Você está na página 1de 9

AO JUÍZO DA VARA_CÍVEL DA COMARCA DE BLUMENAU – ESTADO DE

SANTA CATARINA

Gabriel Jesus, de nacionalidade …, casado, profissão..., endereço


eletrônico …, portador da cédula de identidade …, órgão emissor …, inscrito no
CPF sob o nº …, residente e domiciliado na rua Jardim Indaial, bairro Nações, nº
…, cidade Blumenau, CEP ..., e sua cônjuge Vivian Silva Jesus, de
nacionalidade …, casada, profissão..., endereço eletrônico …, portadora da
cédula de identidade …, órgão emissor …, inscrita no CPF sob o nº …, residente
e domiciliada na rua Jardim Indaial, bairro Nações, nº …, cidade Blumenau,
CEP ..., vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio
de seu advogado constituído, propor, com fulcro no art. 1.242 do CPC,

AÇÃO DE USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA COM PEDIDO DE TUTELA DE


URGÊNCIA

Em face de REGINALDO SOARES, de nacionalidade brasileira, estado


civil..., o qual declara não conviver em união estável, profissão..., endereço eletrônico …,
portador da cédula de identidade …, órgão emissor …, inscrito no CPF sob o nº …,
residente e domiciliado na rua República Argentina, bairro Ponta Aguda, nº..., Indaial,
CEP... .

DOS FATOS

Os requerentes pussuem um terreno, localizado no município de Blumenau há


19 (dezenove) anos, desde de 2004 (dois mil e quatro), com uma área total de 260 m²
(duzentos metros quadrados).
Este terreno foi adquirido por meio de um contrato de compromisso de compra
e venda no dia 05 de setembro de 2004, onde foi acordado que seria realizado o
pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil) de entrada é o restante seria cinco parcelas anuais
de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) , juntamente com o Sr. José Carlos das Neves, antigo
proprietário.
Logo após a compra do lote, os requerentes realizaram a construção de sua
1
moradia. É importante frisar que, neste longo período, os requerentes cuidaram do imóvel
usucapiendo com animus domini, já que o compraram e o adquiriram de fato, inclusive
todos esses ano efetuando o pagamento das contas de IPTU, energia e água.
Ocorre que, neste ano os requerentes se viram na necessidade de regularizar a
escritura do imóvel, pois acabaram descobrindo que o requerente Sr. Gabriel Jesus
contrariou uma grave doença. Com receio de que Sr. Gabriel possa vir a óbito sem realizar a
transferência do imóvel, os requerentes buscaram pelo antigo proprietário Sr José Carlos, e
foram informados de que o mesmo já havia falecido no ano de 2015 (dois mil e quinze).
Os requerentes então realizaram a solicitação da matrícula do imóvel no
Cartório de Registro de Imóveis (CRI) da comarca, e foram informados de que o proprietário
do imóvel seria o Sr. Reginaldo Soares.
Deste modo os requerentes deixam claro que, em momento algum tiveram a
ciência de que não eram donos do referido imóvel, tendo, inclusive, o contrato pactuado com
o Sr. José Carlos e os comprovantes de pagamentos realizados para o mesmo na época.
Tendo em vista a situação, os requerentes vem a socorrer-se do Poder Judiciário para
promover a presente ação de usucapião extraordinario.

2
I - DO DIREITO

I.I - DA APLICAÇÃO DO CDC

Conforme extrai-se da Lei 8.078/90 mais especificamente no artigo 2º, a


caracterização da a autora como consumidora final do produto na referida relação de
consumo torna a presente legítima para postular a ação.
Ainda, importante se faz a demonstração da aplicação, do artigo 12º §3º da
referida lei, conforme extrai-se:
“O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador
respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos
danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto,
fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou
acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes
ou inadequadas sobre sua utilização e riscos”.
Sendo evidente a responsabilidade da ré, ainda que não existisse culpa, a
importadora do produto deve responder pelos prejuízos ocasionados a autora.

