Você está na página 1de 14

INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

O ORÇAMENTO DO ESTADO MOÇAMBICANO

DISCENTES:

ILEINE MINOCA BINZE

JÉSSICA DA LUZ M. GIMO

ROSA DA FELICIDADE

DOCENTE:

MC’s. HELDER DIOGO

LICENCIATURA EM DIREITO

2ºANO – LABORAL - 3° GRUPO

CADEIRA: FINANÇAS PÚBLICAS

Chimoio, 2023
INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

O ORÇAMENTO DO ESTADO MOÇAMBICANO

DISCENTES:

ILEINE MINOCA BINZE

JÉSSICA DA LUZ M. GIMO

ROSA DA FELICIDADE

DOCENTE:

MC’s. HELDER DIOGO

LICENCIATURA EM DIREITO

2ºANO – LABORAL - 3° GRUPO

CADEIRA: FINANÇAS PÚBLICAS

Chimoio, 2023
Capítulo 1 – Introdução
Para um bom uso das receitas e para melhor satisfação das despesas, o Estado elabora um
documento, ou até podemos designa-lo instrumento que nele se inscreve as despesas e as
receitas previstas durante um ano, e este documento é o Orçamento do Estado, portanto, para
elaboração deste Orçamento até chegar ao seu uso obedece certos princípios, sendo assim, o
presente trabalho buscar compreender o processo orçamental em Moçambique.

1. Objectivo geral
O trabalho de como objectivo geral compreender o processo orçamental em Moçambique.

2. Objectivos específicos
 Definir o Orçamento do Estado;
 Definir o Processo Orçamental;
 Destacar as fases do Processo Orçamental de Moçambique.

3. Metodologia

Para a execução deste presente trabalho recorremos a pesquisa bibliográfica a Constituição da


República e a Lei do SISTAFE.

Capítulo 2 - Processo Orçamental Em Moçambique


1. Definição de Orçamento do Estado

Fernandes (2003, p. 595), no Dicionário Brasileiro “O GLOBO”, definem orçamento como


“acto ou efeito de orçar; cálculo de receita e despesa; cálculo dos gastos a fazer com uma
obra projetada”.

Juridicamente falando, Guimarães (2004, p. 414) define orçamento como “peça escrita,
organizada pelo Governo, na qual faz previsão de receita e fixa as despesas para determinado
período financeiro. É uma lei de caráter sui generis”.

Baleeiro, citado por Pires (2002, p. 70), define que “orçamento é o acto pelo qual o Poder
Legislativo prevê e autoriza ao Poder Executivo, por certo período e em pormenor, as
despesas destinadas ao funcionamento dos serviços públicos e outros fins adotados pela
política econômica ou geral do país, assim como a arrecadação das receitas já criadas em lei”.

E a lei do SISTAFE não foge dos pensamentos supracitados, e ela defineno n° 1 do art. 19°
da Lei do SISTAFE que Orçamento do Estado define os principais objectivos económicos e
sociais e de política financeira do Estado, identifica a previsão das receitas a arrecadar, as
acções e os recursos necessários para a implementação do Programa e Plano, num horizonte
temporal de um ano.

2. Processo Orçamental

O processo orçamental compreende um conjunto complexo de fazes, que não tem


necessariamente um carácter sequencial. O Processo Orçamental deve ser visto como um
processo contínuo, não se limitando a cada ano económico. Por outras palavras, não é um
processo que se esgota no próprio ano económico, mas que tem continuidade ao longo do
tempo.

O Processo Orçamental em sentido estrito tem apenas a ver com a orçamentação e execução
anual das receitas e das despesas, e que se repete todos os anos. Este, engloba cinco fases,
sendo a primeira a da elaboração da proposta de lei orçamental, a segunda a apresentação e
aprovação pela Assembleia da República. Depois de aprovada segue a terceira fase que a de
execução e no fim do ano económico procede-se ao encerramento das contas e que depois são
fiscalizadas, compreendendo assim, a quarta e quinta fase.

