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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA

COMARCA DE PINDARÉ-MIRIM/MA

SIMONE LINDOSO SILVA, brasileira, casada, enfermeira,


portadora do RG de n° 1134056998 - SSP/MA, e CPF de n° 943.010.003-30,
residente e domiciliada à Rua 13 de maio, n° 08, Bairro da Palmeira,
Pindaré-Mirim, estado do Maranhão, vem, por seu procurador, infra-assinado,
mandato incluso, propor a presente:

AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C TUTELA


ANTECIPADA E DANO MORAL, em face de:

BANCO DA AMAZONIA S/A, inscrito no CNPJ


04.902.979/0061-85, localizado na Avenida Senador Alexandre Costa, n°
888 - Centro, Santa Inês/MA, CEP: 65300-000, e MUNICIPIO DE PINDARÉ-
MIRIM, pessoa jurídica de direito público, CNPJ nº 06.189.3444/0001-77,
com sede na Avenida Elias Haickel, nº 11, Centro, Pindaré-Mirim, Estado do
Maranhão, 65370-000, em razão dos fatos e dos fundamentos jurídicos a
seguir expendidos articuladamente:

PRELIMINARMENTE

DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

A autora afirma sob as penas da lei, e nos exatos termos do


disposto no artigo 4° e seu parágrafo 1° da lei 1.060/50, com a redação
introduzida pela lei 7.510/86, que não possui condições financeiras de arcar com
o pagamento das custas processuais e honorários advocatícios sem prejuízo do
próprio sustento e de sua família, pelo que faz jus à GRATUIDADE DE JUSTIÇA.

1. DOS FATOS

A Requerente contratou com o Banco demandado empréstimo


consignado.

O referido Banco possuía convênio junto ao Município de


Pindaré-Mirim/MA, ora requerida, para desconto em folha de pagamento dos
servidores municipais, dos contratos de empréstimo.

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A suplicante, servidora público municipal, utilizou-se do
expediente do desconto em folha por ser mais vantajoso e prático para adimplir
com sua obrigação.

Ocorre, Nobre Julgador, que o Órgão Municipal, inobstante


descontar direto do contracheque da Autora o valor referente à parcela do
contrato de empréstimo não repassou ao Banco conveniado o valor que lhe era
devido (doc. anexo).

Desse modo, a Demandante passou a ser notificada pelo órgão


de proteção ao crédito acerca da inclusão de seu nome no banco dos negativados,
no entanto os descontos ocorreram normalmente junto ao seu holerite até a
parcela final do contrato, conforme se extraí dos contracheques juntado aos
autos.

Destarte, Excelência, como se pode verificar, a culpa dos


Suplicados está demonstrada de forma muita clara, em face da permanência
irregular do nome da Requerente no banco de dados do SPC - Serviço de Proteção
do Crédito e SERASA, uma vez que o contrato de empréstimo foi totalmente
adimplido, sendo de responsabilidade dos réus a resolução do imbróglio, uma vez
que a Autora cumpriu com sua obrigação.

Por fim, é necessário informar que além do nome negativado, A


autora teve seus benefícios bancários suspensos, tais quais: cheque especial,
cartão de crédito, empréstimo pessoal, financiamentos, tudo em razão do
ocorrido.

Desnecessário mencionar o vexame e o constrangimento a que


se submeteu a Requerente, que teve seu nome inserido no cadastro de serviço de
proteção ao crédito sem ter dado azo à situação.

2. DO DIREITO

DA INEXISTÊNCIA DO DÉBITO E DANO SOFRIDO

Verifica-se in casu a negligência dos réus perante a Requerente,


vez que, ocasionou um enorme abalo em seu cotidiano, pois agora a mesmo vê-se
compelida a ingressar com ação judicial visando assegurar a inexistência de
débito em seu nome, tendo em vista a integral quitação do contrato, bem como
visando à reparação de dano sofrido.

O Código Civil assim determina:

"“Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causas dano
a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato
ilícito”;

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“Art. 927. Aquele que por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repara-lo”.

Como se pode observar, é notória a responsabilidade OBJETIVA


dos requeridos, uma vez que, ocorreu uma falha na inserção de nome do
requerido no rol de negativados, sendo passível de reparação.

DOS DANOS MORAIS SOFRIDOS

O dano moral constitui lesão que integra os direitos da


personalidade, como a vida, a liberdade, a intimidade, a privacidade, a honra, a
imagem, a identificação pessoal, a integridade física e psíquica, o bom nome;
enfim, a dignidade da pessoa humana, um dos fundamentos da República
Federativa do Brasil, apontado, expressamente, na Constituição Federal (art. 1º,
III).

