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AO JUÍZO DA ____VARA CÍVEL DA COMARCA DE NOVA ESPERANÇA –

ESTADO DO PARANÁ.

AUGUSTINHO CARÇOS ROCHA, brasileiro, aposentado,


inscrito no CPF/MF n° 617.584.779-20, residente e domiciliado na Rua Augusto
Ventura, n.º 411, na cidade de Floraí - PR, vem perante Vossa Excelência, por meio de
seus procuradores (conforme procuração anexo), com escritório profissional na Rua:
Pernambuco, n.° 1222, Centro – CEP: 86020-121, Londrina-PR, onde recebe intimações
e endereço eletrônico Londrina@pullindearaujo.com.br, vem por meio deste propor:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÍVIDA c/c INDENIZAÇÃO


POR DANOS MORAIS

em face de BANCO BMG S.A., pessoa jurídica de direito privado,


inscrita no CNPJ sob n. 61.186.680/0001-74, com sede na Av. Presidente Juscelino
Kubitschek, n°. 1830, andar 10, 11, 13 e 14, bloco 01 e 02, parte sala 101, 102, 112,
131, 141 no bairro Vila Nova Conceição, CEP 04.543-00, na cidade de São Paulo/SP,
com endereço eletrônico: fiscal@bancobmg.com.br, pelas razões de fato e de direito
que passa a expor.

1. DOS FATOS:
A parte requerente é pessoa idosa, aposentada, pessoa idônea,
que sempre manteve suas contas em dia, e recentemente foi surpreendido, ao consultar
seu extrato do INSS, ao constatar que, existem débitos desconhecidos da Requerida, de
um suposto empréstimo, conforme imagem:

Ressalta-se que a parte requerente não contratou


empréstimo consignado em sua aposentadoria com a Requerida e para sua
surpresa ocorrem descontos.

Ou seja, qualquer depósito realizado, que fundamente os


descontos, nunca foi solicitado pela parte requerente, e ao contatar a Requerida,
informou que não solicitou nenhum empréstimo.

Ora Excelência, a parte requerente é pessoa honesta que, após


muitos anos de trabalho, aposentou-se, sempre manteve suas contas em dia e foi
surpreendida com a fraude realizada pela Requerida.

Ressalta-se que, a prática abusiva e de extrema má-fé da


Requerida, já que tais valores não foram solicitados.

Ou seja, fica constatado que a fraude em emprestar dinheiro sem


solicitação, realizada pelas instituições financeiras, se tornou corriqueira, e que veio a
ocorrer, infelizmente, com a presente Requerente.

Por fim, requer a total procedência da presente demanda para


declarar a inexistência o contrato realizado pela Requerida, haja vista ser desconhecido
pela parte Requerente, restituição de descontos, em dobro, e, devida a clara má-fé pela
fraude, requer também indenização em cunho moral.
2. DA DECLARAÇÃO DE INEXISTÊNCIA E
INDENIZAÇÃO MATERIAL E MORAL:

No caso em tela, se aplica o Código de Defesa do Consumidor, a


luz de seus artigos 2º e 3º, que seguem:

Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza


produto ou serviço como destinatário final.

Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,


nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que
desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de
produtos ou prestação de serviços. (Grifo nosso)

Desta maneira, diante dos artigos 2º, 3º do CDC, resta


indiscutível a aplicação do e a proteção ao Consumidor, ora parte requerente.

Nesta mesma esteira, segue a Súmula 297 do STJ: “O Código de


Defesa do Consumir é aplicável as instituições financeiras”.

Primeiramente, cumpre destacar a responsabilidade objetiva, da


empresa Requerida, que causou danos materiais e morais a parte Requerente, desse
modo, responde de forma objetiva, conforme previsto no artigo 14 do CDC:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos. (Grifo nosso)
A inteligência do artigo acima, resta caracterizada a
responsabilidade objetiva, sendo assim, independe de comprovação, pois a mera
situação, gera o dever de reparação.

No caso em tela, devemos destacar que, inexiste qualquer


contrato entre as partes, ou seja, qualquer cobrança é totalmente indevida, conforme
entendimento pacificado que segue:

RECURSOS INOMINADOS. BANCÁRIO. CONTRATO DE EMPRÉSTIMO


CONSIGNADO. FRAUDE EVIDENCIADA. ASSINATURAS DIVERGENTES.
NULIDADE DO CONTRATO. RESPONSABILIDADE DA INSTITUIÇÃO
FINANCEIRA. RESTITUIÇÃO EM DOBRO DOS VALORES COBRADOS
ILICITAMENTE. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM MAJORADO
PARA R$ 5.000,00 (CINCO MIL REAIS). RECURSO DA RÉ CONHECIDO E
DESPROVIDO. RECURSO DA AUTORA CONHECIDO E PROVIDO.

(TJPR - 1ª Turma Recursal - 0003652-91.2021.8.16.0026 - Campo Largo - Rel.: JUÍZA


DE DIREITO DA TURMA RECURSAL DOS JUÍZAADOS ESPECIAIS MARIA
FERNANDA SCHEIDEMANTEL NOGARA FERREIRA DA COSTA - J. 02.05.2022)
(grifo nosso)

RECURSO INOMINADO. DIREITO BANCÁRIO. AÇÃO DE DECLARATÓRIA DE


NULIDADE C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO NÃO CONTRATADO. FRAUDE NO CONTRATO.
PREJUÍZO MATERIAL COMPROVADO. DANO MORAL CONFIGURADO.
INDENIZAÇÃO FIXADA EM R$ 3.000,00. SENTENÇA REFORMADA. Recurso
conhecido e provido.

