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FACULDADE DE DIREITO

Curso: Licenciatura em Direito


Cadeira: Direito Fiscal e Aduaneiro
Ano de frequência: 2º ano

Tema:

Relações Jurídica Fiscal e Obrigações Fiscal em


Moçambique

Amina Amade Caeva

Nampula, 19 de Maio de 2022


ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1

1.1 Objectivos .......................................................................................................... 1

1.1.1 Geral ............................................................................................................... 1

1.1.2 Específicos ..................................................................................................... 1

2 CONCEITOS BÁSICOS ........................................................................................ 2

2.1 Objetivos dos Impostos e das Políticas Tributárias ........................................... 2

2.2 O IRPS e suas Categorias .................................................................................. 3

2.3 Abordagem do principal tema............................................................................ 4

2.4 Obrigação Fiscal ................................................................................................ 4

2.5 Elementos da relação jurídica fiscal .................................................................. 6

2.6 O sujeito activo da relação jurídica fiscal .......................................................... 7

2.7 Sujeito passivo da relação jurídica fiscal ........................................................... 7

2.8 Teoria da relação jurídica................................................................................... 8

2.9 Teoria dos fatos jurídicos ................................................................................... 9

2.10 Relação jurídica fiscal e obrigação fiscal......................................................... 10

3 OBRIGAÇÃO TRIBUTARIA ............................................................................. 11

3.1 Formação da obrigação tributaria .................................................................... 12

3.2 Descumprimento da obrigação ........................................................................ 12

4 TIPOS DE OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS ..................................................... 13

4.1 Elementos da Obrigação Tributaria ................................................................. 13

5 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 14

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 15


1 INTRODUÇÃO

O Direito pode ser definido como um conjunto de princípios universais, imutáveis,


superiores ou normas jurídicas inerentes à própria condição humana; anterior ao homem
e situa-se acima dele. É eterno; não é racional; é fundamento do direito positivo. Direito
Tributário ou Fiscal é o conjunto das leis reguladoras da arrecadação dos tributos, bem
como de sua fiscalização. Regula as relações jurídicas estabelecidas entre o Estado e o
contribuinte, no que se refere à arrecadação dos tributos.

Cuida dos princípios e normas relativas à imposição e à arrecadação dos tributos,


analisando a relação jurídica tributária, em que são partes o ente público e os
contribuintes, bem como o fato jurídico gerador dos tributos. O objecto é a obrigação
tributária, que pode consistir numa obrigação de dar (levar o dinheiro aos cofres públicos)
ou uma obrigação de fazer ou não fazer. Devido a sua intensa actividade financeira
envolvendo despesas e em contrapartida receitas, a conservação dos bens públicos, o
património, o controle monetário, o orçamento público, demandam a necessidade de
arrecadação de tributos para garantir o seu meio de subsistência, para dirigir a economia
e direccioná-la para o bem-estar social.

1.1 Objectivos
1.1.1 Geral
O trabalho tem como objectivo geral, retratar o entendimento sobre Relações Jurídica
Fiscal e Obrigações Fiscal em Moçambique

1.1.2 Específicos
➢ Descrever os Conceitos Básicos da Relação Jurídica Fiscal;
➢ Identificar as Obrigações Tributarias;
➢ Detalhar sobre os tipos de Obrigações Tributarias;

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2 CONCEITOS BÁSICOS

Segundo IBRAIMO, (2002:78), imposto é uma prestação coactiva, pecuniária, definitiva


e unilateral, estabelecida por lei, sem carácter de sanção, a favor do Estado, para
realização de fins públicos.

A definição acima citada pode ser discernida da seguinte forma:

✓ Prestação coactiva: imposta pelo Estado;


✓ Prestação pecuniária ou patrimonial: avaliável em dinheiro;
✓ Prestação definitiva: sem direito a restituição, reembolso, retribuição ou
indemnização;
✓ Prestação unilateral ou não sinalagmática: sem contraprestação específica,
individual, imediata e directa (ao contrário da taxa, não dá ao devedor o direito de
exigir qualquer contraprestação imediata);
✓ Prestação estabelecida por lei: de acordo com o princípio da legalidade, isto é,
todos os impostos devem ser estabelecidos por lei através da Assembleia da
República, para o caso de Moçambique;
✓ Prestação sem carácter de sanção: sem fins sancionatórios;
✓ Prestação a favor do Estado: em sentido muito amplo, equivalente aqui a qualquer
entidade que exerça funções públicas.