Para AUGUSTINHO ALVIM, dano, em sentido amplo, é a lesão a


qualquer bem jurídico e aí se inclui o dano moral; em sentido estrito, é a lesão ao
patrimônio, e patrimônio é o conjunto de relações jurídicas de uma pessoa,
apreciáveis em dinheiro.

Portanto, a definição de dano moral tem que ser dada sempre em


contraposição ao dano material, sendo este o que lesa bens, apreciáveis
pecuniariamente e aquele, ao contrário, o prejuízo a bens ou valores que não tem
conteúdo econômico.

Nesta modalidade de reparação, Culto Magistrado, não se trata


de pagar o transtorno e a angústia causada à Autora, mas sim de dar ao lesado
os meios derivativos, com que se aplacam ou afugentem esses males, através de
compensação em dinheiro, o quantum satis, a fim de se afastar os sofrimentos
ou esquecê-los, ainda que não seja no todo, mas, ao menos, em grande parte.

O dano moral está intimamente ligado à pessoa que sofreu uma


lesão em seus sentimentos. Assim, a reparação do dano, é, na realidade, uma
compensação, que deverá ser suficiente para que atenue os danos sofridos,
assim, consequentemente, deve o Estado-Juiz quantificar o dano de tal forma
que: 1) compense a dor e o medo, que passa a ser permanente; 2) apresente um
caráter pedagógico.

In casu, os requeridos agiram negligentemente, negativando o


nome do Autor por débito já adimplido. Nessa senda, nossos Tribunais já
decidiram pela desnecessidade de demonstração do dano, bastando tão somente
a negativação, senão vejamos:

"Responsabilidade civil. Banco. SPC. Dano moral e dano


material. Prova. - O banco que promove a indevida
inscrição de devedor no SPC e em outros bancos de
dados responde pela reparação do dano moral que
decorre dessa inscrição. A exigência de prova de dano
moral (extrapatrimonial) se satisfaz com a demonstração

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da existência da inscrição irregular. - Já a indenização
pelo dano material depende de prova de sua existência,
a ser produzida ainda no processo de conhecimento.
Recurso conhecido e provido em parte." - (STJ – Resp. no
51158/ES; DJU 29/05/2005 PG: 15520; Rel. Min. Ruy
Rosado de Aguiar).

Assim, demonstrado o dano e o nexo de causalidade, que


consiste na relação de causa e efeito entre a conduta praticada pelos Suplicados e
o dano suportado pelo Postulante, deve os Requeridos serem condenados a
indenizar o Autor pelos danos morais sofridos, conforme preceitua o art. 186 do
Código Civil.

VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO “ NON BIS IN IDEM”

O que se busca evitar, nesse tipo de circunstância, onde mais de


uma “punição” é imposta ao consumidor, é a ocorrência do bis in idem. De fato,
o non bis in idem é um princípio geral de direito, com aplicação especialmente no
âmbito consumerista, que veda a dupla punição.

“O non bis in idem”, ao contrario, tem outra e especial serventia


enquanto princípio geral do Direito: a de proibir reiterado sancionamento pela
mesma circunstância – vale dizer, afastar a possibilidade de múltipla e reiterada
manifestação sancionadora por parte daquele que se sente prejudicado.

Em outra palavras: Não poderia a instituição financeira ré


penalizar o consumidor da forma que procedeu, posto que, já havia inserido seu
nome nos órgãos de proteção ao crédito, portanto excedeu no seu direito, quando
além da negativação, cortou todos os benefícios de correntista que gozava a
Autora, junto ao banco réu.

DA SOLIDARIEDADE

Preliminarmente, esclarecemos que as obrigações solidárias são


obrigações complexas, pois apresentam mais de um sujeito no pólo ativo e/ou no
pólo passiva da relação obrigacional. Em razão dessa complexidade, algumas
características apresentam-se diferenciadas se compararmos a solidariedade às
obrigações simples (com apenas um sujeito no pólo ativo e no pólo passivo e,
ainda, com a presença de um objeto).

O Código Civil, em linhas gerais, delimita alguns traços


marcantes das obrigações solidárias a partir do artigo 264, denominando essas
delimitações de “disposições gerais”.