(TJPR - 1ª Turma Recursal - 0014326-48.2021.8.16.0182 - Curitiba - Rel.: JUÍZA DE


DIREITO DA TURMA RECURSAL DOS JUÍZAADOS ESPECIAIS MELISSA DE
AZEVEDO OLIVAS - J. 02.05.2022) (grifo nosso)

Como podemos verificar no entendimento pacificado do TJ/PR,


devido à ausência de prova da contratação, todos os valores cobrados devem ser
restituídos em dobro e devem ser declarados inexistentes, bem como indenizar em
cunho moral pela fraude realizada.

Uma vez reconhecida à existência do dano moral, e o


consequente direito à indenização dele decorrente, necessário se faz analisar o aspecto
do quantum pecuniário a ser considerado e fixado, não só para efeitos de reparação do
prejuízo, mas também sob o cunho de caráter punitivo, preventivo e repressor.

Esclarece Maria Helena Diniz, Curso de Direito Civil Brasileiro,


7º Volume, ed. Saraiva, p. 75, verbis:

"A reparação do dano moral é, em regra, pecuniária, ante a impossibilidade do exercício do


jus vindicatae, visto que ele ofenderia os princípios da coexistência e da paz social. A
reparação em dinheiro viria neutralizar os sentimentos negativos de mágoa, dor, tristeza,
angustia, pela superveniência de sensações positivas, de alegria, satisfação, pois
possibilitaria ao ofendido algum prazer, que, em certa medida, poderia atenuar seu
sofrimento. Terse- ia, então, uma reparação do dano moral pela compensação da dor com a
alegria. O dinheiro seria tão somente um lenitivo que facilitaria a aquisição de tudo aquilo
que possa concorrer para trazer ao lesado uma compensação por seus sofrimentos".

Nesta ótica, a indenização do dano moral consiste na reparação


pecuniária prestada pelo ofensor, desfalcando seu patrimônio em proveito do ofendido,
como uma satisfação pela dor que lhe foi causada injustamente e restituição em dobro
do valor pago de forma indevida.

Portanto, diante da hodierna jurisprudência que se assemelha ao


caso em baila, ampara a parte requerente na melhor forma de direito e, como
ponderação, sua pretensão a fim de que seja a Requerida condenada a lhe pagar, a título
de indenização por danos morais, a quantia de R$10.000,00 (dez mil reais).

Por fim, haja vista o pedido de declaração de inexistência dos


empréstimos nunca solicitados pela parte requerente, no montante de R$ 2.845,38 (dois
mil, oitocentos e quarenta e cinco reais e trinta e oito centavos).
Bem como, a restituição do valor dobrado em razão do
suposto empréstimo, sendo no presente caso, as parcelas até a data de hoje, ensejam
R$ 380,00 (trezentos e oitenta reais), em dobro, em R$ 760,00 (setecentos e sessenta
reais).

3. DA JUSTIÇA GRATUITA:

A parte Requerente declara que não está em condições de arcar com o


ônus financeiro decorrente do presente processo, sem que com isso sacrifique o seu
sustento conforme declaração de pobreza, em anexo, nos termos da Lei 1.060/50.

Diante disto, requer seja concedido o benefício da Justiça Gratuita,


assegurado pelo artigo 5º, inciso LXXIV da Constituição Federal e artigo 98 e seguintes
do Código de Processo Civil.

4. DOS PEDIDOS:

Diante de todo o exposto, requer:

a) A citação da Requerida, no endereço indicado, para que seja apresentada defesa


no prazo legal, sob pena de revelia; para ao final seja julgada procedente a ação;

b) A condenação da Requerida, ao pagamento de uma indenização de cunho


compensatório e punitivo, no montante de R$10.000,00 (dez mil reais), ou então,
o valor que Vossa Excelência, entender correto pelos seus próprios critérios;

c) A declaração de inexistência do contrato entre as partes, no valor de R$ 2.845,38


(dois mil, oitocentos e quarenta e cinco reais e trinta e oito centavos), haja vista
inexistir qualquer contrato que fundamente tal cobrança;
d) Restituição de qualquer valor cobrado nos proventos da parte Requerente, em
dobro, no valor de R$ 760,00 (setecentos e sessenta reais);

e) Seja designada audiência de conciliação, a fim de sanar o presente imbróglio;

f) Inclusão na condenação, juros e correção monetária;

g) Como produção de prova, reconhecimento da vulnerabilidade do Consumidor, e a


inversão do ônus de prova;

h) A concessão do benefício da justiça gratuita aos Requerentes, nos termos do artigo


98 do Código de Processo Civil;

i) E-mail para contato londrina@pullindearaujo.com.br e telefone para mensagens


(43) 9.9625-7553.

Dá se a causa, o valor de R$ 13.605,38 (treze mil, seiscentos e


cinco reais e trinta e oito centavos).

Termos em que, pede e espera o deferimento.

Londrina, 5 de September de 2023.

Fabio Barrozo Pullin de Araujo Letícia Freiberger

OAB/PR 58.815 OAB/PR 107.326

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