Com uma definição similar, WATY (2002:88), define o imposto como, uma prestação
coactiva, patrimonial, positiva, definitiva, não sinalagmática, sem carácter de sanção,
estabelecida por lei, a favor de uma entidade pública, ou com funções públicas para a
satisfação de necessidades públicas e redistribuição de riqueza, independentemente de
qualquer vínculo anterior.

2.1 Objetivos dos Impostos e das Políticas Tributárias


Como já é sabido, os impostos são criados para a satisfação de fins públicos e
necessidades colectivas dos cidadãos, expressão que engloba objectivos fiscais (obtenção
de receitas publicas) e extrafiscais (sociais, económicas, etc.). Segundo (IBRAIMO,
2002:98). Os impostos foram criados com vista a atender os seguintes objectivos:

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a) Objectivos Fiscais

De acordo com este objectivo os impostos visam a obtenção de receitas para


financiamento de despesas públicas, isto é, satisfação das necessidades financeiras do
Estado.

b) Objectivos sociais

Os impostos visam a repartição justa da riqueza e dos rendimentos, a diminuição das


desigualdades, tendo em conta as necessidades e rendimentos do agregado social,
operando-se uma verdadeira reatribuição de riqueza.

c) Objectivos Económicos

Os impostos podem combater a inflação (reduzindo o rendimento disponível e,


consequentemente, o consumo), obter a selectividade do consumo (tributando mais
pesadamente os consumos nocivos e supérfluos, como o tabaco, o jogo, certas bebidas e
as antiguidades), proteger as indústrias nacionais (estabelecendo direitos aduaneiros
protectores durante um certo período), incentivar a poupança e o investimento
(indirectamente através dos desagravamentos fiscais).

2.2 O IRPS e suas Categorias


O Código do IRPS (CIRPS) foi aprovado pelo Decreto 20/2002 de 30 de Julho e, no seu
art, define o IRPS como um imposto directo que incide sobre o valor global anual dos
rendimentos, mesmo quando provenientes de actos ilícitos (SITOE, 2008).

De acordo com o art. 17 do CIRPS, consideram-se sujeitos passivos do IRPS, os


seguintes:

✓ As pessoas singulares que residam em território moçambicano e as que, nele não


residindo, aqui tenham rendimentos. Portanto, a extensão da obrigação fiscal
depende da residência ou não em território nacional;
✓ Os residentes, são tributados por todos os rendimentos obtidos em Moçambique
ou no estrangeiro;
✓ Os não residentes, são tributados apenas pelos rendimentos obtidos em
Moçambique;
✓ Consideram-se residentes, para este efeito, as pessoas que, no ano a que respeitem
os rendimentos obtidos:
Hajam permanecido no país mais de 180 dias;
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Tendo permanecido menos tempo, aqui tenham habitação;
Desempenhem no estrangeiro funções ou comissões de carácter público;
Sejam tripulantes de navios ou aeronaves, desde que estejam ao serviço de
entidades com residência;
As pessoas que constituem agregado familiar e aqui resida um dos
cônjuges.

2.3 Abordagem do principal tema


A relação jurídica fiscal é uma relação complexa que compreende quer obrigações
principais quer obrigações acessórias.

O cerne da relação jurídica fiscal e constituído pela obrigação fiscal ou de imposto que,
apesar de ser uma obrigação ou direito de crédito tem características especiais que
diferenciam das demais.

Segundo (TEXEIRA,1995), constitui obrigação o vínculo que nasce entre o estado e o


particular através do imposto.

Para Betioli (1996), a relação jurídica estabelece um vínculo entre pessoas, do qual
derivam consequências obrigatórias por corresponder a uma hipótese normativa.

Para CAMPOS (1995), refere que a relação jurídica como sendo, a relação da vida
disciplinada pelo direito, vinculado o titular do direito subjectivo e obrigado, e o obrigado,
relativamente ao objecto ou bem jurídico.

No nosso ponto de vista, a relação jurídica pode ser conceituada no plano objectivo ou
subjectivo.

2.4 Obrigação Fiscal


De um modo coerente, a obrigação fiscal pode ser tida como o vínculo jurídico nascido
de verificação de situação ou das condições abstractamente previstas na lei tributaria e
cujo objectivo e a prestação do imposto.

