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Trata-se de um pedido realizado ao juiz que tem como objetivo pedir para que o mesmo decida
sobre algum assunto que é urgente dentro da demanda judicial.
A tutela de urgência, portanto, é uma medida judicial, prevista entre os artigos 300 e 310 do
Novo CPC.
Ela é um dos dois tipos de tutela provisória, sendo a outra a tutela de evidência. Dentro da
própria tutela de urgência, pode-se dividir em duas espécies: a antecipada e a cautelar. Dentro
dessas espécies, há também a possibilidade de antecedência, como veremos durante este artigo.
“Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a
probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.”
Dessa forma, a medida busca pedir a deliberação do juiz sobre algum assunto urgente, que
precisa ser resolvido antes do fim do processo sob risco de dano irreversível ou possibilidade de
extinção do direito procurado.
Para exemplificar como a tutela de urgência funciona, criaremos uma situação hipotética:
Mariana, durante um exame de rotina num clínico geral, descobre que precisa realizar uma
cirurgia urgente para remoção do apêndice, sob o risco de ter uma infecção generalizada em
qualquer momento.
Mariana, portanto, aciona o seu plano de saúde para realizar a cirurgia, mas o plano de saúde
nega o procedimento sem a devida justificativa, mesmo sabendo que se trata de uma situação
urgente.
A partir da notícia, Mariana entra em contato com o seu advogado para descobrir o que pode
fazer a respeito da situação, uma vez que ela precisa realizar o procedimento cirúrgico o quanto
antes para preservar a própria saúde.
É para esse tipo de situação que existe a tutela de urgência. A partir do ocorrido, o advogado
poderá argumentar com o juiz que a cirurgia de Mariana precisa ocorrer urgentemente, uma vez
que há o risco de que o quadro clínico dela piore, ou até que ela possa falecer caso não realize o
procedimento o quanto antes.
No exemplo dado, pode-se perceber que a tutela de urgência é utilizada apenas quando se pode
provar que há a eminência de dano irreparável ou risco para a parte caso a mesma tenha que
esperar todo o trâmite judicial para ter o seu direito atendido.
Abaixo, veremos quais são os princípios que fundamentam a existência dessa medida judicial.
Para uma medida judicial cujo objetivo é antecipar a efetivação de algum direito, protegendo a
parte dos riscos e possíveis danos que a demora dessa efetivação poderia causar, a celeridade
processual é fundamental para que esse direito seja atendido.
Uma vez que a tutela de urgência tem como objetivo antecipar e efetivar um direito que se
encontra ameaçado pela demora, o princípio da segurança jurídica se mostra fundamental para
garantir não só o direito da parte que está em risco, como também possibilita que o cidadão
possa confiar que o seu direito será efetiva no momento de necessidade.
– Princípio da isonomia
Por último, o princípio da isonomia aponta que as pessoas serão judicialmente atendidas a partir
de suas particularidades, procurando moldar a aplicação do direito às circunstâncias e
características particulares dos indivíduos e de seus casos.
Dessa forma, é fundamental que o princípio da isonomia seja aplicado para antecipar os efeitos
procurados pela parte que entra com a medida judicial, para que os riscos sejam mitigados pela
aceleração da aplicação do direito, reequilibrando a balança.
Como o nome já fala, a tutela de urgência antecipada tem como objetivo antecipar uma decisão
judicial já pedida dentro do processo, fazendo com que os seus efeitos objetivos ocorram antes
que o processo seja finalizado.
Ou seja: se a parte quer receber através de tutela de urgência a mesma coisa que ela quer receber
ao final do processo, dá-se o nome de tutela de urgência antecipada.
Para exemplificar, vamos pensar numa situação onde uma filha procura a justiça para
cobrar pensão alimentícia de seu pai.
Entretanto, a jovem apresenta que sua situação financeira é tão frágil que ela precisa dos
alimentos para já, não podendo esperar o trâmite judicial completo para começar a receber o
valor.
Dessa forma, com um pedido de tutela de urgência antecipada, ela poderá receber o valor a qual
tem direito antes que toda a marcha processual ocorra.
