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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE

DIREITO DA ___º VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA


COMARCA DE SALVADOR - BA

ALMERIO OLIVEIRA DE CARVALHO, brasileiro, maior,


aposentado, portador do CPF nº 053.640.275-20, residente na Rua Thomaz
Gonzaga, nº 359, Pernambués, Salvador - BA, CEP 41.110–000, vem através
de seus advogados devidamente constituídos, com endereço profissional no
rodapé da presente onde deverá receber intimações e notificações de praxe,
vem respeitosamente, à honrosa presença de Vossa Excelência, com
fundamento nos arts. 186 e 927 e seguintes do Código Civil, propor a
presente:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS c/c


PEDIDO DE MEDIDA LIMINAR E OBRIGAÇÃO DE FAZER

Em face do BANCO BRADESCO S.A, por seu representante legal,


pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob n° 60.746.948/0001-
12, sediada no Endereço: Núcleo Cidade de Deus, s/n, Vila Yara, Osasco -
SP, CEP 06029900, nos motivos fáticos e de direito a seguir aduzidos;

Assinado eletronicamente por: NIRVAN DANTAS JACOBINA BRITO JUNIOR;


Código de validação do documento: 93fdb3ce a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
1. DOS FATOS:

O senhor Almério é cliente do Banco Requerido Bradesco, através da


Agência: 3189 e conta: 0154446 -2.

Acontece que, dentre algumas transações, a parte Requerente


percebeu que mensalmente o Banco Requerido vem realizando descontos
indevidos em sua conta, sob a nomenclatura CART CRED ANUID, com
descontos mensais variáveis, cartão de crédito esse o qual a parte
Requerente NUNCA solicitou e apenas faz uso do seu cartão de débito,
conforme faz prova através do extrato em anexo.

Até o presente momento já ocorreu o desconto de 90 (noventa)


prestações, totalizando o valor de R$ 1.560,12(...).

Com análise do extrato bancário, verifica-se que a parte Autora


apenas utiliza sua conta para recebimento do seu beneficio previdenciário,
bem como não solicitou nenhum contrato junto ao Banco Réu referente
cobrança indevida, sendo o contrato realizado pela Requerida fraudulento,
por si só já demonstra tamanha ilicitude!

Assinado eletronicamente por: NIRVAN DANTAS JACOBINA BRITO JUNIOR;


Código de validação do documento: 93fdb3ce a ser validado no sítio do PROJUDI - TJBA.
Excelência, a Empresa Requerida nunca lhe informou sobre a
origem do serviço cobrado em sua conta bancária e por essa razão, e pelo
confronto ao princípio da transparência, a parte Ré passou a agir com
irregularidade na relação de consumo.

O Autor é idoso, e ao perder seu tempo com discussões


administrativas junto a Requerida para solucionar o problema, sem sucesso,
tendo inclusive que se socorrerem ao Judiciário, desviando-se totalmente de
suas atividades normais de rotina, além de angustia, ansiedade, e revolta
por pagar por um serviço não solicitado, fica mais que caracterizado o dano
moral, e a obrigação de reparar por parte da Ré.

Assim, claros estão claros os danos morais experimentados pela


autora que vem sendo alvo de uma grande atitude de má-fé eleita pela ré,
estando evidente o ato ilícito praticado pela ré, o nexo causal e o dano
sofrido.

E por se tratar de uma relação de consumo, a requerente vem à


presença de Vossa Excelência requerer o ressarcimento pelos danos morais
sofridos, bem como a devolução pelo valor pago indevidamente.

2. DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS:

O Código de Defesa do Consumidor tem por objetivo o


atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito, a sua
dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a

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melhoria de sua qualidade de vida, bem como a transferência (rectius:
transparência) e a harmonia das relações de consumo, consoante dispõe o
art. 4º da Lei nº. 8078/90.

Ora, quando se trata dos direitos à informação, seja na fase pré-


contratual ou na de contratação, o CDC assegura ao consumidor o acesso às
informações corretas, claras, precisas, sobre as características, qualidades,
composição, preço, prazo de validade, origem e demais dados dos produtos
ou serviços, bem como sobre os riscos que apresentem à sua saúde e
segurança. (arts. 6º e 31 do CDC).

O sistema adotado pelo Código de Defesa e Proteção do


Consumidor consagra uma série de princípios, dentre os quais o da
confiança, como dever anexo aos contratos de consumo, além da função
social do contrato, reconhecida na nova lei, que o transforma de simples
instrumento jurídico para realização dos legítimos interesses do
consumidor.