Assim, WATY (2004), considera a obrigação fiscal como parte da relação jurídica, pós
esta e amais vasta e complexa. Para ele, a obrigação fiscal inclui todas as relações de
diferente objecto e conteúdo que resultam daquela obrigação central, na qual os sujeitos
passivos são o contribuinte e outras pessoas estranhas a essa obrigação de imposto. A
relação jurídica e composta de um núcleo constituído pelos contribuintes e pelos terceiros

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que, de algum modo, estão ligados aos pressupostos do facto de tributação, que podem
ser designados de obrigação ou deveres tributários acessórios.

A relação jurídica fiscal é pós, uma relação obrigacional, embora de direito publico. Nesse
trata de uma particularidade do direito fiscal que possa interpretar se como
correspondendo à aquela conhecida orientação que visa aproximar esse ramo jurídico do
direito civil.

A primeira obrigação, nuclear, é a obrigação fiscal que se traduz no pagamento do


imposto. O segundo tipo de obrigações – as obrigações acessórias – definem-se como
aquelas que auxiliam o cumprimento da obrigação central de pagamento do imposto.
Dentro destas encontram-se, assim, as obrigações criadas pelo legislador a propósito da
contabilidade.

No plano objectivo a relação jurídica e toda a relação social disciplinada pelo direito,
enquanto no plano subjectivo ela representa o vínculo entre dois ou mais indivíduos,
dotados de obrigatoriedade. Nessa perspectiva as situações subjectivas são momentos de
uma relação jurídica fracções temporárias de uma relação interpessoal regulada pelo
direito.

Nas relações jurídicas pressupõe se um acto devindo ou permitindo, e dois sujeitos um


dito activo e outro passivo, sujeito activo não e necessariamente aquele que pratica o acto,
mas aquele que na situação jurídica encontra se na posição subordinante. Simetricamente,
a este, esta o sujeito passivo aquele que se encontra na posição subordinada em relação a
acto considerado. A subordinação é estabelecida ao direito em benefício de quem prática
o acto, a benefício de terceiro ou da comunidade.

Segundo Bem (2004), conceitua a relação jurídica como a ligação entre dois ou mais
sujeito, em razão de um facto previsto no ordenamento jurídico, em que um dos sujeitos,
tem o direito de exigir uma prestação e o outro, o dever de compri-lá. Assim vê se que a
exigência de uma relação jurídica pressupõe o posicionamento de duas ou mais pessoas
adoptadas de poderes e resultantes das normas jurídicas, dai porque, só interessam ao
direito as relações que estejam, de alguma forma previstas num modelo jurídico.

Segundo Fashin (2002, p.4), a relação jurídica se constitui o elemento unificador de


código civil, padecendo dos vices da abstracção e da generalidade que conduzem a uma
exclusão social. Neste sentido o autor afirma que, há divisão entre as relações sociais

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abrangidas pelo manto jurídico e aquelas que estão excluídas no âmbito de relação, os
modelos de relações juridicamente relevantes não poderiam se ater as vicissitudes das
relações fácticas, o código civil e visto como um sistema pre̵t a̶ porter, mais do que isso
o direito se reduz a essas soluções prévias, se reduz a modelos.

Portanto, a relação jurídica é um facto geral e abstracto, por ser próprio da ciência jurídica,
sendo impossível o legislador elaborar normas sem deixar de tutelar certos bens jurídicos,
uma vez que sua interacção maior e regular a vida das pessoas naquilo que elas tem de
maior ou mais do quotidiano, (BEM, 2004).

Para a melhor compreensão da relação jurídica fiscal é necessário ter a noção dos seus
pressupostos, que constituem o conjunto de condições de que a lei faz depender o
nascimento da relação jurídica fiscal.

Quanto a sua natureza os pressupostos podem ser:

Objectivos ou subjectivos;

Quanto ao seu âmbito podem ser:

Genéricos ou específicos.

No que se refere aos pressupostos genéricos da relação jurídica fiscal pode se apontar a
personalidade jurídica, a capacidade jurídica (subjectivos) e matéria colectável
(objectivo).

2.5 Elementos da relação jurídica fiscal


Os elementos da relação jurídica fiscal são 4:

Sujeitos;

Objectos;

Facto jurídico; e

Garantias.