Segundo o artigo 264, a solidariedade ocorre quando a obrigação


se encontra enfeixada num todo, podendo cada um dos vários credores exigir a
totalidade da prestação, ou devendo cada um dos vários devedores pagar a dívida
integral.

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No caso em apreço a solidariedade é contratual (convênio), ou
seja, o gestor (município) é que era incumbida de realizar os descontos nos
contracheques dos funcionários (prova anexa), e realizar o repasse para o banco
credor (banco da Amazônia). Por sua vez, o banco é co-responsável na medida em
que deixou de notificar os devedores da ausência de repasse pelo município,
como também, pela restrição e suspensão dos benefícios bancários da
Requerente. Sendo assim, ambos foram negligentes, e prejudicaram
incomensuravelmente a Demandante.

DA ANTECIPAÇÃO DE TUTELA

Outrossim, considerando-se as provas inequívocas trazidas aos


autos capazes de convencer pela verossimilhança das alegações descritas pela
Requerente à fumaça do bom direito, REQUER-SE os benefícios instituídos pela
Tutela Antecipatória, prevista no art. 273, II do Código de Processo Civil,
antecipando parcialmente os efeitos da tutela final.

Com efeito, o dispositivo processual mencionado sugere que o


pedido da tutela antecipada seja conjugado à "prova inequívoca" conducente à
"verossimilhança da alegação" bem como com o fundado receio de dano
irreparável ou de difícil reparação e, como tal, constituem fundamentos
suficientes para embasar a decisão pleiteada de antecipação de tutela.

A sua concessão, portanto, tem a finalidade precípua de evitar o


abuso de defesa do réu (mediante o emprego dos instrumentos de garantia
previstos no procedimento ordinário do processo de conhecimento), que, também,
produziria dano irreparável à Demandante derivado de inerente duração da
causa.

Também, fica demonstrado o fundado receio de dano irreparável


ou de difícil reparação uma vez que o nome do Requerente caso permaneça
inserido no órgão de proteção ao crédito priva-o de efetivar qualquer
financiamento.

Por todo o exposto, Requer seja concedida a Tutela Antecipada


para determinar que banco demandado retirar o nome da Requerente junto ao
Cadastro de Devedores Inadimplentes do SPC e SERASA, sob pena de multa
diária no valor arbitrado por esse douto juízo em caso de desobediência à ordem
judicial.

3. DO PEDIDO

Diante do exposto, o Autor requer a Vossa Excelência:

a) A concessão da gratuidade de justiça, nos termos da Lei nº 1.060/1950;

b) Citação dos Réus, VIA CORREIO, nos seus respectivos endereços que
constam do preâmbulo desta peça, para, querendo, apresentar defesa, no
prazo legal, sob pena de revelia.

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c) Quando do despacho da inicial, seja determinada a inversão do ônus da
prova em favor da REQUERENTE, consoante disposição do art. 6.º, inc. VIII,
do Código de Defesa do Consumidor, devendo constar tal decisão no
mandado de citação;

d) A concessão da medida tutelar antecipatória, nos termos do art. 273,


da Lei Adjetiva Civil, a fim de retirar, imediatamente, o nome da Requerente
junto ao Cadastro de Devedores Inadimplentes do SPC e SERASA, arbitrando
multa diária à Requerida no valor arbitrado por esse douto juízo em caso de
desobediência de ordem judicial;

e) Requer a apresentação do convênio realizado entre o Município de Pindaré-


Mirim e o Banco da Amazônia, e ainda, que seja reconhecida a
responsabilidade solidária da rés;

f) Julgar TOTALMENTE PROCEDENTE a presente AÇÃO DECLARATÓRIA


DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR
DANO MORAL;

g) Fixação de indenização por dano moral, tudo devidamente corrigido


monetariamente, acrescendo aos valores apurados os juros
compensatórios à taxa de 1% ao mês, contados desde a data do
inadimplemento do contrato,

h) Fixação dos honorários de sucumbências em 20% sobre o valor total da


condenação e reembolso de custas e despesas processuais;

A Autora pretende provar o alegado pela produção de provas em


direito admitidas, especialmente documental, testemunhal e depoimento
pessoal dos Réus.

Espera, finalmente, considerados os argumentos e provas dos


autos, se digne Vossa Excelência de decretar a procedência do pedido
condenando as Rés no pagamento das indenizações retro pleiteadas, e demais
cominações de direito.

Dá-se à causa o valor de R$ 788,00 (setecentos e oitenta e oito reais).

Nestes termos,

Pedem deferimento.

Santa Inês, 3 de dezembro de 2023

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