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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL

CÍVEL DA COMARCA DE SÃO BENTO DO SUL - SC

JOANA BIS, brasileira, nascida em 16/05/1990, solteira, inscrita no RG sob o n° 9.800.700,


e no CPF sob o n° 900.800.700-60, residente e domiciliada à Rua Estrada Carlos
Schroeder, n° 1915, Bairro Alpino, São Bento Do Sul/SC, CEP 80.890-0 vem por intermédio
de seus advogados, que esta subscrevem, conforme procuração anexa, vem
respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor a seguinte: com fundamentos nos
artigos 227, § 6º e 229 da Constituição Federal, 1.606, 1.694 e 1.696 do Código Civil de
2002, bem como na Lei nº 8.560/92 e no artigo 300 do Código de Processo Civil, propor a
presente:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Em face da Loja Roupa Nova, CNPJ 98.765.432/0001-00 localizado à Rua Antonio


Kaesemodel, nº 12, Oxford, São Bento do Sul- SC, CEP 80.970-1, pelos fatos e
fundamentos que a seguir expõe:

DOS FATOS

Joana Bis, para seu casamento, que ocorreria no dia 22/04/2019, contratou a confecção de
seu vestido de noiva com a loja Roupa Nova, justamente porque no preço pago pelo vestido
a loja forneceria a “tarde da noiva”, a ser realizada no salão de Danoir de Tal. A loja
descumpriu reiteradamente os prazos de prova do vestido e de entrega deste, e no dia do
casamento, uma catástrofe ocorreu. No fatídico dia, Joana, a noiva, permaneceu por mais
de seis horas sentada numa cadeira desconfortável no salão de Danoir sem fazer nada,
pois, na mesma tarde, havia mais quatorze noivas e três debutantes para se arrumarem no
salão. Ainda, o vestido deveria ser encaminhado pela loja Roupa Nova diretamente para o
salão no início da tarde, no entanto, apenas chegou às 18h. A cerimônia do casamento
estava marcada para às 20h15. Mais, a grinalda escolhida não havia sido localizada pela
requerida Roupa Nova, contudo, para a surpresa de Joana, outra noiva estava utilizando-a
no salão no mesmo dia. Joana foi atendida no salão apenas às 20 horas, saindo do
estabelecimento às 21 horas quando percebeu que o seu vestido – além de não conter
todos os bordados e botões – estava rasgado inteiramente nas costas, conforme imagem 1.

Imagem 1: vestido de Joana rasgado.

Após o estrago, o vestido foi consertado pelo cabeleireiro Danoir. Novamente,


enquanto seguia no veículo para o local da cerimônia, sentiu que o vestido estava rasgado
e nada poderia ser feito, chegando na igreja com atraso. Não foi feita filmagem ou
fotografias especiais da sua saída do veículo, porque o vestido estava rasgado. Danoir,
então, colocou alfinetes de segurança no vestido para que pudesse entrar na igreja. Após
passar por grande constrangimento e depois da cerimônia, Danoir costurou o vestido de
Joana na rua.
DO DIREITO

O Código de Defesa do Consumidor dispõe em seu Art. 18. que “Os fornecedores de
produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de
qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se
destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade,
com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor
exigir a substituição das partes viciadas.”

Ainda, o entendimento do Tribunal de Justiça do Rio Grande Do Sul TJ-RS, já se


encontra consolidado no que tange ao cabimento de indenização por danos morais,
vejamos:

APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL. CONTRATO


DE ALUGUEL DE VESTIDO DE NOIVA E \TARDE DA NOIVA.
RELAÇÃO DE CONSUMO. APLICABILIDADE DO ART. 18 DO
CDC. NEXO CAUSAL E DANOS VERIFICADOS. VESTIDO
RASGADO. ESPERA EXACERBADA NO SALÃO DE
BELEZA. ATRASO NA CERIMÔNIA. DANOS MATERIAIS E
MORAIS CONFIGURADOS.

Segue o mesmo entendimento o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, vejamos:

APELAÇÃO CÍVEL. RELAÇÃO DE CONSUMO.