Os sujeitos são os pontos terminais da relação jurídica. O sujeito activo, que é o titular do
correspondente direito subjectivo e o sujeito passivo, que é sobre quem recai o
correspondente dever. Na obrigação fiscal, existe a particularidade como se vera de o
sujeito activo ser sempre uma entidade do direito público ou que exerce funções públicas,
que tem o direito de exigir o cumprimento da obrigação. Por sua vez, o sujeito passivo é

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a pessoa singular ou colectiva ou qualquer outra entidade (património ou organização de
facto de direito, diz a lei), que nos termos legais, esta vinculada ao cumprimento da
obrigação.

2.6 O sujeito activo da relação jurídica fiscal


Em relação a sujeitos activos da relação jurídica fiscal importa distinguir:

Poder tributário: poder conferido constitucionalmente para a criação, incidência,


instituição, estabelecimento do imposto e a definição do seu regime;

Competência tributaria: a administração ou gestão de imposto e que se traduz no


lançamento, liquidação e cobrança dividindo se esta competência entre a administração
fiscal e os particulares (contribuintes ou terceiros).

Capacidade tributária activa: qualidade do sujeito activo da relação de crédito em que


a relação jurídica fiscal se consubstancia. Ѐ a titularidade de crédito de imposto e outros
direitos tributários e é inerente a personalidade tributária activa ou susceptibilidade de ser
sujeito activo da relação jurídica fiscal e é imposto;

Titularidade de receita de imposto: verifica se nos casos em que as receitas


provenientes de certos impostos estão consignadas a determinadas entidades que não
tenham todas ou algumas das titularidades fiscais activas.

2.7 Sujeito passivo da relação jurídica fiscal


A doutrina costuma distinguir as seguintes: contribuintes, devedor de imposto e sujeito
passivo da relação jurídica fiscal.

Contribuinte é a pessoa em relação em qual se verifica o facto tributário, o pressuposto


de facto ou facto gerador do imposto, isto é, o titular da manifestação na capacidade
contributiva que a lei visa atingir e que por esse efeito ira suportar d desfalque patrimonial
que o imposto provoca.

Devedor de imposto é o sujeito passivo que deve satisfazer perante o credor fiscal a
obrigação de imposto.

Sujeito passivo é toda e qualquer pessoa, singular ou colectiva, a quem a lei imponha o
dever de efectuar uma prestação tributária, quer seja a prestação de imposto, quer seja nas
obrigações acessórias.

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Quando a abstracção, não há dúvida de que a relação jurídica e um conceito geral e
abstracto. Mas isso e próprio de qualquer ciência, por mais concreta que se queira faze̵ lá,
porque e pelo pensamento, necessariamente abstracta, que o homem aprende a realidade,
sendo, portanto, abstracta a própria ideia de homem concreto.

Entretanto, algumas relações são reguladas pelo direito e outras não, o que cada vez
menor, e bom que ainda haja relações interpessoais imane a autoridade do Estado, não
havendo nenhuma concretização da maldade nesses conceitos, mas dependência em
relação a natureza do pensamento humano.

2.8 Teoria da relação jurídica


A relação jurídica e a relação entre pessoas tuteladas pelo ordenamento jurídico (BEM,
2004, pag.17). Nessa perspectiva, e importante ressaltar que dois requisitos são essências
para que se perceba a tutela pelo direito, sendo um de ordem material a ligação
intersubjectiva, e outro de certeza formal, a hipótese normativa ou laco entre as partes,
necessariamente previsto por normas. As relações do direito privado são classificadas em
quatro categorias:

Familiares;

Sucessórias;

Obrigacionais e

Essas, que representam uma semelhança em relação aos elementos externos que nelas
estão inseridos: sujeitos, objectos, factos jurídicos e garantias. Assim, toda a relação
jurídica corresponde a uma acção com intenção de assegurar a protecção de Estado aos
litigantes, como meio processual.

Sujeito de direito é aquele que participa na relação jurídica como sujeito activo, o titular
do direito ou passivo, o titular do dever. O objecto da relação é o bem, ou a prestação em
que incide o poder jurídico, com a intenção de favorecer sujeito activo.

O facto jurídico é todo e qualquer acontecimento gera uma relação jurídica contribuindo
com criação, modificação ou extinção de direitos.