Assim, valeu-se a Requerida da hipossuficiência do consumidor, para


impingir-lhe cobrança descabida!

Destacam-se entre os princípios que orientam as relações de consumo


a boa-fé objetiva e a transparência, significando dizer que nesta espécie de
relação, o fornecedor, na qualidade de polo vigoroso, que redige o contrato
de adesão respectivo e administra diretamente os interesses do consumidor,
não deve se prevalecer dessa prerrogativa para angariar vantagem em
prejuízo do polo vulnerável da relação jurídica respectiva.

Em outras palavras, deve prestar todos os esclarecimentos


necessários para fomentar o seu equilíbrio, tendo em vista a vulnerabilidade
do consumidor, que não detém o controle sobre os bens e serviços colocados
em circulação no mercado, nem sequer dos termos em que contrai as suas
obrigações.

Entende a jurisprudência majoritária que o consumidor lesado não é


obrigado a esgotar as vias administrativas para poder ingressar com ação
judicial, mas sim, pode fazê-lo imediatamente depois de deflagrado o dano.

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Mesmo assim, a requerente, conforme dito alhures, fez jus a uma conduta
consensual com o requerido e procurou resolver administrativamente seu
direito. Mas passado todo esse tempo, a falta de eficiência para resolução do
conflito somada a sensação de ter sido violado financeiramente só gerou
mais perturbação e desgaste emocional.

Diante da tal situação a requerente não encontrou outra forma a não


ser ajuizar presente ação para ter seus direitos como consumidor garantido.
Confere a Lei 8.078/90, diante do acontecido narrado, que a requerente
possui direito de receber não só a quantia paga, mas o dobro de seu valor,
conforme reza o artigo 42, parágrafo único, no qual diz, in verbis:

“O consumidor cobrado em quantia indevida tem


direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro
do que pagou em excesso, acrescido de correção
monetária e juros legais, salvo hipótese de engano
justificável.”

O Código de Defesa do Consumidor determina, no parágrafo


único do seu art. 42, in verbis, que “o consumidor cobrado em quantia
indevida tem direito à repetição do indébito, por valor IGUAL AO DOBRO
DO QUE PAGOU EM EXCESSO, acrescido de correção monetária e juros
legais”.

Diante de tais arguições, com claro respaldo legal e apoio em


pacífica jurisprudência, é inconteste o direito da Parte Autora de ter
restituído em dobro o valor pago indevidamente, acrescido de correção
monetária e juros legais.

Logo, as Empresas Requeridas devem responder pela lisura em suas


cobranças, tomando para tanto, todas as medidas cabíveis para evitar
prejuízos ao consumidor.

É notória a falha do procedimento da Requerida em cobrar por


contrato não celebrado, devendo, portanto, assumir pelos danos decorridos

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e, ainda, ser a rigor penalizada a fim de não reincidir sobre os mesmos erros
com outros clientes.

3. DO DANO MORAL:

A Constituição Federal prevê o direito de indenização por dano


moral, consagrando no inciso V do artigo 5º, ao ofendido total
reparabilidade em virtude dos prejuízos sofridos.

Dano moral, segundo Limongi França, in Reparação do dano moral,


Rt 631/29:

“Dano moral, é aquele que, direta ou indiretamente, a


pessoa física ou jurídica, bem assim a coletividade,
sofre no aspecto não econômico dos seus bens
jurídicos”

Também acerca do dano moral, dispõem os artigos 186 e 927 do


Código Civil Brasileiro:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

É visível que a parte autora sofreu grande prejuízo e abalo


emocional, visto que nunca realizou qualquer contrato negocial com a parte
ré.

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Além disso, o Código de Defesa do Consumidor se preocupou em garantir a
reparação de danos sofridos pelo consumidor, conforme o artigo 6º, inciso
VI:

Art. 6º. São direitos básicos do consumidor:


VI – a efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difuso;

Em relação ao quantum indenizatório, Caio Rogério Costa, citando


Maria Helena Diniz, afirma que:

“Na reparação do dano moral o juiz determina, por


equidade, levando em conta as circunstâncias de cada
caso, o quantum da indenização devida, que deverá
corresponder à lesão, e não ser equivalente, por ser
impossível a equivalência”. (COSTA, Caio Rogério apud
DINIZ, Maria Helena, 2005).