Sendo o entendimento do nosso tribunal em relação ao tema:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO INDENIZATÓRIA. DANOS MATERIAIS,

3
MORAIS E ESTÉTICOS. COMPRA DE COSMÉTICO. CONSTATADO
VÍCIO NO PRODUTO. PROCEDÊNCIA NA ORIGEM. INSURGÊNCIA DA
REQUERIDA. AVENTADA EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE.
ART. 12, §3º, II E III, DO CDC. NÃO ACOLHIMENTO.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA CONFIGURADA. PRODUTO QUE
OCASIONOU LESÕES NA FACE DA AUTORA. NEXO CAUSAL
ENTRE A CONDUTA E O DANO EVIDENCIADOS VIA LAUDO
PERICIAL. DEVER DE INDENIZAR CONSTATADO. DANO MORAL E
ESTÉTICO. INDENIZAÇÕES DEVIDAS. AUTORA QUE SE SUBMETEU A
TRATAMENTO MÉDICO, POR LONGO PERÍODO, NA TENTATIVA DE
DIMINUIR AS LESÕES EM SUA FACE. QUANTUM. ADEQUAÇÃO AOS
PARÂMETROS DA CÂMARA. MINORAÇÃO DEVIDA. SENTENÇA
REFORMADA, NO PONTO. JUROS DE MORA. TERMO INICIAL.
RELAÇÃO CONTRATUAL EXISTENTE. CITAÇÃO. ART. 405 DO
CÓDIGO CIVIL. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO PARCIALMENTE
PROVIDO. (TJSC, Apelação Cível n. 0016142-30.2010.8.24.0020, de
Criciúma, rel. Ricardo Fontes, Quinta Câmara de Direito Civil, j. 01-09- 2020).
(Grifo nosso).

Tendo em vista todo o ocorrido e demonstrada a aplicação do CDC propõe-se a


presente demanda em face tão somente da importadora.

II - DOS DANOS MATERIAIS

Em decorrência das substâncias tóxicas contidas no produto fornecido,


necessitou desembolsar o valor de R$ 1.000,00 (mil reais), para receber os devidos
cuidados médicos, visando o não agravamento de riscos à sua saúde. Neste sentido
dispõe o artigo 402 do Código Civil:
“Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas
autora abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, oque razoavelmente
deixou de lucrar.”
Pelos fatos já mencionados, em detrimento da aplicação do produto, deseja a
autora a restituição dos valores gastos pelo atendimento medico- hospitalar.
Vale ressaltar, que além dos gastos acima alegados a autora efetuou o

4
pagamento no valor de R$ 500,00 (quinhentos reais) ao profissional, pelos serviços
contratados, os quais deseja reembolso, neste sentido, aplica-se o artigo 14 do Código
de Defesa do Consumidor.
Com efeito, a queda de seu cabelo e as manchas ocasionadas em seu rosto,
impossibilitaram-na de se utilizar da sua principal ferramenta de trabalho, qual seja, sua
imagem, pelo período de dois meses, incapacitando-a de promover o próprio sustento.
Em exercício a sua atividade artística, antes de todo o ocorrido, a autora havia
sido contratada para que desenvolvesse um ensaio fotográfico que lhe renderia o valor
de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), sobre os lucros cessantes, a autora almeja ser
indenizada, equivalente ao valor que perceberia caso o ensaio fotográfico tivesse sido
realizado no período pretendido. Conforme artigo 949 do Código Civil.

III - DOS DANOS MORAIS

Em virtude à debilitação que se encontrava, por determinação médica, a autora


teve que dispor dois dias para repouso absoluto, o que tornou impossível seu
comparecimento ao casamento, no qual seria madrinha de sua única irmã, o que lhe
causou sofrimento imensurável.
Atribui-se à título de danos moral, em consonância com a Constituição Federal,
art. 5º, X, e artigos 186 e 927 do Código Civil, na tentativa de amenizar os sofrimentos
suportados pela autora, o importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

III.I - DANOS ESTÉTICOS

Aos danos estéticos, causados à autora, conforme prevê o art. 949, do Código
Civil, bem como o fato de não mais poder usufruir de sua imagem para o trabalho, pelo
período de dois meses, em decorrência das manchas em seu rosto, causaram-lhe grave
abalo, que, por si só, justifica o pedido de indenização, almeja a autora o pagamento no
intuito atenuar sua perda, pela quantia de R$ 20.000,00 (vinte mil reais),
cumulativamente, por danos morais, e, em cumprimento a Súmula 37 do STJ que deixa
pacifica a aplicação à respeito.