3. Fases do Processo Orçamental Moçambicano


3.1. Fase da Elaboração

A proposta da Lei do Orçamento do Estado, é elaborada pelo Governo e submetida à


Assembleia da República, e deve conter informação fundamentadora sobre as previsões de
receitas, os limites das despesas, o financiamento do défice e todos os elementos que
fundamentam a política orçamental.

Desta forma podemos perceber que em Moçambique a elaboração do orçamento é da


competência exclusiva do Governo, ou seja, a proposta do orçamento vem do Governo, órgão
este que submete a Assembleia da República em forma de proposta de orçamento, para a
posterior aprovação (ali. e) do n° 1 do art. 203° da CRM e n° 3 do art. 19° da Lei do
SISTAFE).

Na elaboração da proposta do orçamento, o governo deverá dar prioridades ao cumprimento


do seu programa e ter em conta a necessária relação entre as previsões orçamentais e a
evolução provável da conjuntura política, económica e social. Isto quer significar que, o
montante e tipo de receitas e despesas a inscrever no orçamento deverão estar de acordo a
política do governo e o momento económico, político e social que se vive no país.

Governo apresenta a Assembleia da República a proposta do OE com todos elementos


necessários a justificação da política orçamental, nomeadamente:

 O Plano Economico e Social (PES) do Governo;  O Balanço preliminar da execução


do OE do ano em curso;
 A fundamentação da previsão das receitas fiscais e da fixação dos limites das
despesas;
 A demonstração de financiamento global do OE com descriminação das principais
fontes de recursos;
 A relação de todos os órgãos e instituições do Estado, assim como de todas as
instituições autónomas, Empresas Publicas e Autarquias;
 A proposta de Orçamento de todos os organismos com autonomia administrativa e
financeira, Autarquias e Empresas do Estado.
 Mapas globais das previsões das receitas, dos limites das despesas e financiamento do
défice.

3.2. Fase da Aprovação da Lei Orçamental (Periodicidade)


O Governo submete a proposta do OE, a AR até o dia 30 de Setembro de cada ano. A AR
delibera sobre a proposta do OE até o dia 15 de Outubro de cada ano (n° 4 do art. 19° da Lei
do SISTAFE).

Aprovado o OE o Governo fica autorizado a:

1. Proceder a gestão e execução do OE aprovado, adoptando as medidas necessárias a


cobrança das receitas previstas e a realização de despesas fixadas;
2. Proceder a captação e canalização de recursos necessários, visando a utilização mais
racional das dotações orçamentais aprovados e observar o princípio da melhor gestão
da tesouraria;
3. Proceder a abertura de créditos, nas condições fixadas pela AR para atender ao défice
orçamental;
4. Realizar operações de crédito por antecipação da receita, para atender défices
orçamentais de tesouraria.

3.3. Não Aprovação da Proposta do OE

Pode haver atraso na aprovação do orçamento, por necessidade de reformulação do


orçamento por este ter sido rejeitado na Assembleia da República, caso em que o Governo
deverá voltar a apresentar, no prazo de 60 dias, uma nova proposta de orçamento para
respectivo ano económico (n° 6 do art. 19° da Lei do SISTAFE).

Em casos de atraso ou não aprovação da proposta do orçamento do Estado, é reconduzido o


do exercício anterior, com os limites neles definidos, incluindo os ajustes verificados ao
longo desse exercício, mantendo-se assim em vigor até aprovação do novo Orçamento do
Estado (n° 1 do art. 24° da Lei do SISTAFE).

O recurso ao orçamento executado anteriormente, em caso de atraso ou não aprovação da


proposta orçamental, visa assegurar e dar continuidade ao funcionamento da máquina
administrativa.

3.4. Conceito de Receita e Despesa Pública Receita Pública


Constituem receitas públicas, todos os recursos monetários, seja qual for a sua fonte ou
natureza, postos à disposição do Estado, com ressalva daquelas em que o Estado seja mero
depositário temporário (n° 1 do art. 26° da Lei do SISTAFE).

Nenhuma receita pode ser estabelecida, inscrita no Orçamento do Estado ou cobrada senão
em virtude de lei e, ainda que estabelecidas por lei, aes receitas só podem ser cobradas se
estiverem previstas no Orçamento do Estado aprovado. Os montantes de receita inscritos no
Orçamento do Estado constituem limites mínimos a serem cobrados no correspondente
exercício (n° 2 do art. 26° da Lei do SISTAFE).