Está evidente que a parte ré causou danos à parte autora,


devendo, conforme a lei repará-lo.

Também, o Código de Proteção e Defesa do Consumidor, no seu art.


6º, protege a integridade moral dos consumidores: “Art. 6º - São direitos
básicos do consumidor: VI – a efetiva prevenção e reparação de danos
patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.”

A responsabilidade dos requeridos está baseada na Teoria do


Risco Criado, Art. 927, parágrafo único do CC c/c Art. 14 CDC,
responsabilidade objetiva.

A ilicitude praticada pela Requerida ou seus agentes se configura


na violação do sigilo dos dados pessoais do Requerente junto ao INSS, na
assunção indevida e sem consentimento de obrigações em nome da
Requerida e na invasão de sua conta bancária lançando créditos e débitos
não autorizados.

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4. DA TUTELA PROVISÓRIA:

Dispõe o artigo 294 do Novo Código de Processo Civil, que a


Tutela Provisória pode ser fundamentada em Urgência ou Evidência,
complementando o referido artigo, citemos o artigo 300, que diz que a tutela
de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.

O primeiro requisito resta preenchido, uma vez que todas as


alegações estão devidamente comprovadas pela documentação que instrui a
peça vestibular. Com isso, resta claro a ausência de culpa do Autor e a falha
na prestação de serviço pelo Requerido.

Dessa feita, requer-se a concessão da tutela provisória de urgência


no sentido de resguardar os direitos do Autor e determinar que o Banco
Requerido tome as providencias administrativas necessárias para o
cessamento da cobrança CART CRED ANUID, impedindo que o Autor
suporte lesão de mais difícil reparação até a prolação da sentença.

No presente caso, por todo alegado e devidamente comprovado


através das provas acostadas, prática que desatende a lei que regulamenta
as relações negociais e o direito do consumidor, capazes de nortear o caso
em fomento.

Diante do presente caso, em se tratando de direito do consumidor, o


qual é protegido por regras severas e de extensão bastante abrangente, ao
intérprete resta aplicar seus preceitos em concreto.

Notória a necessidade de concessão de tutela antecipada, tendo em


vista o preenchimento de todos os seus requisitos, uma vez que é
demonstrada prova inequívoca, geradora de verossimilhança das alegações,
bem como o perigo de dano grave ou de difícil reparação (Art. 311 do CPC).

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DOS PEDIDOS:

Ex positis, considerando que a pretensão da parte Requerente


encontra arrimo dos arts. 186, 187, 927 e seguintes do C.C e art. 303 NCPC,
assim como artigo 5º , V e X da Carta Magna requer:

a) Concessão de Medida de Liminar para que a Requerida cancelar a


cobrança, aqui ora discutida, na conta da parte Requerente (Agência:
3189 e conta: 0154446-2) sob pena de multa a ser fixada, por este MM.
Juízo;

b) A Citação da Requerida, para que, querendo, ofereça resposta no


prazo legal, sob pena de revelia;

c) A inversão do ônus da prova por se tratar de relação de consumo com


fulcro no Art. 6º inciso VIII do CDC;

d) A condenação do Requerido ao pagamento do indébito de


R$1.560,12(...), que em dobro totaliza o valor de R$ 3.120,24(...),
conforme art. 42 do CDC, com juros e atualização monetária, desde a
data do evento danoso, conforme entendimento do STJ;

e) Seja o suposto contrato referente à cobrança CART CRED ANUID,


aqui ora discutido, apontado no extrato bancário do Autor, declarado
nulo de pleno direito;

f) A Requerida condenada ao pagamento pelos danos morais sofridos


pelo Autor, pela realização fraudulenta da cobrança em sua conta,
além de toda humilhação que lhe causou e tem causado ilicitamente,
bem como pela procrastinação em resolver o equívoco, este no valor
que se opina em R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais).

Protesta e requer ainda provar o alegado por todos os meios de prova


admitidos em direito, especialmente documental, testemunhal se
necessidade houver, para todos os efeitos de direito.

Dá-se à causa o valor de R$ 38.120,24 (...).

Assinado eletronicamente por: NIRVAN DANTAS JACOBINA BRITO JUNIOR;


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Nestes termos,
Pede deferimento.
Salvador – BA, 22 de novembro de 2023.

Bel Nirvan Dantas Jacobina Brito Júnior


OAB/BA 20.855

Assinado eletronicamente por: NIRVAN DANTAS JACOBINA BRITO JUNIOR;


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