5
Neste sentido, também já é pacífico o entendimento do Tribunal de Justiça do
Estado de Santa Catarina:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MATERIAIS, MORAIS E ESTÉTICOS. RECURSO DA RÉ. 1.
ALEGADA AUSÊNCIA DE LIAME CAUSAL. DESCABIMENTO.
COMPROVAÇÃO INEQUÍVOCA DO NEXO ETIOLÓGICO ENTRE
O DANO E O USO DO PRODUTO COMERCIALIZADO PELA
EMPRESA. AVALIAÇÃO MÉDICA INDICATIVA DE QUE AS
LESÕES FACIAIS DA AUTORA DECORRERAM DA UTILIZAÇÃO
DO COSMÉTICO. LAUDO PERICIAL QUE CONFIRMA SEREM AS
FERIDAS DA DEMANDANTE COMPATÍVEIS COM REAÇÃO
CAUSADA PELA FÓRMULA. DEVER DE INDENIZAR MANTIDO.
2. DANOS MORAIS E ESTÉTICOS. ALMEJADA MINORAÇÃO
DOS VALORES INDENIZATÓRIOS. POSSIBILIDADE. TESE
ACOLHIDA. DANO MORAL. QUANTIA RELATIVA AO ABALO
ANÍMICO EXCESSIVA. TRANSITORIEDADE DO SOFRIMENTO
IMPINGIDO. COMPORTAMENTO DA EMPRESA NO SENTIDO DE
MITIGAR O DANO CAUSADO. VALOR REFERENTE À
VIOLAÇÃO DA INTEGRIDADE MORAL QUE, NA ESPÉCIE, DEVE
OBSERVAR OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E
PROPORCIONALIDADE. VERBA DIMINUÍDA PARA O IMPORTE
DE VINTE MIL REAIS. PRECEDENTES. DANO ESTÉTICO.
INFORTÚNIO CONSUBSTANCIADO NO APARECIMENTO DE
ECZEMAS NA FACE DA AUTORA. LESÕES DECORRENTES DO
USO DE COSMÉTICO. CONSEQUÊNCIAS FÍSICAS
PERMANENTES POUCO PERCEPTÍVEIS. REDUÇÃO DO
RESSARCIMENTO CABÍVEL. MINORAÇÃO PARA CINCO MIL
REAIS. "Na avaliação da indenização por danos morais e estéticos, deve
ter em mente o resultado danoso à conformação física e psicológica da
vítima, de molde que a verba tenha capacidade de responder
adequadamente aos malefícios advindos do acidente." (AC n.
2015.065211-1, rel. Des. Subst. Gilberto Gomes de Oliveira, j. em
22.10.2015). (Grifo nosso).