Para DINIZ (2002), o facto jurídico é um acontecimento previsto em que a norma do


direito, em razão do qual nascem, se modifica, suscitem ou se extinguem as relações
jurídicas.

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2.9 Teoria dos fatos jurídicos
Todo direito nasce do facto, isso é, o facto pode ter consequências jurídicas justamente
por ter sido previsto pelo direito. Tais factos com consequências jurídicas dividem-se em
factos jurídicos em sentido estrito e em actos jurídicos.

Os factos jurídicos em sentido estrito representam todos os fenómenos actuantes sobre o


mundo exterior que, não obstante gerem efeitos jurídicos, não são frutos da vontade
humana. Segundo AMARRO (1999), o facto jurídico é” o facto ou complexo de factos
sobre o qual incidiu a regra jurídica.”

Os actos jurídicos são os acontecimentos que geram efeitos legais e que são fruto da
consciência e da vontade humana, subdividindo-se em actos lícitos-conforme o direito-e
actos ilícitos em contraposição ao direito.

Aqui serão abordados, apenas, os factos jurídicos decorrentes da consciência e da vontade


humanas, tanto na modalidade lícita como na modalidade ilícita, uma vez que, como
afirma FALCÃO (1959), todos os factos que não produzem, pela norma, efeitos jurídicos
serão irrelevantes para o direito.

Nessa perspectiva, conceitua-se facto jurídico, em sentido lato, todo acontecimento


natural ou humano, susceptível de produzir efeitos jurídicos.

Entretanto, usualmente, essa expressão tem sido utilizada em sentido estrito, como facto
independente da vontade humana que suscita efeitos jurídicos.

Os factos jurídicos, em sentido estrito ou factos naturais independem da vontade humana,


mas apenas da natureza humana, e podem ser classificados como factos, trazem em si
uma posição jurídica, produzindo efeitos como a aquisição e a extinção de direitos, como
é o caso do nascimento e da morte que são os termos iniciais e finais da personalidade.

O acto jurídico em sentido amplo, ou acto humano, é um acontecimento que depende da


vontade humana. Estando essa vontade de acordo com o direito, a moral e os bons
costumes, tem-se um facto lícito e tem defeitos esperados pelo agente humano.

A vontade é o elemento principal do negócio jurídico, portanto, ela determina a criação,


a modificação ou a extinção da expressão do ser humano.

Para RODRIGUES (1966) define a vontade como, o substrato do negócio jurídico.

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A finalidade do negócio jurídico é a satisfação da vontade de criar, conversar, modificar
ou extinguir direitos. Sem essa interacção, caracteriza-se, apenas, um acto jurídico,
conforme a compreensão de GONSALVES (2003) assim expressa: a existência do
negócio jurídico depende da manifestação da vontade, com a finalidade negocial.

Para que um facto jurídico seja considerado valido, são necessários alguns elementos
determinados em lei, independente da vontade dos sujeitos de direito.

Para Amaral (1998), esses elementos são as entidades que compõem a estrutura do
negócio jurídico. Assim, são elementos primários indispensáveis para que um negócio
jurídico seja considerado valido: agente capaz, objecto lícito, possível determinado ou
indeterminável e forma prescrita ou não defesa da lei.

Interpretar o acto é determinar o sentido que ele deve ter, procurando-se compreender o
conteúdo de suas normas e as manifestações das vontades das pessoas. Inexiste negócio
ou acto jurídico sem a vontade, pressuposto, aliás, elementar, ainda que seja produzida
por meio da linguagem do silêncio.

No negócio jurídico ou acto jurídico benéfico se sobrepõem a natureza da benevolência,


da generosidade, da liberdade, que traduz a disposição do agente em ofertar um direito
ou um benefício em favor de outrem, sem contrapartida. Nesse negócio, quer o agente
conferir, voluntariamente, a outrem, uma vantagem friável juridicamente por quem passa
a tê-la, na condição de titular de um direito, nascido em face a dádiva.

2.10 Relação jurídica fiscal e obrigação fiscal


O conceito da relação jurídica fiscal, foi importada de direito privada.

Código Civil

Secção I, personalidade e capacidade jurídica

Artigo 66, Começo da Personalidade

1. Personalidade adquire- se no momento de nascimento completo e com vida.

2. Os direitos que a lei reconhece aos nascituros dependem do seu nascimento.

Artigo 67, capacidade jurídica

As pessoas podem ser sujeitas de quaisquer relações jurídicas, salvo disposição legal, em
contrário, nisto consiste a sua capacidade jurídica.

