de 2024?

Não, isso não é possível, pois violaria o princípio da anualidade orçamental, que estabelece
que o Orçamento do Estado é elaborado anualmente e deve corresponder ao exercício
económico. Além disso, o pagamento de despesas com orçamento de 2024 implicaria uma
violação do princípio da legalidade orçamental, que determina que as receitas e despesas
públicas devem estar previstas na lei do Orçamento do Estado. Logo, não se pode pagar
despesas com um orçamento que ainda não foi aprovado nem executado.

3. Podia Stela Receita por si aprovar a Proposta do Orçamento do Estado?

Não, Stela Receita não podia por si aprovar a Proposta do Orçamento do Estado, pois isso
contrariaria o princípio da separação de poderes e o processo legislativo previstos na
Constituiçao da República de Moçambique. De acordo com o artigo 130 da Constituiçao da
República de Moçambique, a proposta de Lei do Orçamento do Estado é elaborada pelo
Governo e submetida à Assembleia da República, que é o órgão legislativo composto por
deputados eleitos pelo povo. Portanto, a aprovação da proposta de Lei do Orçamento do
Estado requer a deliberação da Assembleia da República por maioria absoluta dos seus
membros em efectividade de funções. Stela Receita, como Presidente da Assembleia da
República, não tem poder para aprovar sozinha uma lei, mas apenas para convocar e dirigir
as sessões plenárias e assinar as leis aprovadas pela Assembleia da República.

4. Pode a time Wawa deles apresentar essa Iniciativa de Lei?

Não, a time Wawa deles não pode apresentar essa Iniciativa de Lei, pois isso seria
inconstitucional e ilegal. Segundo o artigo 179 da Constituiçao da República de

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Moçambique, a iniciativa legislativa compete aos deputados, aos grupos parlamentares, às
comissões especializadas permanentes da Assembleia da República, ao Governo e aos
cidadãos eleitores. Portanto, Mateus Escudo (Primeiro-ministro) e o Alberto Metical
(Ministro da Economia e Finanças) não têm competência para apresentar uma iniciativa de
lei na qualidade de membros do Governo, mas apenas como órgão colegial. Além disso, a
iniciativa de lei que pretendem apresentar seria contrária ao princípio da boa gestão
financeira pública, que implica a observância dos critérios de racionalidade, eficiência,
eficácia e economia na utilização dos recursos públicos. A compra de dois Mercedes Benz
para uso pessoal dos membros do Governo não se justifica nem se enquadra nas prioridades
e necessidades públicas.

5. Se fosse Presidente da República, promulgava a Lei do Orçamento do Estado


Aprovado pela Stela Receitas, Presidente da Assembleia da República?

Não, se fosse Presidente da República, não promulgava a Lei do Orçamento do Estado


Aprovado pela Stela Receitas, Presidente da Assembleia da República, pois isso seria uma
violação das minhas competências constitucionais e uma cumplicidade com um acto ilegal.
De acordo com o artigo 159 da Constituiçao da República de Moçambique, compete ao
Presidente da República promulgar e mandar publicar as leis aprovadas pela Assembleia da
República, mas também vetá-las quando as considere inconstitucionais ou contrárias ao
interesse nacional.

Neste caso, a Lei do Orçamento do Estado Aprovado pela Stela Receitas é inconstitucional,
pois não respeita o processo legislativo nem os princípios orçamentais, e é contrária ao
interesse nacional, pois não reflecte as necessidades e prioridades do povo moçambicano.
Portanto, se fosse Presidente da República, vetaria essa lei e devolveria-a à Assembleia da
República para nova apreciação.

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