6
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MATERIAIS E MORAIS. SENTENÇA
DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. INSURGÊNCIA DA PARTE RÉ.
UTILIZAÇÃO DE CREME CAPILAR DE ALISAMENTO. CONSUMIDORA
QUE DESENVOLVEU IMEDIATA REAÇÃO ALÉRGICA E QUEDA
ACENTUADA DE CABELOS. ARGUMENTO DE CULPA EXCLUSIVA DA
VÍTIMA. TESE DE APLICAÇÃO DO PRODUTO EM DESACORDO COM
AS INSTRUÇÕES E ADVERTÊNCIAS. REJEIÇÃO. CONSUMIDORA QUE
REALIZOU O TESTE DE MECHA E AVERIGUOU A AUSÊNCIA DE
REAÇÃO ADVERSA NO MOMENTO. POSTERIOR APLICAÇÃO DO
PRODUTO EM TODO O CABELO. NECESSIDADE DE REMOÇÃO DO
CREME EM RAZÃO DE QUADRO ALÉRGICO. IMEDIATA QUEDA DE
RELEVANTE QUANTIDADE DE CABELOS. CARACTERIZADO FATO
DO PRODUTO. INFORMAÇÕES DO MANUAL DE INSTRUÇÃO
INSUFICIENTES A RESPEITO DO SEGURO USO DO PRODUTO E DE
RISCOS AO CONSUMIDOR. EXCLUDENTE DE RESPONSABILIDADE
NÃO DEMONSTRADA. INTELIGÊNCIA DO ART.12 DO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR. INAFASTÁVEL DEVER DE INDENIZAR
DA FABRICANTE. ARGUMENTO DE INOCORRÊNCIA DE DANOS
MATERIAIS. INSUBSISTÊNCIA. AUTORA QUE NECESSITOU
REALIZAR INTENSIVA HIDRATAÇÃO DOS FIOS PARA RECUPERAR O
CABELO. PROCEDIMENTO SUGERIDO PELA FABRICANTE NO
MANUAL DO PRODUTO. TRATAMENTO COMPATÍVEL COM O GRAU
DE DANIFICAÇÃO DA ESTRUTURA CAPILAR DA AUTORA.
IMPERIOSO DEVER DE RESSARCIR. PLEITO DE AFASTAMENTO DA
CONDENAÇÃO POR DANOS MORAIS. VIOLAÇÃO DA INTEGRIDADE
FÍSICA E PSÍQUICA QUE IMPÕE O DEVER DE INDENIZAR. EVENTO
LESIVO QUE CAUSOU PERDA DE GRANDE QUANTIDADE DE
CABELOS E TRAUMA PSICOLÓGICO. ABALO ANÍMICO
CARACTERIZADO. DEVER DE INDENIZAR CONFIGURADO.
PRETENSÃO DA REDUÇÃO DO QUANTUM. INVIABILIDADE.
MONTANTE FIXADO DE ACORDO COM AS PECULIARIDADES DO
CASO CONCRETO E COM OBSERVÂNCIA AOS PRINCÍPIOS DA
RAZOABILIDADE, PROPORCIONALIDADE E EM ATENÇÃO AO
CARÁTER PEDAGÓGICO E COMPENSATÓRIO DA INDENIZAÇÃO.
DECISÃO ESCORREITA NO TÓPICO.

7
RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJSC, Apelação n.
0310071-32.2016.8.24.0018, do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel.
Carlos Roberto da Silva, Sétima Câmara de Direito Civil, j. 17-11- 2022).
(Grifo nosso).

Logo, considerando que a autora foi lesada a indenização pleiteada configura-se,


principalmente por todo abalo psicológico, pelo não comparecimento ao casamento da
irmã em virtude do grau da lesão, pela reação alérgica e perda dos cabelos.

IV – DO PEDIDO

Diante de todo o exposto, requer a autora se digne Vossa Excelência:

a) seja determinar a citação da empresa ré, por carta precatória, endereçada para uma
das Varas Cíveis da Cidade de Indaial Santa Catarina, onde se encontra a sede da
empresa importadora do produto, para que compareça à audiência de conciliação ou
mediação a ser designada e, sendo esta infrutífera, querendo, ofereça a defesa no prazo
de quinze dias, sob pena dos efeitos da revelia;

b) a julgar totalmente procedente o pedido, para condenar a ré ao pagamento do valor de


R$ 1.000,00 (mil reais), desembolsados pela despesa médica, bem como da quantia de
R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), a título de lucros cessantes, os quais deverão ser
corrigido pelo índice INPC/IBGE a partir da data do efetivo desembolso de cada valor,
bem como acrescidos de juros de mora a partir do sinistro, na ordem de 1% ao mês, na
forma da fundamentação supra;

c) a julgar totalmente procedente o pedido, para condenar a ré ao pagamento de


indenização por dano moral em R$10.000,00 (dez mil reais) e estético no importe de
R$20.000,00, importâncias que deverão ser atualizada monetariamente pelo índice
INPC/IBGE a partir da presente data, bem assim acrescida de juros de mora na base de
1% ao mês, a contar do evento danoso;

8
d) a condenar a ré também ao pagamento das custas processuais e honorários
advocatícios de sucumbência em favor do patrono da parte autora, em 20% sobre o
valor da condenação, com fundamento no § 2º do artigo 85 do CPC;

e) a juntada da inclusa guia de custas devidamente recolhida;

f) as intimações sejam dirigidas ao advogado XXX no endereço XXX;

g) a protesta provar o alegado por todos os meios em direito admitidos, em especial


comprovantes das despesas médicas, cópia do contrato de trabalho que iria executar e
demais que Vossa Excelência julgar necessárias.

Atribui-se à causa o valor de R$ 81.500,00 (oitenta e um mil e quinhentos reais). Nestes

termos, pede deferimento.

Local e data.
ADVOGADO
OAB-SC

Você também pode gostar