Constitui despesa pública, todo o dispêndio de recursos monetários, seja qual for a sua
proveniência ou natureza, gastos pelo Estado, com ressalvas daqueles em que o beneficiário
se encontra obrigado à reposição dos mesmos (n° 1 do art. 27° da Lei do SISTAFE).

Nenhuma despesa pode ser assumida, ordenada ou realizada sem que, sendo legal, se
encontre inscrita devidamente no Orçamento do Estado aprovado, tenha cabimento
correspondente na verba orçamental e seja justificada quanto à sua economicidade, eficiência
e eficácia (n° 2 do art. 27° da Lei do SISTAFE).

As despesas só podem ser assumidas durante o ano económico para o qual tiverem sido
orçamentadas (n° 3 do art. 27° da Lei do SISTAFE), e as dotações orçamentais constituem
limite máximo a utilizar na realização de despesas públicas, no corrente exercício (n° 4 do
art. 27° da Lei do SISTAFE).

3.5. Fase da Execução

Compete ao Governo executar e fazer executar o orçamento, sendo para tal coadjuvado pelo
conjunto da Administração Pública (ali. e) do n° 1 do art. 203° da CRM).

A execução da receita compreende quatro fases (alineas a), b), c), d) e e) do n° 1 do art. 42°
da Lei do SISTAFE):

 Previsão, que consiste no processo de estimativa de quanto se espera arrecadar


durante o exercício económico;
 Lançamento, que consiste na verificação da ocorrência do facto gerador da obrigação
correspondente;
 Liquidação, que consiste no cálculo do montante da receita devida e identificação do
respectivo sujeito passivo;
 Cobrança, que consiste na acção de cobrar, receber ou tomar posse da receita;
 Recolha, que consiste na entrega ao Tesouro Público do montante da receita cobrada.

As fases acima referidas ocorrem no Sistema Tributário e devem fornecer informação ao


SISTAFE.

A realização das despesas compreende quatro fases, nomeadamente (alineas a), b), c) e d) do
n° 1 do art. 43° da Lei do SISTAFE):

 Fixação, que consiste no processo de registo dos limites da despesa aprovadas pela
Lei que aprova o Plano Económico e Social e Orçamento do Estado;
 Cabimento, que consiste no acto administrativo de verificação, registo e cativo do
valor do encargo a assumir pelo Estado de forma parcial ou total;
 Liquidação, que consiste no acto de verificação do direito adquirido pelo credor e
apuramento do valor que efectivamente há a pagar, tendo como base os documentos
comprovativos do respectivo crédito;
 Pagamento, que consiste na entrega do valor ao titular do documento de despesa.

3.6. Fase de Encerramento de contas

Durante o ano económico faz-se o acompanhamento e controle administrativo da execução


do Orçamento do Estado, por forma a prevenir, detectar ou corrigir problemas, erros e
irregularidades. Pretende-se, desta forma, assegurar a subordinação da administração
financeira à política financeira do governo. Mais concretamente, que:

 A arrecadação e afectação de recursos seja feita de acordo com o que vem estipulado
no orçamento do Estado, de forma a evitar-se uma má utilização dos dinheiros
públicos e a ocorrência de desperdícios;
 Os objectivos que se pretende alcancar com a execução orçamental, e que vêm
definidos no Plano Económico e Social, estejam a ser efectivamente cumpridos.

Em Moçambique, o acompanhamento da execução orçamental é feito mensalmente, mediante


relatórios periódicos apresentados pelos orgãos à DNCP e à DNPO (no caso do programa de
investimento, PTIP). Com base nesta informação, o Governo deverá apresentar à Assembleia
da República relatórios trimestrais sobre a execução das despesas e das receitas e os
financiamentos recebidos pelo Estado. Neste caso, o controlo administrativo é acompanhado
de um controlo político-parlamentar.