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Artigo, 68 termos da personalidade

1. A personalidade cessa com a morte.

2. Quando certo efeito jurídico depender da sobrevivência de uma ou outra pessoa,


pressupõe- se, em caso de dúvida que uma e outra faleceram ao mesmo tempo.

3. Tem se por falecida a pessoa, cujo cadáver não foi encontrado ou reconhecido,
quando desaparecimento se tiver dado, em circunstanciais que não permitam duvidar da
morte dela.

Artigo 69, Renuncia a capacidade jurídica

Ninguém pode renunciar, no todo ou em parte a sua capacidade jurídica.

i. Das relações jurídicas

Ana Prata, (2009,), define a relação jurídica, num sentido restrito, como a relação inter
privada que o direito regula através da atribuição a um sujeito de um direito privado e a
imposição de outro de um dever ou sujeição. Por seu lado a obrigação fiscal, respeita
somente aquela que e a principal obrigação do sujeito passivo na relação jurídica fiscal,
ou seja, a obrigação e pagar o imposto.

ii. Objecto da relação jurídica fiscal

Segundo Waty (2007, pag.137), o objecto da relação jurídico fiscal é a prestação a que o
devedor de imposta esta a distrito para com o sujeito activo.

A prestação é, em regra precedida de uma actividade para a sua concretização lançamento


e determinada pela aplicação de ma taxa a matéria colectável, liquidação.

O facto jurídico é a constituição da obrigação fiscal. Sendo a concorrência de elementos,


obtenção de rendimentos ou aquisição de bens, que hipoteticamente previstos na lei como
credores de relações jurídicas fiscais fazem nascer a obrigação de imposto.

3 OBRIGAÇÃO TRIBUTARIA

A obrigação pode ser entendida de duas formas, a primeira pela relação jurídica entre
credor (sujeito activo), e o devedor (sujeito passivo), tendo o primeiro o direito ao
recebimento de determinada prestação.

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A obrigação tributária de uma relação jurídica estabelecida entre as pessoas jurídicas de
direito público, competentes para instituir sobre tributos, e as pessoas, físicas ou jurídicas,
que praticam o facto previsto a lei, ou seja, e um dever de fazer um contribuinte prestar
determinada prestação.

Ainda pode ser conceituada a obrigação como, a relação entre pessoas que pode ser gerada
em razão da vontade o em razão da lei.

A obrigação tributaria, decorre da lei, sendo por tanto, exemplos legais, não necessitando
da vontade do agente.

O nascimento da obrigação não depende de nenhuma manifestação de vontade das partes,


que passam a ocupar os polos passivos e activos do vínculo jurídico.

Basta a ocorrência de facto previamente descrito na lei para que surja a obrigação. Sendo
assim ocorrido o facto gerador nasce a relação tributária compreendida entre o dever de
alguém (sujeito passivo), e o direito do Estado sujeito passivo.

3.1 Formação da obrigação tributaria


A imposição de pagar o tributo surge do vinculo que se estabelece entre o particular
sujeito passivo contribuinte, quando há ocorrência de um facto gerador, a situação
prevista em lei, que faz com que surja o vinculo, entre o particular e o Estado ( a obrigação
tributaria).

O particular fica determinado a pagar uma prestação de fundo particular prevista na


legislação.

A prestação pode servir para pagar tributo, ou penalidade dependendo de como e definido
pela lei praticado pelo particular.

O contribuinte, pode ainda ser Estado a fazer coisas no interesse do fisco, ou deixar de
praticar algum acto de acordo com a lei.

3.2 Descumprimento da obrigação


Caso contribuinte não cumpra a obrigação tributaria espontaneamente, poderá ser objecto
de lançamento de ofício de crédito inadimplido, sendo que o processo de determinação e
exigências de créditos tributários da união.

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4 TIPOS DE OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS

As obrigações tributárias são dois, que são:

Obrigação tributária principal, é a obrigação de pagar o tributo devido (pecuniária).

Obrigação tributária acessória, consiste em acção ou missão que facilita a acção do


fisco, como por exemplo a obrigação de emitir nota fiscal, e a de não rasurar os livros
fiscais da empresa.

São chamadas também de prestações negativas ou positivas.