AUTORA QUE CONTRATOU EMPRESA RÉ PARA
ORGANIZAR E REALIZAR SUA FESTA DE CASAMENTO.
DESCUMPRIMENTO PARCIAL DO CONTRATO. SENTENÇA
DE PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS. IRRESIGNAÇÃO DA
PARTE RÉ. 1. Na petição inicial, a autora afirma que celebrou
junto à empresa ré contrato de prestação de serviços para a
realização da festa de seu casamento, sendo ajustados o
aluguel e decoração do salão de festas, bem como o serviço
de buffet. 2. A apelante, reconheceu os problemas relatados
no decorrer da festa, tais como como parte da comida
estragada, ausência da mesa de chocolate na forma
contratada e que as flores se encontravam murchas. Além
disso, a foto reproduzida na peça vestibular demonstra que
foram fornecidos doces em quantidade inferior à pactuada. 3.
Diferentemente do alegado pela recorrente, a autora não
pretendia uma festa luxuosa a baixo custo, mas sim apenas o
cumprimento dos termos do contrato. 4. O fornecedor de
serviços só se exonera da responsabilidade de indenizar os
danos causados pela má prestação do serviço se comprovar a
inexistência do defeito ou a culpa exclusiva do consumidor ou
de terceiros (art.14, §3º, CDC), o que não ocorreu no caso
concreto. Falha na prestação dos serviços caracterizada. 5.
No que se refere aos danos materiais, verifica-se que o valor
arbitrado pelo juízo de primeiro grau é proporcional aos
prejuízos experimentados pela apelada. 6. Dano moral
configurado. Notória a importância da festa de casamento na
vida do casal, notadamente em razão de seu valor simbólico,
de modo que eventuais problemas ocorridos ganham
transtornos mais expressivos. 7. Os problemas elencados, os
quais foram evidenciados no decorrer da festa fogem do
campo da normalidade, não podendo ser considerados meros
dissabores ou simples descumprimento contratual. 8.
Quantum indenizatório mantido de acordo com as
peculiaridades do caso concreto. Inteligência do enunciado
343 da súmula do Tribunal de Justiça. 9. Manutenção da
sentença. 10. NEGA-SE PROVIMENTO AO RECURSO.
(TJRJ, APELAÇÃO CÍVEL n. 0001508-61.2019.8.19.0211,
Relator Des(a). SÉRGIO SEABRA VARELLA, j. 22/09/2021 -
VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL)

Salienta-se, que devido à falta de responsabilidade do Requerido, a Requerente teve


que suportar o trauma causado pelo fatídico acontecimento: Nessa linha, Maria Helena
Diniz esclarece: “Dano moral é a lesão de interesses não patrimoniais de pessoa física ou
jurídica, provocada por ato lesivo” Assim, a reparação pelos danos causados justifica-se em
decorrência do prejuízo material e abalo moral que a autora sofreu, visando amenizar a
sensação desagradável e desgosto sofrido pela lesada.

Dessa forma, tem-se que o ressarcimento em dano moral é cabível no presente


caso, visto que a situação ocorrida causou extremo constrangimento à Requerente.
Conclui-se, que, tendo como vetores os critérios da proporcionalidade e razoabilidade, sem,
contudo, deixar de lado o abalo anímico suportado pela requerida, bem como,
considerando-se a função capaz de impedir a reiteração desta prática por parte da
requerida, sem incorrer no enriquecimento indevido, sugere-se à título de danos materiais o
valor despendido no aluguel do vestido (incluso a tarde da noiva), na quantia de R$
5.000,00 e danos morais no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais), considerando a
humilhação sofrida pela Requerente em seu dia, tendo em vista ser dia único na vida da
pessoa.

DOS PEDIDOS

Diante de todo o exposto, é o pedido para:

a) Determinar a citação do réu no endereço apontado para que, em querendo, apresente


resposta à presente, sob as penas de revelia e confissão;

b) A produção de todos os meios de prova em direito admitidos, nos termos do artigo 369
do CPC;

c) Condenação ao pagamento dos honorários advocatícios no importe de 20% (vinte por


cento) sobre o valor da condenação e custas processuais;

d) A procedência total da presente ação, condenando o réu ao ressarcimento total dos


danos materiais, bem como danos morais.

e) Dá-se à causa o valor de R$20.000,00 (vinte mil reais).

A oportunidade é propícia para reiterar a Vossa Excelência nossos protestos de elevada


estima e apreço.

Termos em que,

Pede deferimento.

28 de abril de 2023
ISABELLE SENN HADASSA CASSIANE BAUM
OAB 123 OAB 147

VITÓRIA BIANCA VOLPI PRISCILA BALLATKA BARABACH


OAB 456 OAB 963

HENRIQUE LEANDRO VOLPI NAIANA SESTREM OCHÔA WRIGHT


OAB 789 OAB 852

LEONARDO AMINGER MARIA EDUARDA IARGAS


OAB 954 OAB 265

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