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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

PROCESSO ORÇAMENTAL MOÇAMBICANO

Realizado por:

Acaina Aizeque

Eliseu Botão

Helena José Simango

Madalena Da Piedade

Michaela agostinho

Docente:

MC’s. Helder Diogo

LICENCIATURA EM DIREITO

2ºANO – LABORAL - 2° GRUPO

CADEIRA: FINANÇAS PÚBLICAS

Chimoio, 2023
INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

O ORÇAMENTO DO ESTADO MOÇAMBICANO

Realizado por:

Acaina Aizeque

Eliseu Botão

Helena José Simango

Madalena Da Piedade

Michaela agostinho

Docente:

MC’s. Helder Diogo

LICENCIATURA EM DIREITO

2ºANO – LABORAL - 2° GRUPO

CADEIRA: FINANÇAS PÚBLICAS

Chimoio, 2023
I. INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem em foco analisar o Processo Orçamental Moçambicano, o Orçamento


do Estado é um documento que define os principais objectivos económicos e sociais e de
política financeira do Estado, identifica a previsão das receitas a arrecadar, as acções e os
recursos necessários para a implementação do Programa e Plano, num horizonte temporal de
um ano1 e ela é elaborada pelo Governo mediante a autorização da Assembleia da República,
portanto, para o seu efeito ela obedece um processo da elaboração até a fiscalização do
mesmo.

1
n° 1 do art. 19° SISTAFE.
1. Objectivos e Metodologia de investigação
1.1. Objectivo geral
 Analisar o Processo Orçamental Moçambicano.

1.2. Objectivos específicos


 Dar o conceito de Orçamento Público;
 Identificar as fases do Processo Orçamental Moçambicano;
 Explicar detalhadamente cada fase.

1.3. Metodologia de investigação


 Constituição da República de Moçambique (CRM) – é a Lei Política
Superior do Estado soberano da República de Moçambique.
 Lei n.º 14/2020 de 23 de Dezembro – Estabelece os princípios e normas
de organização e funcionamento do Sistema de Administração Financeira
do Estado, abreviadamente designado por SISTAFE.
 Pesquisa bibliográfica – segundo Lakatos e Marconi (2003 p. 183), a
pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito
sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque
ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras.
II. PROCESSO ORÇAMENTAL MOÇAMBICANO
1. Definição de orçamento público

Orçamento público é o planejamento e execução dos gastos públicos de cada exercício


financeiro, que compreende sempre o ano civil, podemos dizer também que é o programa de
trabalho do governo, calculando os gastos e investimentos em cima dos recursos ou receitas
previstas, para Lima, (2007 P. 9):

O orçamento público é o planejamento feito pela Administração Pública para


atender, durante um determinado período, aos planos e programas de trabalho
por ela desenvolvidos, por meio da planificação de receitas a serem obtidas e
pelos dispêndios a serem efetuados, objetivando a continuidade e a melhoria
quantitativa e qualitativa dos serviços prestados à sociedade.

2. Fases do processo orçamental


2.1. Elaboração

A Elaboração do Orçamento do Estado é anual e da compentência do Governo, devendo ser


compatível com o orçamento de investimentos plurianuais, considerando toda a planificação
delineada na preparação destes. A preparação e execução do orçamento do Estado devem ser
tratadas a precos correntes.

2.1.1. Prazos de elaboração e submissão da proposta do Plano Económico e Social e


Orçamento do Estado

Os órgãos de governação descentralizada devem submeter a proposta do Plano e Orçamento à


aprovação das respectivas Assembleias até 30 de Junho do ano anterior2.

O Plano e Orçamento dos órgãos de governação descentralizada, aprovado pelas respectivas


Assembleias é parte integrante da proposta do Plano Económico e Social e Orçamento do
Estado e deve ser submetido ao Governo até 1 de Agosto do ano anterior3.

O Plano e Orçamento das autarquias locais, aprovado pela respectiva Assembleia, deve ser
submetido ao Governo até 1 de Setembro do ano anterior4.

2
n° 1 do art. 23° SISTAFE.
3
n° 2 do art. 23° SISTAFE.
4
n° 3 do art. 23° SISTAFE.
A proposta do Orçamento do Estado compõe-se do articulado da respectiva proposta de Lei
Orçamental e mapas orçamentais. Os mapas orçamentais compriendem:

a) Mapas Globais das previsões da receita, dos limites de despesa e financiamento de


defice;
b) Mapas Globais das previsões de receita corrente e de capital, de âmbito central e
provincial, classifcados de acordo com os critérios orgânicos, territorial e por fontes
de recursos;
c) Mapas dos limites de despesa corrente, de âmbito central e provincial, classificados de
acordo com os critérios orgânico, territorial, económico e funcional;
d) Mapa das despesas de capital, de âmbito central e provincial, classificadsos de acordo
com os critérios orgânico, territorial, económico, funcional e por fontes de recursos.