A obrigação principal e acessória, são autónomas, por tanto, diante de uma unidade esta
só atingira a principal, diferentemente de direito civil não desobrigando o seu
cumprimento.

O objecto da obrigação, deve ser determinado ou, ao menos, determinável indeterminado


relativamente ou susceptível de determinação no momento da execução. Admite-se, pois
a venda da coisa incerta, indicada ao menos pelo género e pela quantidade, que será
determinada pela escolha, bem como a venda alternativa, cuja indeterminação cessa com
a concentração.

O objecto da obrigação deve ser economicamente apreciável. Obrigações jurídicas, mas


sem conteúdo patrimonial, como dever de fidelidade recíproca entre os conjugue e outros
meios do direito ou família, são excluídas do direito das obrigações.

4.1 Elementos da Obrigação Tributaria


Constitui se por quatro elementos:

Lei: acto que cria ou institui o tributo, determina aumento de alíquotas, outorga
isenções, vedações, não incidência, define o fato gerador e tudo mais que for desta
obrigação e estrutura- se pela hipótese, o mandamento e a sanção.

Fato gerador: elemento nuclear da obrigação tributaria ou sua própria natureza


jurídica, sem o qual não há que se falar em obrigação;

Sujeito activo: é lado credor da obrigação fiscal, sujeito passivo: e o lado devedor
da relação obrigacional tributário contribuinte;

Objecto: e o valor devido que pode ser definido como principal ou acessório.

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5 CONCLUSÃO

Conclui-se que, a relação jurídica e composta de um núcleo constituído pelo contribuinte


e pelos terceiros que, de algum modo, estão ligados aos pressupostos do facto de
tributação, que podem ser designados de obrigação ou deveres tributários acessórios.

a relação jurídica fiscal é pós, uma relação obrigacional, embora de direito publico. Nesse
trata de uma particularidade do direito fiscal que possa interpretar se como
correspondendo à aquela conhecida orientação que visa aproximar esse ramo jurídico do
direito civil.

A primeira obrigação, nuclear, é a obrigação fiscal que se traduz no pagamento do


imposto. Os segundos tipos de obrigações, as obrigações acessórias – definem-se como
aquelas que auxiliam o cumprimento da obrigação central de pagamento do imposto.

Quando a abstracção, não há dúvida de que a relação jurídica e um conceito geral e


abstracto. Mas isso e próprio de qualquer ciência, por mais concreta que se queira faze̵ lá,
porque e pelo pensamento, necessariamente abstracta, que o homem aprende a realidade,
sendo, portanto, abstracta a própria ideia de homem concreto.

Entretanto, algumas relações são reguladas pelo direito e outras não, o que cada vez
menor, e bom que ainda haja relações interpessoais imane a autoridade do Estado, não
havendo nenhuma concretização da maldade nesses conceitos, mas dependência em
relação a natureza do pensamento humano.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BEM, Leonardo Schmidt. Teria da Relação jurídica: análise da parte geral do novo
Código Civil. Corimbo: JM, 2004. I
2. Carvalho, Paulo de Barros, curso de Direito tributário. São Paulo, Saraiva, 1997.
KPEMJ 3. Legislação fiscal de Moçambique. Maputo, plural editora, S.D.
3. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil. 18 Ed. Rio de Janeiro: Francisco
Alves, 1917.
4. FACHIN, Luiz Edson. Parte Geral do Código Civil. Rio Janeiro. Renovar, 2002.
5. GOLÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. São Paulo: Saraiva,
1994. Direito Civil. 10. Ed. São Paulo: Saraiva 2003.
6. IBRAIMO, I. O Direito e a Fiscalidade: Um Contributo para o Direito Fiscal
Moçambicano. Maputo: ART C, 2002.
7. PRAT, Ana. A tutela constitucional da autonomia privada. Coimbra: Almedina
1982.
8. REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE. Decreto-Lei que Aprova a Criação da
Universidade Católica de Moçambique. Boletim da República: 43/95. de 14 de
Setembro de 1995.
9. WATY, Teodoro Andrade. Introdução ao Direito Fiscal, 2ºed. Maputo, W e W –
editora, 2004. Manual da Educação Fiscal e Aduaneira para disseminadores,
Maputo, Outubro, 2010.
10. WATY, T.A. Introdução ao Direito Fiscal. Catembe: W e W Editora, 2002.

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