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Problemática
O que está na base do recurso contencioso de anulação do regulamento?
Quais os regulamentos passiveis de sindicância pelo contencioso administrativo?
Hipótese
Estas, bem como as demais indagações a volta deste estudo serão compreendidas nos
seguintes: o direito de acesso aos tribunais e o princípio da tutela jurisdicional efectiva, o
contencioso dos regulamentos administrativos e a tramitação processual administrativa.
Objectivo
Gerais
Analisar recurso contencioso de anulação do regulamento administrativo
Específicos
Conhecer a natureza do recurso contencioso de anulação do regulamento;
Compreender os vários elementos processuais do recurso anulação do
regulamento administrativo;
Conhecer a tramitação deste recurso.
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Delimitação do estudo
Sendo vasto o campo de estudo sobre o recurso contencioso de anulação, limitamo-nos
em debruçar apenas sobre o recurso contencioso de anulação do regulamento
administrativo, sua natureza, pressupostos processuais, bem como sua tramitação.
Plano sumário
O trabalho analisado está composto por três capítulos, onde no I Capítulo, abordamos
sobre o direito de acesso aos tribunais e o princípio da tutela jurisdicional efectiva;
No II Capítulo, abordamos sobre o contencioso dos regulamentos administrativos;
No III Capítulo, sobre a tramitação processual administrativa.
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ABREVIATURAS
CRA – Constituição da Republica de Angola
CPC – Código do Processo Civil
RPCA – Regulamento do Processo Contencioso Administrativo
LIAA – Lei de Impugnação dos Actos Administrativo
NPAA – Normas do Procedimento da Actividade Administrativa
MP – Ministério Público
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CAPÍTULO I. O DIREITO DE ACESSO AOS TRIBUNAIS E O
PRINCÍPIO DA TUTELA JURISDICIONAL EFECTIVA
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c) O direito a prazos razoáveis de acção e recurso, o que pressupõe o direito à decisão
em prazo razoável, o que nos leva a dizer que o processo para ser justo deve apresentar
igualmente uma duração razoável, que atenda à duração compatível com a qualidade da
instância e a efectividade da decisão final.
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valores e bens constitucionalmente protegidos, como a saúde, o ambiente, o urbanismo,
o ordenamento do território, a qualidade de vida, o património cultural e os bens do
domínio público.
Finalmente, importa referir que, no âmbito das relações jurídicas administrativas, este
princípio é particularmente exigente também no que respeita ao momento da execução
das sentenças desfavoráveis à autoridade administrativa.
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praticados pela Administração (facere) ou as omissões ou os actos tácitos (non facere),
em conformidade com o art. 63º das NPAA1.
b) As Acções Contenciosas
No contencioso administrativo angolano também se integra um conjunto de acções
processuais, a saber: Acções relativas a contratos administrativos (ou acções derivadas de
contratos administrativos)
Este meio principal serve para dirimir litígios emergentes de contratos administrativos,
tais como, os litígios relativos à interpretação, validade e execução do contrato, e está
previsto e disciplinado nos artigos 2º, nº 1, e 3º da LIAA, e também nos artigos 35º, al.
b), e 69º e seguintes RPCA.
1
O acto administrativo tem a sua mais alta expressão e importância no Direito Administrativo angolano
quando, definitivo e executório, sobretudo porque ele constitui o pressuposto da garantia de recurso
contencioso.
2
Ela caracteriza-se por ser urgente, acautelando o efeito útil de um mal (preventivo), subordinada a um
processo, durando apenas enquanto não é proferida a decisão final, desviando-se ao princípio do
contraditório. Ela também, pode ser antecipatória ou conservatória, prevista nos termos do n. 5 do art.
29° da CRA e 381° e ss do CPC.
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CAPÍTULO II. O CONTENCIOSO DOS REGULAMENTOS
ADMINISTRATIVOS
3
Este poder que a Administração pública tem para fazer regulamentos, chamamos de poder
regulamentar ou faculdade regulamentária.
4
SAPLINHA, Alfredo Longo, Notas vestibulares, ano letivo 2018.
8
b) Sistema da impugnação directa
Consiste na impugnação directa de regulamentos administrativos ilegais, nos mesmos
termos que se impugna os actos administrativos. Este sistema tem a vantagem de
assegurar a garantia de respeito pelas posições jurídicas substantivas dos particulares que
os regulamentos ilegais possam eventualmente violar. Entretanto, tem a desvantagem de
sobrecarregar os tribunais de trabalhos se os particulares decidirem interpor o recurso
contencioso de todos os regulamentos ilegais, pelo que prejudica o funcionamento da
Administração que se vê envolvida em contencioso.