2.2. Aprovação

A proposta do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado é elaborada nos termos do


número 3, do artigo 19 da Lei do SISTAFE, e submetida pelo Governo a aprovação, da
Assembleia da República5 até 15 de Outubro de cada ano6.

O Governo apresenta à Assembleia da República, com a proposta do Orçamento do Estado,


todos os elementos necessários à justificação da política orçamental, nomeadamente:

a) O Plano Economico e Social do Governo;


b) O Balanco preliminar da execução do Orcamento do Estado do ano em curso;
c) A fundamentação da previsão das receitas fiscais e da fixação dos limites da despesa;
d) A demonstração do financiamento global do orçamento do Estado com discriminação
das princípais fontes de recuros;
e) A relação de todos órgaãos e instituições de Estado, bem como, de todas as
instituições autónomas, empresas públicas e autarquias;
f) A proposta de orçamento de todos os organismos com autonomia administrativa e
financeira, autarquias e empresas do Estado.

Por sua vez, a Assembleia da República delibera sobre a proposta do Orçamento do Estado
até o dia 15 de Dezembro de cada ano7. Aprovado o Orçamento, o Governo fica autorizado a:
5
De acordo a al. m) do n° 2 do art. 178° da CRM.
6
n° 4 do art. 23° SISTAFE.
7
n° 5 do art. 23° SISTAFE.
a) Proceder á gestão e execução do Orçamento do Estado aprovado, adoptando as
medidas necessárias á cobrança de receitas previstas e à realização de despesas
fixadas;
b) Proceder à captação e canalização de recursos necessários, visando a utilização mais
racional possível das dotações orçamentais aprovadas e o princípio da melhor gestão
de tesouraria;
c) Proceder á abertura de créditos, nas cindições fixadas pela Assembleia da República,
para atender défices momentâneos de tesouraria.
d) Realizar operações de crédito por antecipação da receita, para atender défices
momentâneos de tesouraria.

2.2.1. A não aprovação

Não sendo aprovada a proposta do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado, o


Governo apresenta à Assembleia da República uma nova proposta, no prazo de 60 dias
contados a partir da data da sua rejeição 8 e é reconduzido o do exercício económico anterior,
com os limites nele definidos, incluindo os ajustes verificados ao longo desse exercício,
mantendo-se assim em vigor até à aprovação de novo Plano Económico e Social e Orçamento
do Estado9.

2.3. Execução

Uma vez aprovado o orçamento e iniciado o ano económico, começam-se a cobrar as receitas
e a pagar as despesas.

A este conjunto de actos e operações dá-se o nome de execução orçamental. A execução do


OE consiste na adopção de medidas pelos órgãos e instituições do Estado visando a
arrecadação de receitas previstas, bem como, a realização de despesas fixadas.

Compete ao Governo executar e fazer executar o orçamento, sendo para tal coadjuvado pelo
conjunto da Administração Pública10. A execução orçamental deverá obedecer a dois
princípios básicos: o da utilização mais racional possível das dotações orçamentais aprovadas
e o da melhor gestão de tesouraria.

8
n° 6 do art. 23° SISTAFE.
9
n° 1 do art. 24° SISTAFE.
10
Al. e) do n° 1 do art. 203° da CRM.
As despesas só poderão ser assumidas durante o ano económico para o qual estiverem
orçamentadas e deverão sempre respeitar os princípios de economia (minimização dos
custos), eficiência (maximização dos resultados) e eficácia (obtenção dos resultados
pretendidos).

2.3.1. Regras para a execução

Para dar início à execução do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado e do Plano e
Orçamento dos órgãos de governação descentralizada, o Governo aprova as normas que se m
ostrem necessárias11.

2.3.2. Execução da receita12

A execução da receita compreende cinco fases, nomeadamente:

a) Previsão, que consiste no processo de estimativa de quanto se espera arrecadar


durante o exercício económico;
b) Lançamento, que consiste na verificação da ocorrência do facto gerador da obrigação
correspondente; ostrem necessárias.
c) Liquidação, que consiste no cálculo do montante da receita devida e identificação do
respectivo sujeito passivo;
d) Cobrança, que consiste na acção de cobrar, receber ou tomar posse da receita;
e) Recolha, que consiste na entrega ao Tesouro Público do montante da receita cobrada.

