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1. O objeto da intimação vida tutelar os direitos previstos no Título II, parte I da CRP,
prevenindo os atentados por parte dos poderes públicos. O objeto divide-se em três, tratando-se
sempre de uma condenação da Administração; em primeiro, na emissão de um ato administrativo
ou na cessação do mesmo; na adoção ou abstenção de uma certa conduta e por fim na emissão de
um regulamento de execução ou a contrario, a revogação de um regulamento de execução ilegal.
2. Após reconhecer do que se trata de facto este processo, importa saber quem tem então
legitimidade para requerer esta via adminstrativa e quem pode ser alvo da mesmo; a legitimidade
apresenta duas facetas, do lado ativo é parte legitima para solicitar este processo todo aquele que
arguir e consequentemente provar a ameaça de uma lesão ou possível lesão tanto de direitos,
liberdade e garantias e venha a ameaça através de uma ação como de uma omissão de entidade
administrativa; referindo com importância o artigo 12º da CRP que demonstra que a intimação
tanto pode ser requerida por uma pessoa singular como por uma pessoa coletiva. A segunda
faceta remota ao lado passivo, podem ser alvo de uma intimação, de acordo com o artigo 109º do
CPTA, a Administração (nº1 do mesmo artigo) como também entidades que exerçam funções
materialmente administrativas (nº2 do mesmo artigo).
Depois de saber quem pode intentar este tipo de ações, importante saber que tribunal é competente para
apreciar estes litigios. Segundo o artigo 4º nº1 a) do ETAF, compete aos tribunais da jurisdição
administrativa e fiscal a apreciação de litígios que tenham por objeto a tutela de direitos fundamentais,
como se verifica neste caso. Havendo uma hierarquia entre Tribunais Administrativos de Círculo,
Tribunais Centrais Administrativos e o Supremo Tribunal Administrativo, recorremos ao artigo 44º nº1
1º parte do ETAF, que nos diz que quem conhece deste tipo de pedidos são os Tribunais Administrativos
de Círculo, sendo que não se verificam nenhuma das exceções da 2º parte do mesmo artigo. Falta saber
qual o Tribunal de Círculo competente a nível territorial, para isso atendemos aos artigos 16º e seguintes
do CPTA, expecificamente, o artigo 20º nº5 afirma que em matéria de processos de intimação sobre
proteção de direitos fundamentais são instaurados " (...) no tribunal da área onde deva ter lugar o
comportamento ou omissão pretendidos.".
Devido a este caráter de subsidiariedade, sendo que a propositura de ações de intimação estará
sempre em segundo lugar em relação ao decretamento de qualquer providência cautelar possível, acaba
por fazer da intimação, um processo menos utilizado, como diz novamente a Professora Carla Amado
Gomes faz da intimação um "remédio de última ratio".
Em primeiro lugar, a urgência ordinária, esta dá ao requerido sete dias para responder ao pedido e ao
juiz cinco dias para tomar uma decisão (artigo 110º nº2 do CPTA); em segundo lugar, urgência
moderada, apesar de celere na mesma, prevê uma ponderação mais complexa dos interesses em conflito
(artigo 110º nº3 do CPTA); em terceiro lugar temos a urgência especial, a qual permite que o juiz
encurte o prazo concedido ao requerido para apresentar a sua defesa, passando de sete dias para quatro
dias (artigo 111º nº2 do CPTA); e por fim, a urgência extraordinária, na qual o juiz determina a
realização de uma audiência oral no prazo de 48 horas para depois estabelecer o destino do pedido
(artigo 111º nº2 do CPTA).
Em suma, esta figura do Contencioso Administrativo, permite garantir o execício pleno dos
direitos fundamentais, assegurando o princípio da tutela efetiva e com isto a própria concretização da
Constiuição Portuguesa, num Estado de Direitos. Trata-se de um meio processual que o cidadão tem ao
seu dispor para responsabilizar a Administração e as outra entidades incumbidas do desempenho de
tarefas materialemente administrativas. Apesar de concluirmos que na prática a utilização deste meio é
reduzida face ao seu caráter subsidiário, a sua existência não deixa de ser relevante, garante um último
meio de defesa do indíviduo.
Bibliografia:
-> Silva, Vasco Pereira da "O Contencioso Administrativo no Divã da Psicanálise" 2º edição, Aledina
2013
-> Andrade, José Carlos Vieira de "A JUSTIÇA ADMINISTRATIVA (Lições)" 10º edição, Almedina
2009
-> Gomes, Carla Amado "PRETEXTO, CONTEXTO E TEXTO DA INTIMAÇÃO PARA PROTEÇÃO
DE DIREITOS, LIBERDADES E GARANTIAS", Instituto de Ciências Juridico-Politicas, Centro de
Investigação de Direito Público
-> Botelho, Catarina Santos "A intimação para a proteção de direitos, liberdades e garantias - Quid
novum?"