5
FONSECA, Isabel Celeste M.; AFONSO, Osvaldo da Gama, Direito Processual Administrativo Angolano,
Edições ALMEDINA,S.A. 2013
9
De qualquer modo, em geral, eles também podem ser suscitados e afastados por via do
recurso de anulação do acto administrativo que os aplica, em vez de serem impugnados
directamente. Tal é o sistema de não impugnação.
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Dando relevância particular ao acto regulamentar que é o cerne deste trabalho
7
Neste sentido cfr. FEIJÓ, Carlos, POULSON, Lazarino, A Justiça Administrativa (Lições), Luanda: Casa das
Ideias, 2008, p. 192 e ss
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No que respeita aos elementos essenciais de qualquer causa, apraz destacar os seguintes:
a) As partes
b) O pedido
c) A causa de pedir
d) O Objecto (mediato)
e) O tribunal
Destes elementos importa distinguir os elementos subjectivos dos elementos objectivos.
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Os Regulamentos do Governo, seja ele, Decreto-Regulamentar, Resolução do
conselho de Ministros, Portarias, Despachos Normativos8 ou Despachos Simples;
Das Regiões Autónomas, sejam eles, Decretos-Regionais, Decreto
Regulamentares Regionais;
Das Autarquias Locais, sejam eles posturas ou Regulamentos Policiais;
Bem como os dos Institutos Públicos e as Associações Publicas, a estes não existe
uma forma especial9.
8
Cfr. art. 137° da CRA
9
Estes também, desde que eivados de ilegalidade são susceptíveis de sindicância contenciosa, sob força
do art. 174° da CRA.
10
Cfr. Art. 27º, da Lei 2/15, de 2 de Fevereiro conjugado com 63º e 64º ambos do CPC.
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Nos termos do art. 19º do RPCA, a questão da competência material pode ser suscitada
a todo o tempo, oficiosamente pelo tribunal ou a requerimento do Ministério Público ou
das partes (cfr. também o art. 20º do mesmo Diploma). Entretanto, vale a pena também
ler o art. 66º do Código do Processo Civil, nos termos do qual «as causas que não sejam
atribuídas por lei a alguma jurisdição especial são da competência do tribunal comum».
De acordo com o artigo 67º do mesmo código (CPC), o tribunal comum é o civil, no que
respeita à competência em razão da hierarquia (cfr. Art. 29º da Lei 2/15, com os 17º
18º, ambos do LIAA).
Quanto à competência em razão do território, conjugando o art. 31º 32º, ambos da Lei
n. 2/15, com os art. 17º e 18º da LIAA, podemos dizer que o Tribunal Supremo tem
jurisdição sobre todo o território nacional Angolano. Em relação aos Tribunais de
Comarca, estes têm jurisdição no território da respectiva província e, surgem os Tribunais
da Relação com jurisdição sobre determinada Região. Cfr. art. 17º e 18º da Lei nº 2/94,
de 14 de Janeiro, com o art. 8º da Lei nº 18/88, de 31 de Dezembro.
Relativamente à competência em razão do valor da causa, esta deve ser aferida nos
termos do art. 15º do RPCA, em conjugação com o art. 26º, n. 1, in fine da Lei 2/15, de 2
de fevereiro e os art.s 68º e 69º do CPC, que determina a alçada do tribunal.
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Quanto aos efeitos da ineptidão da petição inicial:
E se faltar algum dos requisitos, isto é, determinados elementos na petição inicial nos
termos do art. 41º não relevantes para o indeferimento, juiz convida o autor de modo a
suprir determinada irregularidade.11 Caso contrário a consequência é estabelecida no art.
474º, nº 1, al. a), do CPC.
Litispendência12:
Este pressuposto negativo conduz à rejeição do recurso no qual a autoridade
administrativa foi citado posteriormente, porém, no caso em que a citação tenha tido lugar
no mesmo dia, deverá ser rejeitado aquele que entrou mais tarde. A rejeição destina se
com que o tribunal seja colocado na alternativa de se contradizer ou de reproduzir uma
decisão anterior, nos termos do n. 2, do art. 497º, do CPC.
Verificando a litispendência, o requerimento inicial é inepto, cabendo indeferimento
liminar conforme estabelece a al. a) do art. 474º do CPC
11
cfr. art. 43º do RPCA conjugado com o 477º, nº 1, do CPC
12
Ela é uma excepção dilatória nos termos da al. g) do art. 494º do CPC
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CAPÍTULO III. TRAMITAÇÃO PROCESSUAL
ADMINISTRATIVA13
Todo processo, requer uma sequência legalmente ordenada de actos e formalidades
tendentes a formação da decisão da decisão judicial e à respectiva execução.