As fases acima referidas ocorrem no Sistema Tributário e devem fornecer informação ao


SISTAFE13.

2.3.3. Realização das Despesas

A realização das despesas compreende quatro fases, nomeadamente:

a) Fixação, que consiste no processo de registo dos limites da despesa aprovadas pela
Lei que aprova o Plano Económico e Social e Orçamento do Estado;
b) Cabimento, que consiste no acto administrativo de verificação, registo e cativo do
valor do encargo a assumir pelo Estado de forma parcial ou total;

11
Art. 41° SISTAFE.
12
Al. a) a e) do art. 42° SISTAFE.
13
n° 2 do art. 42° SISTAFE.
c) Liquidação, que consiste no acto de verificação do direito adquirido pelo credor e
apuramento do valor que efectivamente há a pagar, tendo como base os documentos
comprovativos do respectivo crédito;
d) Pagamento, que consiste na entrega do valor ao titular do documento de despesa.

2.3.4. Princípios da execução14

O Governo, no âmbito da execução do plano orçamental deve obedecer os seguintes


princípios:

a) Legalidade, o qual determina a observância integral das normas legais


vigentes;

Na execução do orçamento, o Governo deverá respeitar as leis em geral (legalidade genérica)


e o próprio orçamento (legalidade específica):

 Não poderá liquidar e cobrar, nem inscrever no orçamento, uma receita que não esteja
autorizada por lei. A cobrança de um imposto pode, todavia, superar o montante
inscrito no orçamento, já que, ao contrário das despesas, para as quais são fixadas
limites máximos, as receitas são uma previsão. Podem variar de acordo com a
conjuntura económica e outros factores que estão fora do controlo do Governo.
 Não poderá realizar despesas que, além de terem base legal, não se encontrem
inscritas no orçamento ou não tenham cabimento na correspondente verba orçamental,
isto é, superem o montante de verba fixado no orçamento.

À obrigatoriedade das receitas cobradas e das despesas efectuadas terem que estar
necessariamente inscritas no orçamento chama-se tipicidade orçamental. Convém, no entanto,
salientar que a tipicidade orçamental apresenta naturezas distintas, consoante se trate do
orçamento das despesas ou do orçamento das receitas:

 No caso das receitas, apenas se condiciona a espécie de receita que poderá ser inscrita
no orçamento (tipicidade qualitativa), não o seu montante.
 No caso das despesas, pelo contrário, impõem-se limites aos montantes que poderão
ser gastos (tipicidade quantitativa). Elas não poderão exceder as dotações globais
fixadas no orçamento: são autorizadas em espécie e em quantidade.

14
Disposto nas alíneas a) a J) do art. 5° SISTAFE.
b) Regularidade financeira, pelo qual a execução do Plano Económico e Social e
Orçamento do Estado deve estar em harmonia com as normas vigentes e
mediante o cumprimento dos prazos estabelecidos;
c) Economicidade, na base do qual se deve alcançar uma utilização racional dos
recursos postos à disposição e uma melhor gestão de tesouraria;
d) Eficiência, que se traduz na maximização dos benefícios com o menor custo;
e) Eficácia, que resulta na obtenção dos efeitos desejados com a medida
adoptada, procurando a maximização do seu impacto no desenvolvimento
económico e social;
f) Segregação de funções, que consiste na separação de responsabilidades entre
diferentes pessoas, especialmente as funções ou actividades-chave
potencialmente conflituantes;
g) Transparência, que consiste na disponibilização e divulgação, ao público em
geral, de informação sobre a planificação, orçamentação, execução, controla
monitoria e avaliação dos resultados na gestão do erário;
h) Boa-fé, na base do qual os servidores públicos devem agir com lealdade,
honestidade e equilíbrio sem lesar o Estado e os particulares;
i) Responsabilidade, que se traduz na obrigação da não assunção de actos
contrários a lei e no dever de prestação de contas;
j) Coordenação e articulação, que estabelece que a organização da administração
pública seja orientada de modo a permitir a planificação articulada.

2.4. Prestação de contas

Durante o ano económico faz-se o acompanhamento e controle administrativo da execução


do Orçamento do Estado, por forma a prevenir, detectar ou corrigir problemas, erros e
irregularidades. Pretende-se, desta forma, assegurar a subordinação da administração
financeira à política financeira do governo. Mais concretamente, que:

 A arrecadação e afectação de recursos seja feita de acordo com o que vem estipulado
no orçamento do Estado, de forma a evitar-se uma má utilização dos dinheiros
públicos e a ocorrência de desperdícios;
 Os objectivos que se pretende alcancar com a execução orçamental, e que vêm
definidos no Plano Económico e Social, estejam a ser efectivamente cumpridos.
Com base nesta informação, o Governo deverá apresentar à Assembleia da República
relatórios trimestrais sobre a execução das despesas e das receitas e os financiamentos
recebidos pelo Estado. Neste caso, o controlo administrativo é acompanhado de um controlo
político-parlamentar.