Nessa situação hipotética, a tutela provisória de urgência é antecipada pois o objeto motor da
ação judicial é o pedido de alimentos, da mesma forma que a medida judicial da tutela de
urgência pede pela antecipação dos mesmos.
A tutela de urgência, por sua vez, tem como objetivo assegurar o direito que a pessoa procura
ter acesso ao ingressar com o processo. Dessa forma, não se procura antecipar a resolução do
direito, mas apenas assegurar que o mesmo poderá ser obtido no fim do processo.
Como exemplo de tutela de urgência cautelar, podemos criar mais uma situação hipotética: o
autor de uma ação precisa do depoimento testemunhal de uma pessoa que se encontra
hospitalizada, em estado de saúde crítico, para comprovar que o seu pedido judicial é legítimo.
Já que não se sabe se a pessoa estará em condições de depor ao juiz no momento apropriado do
processo, a pessoa pode realizar o pedido de tutela de urgência cautelar para colher o
depoimento da pessoa enquanto ela ainda pode realizar seu testemunho.
Assim sendo, a tutela de urgência antecipada sempre irá pedir a mesma coisa que se pede no
processo (no exemplo dos alimentos, pede-se antecipação dos alimentos na tutela de urgência e
pede-se alimentos no processo em si), enquanto a cautelar irá assegurar algum direito ou algo
importante para o processo em si (no exemplo da testemunha, pede-se a produção do
testemunho antecipadamente para assegurar o depoimento para comprovação do direito da
parte).
Leia mais:
Mas o que isso significa? Tutela de urgência antecedente significa realizar o pedido de tutela
provisória antes mesmo que o processo em questão exista.
Voltando ao exemplo onde Mariana precisa de uma cirurgia que foi negada pelo plano de saúde:
se a cirurgia que Mariana necessita é realmente crítica (precisa ser feita nos próximos três dias,
por exemplo), ela não poderá esperar pelos trâmites comuns que uma petição inicial pede.
Dessa forma, para que o seu direito não seja extinto pela demora do trâmite judicial, Mariana
poderia ingressar com o pedido de tutela de urgência antecipada em caráter antecedente,
realizando o pedido antes de ingressar formalmente com o processo.
O Código de Processo Civil estipula essas possibilidades no artigo 303 (para a tutela de
urgência antecipada) e 305 (para a tutela de urgência cautelar):
“Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição
inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela
final, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco
ao resultado útil do processo.”
“Art. 305. A petição inicial da ação que visa à prestação de tutela cautelar em caráter
antecedente indicará a lide e seu fundamento, a exposição sumária do direito que se objetiva
assegurar e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.”
Dessa forma, ao realizar o pedido de tutela provisória de forma antecedente, o advogado irá
interpor uma petição inicial simplificada, apresentando o pedido, sua razão de ser (apresentando
o motivo da urgência) e qual é o objetivo final do processo.
A petição inicial completa então só será apresentada após o juiz responsável receber o pedido de
tutela de urgência antecedente, que pedirá que os demais componentes necessários para a
petição inicial sejam anexados ao pedido urgente.
A tutela de urgência, como podemos ver, tem como objetivo antecipar o usufruto de um direito
ou assegurá-lo para o futuro, visto que há risco de perda desse direito ou de ineficiência do
mesmo caso seja necessário esperar a sentença para que ele seja efetivado (há, portanto,
urgência no pedido).
A tutela de evidência, por sua vez, pode ser pedida sem a apresentação de urgência,
possibilidade de dano ou risco para a parte. É necessário apenas que a parte mostre que o seu
direito é evidente e facilmente comprovável por meio de documentos, como aponta o artigo 311
do Novo CPC:
IV – a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do
direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.”
Conclusão
A tutela provisória de urgência é um dos dispositivos judiciais que permite a antecipação e
asseguração de um direito da parte, seja para que o direito pedido no processo seja adquirido
antes do final do mesmo (tutela antecipada) ou para assegurar que o direito pedido no processo
será atingido no fim do mesmo (cautelar).
Essa medida judicial é de suma importância para todo o advogado, uma vez que é um
dispositivo legal fundamental para garantir que os direitos do cliente serão respeitados e
atendidos, mesmo quando o tempo está contra a parte representada.