13
AMBRÓSIO, Hemenegildo da Costa, Notas vestibulares, ano letivo 2020/2021. P, 33 e ss
14
Cfr. FEIJÓ, Carlos, op.cit, p. 106
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Outra diferença que nota se relativamente ao Processo Civil (cfr. Art. 274º do CPC) o
recurso contencioso de anulação não se admite pedidos reconvencionais nos termos do
art. 50º do RPCA, pois, o que está em causa é o interesse público, o regulamento
administrativo ilegal que tem de ser expurgado da ordem jurídica. Porém, a autoridade
recorrida, quando notificado poderá ter umas das seguintes razões:
a) Responder sustentando a validade do regulamento;
b) Responder, limitando ao oferecer os merecimentos dos autos;
c) Não responder, não dando como revelia o regulamento nos termos do art. 49º n. 2
do RPCA.
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Idem, p 105 a 108
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Os tribunais administrativos, resolvem as questões submetidas juridicamente ao seu
julgamento por meio de sentença nos termos do art. 156º n. 2 do CPC ou acordão.
Esgotado ou dispensado pelos interessados os meios ordinários de recurso, a sentença
adquire o valor de caso julgado, isto é, torna certos factos ou direitos verificados no
processo conferindo-lhes força de verdade legal. A sentença ou acordão constitui ponto
culminante de toda marcha processual.
Logo, tendo em conta a decisão de fundo ou mérito sobre a causa principal que pode ser
emitida pelo juiz administrativo na decisão final, cabendo-lhe identificar duas situações:
1ª Se o tribunal não concordar negando o provimento ao recurso, nesse caso
teremos uma sentença confirmativa.
2ª Se ao contrário o tribunal condenar com a causa de pedir, concedendo o
provimento ao pedido do particular, a sentença poderá ser de quatro tipos:
b) Sentença constitutiva, estatuída nos termos do art. 4º n. 2, al. c), elas caracterizam
se por determinarem alteração da relação jurídica das partes, anulando actos cuja
manutenção é ilegal. Este tipo de sentença, não necessita nenhuma execução dada
a sua força de caso julgado formal que dá o efeito constitutivo. Ex. a decisão sobre
o recurso contencioso de anulação.
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3.5.1. Efeitos da Sentença de Anulação do Regulamento Administrativo
A sentença tem dois efeitos principais, efeitos processuais a que corresponde ao caso
julgado, devendo ser compreendido nos mesmos termos a que corresponde no processo
Civil nos termos do art. 672º do CPC (caso16 julgado material, caso julgado formal) e os
efeitos substantivos.
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Nos termos do art. 497º, n. 1 do CPC, a sentença faz caso julgado quando a decisão nela obtida se
torna imutável.
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CONCLUSÃO
Por tanto, contencioso administrativo é o conjunto de normas jurídicas que regulam a
intervenção dos Tribunais face a litígios existentes entre a Administração Pública e os
particulares e que são solucionadas por aplicação de normas do Direito Administrativo e
por uma jurisdição própria.
O recurso contencioso de anulação dos regulamentos administrativo é um dos meios
principais declaratórios ao lado do recurso contencioso de anulação dos actos a
administrativos bem como da acções contenciosas engendrado num sistema de
impugnação directa de regulamentos administrativos ilegais sob força do direito de acesso
ao direito e aos tribunais, decorrendo imediatamente da ideia de Estado de Direito e tido
como direito fundamental, nos termos do art. 29º do CRA
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Legislações Utilizadas
Constituição da Republica de Angola de 2010
Código do Processo Civil
Lei n. 2/94, de 14 de Janeiro
(Lei de Impugnação dos Actos Administrativo)
Decreto-Lei n. 4-A/96, de 5 de Abril
(Regulamento do Processo Contencioso Administrativo)
Decreto-Lei n. 16-A/95, de 15 de Dezembro
(Normas do Procedimento da Actividade Administrativa)
Doutrinas Utilizadas
FONSECA, Isabel Celeste M.; AFONSO, Osvaldo da Gama, Direito Processual
Administrativo Angolano, Edições ALMEDINA,S.A. 2013
FEIJÓ, Carlos, POULSON, Lazarino, A Justiça Administrativa (Lições),
Luanda: Casa das Ideias, 2008
SAPLINHA, Alfredo Longo, Notas vestibulares, ano letivo 2018.
AMBRÓSIO, Hemenegildo da Costa, Notas vestibulares, ano letivo 2020/2021
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