2.5. Fiscalização e Responsabilidades Orçamentais

Uma vez executado o orçamento e aprovada a Conta Geral do Estado, chega o momento de
se prestar contas: de se detectarem os erros e as irregularidades cometidas durante a execução
orçamental e de se apurarem responsabilidades.

Para tal, procede-se à fiscalização da actividade dos orgãos e funcionários autorizados a


cobrar receitas e a realizar gastos, os quais respondem civil, criminal e disciplinarmente pelos
actos ou omissões que pratiquem no âmbito do exercício das suas funções de execução
orçamental.

A fiscalização visa assegurar que a execução orçamental não sofre desvios, cumprindo-se
assim os objectivos e a estratégia definidos no orçamento. Procura-se garantir que o
Executivo se mantém dentro dos limites impostos pela lei - os quais foram determinados pela
Assembleia da República aquando da aprovação da Lei do Orçamento – e evitar o
desperdício e a má utilização dos dinheiros públicos.

A fiscalização tem normalmente em vista as despesas, uma vez que o montante das receitas é
uma estimativa e está sujeito a variações, dependendo da conjuntura económica, entre outros
factores. A sua fiscalização é, por isso, menos rigorosa: limita-se a averiguar se as receitas
foram correctamente liquidadas e contabilizadas.

No caso das despesas, confere-se a sua legalidade, regularidade e cabimento orçamental


(fiscalização material), bem como o respeito pelos princípios de economia, eficiência e
eficácia (fiscalização económica).

A fiscalização do orçamento é feita pelo Tribunal Administrativo (fiscalização


jurisdicional), pela Assembleia da República (fiscalização política) e pela própria
Administração Pública (fiscalização administrativa):

 Compete ao Tribunal Administrativo fiscalizar as despesas públicas e apreciar as


contas do Estado15.
15
As al. a) a d) dita a competência do Tribunal Administrativo no âmbito fiscalizador...
 Cabe, por sua vez, à Assembleia da República pronunciar-se e decidir sobre o
relatório de execução do orçamento do Estado elaborado pelo Tribunal
Administrativo.
 Por último, a entidade responsável pela gestão e execução do orçamento, as entidades
hierarquicamente superiores e de tutela, os serviços de contabilidade pública e os
orgãos gerais de inspecção têm o dever e a obrigação de acompanhar, inspeccionar e
controlar a execução orçamental.

A fiscalização jurisdicional assume uma especial importância, não só pela sua “força”, mas
também pelo facto de depender de um orgão externo e independente do Governo. Garante-se,
assim, a separação do poder executivo e jurídico, essencial para o funcionamento de qualquer
democracia.

É de salientar que a fiscalização não incide apenas sobre a Conta-Geral do Estado: não é feita
somente depois de executado o orçamento. Ela é também realizada ao longo da própria
execução orçamental. Trata-se, neste caso, de uma fiscalização prévia, por oposição à
fiscalização sucessiva.

III. CONCLUSÃO

Concluindo este trabalho de pesquisa no na qual fez-se a análise do Processo Orçamental


Moçambique podemos dizer que o Orçamento do Estado é um instrumento importante para o
bom manuseio do dinheiro público, pois, pela sua obediência nos termos legais expostos faz
com que haja um controle eficaz no uso do dinheiro público.

O Orçamento obedece regras específicas na sua elaboração cuja é elaborada pelo Governo
por meio da autorização do Assembleia da República e, por sua vez, a Assembleia da
República aprova-o e o Governo promove a execução do Orçamento do Estado na sua
execução ela obedece princípios já descritos na Lei do SISTAFE.

Como vimos no decorrer da execução o Governo deve prestar contas a entidades


competentes, neste caso, a Assembleia e o Tribunal Administrativos, e as mesmas fazem a
fiscalização para manter o ordenamento na execução.

IV. BIBLIOGRAFIA

Lei n.º 1/2018, de 12 de Junho – CRM.

Lei n.º 14/2020 de 23 de Dezembro – SISTAFE.


LIMA, Diana Vaz. CASTRO, Róbison Gonçalves de. Contabilidade Pública. 2007, Editora
Atlas S. A São Paulo

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