3.6.1. A Conta Geral do Estado

No dia 31 de Dezembro termina o ano económico. É, então, necessário proceder-se ao


encerramento de contas. Após o encerramento das contas, procede-se à sintese de toda a
execução orçamental. Nesse sentido, a DNCP elaborará - com “clareza, exactidão e
simplicidade” - a Conta Geral do Estado, que abrange todos os organismos do Estado, com
excepção das instituições autónomas, empresas públicas e autarquias, que se regem por
legislação própria.

Enquanto que o orçamento constitui uma previsão das receitas e despesas para um
determinado ano, a conta regista as receitas e despesas que foram efectivamente cobradas e
efectuadas durante esse ano. Constitui, por isso, um meio de controlar a posteriori a execução
orçamental e de responsabilizar os agentes dessa mesma execução.

3.7. Fase Fiscalização

Uma vez executado o orçamento e aprovada a Conta Geral do Estado, chega o momento de
se prestar contas: de se detectarem os erros e as irregularidades cometidas durante a execução
orçamental e de se apurarem responsabilidades.

Para tal, procede-se à fiscalização da actividade dos orgãos e funcionários autorizados a


cobrar receitas e a realizar gastos, os quais respondem civil, criminal e disciplinarmente pelos
actos ou omissões que pratiquem no âmbito do exercício das suas funções de execução
orçamental.

A fiscalização visa assegurar que a execução orçamental não sofre desvios, cumprindo-se
assim os objectivos e a estratégia definidos no orçamento. Procura-se garantir que o
Executivo se mantém dentro dos limites impostos pela lei - os quais foram determinados pela
Assembleia da República aquando da aprovação da Lei do Orçamento – e evitar o
desperdício e a má utilização dos dinheiros públicos. A fiscalização tem normalmente em
vista as despesas, uma vez que o montante das receitas é uma estimativa e está sujeito a
variações, dependendo da conjuntura económica, entre outros factores. A sua fiscalização é,
por isso, menos rigorosa: limita-se a averiguar se as receitas foram correctamente liquidadas e
contabilizadas.

No caso das despesas, confere-se a sua legalidade, regularidade e cabimento orçamental


(fiscalização material), bem como o respeito pelos princípios de economia, eficiência e
eficácia (fiscalização económica).

A fiscalização do orçamento em Moçambique é feita pelo Tribunal Administrativo


(fiscalização jurisdicional), pela Assembleia da República (fiscalização política) e pela
própria Administração Pública (fiscalização administrativa):

 Compete ao Tribunal Administrativo fiscalizar as despesas públicas e apreciar as


contas do Estado.
 Cabe, por sua vez, à Assembleia da República pronunciar-se e decidir sobre o
relatório de execução do orçamento do Estado elaborado pelo Tribunal
Administrativo.
 Por último, a entidade responsável pela gestão e execução do orçamento, as entidades
hierarquicamente superiores e de tutela, os serviços de contabilidade pública e os
orgãos gerais de inspecção têm o dever e a obrigação de acompanhar, inspeccionar e
controlar a execução orçamental.

A fiscalização jurisdicional assume uma especial importância, não só pela sua “força”, mas
também pelo facto de depender de um orgão externo e independente do Governo. Garante-se,
assim, a separação do poder executivo e jurídico, essencial para o funcionamento de qualquer
democracia.
Conclusão

Compreendemos que o Orçamento do Estado visa definir os principais objectivos


económicos e sociais e de política financeira do Estado, identifica a previsão das receitas a
arrecadar, as acções e os recursos necessários para a implementação do Programa e Plano,
num horizonte temporal de um ano e processo orçamental compreende um conjunto
complexo de fazes, que não tem necessariamente um carácter sequencial e o Orçamento do
Estado é elaborado pelo Governo e aprovado pela AR e segue as seguintes fase: Elaboração,
Aprovação, Execução, Encerramento de Contas e Fiscalização.
Referências bibliográficas

PIRES, João Batista Fortes de Souza. Contabilidade Pública. Teoria e prática. Brasília:
Franco & Fortes, 2010.

Legislações

Constituição da República de Moçambique – Lei n° 1/2018 de 12 de Junho.

Lei do Sistema de Administração Financeira do Estado, abreviadamente designado por


(SISTAFE) – Lei n° 14/2020 de 23 de Dezembro.

Você também pode gostar